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Possibilidades e fronteiras da institucionalização de discursos

No documento Alexy, Robert - Teoria Discursiva Do Direito (páginas 94-110)

Uma teoria do discurso prático* **

1.5. A UTILIDADE DA TEORIA DO DISCURSO

1.5.6. Possibilidades e fronteiras da institucionalização de discursos

Inúmeros argumentos contra a possibilidade de institucionalização de discursos apoiam-se na impossibilidade de cumprimento das condições ideais. Por razões fáticas, é impossível que todos discutam sobre tudo in- definidamente. O tempo é escasso.97Os problemas a serem resolvidos em

uma sociedade moderna são muitos e muito complexos para que todos possam discuti-los integralmente.98Para satisfazer a necessidade decisória

de uma sociedade, discursos devem ser interrompidos oportunamente. Como pode isso, de acordo com as regras dadas, acontecer? Por causa disso alguns autores se preocupam com o fim dos discursos.99Assim Wein-

rich teme que cada grupo possibilite uma discussão tão longa até que emerja para ele uma vantagem: “a ditadura da perseverança”.100

A ideia de ausência de dominação relacionada ao discurso também ge- rou objeções. Por um lado foi exposto que também no sistema do discurso surgem dominações estruturalmente condicionadas. A influência do orador habilidoso é maior que a do não-habilidoso.101Por outro lado acentua-se

que a coação não poderia ser substituída pelo discurso. “Pode-se esperar que alguém observe livremente os limites estabelecidos para ele quando ele tem certeza que todos os outros também vão fazer isso em relação a ele [...]. Porém ele só pode ter essa certeza quando a obediência de todos seja, caso necessário, coagida”.102Assim sempre se temeu que a prometida aus-

ência de dominação levaria à dominação descontrolada por parte daqueles que se autodenominam esclarecidos.

Contra essas objeções deve-se em primeiro lugar notar que com a pro- posta das regras do discurso não se propõe ainda um modelo para a organ- ização de discussões ou de processos decisórios ou nem mesmo um modelo para a sociedade. Aproxima-se do modelo sugerido com as regras uma dis- cussão moral filosófica realizada no contexto institucionalizado da ciência, sem pressão para se decidir e em princípio sem limites de pessoas e de ger- ações. Já na organização de uma discussão em seminário o sistema de re- gras não é suficiente. Para isso é necessária a introdução de outras regras, por exemplo, sobre a condução da discussão, sobre desvios permitidos de tema e assim por diante. A necessidade de tais subsistemas de regras se fortalece em vista de tais discussões que devem conduzir a decisões. Assim, não se pode gerir um parlamento sem princípios de maioria, regras para a formação de comitês ou princípios de representação, em resumo, sem regras que estabeleçam sua constituição e seu estatuto.103Dificilmente

um sistema de discussão sujeito a decisões poderá hoje em dia renunciar a regras envolvendo competências de especialistas, mas também a seu

controle. Desse modo, sistemas de discussão são capazes, através da organ- ização de sua habilidade de realização, de desenvolver sua tarefa. Não se pode, pelo menos até agora, aceitar definitivamente que uma organização de processos decisórios orientados à satisfação do discurso necessaria- mente tem consequências piores que a renúncia a uma tal orientação. Seja mencionado que é absolutamente compatível com uma tal orientação ex- trair, em uma sociedade, esferas isoladas de regras obrigatórias do discurso. Um exemplo de uma esfera em que isso seria recomendável poderia ser, por exemplo, a da escolha do parceiro. Sobre questões regulamentadas pelo discurso, o que sempre significa sobre as regras que limitam a liberdade dos participantes do discurso bem como sobre a questão de quais esferas devem ser decididas através do discurso organizado, pode-se novamente conduzir um discurso. Justificadas são aquelas limitações que, em face de outras ou de absolutamente nenhuma limitação, oferecem a grande chance de que se chegue a um resultado ao qual se teria chegado também nas con- dições ideais. Porém, em certo sentido, isso constitui apenas um adiamento do problema. Também esses sistemas auxiliares de regras afetam in- teresses. Não se pode sempre esperar um acordo.104A introdução de um

