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Planejamento da assistência O planejamento da assistência constitui a terceira etapa do pro-

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cesso de enfermagem e consiste nos seguintes passos: estabeleci- mento de prioridades para os problemas diagnósticos; fixação de resultados com o paciente, se possível, a fim de corrigir, minimizar ou evitar problemas (ALFARO-LEFEVRE, 2005; IYER; TAPTICH; BERNOCCHI-LOSEY, 1993).

Para Bachion (2002), o planejamento da assistência de enfer- magem consiste em um plano de ações para se alcançarem resulta- dos em relação a um diagnóstico de enfermagem.

Essa fase de planejamento da assistência ou mesmo de elabor- ação de um plano de cuidados por escrito é importante, segundo Alfaro-LeFevre (2005), por:

• promover a comunicação entre os cuidadores • direcionar o cuidado e a documentação

• criar um registro que pode ser usado mais tarde em avaliações, em pesquisas e em situações de cunho legal

• fornecer a documentação das necessidades de atendimento de saúde com a finalidade de reembolso do seguro.

Desse modo, a fase de planejamento que faz parte dos con- hecidos planos de cuidados, hoje definidos como processo de enfer- magem, possibilita que os profissionais enfermeiros mantenham uma comunicação a partir do estabelecimento de resultados esper- ados para cada necessidade (diagnósticos de enfermagem) le- vantada durante a anamnese e o exame físico do paciente.

Operacionalmente, o planejamento inicia-se pela priorização dos diagnósticos de enfermagem que foram estabelecidos – ou seja, o enfermeiro e sua equipe analisam e determinam quais problemas ou necessidades do paciente são urgentes e precisam de atendi- mento imediato e aqueles cujo atendimento poderá se dar a médio ou a longo prazo.

Os problemas urgentes são aqueles que interferem na estabilid- ade hemodinâmica do paciente, levando-o a correr risco de morte. Quando possível, o paciente deverá ser envolvido na discussão das prioridades de seus problemas.

Os resultados esperados constituem um componente essencial na fase de planejamento, uma vez que, ao avaliar o alcance dos res- ultados o enfermeiro poderá definir posteriormente se o diagnóstico de enfermagem foi minimizado ou solucionado – ou seja, se as pre- scrições de enfermagem foram eficazes.

Portanto, os resultados esperados são de extrema importância na fase de avaliação do processo de enfermagem, tornando-se indic- adores do sucesso do plano estabelecido.

De acordo com Carpenito-Moyet (2009), os resultados esperados para os diagnósticos de enfermagem devem representar condições favoráveis que possam ser alcançadas ou mantidas por meio das ações prescritas e realizadas pela enfermagem. Se os resultados es- perados não estiverem sendo alcançados, o enfermeiro deve reavaliar os diagnósticos, rever os prazos estipulados e os cuidados prescritos.

Além disso, os resultados esperados devem estar relacionados com a reação humana identificada no enunciado do diagnóstico; ser centrados no paciente, não no enfermeiro; ser claros e concisos; descrever um comportamento mensurável; ser realistas (atingíveis) e determinados junto com o paciente; e apresentar um limite de tempo (IYER; TAPTICH; BERNOCCHI-LOSEY, 1993).

Devem ainda ser atingíveis em relação aos recursos disponíveis para o paciente e a instituição de saúde e redigidos de tal forma que incluam uma estimativa de tempo para seu alcance e propor- cionem uma direção para a continuidade do atendimento.

No exemplo previamente citado – Integridade tissular preju- dicada relacionada com imobilização física e circulação alterada evidenciada por ferida com área de solapamento (8 cm) na região trocantérica direita (D) –, o enfermeiro poderá observar a primeira metade do enunciado do diagnóstico, ou seja, integridade tissular prejudicada, e perguntar-se: que resultado se espera que o paciente alcance? Para que o resultado seja centrado no paciente e não no enfermeiro, sugerimos que o enfermeiro, ao escrevê-lo, pense na frase: “O paciente irá…”. A resposta pode ser: (o paciente irá…) “apresentar melhora da integridade tissular da região trocantérica direita”.

E, para que o resultado se torne mensurável e observável, ou seja, se torne um critério de resultado, deve-se estabelecer o prazo (período) em que se espera que o mesmo seja alcançado: (o pa- ciente irá…) “apresentar melhora da integridade tissular da região trocantérica direita em até 15 dias”.

A Figura 6.1 ilustra os itens necessários para a formulação de um resultado esperado (RE).

Figura 6.1

Itens necessários para a formulação do resultado esperado.

Segundo Stanton, Paul e Reeves (1993), os limites de tempo dos resultados de enfermagem devem ser precisos para fins de avaliação, embora não devam ser rígidos.

Alfaro-LeFevre (2005) comenta que é necessária a análise acerca do fato de os resultados terem sido realistas e apropriados para o indivíduo, uma vez que o enfermeiro deve fazer uso de seu pensamento crítico e de seu conhecimento científico para estabele- cer esse limite de tempo a fim de que o problema seja revertido, ou minimizado.

É importante salientar que para cada diagnóstico de enfer- magem deverá haver um resultado esperado, ou seja, para cada problema detectado espera-se algo para aquele paciente.

Exemplos

1. Déficit no autocuidado para banho relacionado à sedação in- stituída evidenciado por sujidades no couro cabeludo.

RE: o paciente irá adquirir capacidade de cuidar de si mesmo e de sua higiene corporal em até 30 dias.

Ou

RE: o paciente terá a higienização corporal realizada adequada- mente pela equipe de enfermagem em até 6 h.

(Nesse caso os profissionais da enfermagem realizarão a ativid- ade pelo paciente.)

2. Integridade da pele prejudicada relacionada a emagreci- mento, imobilização física, idade avançada, circulação alterada evidenciada por hiperemia na região sacral.

RE: o paciente apresentará melhora da integridade da pele na região sacral em até 7 dias.

3. Padrão de sono perturbado relacionado a depressão e solidão evidenciado por insatisfação com o sono (insônia).

RE: o paciente apresentará necessidade do padrão do sono satis- feita a partir da noite de hoje.

4. Risco de infecção relacionado à presença de procedimentos invasivos (presença de tubo orotraqueal, sonda vesical de demora e acesso venoso central).

RE: o paciente apresentará risco de infecção relacionado com os procedimentos invasivos minimizado durante o período de ne- cessidade do uso de tais dispositivos.

É importante frisar que as estruturas de tempo dependem do período de internação projetado e previsto para o paciente e que, ao determiná-las, em geral se considera a presença de complicações ou de circunstâncias atenuantes (DOENGES; MOORHOUSE; MURR, 2009).

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