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2 DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÕES

2.4 PORTAL DE PERIÓDICOS DA CAPES

Durante muitos anos, as bibliotecas universitárias do mundo vêm acompanhando um processo de redução drástica no orçamento destinado aos periódicos científicos nacionais e estrangeiros, com a diminuição na quantidade de títulos a serem assinados e, em alguns casos, sendo impossibilitadas de assinarem novas indicações (VERGUEIRO; NORONHA, 2004).

No caso dos países subdesenvolvidos, o cenário é ainda mais alarmante, uma vez que estes estão não só em situação de desigualdade com relação aos países de primeiro mundo (que possuem acesso mais rápido e equilibrado às informações científicas, graças aos avanços

tecnológicos), mas também convivem com um desequilíbrio informacional no próprio âmbito territorial.

No Brasil, a situação não é muito diferente. O quadro de desigualdade é evidente em relação aos níveis de desenvolvimento e necessidade informacional, ocasionados pelas características regionais (TARAPANOFF, 1982). Esta heterogeneidade de oferta e demanda informacional é espelhada nas IES brasileiras e nas suas bibliotecas universitárias. Para ficar mais clara esta situação, basta acompanhar as coleções de periódicos científicos das respectivas bibliotecas.

Desde 2000, a comunidade acadêmica brasileira passou a dispor do Portal de Periódicos da CAPES. O Portal “[...] é o consórcio nacional de bibliotecas para informação científica e tecnológica.” (ALMEIDA, 2005), que se encontra no endereço eletrônico www.periodicos.capes.gov.br, e é mantido pela própria CAPES, a qual foi criada na década de 50 do século XX e sempre esteve preocupada com os estudantes de nível superior. A CAPES está atrelada ao Ministério da Educação e recebe, por conseguinte, recursos financeiros do governo federal. Tem como missão promover o aprimoramento do nível superior no Brasil.

Com o objetivo de democratizar a informação, o Portal disponibiliza títulos nacionais e estrangeiros, de todas as áreas do conhecimento. Bastos, Bastos e Nascimento, em uma apresentação no Seminário das Bibliotecas Universitárias, ocorrido na cidade de Natal, no ano de 2004, afirmam que o objetivo do Portal da CAPES era facultar o acesso à informação científica e tecnológica para as instituições de ensino superior, minimizando as disparidades informacionais das regiões brasileiras (BASTOS; BASTOS; NASCIMENTO, 2004).

As instituições participantes do Portal da CAPES estão divididas de acordo com as seguintes categorias:

Instituições federais de ensino superior; instituições de pesquisa com pós- graduação avaliada pela CAPES; instituições públicas estaduais e municipais de ensino superior com pós-graduação avaliada pela CAPES; instituições privadas de ensino superior com pelo menos um doutorado com avaliação trienal 5 (cinco) ou superior pela CAPES e outras instituições que aderiram ao Portal na categoria ‘pagantes’, com acesso restrito às coleções contratadas (ALMEIDA, 2005, p.7).

No Portal, os periódicos encontram-se no link Textos completos, cujos títulos estão indexados em 11 grandes áreas do conhecimento, entre elas a área de Ciências Sociais Aplicadas, que apresenta 14 subdivisões, uma das quais é a Ciência da Informação.

Quanto à coleção de periódicos científicos disponibilizada pelo Portal de Periódicos da CAPES, as indicações para inclusão de títulos no Portal são avaliadas pela Coordenação e pelo Conselho Consultivo do Programa, seguindo alguns critérios, tais como: dados estatísticos sobre os cursos de Pós-Graduação de cada área; percentual dos títulos de cada área em relação às demais áreas; fator de impacto da publicação, o JCR; número de indicações que o título recebeu dos usuários do Portal; disponibilidade de recursos financeiros; viabilidade de contrato com o fornecedor (ALMEIDA, 2005; PORTAL DE PERIÓDICOS DA CAPES, 2008).

No caso dos periódicos nacionais, para que o título seja incluído no Portal de Periódicos da CAPES, ele precisa fazer parte do SciELO ou ter sido avaliado pelo programa Qualis, atendendo às exigências da diretoria da CAPES. Esta instituição avalia os periódicos levando em conta a circulação (local, nacional e internacional); o nível (A e/ou B); a apresentação dos textos (completos, em formato eletrônico e permitir acesso gratuito na internet). (PORTAL DE PERIÓDICOS DA CAPES, 2008).

No que tange aos critérios mencionados anteriormente, importa aqui uma consideração, direcionada aos dois critérios específicos para títulos de periódicos científicos nacionais: tal opção decorre do fato de serem iniciativas visando exclusivamente às publicações brasileiras que, na grande maioria das vezes, não alcançam espaço nas instituições estrangeiras.

O SciELO é uma biblioteca eletrônica que disponibiliza, para os seus usuários, periódicos científicos brasileiros. É um projeto de parceria entre a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) – e a BIREME. Em 2002, passou a ter o apoio do CNPq. A biblioteca eletrônica SciELO tem como objetivo “[...] o desenvolvimento de uma metodologia comum para a preparação, armazenamento, disseminação e avaliação da produção científica em formato eletrônico.” (SciELO BRASIL, 2007, p.1).

Durante o processo de seleção dos títulos de periódicos científicos, o SciELO aplica critérios utilizados em bases de dados internacionais. Com isso, ele avalia não só o conteúdo dos periódicos que serão disponibilizados no seu endereço, mas também outros aspectos, tais como: originalidade do trabalho; revisão e avaliação pelos pares; composição do comitê editorial; a presença de resumos, títulos e palavras-chave em inglês, no caso de a publicação não ser de língua inglesa. É levado em consideração, também, o tempo de duração do periódico; a assiduidade da publicação, além da utilização de normas técnicas para publicações periódicas (SciELO BRASIL, 2007).

Já a base de dados Qualis, constituída pela CAPES, desde 1998, tem como objetivo avaliar os veículos utilizados pelos docentes e discentes dos Programas de Pós-Graduação brasileiro para divulgar a produção científica (LINARDI, 2006; BONINI, 2004; SOUZA; PAULA, 2002). A avaliação e qualificação dos periódicos são realizadas pelas comissões de áreas, e os textos são classificados a partir de categorias, utilizando indicadores como os de qualidade (A – alta, B – média, C – baixa) e de circulação (local, nacional ou internacional).

2.5 DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÕES DE PERIÓDICOS CIENTÍFICOS: UMA