sistema de regras, por exemplo, o parlamentarismo, não depende somente de bons argumentos, mas também da ação política. O fato de a execução de alguma coisa depender da ação política não significa contudo que seja in- diferente se há boas razões a favor dessa coisa. Isso seria uma variante do ponto de vista tudo-ou-nada, acima esboçado. O fato de algo não prevale- cer somente por boas razões significa contudo que existem razões sufi- cientes para a abertura para a crítica e para a tolerância.

A ideia do discurso é compatível não só com uma organização de dis- cursos limitadora da liberdade dos participantes do discurso. Ela também não contradiz qualquer exercício de coação. Assim, não pode ser excluído que em um discurso se consiga um acordo sobre uma regra de convivência que estabelece certos limites para a persecução de interesses dos indivídu- os, regra essa que porém não será observada por todos. Nessas circunstân- cias ninguém pode prever a observância dessa regra. A coação com fim de cumprimento dessa regra já é necessária para que os discursos não per- maneçam inobservados. Ante a condição da possibilidade de divergência

sobre regras discursivamente fundamentadas a noção do discurso implica já a noção de ordenamento jurídico. Um ordenamento jurídico é necessário ainda a partir de uma série de outras razões. Assim, em vista da extensão da necessidade decisória em uma sociedade moderna não é possível decidir toda questão prática atacada com base em uma nova discussão a ser realiz- ada. Devem ser criadas e mantidas regras para a decisão de casos. Regras jurídicas são desse modo uma grande contribuição para aliviar o discurso prático.105Seja ainda acentuado que regras jurídicas possuem também a

significativa função de assegurar faticamente a possibilidade de modo al- gum óbvia de conduzir discursos.106O fato de as regras jurídicas poderem

assegurar a possibilidade de se conduzirem discursos certamente não signi- fica que elas não sejam acessíveis a uma justificação discursiva nem car- entes de tal justificação.

Sobre a possibilidade fundamentalmente existente de se institucional- izar discursos no sentido mencionado é possível talvez produzir-se um acordo. Prevalecem disputas sobretudo sobre o âmbito no qual as questões práticas podem estar sujeitas à formulação discursiva de objetivos e sobre a medida de liberdade e de imediatismo dessa formulação de objetivos. A re- sposta a essas perguntas não depende por fim de quão otimista ou quão pessimista é a antropologia defendida explícita ou implicitamente por aquele que as responde. Assim, a questão poderia ser uma questão que não se pode decidir. Retirar daqui uma conclusão de que não se poderia fazer nada para a institucionalização do discurso e com isso da razão, e que não se poderia por exemplo formar conscientemente nas escolas a habilidade para a discussão prática racional,107mereceria com razão o nome não tão

bonito de “falácia pessimista”.

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* Traduzido a partir do original em alemão Eine Theorie des praktischen Diskurses, publicado originalmente em Materialen zur Normendiskussion, Bd. 2 – Normenbegründung – Normen- durchsetzung, W. Oelmüller (org.), Paderborn, 1978, p. 22-58. ** Essas reflexões constituem um resumo e uma continuação de alguns pensamentos contidos na tese de doutorado do autor, Theorie der juristischen Argumentation. Die Theorie des ra- tionalen Diskurses als Theorie der juristischen Begründung, Frankfurt/M., 1978.

1 Como “juízos de dever” serão entendidos aqui todos aqueles enunciados normativos que podem ser formulados com ajuda dos termos deônticos fundamentais “devido”, “proibido” ou “permitido”; como “juízos de valor” serão entendidos aqui todos os demais enunciados normativos.

