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Perfil toponomástico da Mesorregião Norte Maranhense

Mesorregião I: Norte Maranhense, com 60 municípios agrupados em

CLASSIFICAÇÃO DEFINIÇÕES

5.1 Perfil toponomástico da Mesorregião Norte Maranhense

Após a leitura das fichas preenchidas constatamos que os 11 fitotopônimos encontrados na Mesorregião Norte representam a diversidade, a variedade de espécies da flora na região. Eles se referem: (i) aos nomes de palmeiras, frutíferas ou não (Anajatuba, Bacabeira, Palmeirândia); (ii) a árvores (Cedral, Mirinzal); (iii) a árvores frutíferas (Bacuri, Bacurituba); (iv) ao termo genérico mato (Matinha); (v) a nomes que tenham uma relação estreita com frutas ou sejam nomes de frutas (Axixá, Cajapió) e (vi) à vegetação que cobre os lagos da Baixada Maranhense no inverno (Peri-Mirim).

É interessante ressaltar que, no caso de Palmeirândia não conseguimos descobrir qual o tipo de palmeira que deu origem ao nome ao município, mas acrescentamos que, tradicionalmente, das palmeiras (anajazeiro, babaçueiro, buritizeiro, bacabeira, juçareira) os maranhenses aproveitam tudo: caule, folhas e frutos. As palmeiras não fornecem somente alimento, mas também palha para cobrir casas, fibras para a confecção de artesanato, caule para madeira.

Ainda em relação aos fitotopônimos, não podemos esquecer que há o extrativismo, legal ou não da madeira para os mais variados fins. Logo, a vegetação local aqui representada por uma parcela de 18% é perpetuada nos nomes de lugares onde eram/são abundantes porque simbolizam o sustento, o usufruto, uma possibilidade de renda para o explorador da terra.

No que diz respeito aos dirrematopônimos, parcela significativa de 15%, vemos que têm peso relativo na Mesorregião pois, capítulo a parte, os nomes de lugares resultantes de expressões linguísticas só deixam evidenciar a natureza antropocultural ou física da região se analisarmos cada um e agrupá-los, para então sabermos qual o perfil dos topônimos da Mesorregião à qual se referem. Desse modo, dos 09 dirrematopônimos classificados, temos: (i) o grupo daqueles que adotaram o nome do Estado como qualificativo ou marca distintiva: Bela Vista do Maranhão, Olinda Nova do Maranhão, Santo Amaro do Maranhão, Central do Maranhão, Porto Rico do Maranhão, Serrano do Maranhão; (ii) aqueles que agregaram nomes de santo a algum aspecto importante da localidade: Conceição do Lago-Açu (lago que banha a

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cidade), São José de Ribamar (localização da cidade: sobre o mar) e (iii) aquele que ressalta aspectos da vida psíquica, cultura ou espiritual (Vitória do Mearim).

Diante desta análise, podemos afirmar que dos dirrematopônimos da Mesorregião Norte Maranhense 02 são de natureza antropocultural: Olinda Nova do Maranhão e Santo Amaro do Maranhão; 03 são de natureza física: Bela Vista do Maranhão, Central do Maranhão e Serrano do Maranhão; e 04 ressaltam aspectos das duas categorias com ênfase em aspectos particulares aliados aos recursos hídricos: Conceição do Lago-Açu, São José de Ribamar, Porto Rico do Maranhão e Vitória do Mearim.

A análise pormenorizada de cada dirrematopônimo expressa a intenção do denominador ao nomear seu lugar de assentamento. O que leva em consideração? Ele considera o/ou o(s) elemento(s) que lhe(s) é/são mais revelador(es), mais importante(s), por isso homenageia aquele(s) elemento(s) que lhe(s) oferece(m) melhores condições de vida.

