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Personal Learning Environment (PLE).

Sistemas tecnológicos de suporte.

2.3.2 Personal Learning Environment (PLE).

Contexto didáctico.

Na convergência das novas abordagens mais sócio construtivistas à aprendizagem a metodologia participativa deu azo ao surgimento do conceito de “ambientes personalizados de aprendizagem” (PLE), identificado pela primeira vez em 2001, segundo o CETIS19, num artigo de Olivier e Liber (2001).

Desde então, o conceito de PLE tem suscitado um crescente interesse junto da comunidade educacional e científica, dividindo contudo opiniões sobre o alcance e os limites do mesmo. Enquanto alguns investigadores se referem aos PLE como um conjunto de sistemas tecnológicos, dispersos na Web, que permitem um suporte on-line às aprendizagens, outros consideram-nos como uma nova aproximação a uma metodologia de aproveitamento dos sistemas para gerar novos contextos de aprendizagem (Attwell, 2007).

A diversidade de campos e as orientações profissionais das pessoas envolvidas no desenvolvimento do corpo de conhecimento em torno dos PLE são a razão aparente para a variabilidade de interpretações desta nova metodologia. Enquanto os proponentes ligados às Ciências da Computação enfatizam as possibilidades tecnológicas, já os educadores e investigadores educacionais tendem a focalizar-se na instrumentalização do potencial didático que esta metodologia proporciona (Fiedler e Väljataga, 2010).

Segundo Downes (2007, p.04), a metodologia PLE “resulta do reconhecimento de que as soluções e-learning generalistas (one-size-fits-all) baseadas nas plataformas do tipo LMS não são suficientes para ir ao encontro das novas necessidades de alunos e professores”. Outros investigadores reforçam também os problemas detetados com estas plataformas modulares de suporte on-line às aprendizagens, que promovem uma “experiência isolada do mundo” (Wilson at al., 2006, p.04), pouco motivante e desajustada da crescente vitalidade das interações sociais.

Sistemas tecnológicos de suporte.

Os sistemas tecnológicos de suporte à aprendizagem contribuíram para a atual revolução das práticas educacionais, favorecendo iniciativas que estimulam a participação, aumentam a autonomia nas aprendizagens e promovem os contextos informais de aprendizagem.

O conceito de PLE encontra assim o espaço ideal para o desenvolvimento de uma metodologia de aprendizagem assente na utilização de diversos sistemas tecnológicos e serviços suportados pela

Web. A necessidade de encontrar pontos de convergência entre momentos formais e informais de aprendizagem, de cumprir objetivos de aprendizagem ao longo da vida, de acompanhar os sistemas tecnológicos sociais emergentes e de integrar as experiências dos utilizadores em diferentes contextos torna esta metodologia numa forte alternativa às estratégias de e-learning baseadas nas LMS.

José Carlos Mota, descrevendo as caraterísticas tecnológicas destes contextos de aprendizagem na sua tese de Mestrado, divide-as em 3 domínios de potencialidades: “(i) enormes quantidades de conteúdos disponíveis (abertos, interativos e personalizáveis); (ii) comunicações de alta qualidade e baixo custo (multisíncronas, móveis, embebidas e disseminadas) e (iii) agentes (alertas do Google, RSS, etc.) – estimulando uma cultura participativa e obrigando a uma expansão da aprendizagem dos contextos educativos tradicionais para um que estimule, facilite, recompense e avalie a aprendizagem anytime, anyplace, anywhere, for any reason” (Mota, J., 2009, p.22).

Através da figura 9 é possível compreender o valor da diversidade de abordagens didáticas e tecnológicas disponibilizadas nos contextos de PBL.

Ao contrário do processo de gestão das aprendizagens disponibilizado pelas LMS, os contextos de aprendizagem regidos pela metodologia PLE favorecem formas mais flexíveis de armazenar, gerir e interagir com conteúdos e informações dispersas na Web. Consoante as necessidades de cada aluno dentro do mesmo grupo de trabalho, é possível desenvolverem-se diferentes estratégias de aprendizagem, tantas quanto os diferentes estilos de aprendizagem e níveis de competências tecnológicas. A partir do mesmo canal de comunicação é possível estabelecerem-se diferentes regras de utilização - por exemplo, num grupo de alunos é possível atualizar prazos de entrega de diferentes formas: uns poderão acompanhar no Facebook as últimas novidades no “Mural” (Wall) de um grupo destinado à disciplina, outros poderão acompanhar as mesmas notícias no Twiter, e contudo todos poderão estar a atualizar estes sistemas no mesmo calendário da Google, onde professores e alunos agendam os eventos comuns à disciplina.