2 Sobre a questão da capacidade de verdade de enunciados normativos, expressados com as formulações “correto” ou “ver- dadeiro”, não será tomada uma posição aqui. Essa questão não pode ser discutida no contexto de uma teoria do discurso prático, mas somente no contexto de uma investigação no campo da teoria da verdade. Uma teoria do discurso prático pode certamente oferecer argumentos importantes para uma tal discussão. O que é aqui esboçado oferece, sobretudo, argu- mentos positivos. Para uma compilação de argumentos a favor da capacidade de verdade de enunciados normativos cf. A. R. White, Truth, London-Basigstoke, 1970, p. 57-65.

3 Cf. G. Patzig, Relativismus und Objektivität moralischer Nor- men, in: G. Patzig, Ethik ohne Metaphysik, Göttingen, 1971, p. 71.

4 Cf. por exemplo Ch. L. Stevenson, Ethics and Language, New Haven-London, 1944; A. J. Ayer, Language, Truth and Logic, London, 1936, nova edição Harmondsworth, 1971, p. 26-29, 136-151; R. Carnap, Philosophy and Logical Syntax, London, 1935, p. 22-26.

5 Sobre outras propriedades da linguagem moral que contam a favor da tese de que juízos morais são verdadeiras afirmações

cf. P. Glassen, The Cognitivity of Moral Judgements, in: Mind, 68, 1959, p. 57 ss.

6 G. Patzig (nota 3), Relativismus und Objektivität moralischer Normen, p. 75. Cf., além disso, W. K. Frankena, Analytische Ethik, N. Hoerster (trad., org.), München, 1972, p. 131 s.; J. Habermas, Wahrheitstheorien, in: Wirklichkeit und Reflexion, Festschrift. f. W. Schulz, H. Fahrenbach (org.), Pfullingen, 1973, p. 220.

7 Cf. G. E. Moore, Principia Ethica, Cambridge, 1903, p. 40. Moore denomina “naturalísticas” tanto as teorias que definem expressões normativas através de expressões empíricas quanto aquelas que usam expressões metafísicas para tais definições. Aqui será abordada apenas a primeira alternativa. Para uma crítica da fala de Moore cf. W. K. Frankena, The Naturalistic Fal- lacy, in: Theories of Ethics, Ph. Foot (org.), Oxford, 1967, p. 57 ss.

8 Cf., por exemplo, G. E. Moore (nota 7), Principia Ethica, p. 7; M. Scheler, Der Formalismus in der Ethik und die materiale Wertethik, 5aed., Berlin-München, 1966, p. 122 ss.; W. D. Ross, The Right and the Good, Oxford, 1930; W. D. Ross, The foundations of Ethics, Oxford, 1939.

9 Sobre isso cf. especialmente a discussão subsequente ao argu- mento da questão aberta de Moore (G. E. Moore (nota 7), Prin- cipia Ethica, p. 15 ss.): R. Brandt, Ethical Theory, Englewood Cliffs-N. J., 1959, p. 165; G. C. Kerner, The Revolution in Ethic- al Theory, Oxford, 1966, p. 19 s.; N. Hoerster, Zum Problem der Ableitung eines Sollens aus einem Sein in der analytischen Moralphilosophie, in: ARSP, 1969, p. 20 s.; K. Nielsen, Covert and Overt Sinonymity. Brandt and Moore and the “Naturalistic Fallacy”, in: Philosophical Studies, 25, 1974, p. 53 s. 10 Sobre isso cf., por exemplo, P. H. Nowell-Smith, Ethics, Har-

mondsworth, 1954, p. 36-47; P. Edwards, The Logic of Moral Discourse, New York-London, 1955, p. 94-103; St. E. Toulmin, The Place of Reason in Ethics, Cambridge, 1950, p. 10-28; E. v. Savigny, Die Philosophie der normalen Sprache, 1aed. Frank- furt/M., 1969, p. 196-199.

