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Perfil toponomástico Mesorregião da Leste Maranhense

Mesorregião I: Norte Maranhense, com 60 municípios agrupados em

CLASSIFICAÇÃO DEFINIÇÕES

5.3 Perfil toponomástico Mesorregião da Leste Maranhense

No que diz respeito à Mesorregião Leste Maranhense, enfatizamos três fatores naturais importantes no seu povoamento: a presença marcante dos cursos d’água, a formação do relevo e a vegetação propícia à pecuária e a outras atividades econômicas. Sobre a hidrografia dessa localidade, destacamos que é banhada por vários rios, dentre eles temos o: Parnaíba que serve de divisa entre o Maranhão e o Piauí, banhando aproximadamente 15 municípios ribeirinhos; Itapecuru com seus afluentes: Itapecuruzinho, Gameleira, Balseiros, Corrente, Alpercatas, Peritoró, Flores, Corda; Munim, Periá; Bacuri e o Magu. No que se refere ao relevo, destacamos a formação de chapadas como a: das Campinas, (Aldeias Altas), do Agreste (Parque Estadual do Mirador), do Azeitão (Pastos Bons); colinas; cerrados como a Serra Caraíba do Norte (São Francisco do Maranhão) e a Serra de Itapicuru (Mirador). Esses aspectos do relevo

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possibilitaram com que surgissem 02 geomorfotopônimos, em sua homenagem, que são Colinas e Chapadinha.

Sobre o vegetação devemos observar que o desbravamento e povoamento do alto sertão51 maranhense, se deu principalmente pelas riquezas produtivas da terra, isto é, dá água que irrigava o solo e deste brotava uma pastagem farta, exuberantes campos que, por sua vez, possibilitaram a criação de gado, edificação de fazendas, de engenhos, de paióis52; o comércio com municípios próximos ou com outros estados, como é o caso do Piauí; a ocupação das terras às margens dos rios, possibilitando as atividades da lavoura, da pecuária, da extração extrativista e transporte de mercadorias.

Esses três fatores contribuíram consideravelmente para o povoamento da Mesorregião Leste, principalmente porque, à semelhança dos bandeirantes paulistas à procura de ouro, os

criadores de gado, na ância de descobrirem novas e melhores pastagens, atiraram-se à conquista do sertão desconhecido, deixando em cada pousada a semente de uma cidade (IBGE, 1959, p. 254).

E essas sementes das novas cidades começaram a ser plantadas intensamente a partir dos

pastos bons. Localidade que inicialmente não era município, mas uma imensa região de campos bons para o pastoreio que possibilitou o surgimento dos seguintes municípios: Alto Parnaíba, Amarante do Maranhão, Barão de Grajaú, Barra do Corda, Benedito Leite, Buriti Bravo, Carolina, Dom Pedro, Esperantinópolis, Fortaleza dos Nogueiras, Fortuna, Graça Aranha, Imperatriz, Colina, João Lisboa, Joselândia, Loreto, Mirador, Montes Altos, Nova Iorque, Paraibano, Pastos Bons, Passagem Franca, Porto Franco, Presidente Dutra, Presidente Vargas, Riachão, Sambaíba, São Domingos do Maranhão, São Felix de Balsas, São Francisco do Maranhão, São João dos Patos, São Raimundo das Mangabeiras, Sucupira do Norte, Tasso Fragoso e Tuntum.

É perceptível que o território dos pastos bons deu origem a muitos topônimos. Do total de 44 da Mesorregião, 14 são dirrematopônimos ligados a vários elementos físicos e antropoculturais. Os dirrematopônimos de natureza física se referem ou têm uma relação com: (i) os elementos hídricos: Belágua, Passagem Franca (passagem estratégica pelo Igarapé  

51 Houaiss (2001) registra sertão como sendo uma região agreste, afastada dos núcleos urbanos e das terras

cultivadas. Acrescenta ainda o estudioso que essa região apresenta terreno coberto de mato e é afastado do litoral.

52 Os paióis não serviam apenas como local para guardar, armazenar e negociar alimentos, mas pouso para os

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Inhumas); (ii) a vegetação e/o a água: Pastos Bons (zona de pastagem de gado), Sucupira do Riachão (o Riachão atravessa todo o oeste do município) e Lagoa do Mato; (iii) a religiosidade e a água: São Benedito do Rio Preto, São João dos Patos, Água Doce do Maranhão; (iv) elementos locais agregados ou não ao nome do Estado: Milagres do Maranhão, Santa Quitéria Maranhão, Santana do Maranhão, São João do Soter, São Francisco Maranhão, Alto Alegre do Maranhão. Como vemos, os 31% dos dirrematopônimos simbolizam, entre outros aspectos, tanto a fé nos santos quanto os aspectos locais. Sobre a fé no santo padroeiro temos também 01 hagiotopônimo, equivalente a 2%: São Bernardo. Sobre os elementos da cultura local, temos 01 ergotopônimo que se refere ao nome de um município, Timon, derivado do nome de um jornal chamado Timon.