Da mesma forma que alguns alunos poderão desenvolver projetos remotos a partir do Gliffy20, outros poderão usar ferramentas locais como o Microsoft Visio21 ou até mesmo o SmarDraw22; no entanto é possível que todos os alunos possam sincronizar os seus portefólios a partir de um espaço comum da turma no Scribd23 ou no Googledocs24.

Através dos diferentes serviços disponibilizados na Web, alunos e professores podem estar envolvidos nos mesmos projetos utilizando, em simultâneo, recursos tecnológicos diferentes mas que garantem a interoperabilidade entre os conteúdos e as informações partilhadas.

A confluência dos serviços na Web, passíveis de suportar diferentes estratégias didáticas e estilos de aprendizagem, têm vindo a contribuir para a crescente popularidade da convergência entre a indústria de software com a indústria dos sistemas tecnológicos de comunicação móvel, que se traduz num aumento do consumo de smartphones e de tablets. Estes sistemas estão a aumentar exponencialmente as caraterísticas ubíquas da Internet, tal como se pode confirmar na figura 10 (ver na página seguinte), hoje é possível recuperar e transmitir informações da Web a partir de uma grande diversidade de dispositivos:

20 Gliffy – Site de Social de edição e partilha on-line de informa visual (http://www.gliffy.com/) 21

Microsoft Visio – Software de edição de diagramas para o ambiente Windows (http://office.microsoft.com/en-us/visio/)

22

SmartDraw – Software de edição de fluxogramas, mapas mentais e gráficos de projecto 2 D (http://www.smartdraw.com)

23 Scribd – Site de partilha de documentos em diversos formatos de apresentação (http://pt.scribd.com/) 24 Googledocs – Site de partilha de documentos em formar MS Word e PDF (http://pt.scribd.com/)

Figura 10 – Convergência de sistemas tecnológicos e serviços suportados pela Web.

Estes equipamentos são ideais para a interação colaborativa entre alunos e professores ligados, inclusive em situações de aprendizagem de projeto em Design, não só por disponibilizarem interfaces elegantes e intuitivos que privilegiam a comunicação visual, mas também porque libertam os colaboradores da utilização tradicional dos computadores como forma única de aceder aos conteúdos e informações na Web.

Com o aumento da área visível dos ecrãs e da capacidade computacional destes sistemas, o fácil acesso móvel aos serviços na Web torna-se num vantajoso recurso complementar ao uso convencional dos computadores dentro e fora do contexto de aprendizagem e a sua constante disponibilidade na utilização diária aumenta a sensação de proximidade entre os seus utilizadores. Basta um curto alerta sonoro num smartphone ou tablet computacional para sinalizar a entrada ou saída de informações dentro de um sistema de gestão de conteúdos on-line, vindo de uma aplicação social da Web ou de um serviço e-mail push-up.

Acompanhando a atual democratização do acesso à Internet, as plataformas sociais interoperacionais, os sistemas operativos e os diversos tipos de softwares abertos, a convergência dos dispositivos de comunicação móvel e a crescente uniformização dos protocolos de gestão das identidades digitais na Web (Open ID) têm contribuído drasticamente para a crescente aceitação da lógica de aprendizagem associadas à metodologia PLE.

A convergência destas indústrias no atual panorama tecnológico, propicia a conjuntura ideal ao desenvolvimento substanciado da metodologia PLE, suportada por sistemas tecnológicos mais flexíveis que os anteriores sistemas projetados para suportar os contextos de aprendizagem on-line.

Apresentamos no ponto seguinte uma reflexão sobre os fatores mais importantes que fundamentam a transição das plataformas LMS para as formas de suporte à aprendizagem on-line mais procuradas no atual contexto académico.

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