11 Cf., entre vários, R. M. Hare, The Language of Morals, London- Oxford-New York, 1952, p. 91.

12 P. Strawson, Ethical Intuitionism, in: Philosophy, 24, 1949, p. 27.

13 G. C. Kerner (nota 9), The Revolution in Ethical Theory, p. 33. 14 Cf. G. J. Warnock, Contemporary Moral Philosophy, London-

Basingstoke, 1967, p. 62-77; Ph. Foot, Moral Argument, in: Mind, 67, 1958, p. 502 ss.; Ph. Foot, Moral Beliefs, in: Theories of Ethics, Ph. Foot (org.), Oxford, 1967, p. 83 ss.

15 Cf., por exemplo, E. v. Savigny, Die Überprüfbarkeit der Stra- frechtssätze, Freiburg, 1967.

16 R. M. Hare, Freedom and Reason, Oxford, 1963, p. 21. Cf. ainda St. E. Toulmin, The Uses of Argument, Cambridge, 1958, p. 97.

17 Cf. H. Albert, Traktat über kritische Vernunft, Tübingen, 1968, p. 13, bem como K. R. Popper, Logik der Forschung, 5aed., 1973, p. 60.

18 A diferença entre regras e formas ficará mais clara abaixo, quando de sua formulação. Aqui deve-se apenas observar que as formas podem ser reformuladas como regras, a saber, regras que exigem que em determinadas situações argumentativas deve-se valer de determinadas formas e somente determinadas formas de argumentos. Por isso fala-se frequentemente somente em regras.

18a Deve-se supor aqui que condições (por exemplo o desconheci- mento da própria situação) já podem ser reformuladas em re- gras (por exemplo, a regra de não apresentar um argumento que não se apresentaria quando se estivesse em outra situ- ação). Caso essa suposição não for verdadeira, poderiam já res- ultar, por essa razão, diferenças significativas entre teorias que apresentam apenas regras e teorias que também formulam condições.

19 J. Rawls, A Theory of Justice, Cambridge/Ma., 1971, p.121. 20 J. Rawls (nota 19), A Theory of Justice, p. 139.

21 J. Rawls (nota 19), A Theory of Justice, p. 19. 22 J. Rawls (nota 19), A Theory of Justice, p. 121. 23 J. Rawls (nota 19), A Theory of Justice, p. 95 ss. 24 J. Rawls (nota 19), A Theory of Justice, p. 92 ss. 25 J. Rawls (nota 19), A Theory of Justice, p. 152 ss.

26 J. Rawls (nota 19), A Theory of Justice, p. 195 ss. 27 J. Rawls (nota 19), A Theory of Justice, p. 201.

28 Cf., por exemplo, Th. Viehweg, Topik und Jurisprudenz, 5aed., München, 1974; G. Struck, Topische Jurisprudenz, Frankfurt/M., 1971.

29 Th. Viehweg (nota 28), Topik und Jurisprudenz, p. 43. 30 P. Lorenzen/O. Schwemmer, Konstruktive Logik, Ethik und

Wissenschaftstheorie, Mannheim-Wien-Zürich, 1973, p. 109; O. Schwemmer, Philosophie der Praxis, Frankfurt/M., 1971, p. 106; O. Schwemmer, Grundlagen einer normativen Ethik, in: Praktische Philosophie und konstruktive Wissenschaftstheorie, F. Kambartel (org.), Frankfurt/M., 1974, p. 77.

31 H. P. Grice, Logic and Conversation, manuscrito, 1968, p. 38. 32 Sobre isso cf. G. H. v. Wright, Norm and Action, London, 1963,

p. 9 ss. Para uma tentativa de formalização do postulado da conversação de Grice como regra técnica cf. S. Kanngießer, Sprachliche Universalien und diachrone Prozesse, in: Sprach- pragmatik und Philosophie, K.-O. Apel (org.), Frankfurt/M., 1976, p. 301.