É interessante observar que não encontramos qualificativos ou marca distintiva somente nos dirrematopônimos, mas nos 03 cardinotopônimos (5%) e nos 02 dimensiotopônimos (3%). No primeiro caso temos Igarapé (do Meio) que é posterior a Igarapé Grande; Matões (do Norte), que é posterior a Matões, e Miranda (do Norte), posterior a Miranda (Mato Grosso do Sul, 1835). No grupo dos dimensiotopônimos temos: Vargem Grande e Cachoeira Grande. No caso desses municípios, o adjetivo ressalta uma qualidade local dos municípios.

Os 08 antropotopônimos (13%) presentes na Mesorregião representam a homenagem prestada a personalidades que tiveram ou não uma relação estreita com essa localidade. Dessa forma, não agregamos os nomes próprios em grupos porque se referem a pessoas públicas com funções sociais diferenciadas, já que temos antropotopônimo dedicados ao Rei francês (São Luís), a escritores (Humberto de Campos, Nina Rodrigues), a personalidades locais, que podem ter sido seus fundadores ou não (Cururupu, Paulino Neves, Pedro do Rosário, Pinheiro) e a sobrenome de família (Bequimão).

Na Mesorregião encontramos o grupo de topônimos que se refere a homenagem, os axiotopônimos (5%) que prestam honras a 03 personalidades políticas brasileiras, mas precisamente a Presidentes: Presidentes Vargas (Getúlio Dorneles Vargas), Presidentes Juscelino (Juscelino Kubitschek de Oliveira) e Presidentes Sarney (José Sarney de Araújo Costa).

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Do total de 09 corotopônimos existentes na Toponímia em estudo, 07 encontram-se nesta região. Essa porcentagem significativa de 12% é justificada porque essa parte do Estado (litoral) foi porta de entrada dos colonizadores e, dentre eles, os portugueses que, como os novos

donos das terras, trataram logo de nomeá-las ou renomeá-las com nomes que lembrassem suas possessões em Portugal. Para isso, transplantaram nomes de suas colônias mesmo que eles não fossem semelhantes ou tivessem uma relação estreita com o novo lugar. Assim, temos os corotopônimos genuinamente portugueses: Alcântara, Cantanhede, Guimarães, Monção, Paço do Lumiar, Penalva e Viana.

A vida espiritual, a credulidade católica aqui é representada pela presença de: 01 ergotopônimo (2%) – Primeira Cruz (símbolo do catolicismo) – 06 hagiotopônimos (10%) que representam a homenagem a santos padroeiros dos municípios que nomeiam: Rosário, (apócope de Nossa Senhora do Rosário), Santa Helena, Santa Rita, São Bento, São João Batista, São Vicente Ferrer.

Uma provável causa para a denominação de lugares com nomes de santos no Maranhão reside na devoção que vai além da edificação de templos quando surge um núcleo populacional, isto é, adotar o nome de santo para o lugar perpetua, para o povoador, sua fé naquele santo local por longas gerações. O templo pode não mais existir, o lugar pode trocar várias vezes de nomes, podem surgir outros credos, mas a veneração, o apego ao santo continua ali como marco dos sentimentos, das práticas, das tradições de longas datas do povo. O santo, nesse caso, não é só um representante direto entre o homem e Deus, mas o responsável pelo sucesso que será alcançado nessa nova terra. Ele é o responsável por ajudar o Homem a passar por todos os desafios impostos pelo ambiente físico e pelo próprio homem: doenças, falta de alimentos, ataques de animais, dos índios, fome, sede enchente de rios, lagos e igarapés.

No Maranhão a devoção aos santos é grande; para termos uma noção do apego aos santos, basta visitar o Estado em junho, mês das festas do Bumba-Meu-Boi. Durante esse período Santo Antonio (dia 13), São João Batista (dia 24), São Pedro (dia 29) e São Marçal (dia 30) são saudados com fogueiras, missas, procissões, (marítimas e terrestres), quermesses, festas com danças folclóricas e cantos para homenageá-los pelas dádivas alcançadas.