Já discorremos anteriormente a respeito dos recursos hídricos e da vegetação que foram fatores determinantes para a ocupação da Mesorregião em questão, dessa forma apresentamos aqui os topônimos que fazem uma referência direta à água ou que a ela estão ligados de alguma forma e depois àqueles que dizem respeito aos fitotopônimos. Dentre os primeiros destacamos, além dos dirrematopônimo já citados, 02 hidrotopônimo (5%) que derivam de nomes de rios: Parnarama e Codó. Acrescentamos a esses últimos 02 litotopônimos que têm referência direta com a água: Brejo, que é um terreno alagadiço, provavelmente por causa das águas do Rio Parnaíba, com quem limita-se a Leste e Peritoró que também significa brejo.

No grupo dos fitotopônimos, 06 ao todo, temos uma parcela de 13% de nomes de lugares que fazem menção a plantas locais ou ao termo genérico mato, são eles: Caxias, Buriti, Buriti Bravo, Coroatá e Jatobá. Mas não são somente esses topônimos que registram nomes de vegetais, os 02 cardinotopônimos (5%) classificados, Sucupira do Norte e Capinzal do Norte53, também resgatam nomes de plantas como a sucupira, que é usada a madeira e a semente (uso medicianal) e o capim, também usado para o pasto.

Acrescidos aos grupos dos topônimos já elencados, é oportuno considerar também aqueles que memorizaram nomes de personalidades, da terra natal de personalidades e de etnias homenageadas. No primeiro grupo temos os 06 antropotopônimos que se referem: (i) aos nomes dos Homens eruditos: Coelho Neto, Afonso Cunha e Mata Roma; (ii) ao político Magalhães de Almeida; (iii) ao magistrado Urbano Santos e, ao apelido do comerciante-morador que se tornou referência local: Mirador. Somado a essa parcela de 13% de antropotopônimos, temos a de 5%  

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de 02 axiotopônimo que fazem referência a títulos nobiliárquicos: Barão de Grajaú (Agapito Alves de Barros) e Duque Bacelar (homenagem à família que fundou o município). E, dentre os nomes de terras das personalidades locais, destacamos também a parcela de 5% de 02 corotopônimos: Nova Iorque (homenagem à terra natal do comerciante Eduardo Burnet) e Paraibano (homenagem aos paraibanos fundadores do município).

No caso das etnias homenageadas encontramos somente topônimos que têm relação com os indígenas, 04 ao todo, 03 etnotopônimos, uma parcela de 17% que se referem: ás etnias dos índios araios (Araioses); aos índios que viviam às margens do Rio Parnaíba (Anapurus) e aos Timbiras. E 01 poliotopônimo , Aldeias Altas, (2%) que é atribuído às tribos dos Guanarés localizadas às margens do rio Itapecuru.

Os topônimos classificados estão assim quantificados: GRÁFICO 3: Quantificação das taxes da Mesorregião Leste Maranhense

14; 31% 6; 13% 6; 13% 3; 7% 2; 5% 2; 5% 2; 5% 2; 5% 2; 5% 2; 5% 1; 2% 1; 2% 1; 2% Dirrematopônimo Antropotopônimo Fitotopônimo Etnotopônimo Hidrotopônimo Axiotopônimo Geomorfotopônimo Corotopônimo Cardinotopônimo Litotopônimo Hagiotopônimo Ergotopônimo Poliotopônimo

Em síntese, na Microrregião Leste Maranhense, do total de 44 topônimos encontramos 22 de natureza antropocultural e 19 de natureza física. Isso evidencia que o nomeador memorizou em 22,5% dos nomes de lugares a presença dos aspectos sócio-histórico-culturais e em 19,43% os elementos que se referem à natureza. Mas essa assertiva não é regra, pois há topônimos que se enquadram nas duas categorias, 03 ao todo, que correspondem a uma parcela de 3,7% do total. Enfim, o perfil atual da Mesorregião Leste mostra que a distribuição das duas

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categorias, a antropocultural e a física, em média se equivalem já que a parcela significativa de 31% dos dirrematopônimos classificados é relativa.