33 P. Lorenzen/O. Schwemmer (nota 30), Konstruktive Logik, Ethik und Wissenschaftstheorie, p. 109.

34 As seis regras fundamentais de Arne, por exemplo, poderiam ser vistas como tais regras concretas. Cf. A. Naess, Kom- munikation und Argumentation, Kronberg, 1975, p. 160 ss. 35 A designação “empírica” não deve significar que, no contexto

dessa forma de fundamentação, podem ser alegados, como razões, fatos muito gerais. Para ela contam apenas os argu- mentos que se relacionam a uma determinada classe de fatos, a saber, a validade fática de regras e a existência fática de con- vicções normativas.

36 Aqui conta, por exemplo, a exortação de Kriele, de que a teoria “(deve) obter, através da observação da prática, seus padrões para julgamento da prática, ou seja, ela deve aprender, a partir da própria experiência da prática, o que é uma prática boa e uma prática ruim” (M. Kriele, Theorie der Rechtsgewinnung, 2a ed., Berlin, 1976, p. 22). Para descobrir se uma determinada prática é uma boa prática ela deve perguntar se boas razões contam a favor dessa prática (M. Kriele, Theorie der

Rechtsgewinnung, p. 288). O que são boas razões dificilmente pode-se porém extrair da prática.

37 G. W. F. Hegel, Grundlinien der Philosophie des Rechts, Theorie Werkausgabe, Bd. 8, Frankfurt/M., 1970, p. 24.

38 Caminha nessa direção a argumentação de Popper, que pro- cura “definir a ciência da experiência através de regras meto- dológicas”. Ele designa essas regras metodológicas como “estip- ulações” que devem corresponder à regra superior de “que uma falsificação [...] não seja impedida” (K. R. Popper (nota 17), Lo- gik der Forschung, p. 26). A regra superior expressa a “colocação racional”, a favor da qual se pode somente decidir. “Isso significa que primeiro deve-se aceitar uma colocação ra- cional e que somente então argumentos e experiências encon- trarão observância; do que se segue que aquela colocação não pode ser fundamentada mesmo através de argumentos e exper- iências” (K. R. Popper, Die offene Gesellschaft und ihre Feinde, Bd. 2, Bern-München, 1958, p. 284). Pode-se na verdade demonstrar as consequências de uma tal decisão, o que não possibilita determinar essa decisão (K. R. Popper, Die offene Gesellschaft und ihre Feinde, p. 286). Em um certo refina- mento, Albert fala do “racionalismo do criticismo”, como “es- boço de uma forma de vida”, cuja aceitação inclui uma decisão moral (H. Albert (nota 17), Traktat über kritische Vernunft, p. 40 s.).

39 K.-O. Apel, Sprachakttheorie und transzendentale Sprachprag- matik zur Frage ethischer Normen, in: Sprachpragmatik und Philosophie, K.-O. Apel (org.), Frankfurt/M., 1976, p. 117. 40 K.-O. Apel (nota 39), Sprachakttheorie und transzendentale

Sprachpragmatik zur Frage ethischer Normen, p. 11.

41 J. Habermas, Was ist Universalpragmatik? In: Sprachpragmatik und Philosophie, K.-O. Apel (org.), Frankfurt/M., p. 201 ss. 42 J. Habermas (nota 41), Was ist Universalpragmatik?, p. 203 s. 43 J. Habermas (nota 41), Was ist Universalpragmatik?, p. 198.

Para o processo de uma tal reconstrução cf. J. Habermas (nota 41), Was ist Universalpragmatik?, p. 183 ss.

44 Sobre esse conceito cf. J. R. Searle, Speech Acts, Cambridge, 1969, p. 33 ss.

45 Sobre isso cf. J. R. Searle (nota 44), Speech Acts, p. 186, nota 1.

46 Sobre isso cf. os artigos de Apel, Habermas, Kanngießer, Sch- nelle e Wunderlich na coletânea já citada “Sprachpragmatik und Philosophie”, K.-O. Apel (org.), Frankfurt/M., 1976.