A festa do Bumba-Meu-Boi é realizada tipicamente por agricultores, pescadores e devotos agradecidos aos santos, principalmente, pelo alimento conseguido. Essa devoção católica que é mantida por longos tempos, também é simbolizada nos topônimos, que, nem no

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futuro, quando o modernismo determinasse a substituição de nomes de antigas localidades por outros sem nenhuma significação regional, o nome de Santo (...) seria substituído, eis que representa a tradição e os sentimentos de fé do seu povo (IBGE, 1959, p. 59).

Como a Mesorregião Norte é caracterizada principalmente pela desembocadura dos rios do Estado no Oceano Atlântico, isso faz com que a presença da água nos topônimos também se sobressaia; dessa forma, temos 04 hidrotopônimos (7%) na Mesorregião: Cajari (banhado pelo rio Pindaré); Icatu, (banhado pelas águas da Baía de São José de Ribamar); Itapecuru-Mirim, (município que adotou o nome do rio que o banha); e Tutóia, (que é banhado pelo Oceano Atlântico). Acrescentamos a eles o geomorfotopônimo que tem uma ligação estreita com os recursos hídricos, Morros (2%), município edificado à margem direita do Rio Munim.

Como é possível perceber, todos os topônimos acima têm uma relação direta com a água, homenageiam esse líquido, quer seja ele do mar ou dos rios. Isso reforça a importâcia que a água tem para o nomeador. Do mar e/ou dos rios vem o alimento, fruto da pesca; as possibilidades de transporte; a extração de sal; a água que irriga as plantaçõe, que mata a sede do homem e de suas criações. A água é fator determinante para que o Homem fixe moradia num lugar porque ela é elemento essencial à vida.

Elementos que se encontram intimamente ligados à água são os litotopônimos encontrados no Norte Maranhense – Barreirinhas e Apicum-Açu – não evidenciam somente o mineral barro ou o alagadiço do brejo, mas também a proximidade com o mar e os benefícios que este lhes proporciona. No caso de Barreirinhas, polo turístico do Estado, destacamos as praias. Já no caso de Apicum-Açu, além das praias, destacamos a área dos manguesais propícias para a pesca.

Na Messoregião encontramos também 03 zootopônimos (5%) que não representam só a diversidade da fauna e a exploração desta na caça e na pesca: o animal é visto também como marco, referência da terra recentemente descoberta (Raposa), do alimento tirado das águas dos rios ou dos mares (Pirapemas), e das belezas que povoavam os céus (Arari).

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GRÁFICO 1: Quantificação das taxes da Mesorregião Norte Maranhense

11; 18% 9; 15% 8; 13% 7; 12% 6; 10% 4; 7% 3; 5% 3; 5% 3; 5% 2; 3% 2; 3% 1; 2% 1; 2% Fitotopônimo Dirrematopônimo Antropotopônimo Corotopônimo Hagiotopônimo Hidrotopônimo Axiotopônimo Zootopônimo Cardinotopônimo Dimensiotopônimo Litotopônimo Ergotopônimo Geomorfotopônimo

Em síntese, na Microrregião Norte, do total de 60 topônimos, encontramos 29 de natureza física e 27 de natureza antropocultural. Isso evidencia que o nomeador memorizou em 45% dos nomes de lugares a presença dos aspectos sócio-histórico-culturais e em 48% a presença dos elementos que se referem à natureza. Mas essa nossa assertiva não é regra, pois há topônimos que se enquadram nas duas categorias, 04 ao todo, que correspondem a uma parcela de 7% do total. Enfim, o perfil atual da Mesorregião Norte Maranhense mostra que os topônimos das duas classes, a antropocultural e a física se equivalem se consideramos o estudo pormenorizado do valor relativo, 15% dos 09 dirrematopônimos classificados na Mesorregião e não o modelo Toponímico Taxionômico de Dick (1990).