47 Para uma explicação detalhada cf. R. Alexy, Theorie der jur- istischen Argumentation. Die Theorie des rationalen Diskurses als Theorie der juristischen Begründung, Frankfurt/M., 1978. 48 Sobre esse problema cf., por um lado, J. Jørgensen, Imperat-

ives and Logic, in: Erkenntnis, 7, 1937/1938, p. 288 ss., e, por outro lado, A. Ross, Imperatives and Logic, in: Theoria, 7, 1941, p. 55ss.; A. Ross, Directives and Norms, London, 1968, p. 139 ss.; R. M. Hare, The Language of Morals, London-Oxford- New York, 1952, p. 20 ss.

49 Sobre a lógica deôntica cf. a compilação Deontic Logic: Intro- ductory and Systematic Readings, R. Hilpinen (org.), Dordrecht/ Holland, 1971; Normlogik, H. Lenk (org.), Pullach, 1974. 50 Sobre a condição da honestidade cf., por exemplo, J. L. Austin,

Other Minds, in: J. Austin, Philosophical Papers, J. O. Urmson/G. J. Warnock (org.), 2aed., London-Oxford-New York, 1970, p. 85; J. Austin, How to do Things with Words, London-Oxford, New York, 1962, p. 15; J. R. Searle (nota 44), Speech Acts, p. 65; H. P. Grice (nota 31), Logic and Conversation, p. 34. 51 Cf. R. M. Hare (nota 16), Freedom and Reason, p. 10 ss. 52 P. Lorenzen/O. Schwemmer (nota 30), Konstruktive Logik,

Ethik und Wissenschaftstheorie, p. 10 ss.

53 Sobre algumas dúvidas cf. R. Alexy (nota 47), Theorie der jur- istischen Argumentation. Die Theorie des rationalen Diskurses als Theorie der juristischen Begründung, p. 174.

54 Cf., por exemplo, G. Patzig (nota 3), Relativismus und Objekt- ivität moralischer Normen, p. 75, bem como 22 ss.

55 Sobre a possibilidade de se falar em atos de fala no que diz re- speito a enunciados normativos cf. R. Alexy (nota 47), Theorie der juristischen Argumentation. Die Theorie des rationalen Diskurses als Theorie der juristischen Begründung, p. 75. 56 Sobre isso cf. F. Kambartel, Was ist und soll Philosophie?, in: F.

Kambartel, Theorie und Begründung, Frankfurt/M., 1975, p. 14. 57 Sobre uma regra desse tipo cf. D. Wunderlich, Zur Konvention- alität von Sprechhandlung, in: Linguistische Pragmatik, D. Wun- derlich (org.), Frankfurt/M., 1972, p. 21; J. R. Searle (nota 44),

Speech Acts, p. 65 s.; H. Schnelle, Sprachphilosophie und Lin- guistik, Reinbek bei Hamburg, 1973, p. 42 s. O status de tal re- gra é controverso. Alguns a consideram constitutiva dos atos de fala de afirmar (para o conceito de regra constitutiva cf. J. R. Searle (nota 44), Speech Acts, p. 33 ss.). Assim pensa Wunder- lich: “Uma vez que agora obviamente não se pode ao mesmo tempo afirmar algo e negar que se possua algumas evidências a favor de algo, isso pertence já analiticamente ao conceito de afirmação enquanto ato de fala” (D. Wunderlich, Über die Kon- sequenzen von Sprechhandlungen, in: Sprachpragmatik und Philosophie, K.-O. Apel, Frankfurt/M., 1976, p. 452). Em outra direção, Schnelle adota a concepção que o conceito de afirm- ação, ao contrário do conceito de promessa, não está ligado com o de uma tal obrigação. Uma regra como a regra de funda- mentação mencionada deve por isso ser vista somente como postulado geral da comunicação (H. Schnelle (nota 57), Sprach- philosophie und Linguistik, p. 42 s. Sobre o conceito de postu- lado da conversação cf. H. P. Grice (nota 31), Logic and Conver- sation, p. 32 ss.). Há pontos a favor de, quando se conecta ao conceito de afirmação o conceito de verdade ou correção, poder-se ver a regra de fundamentação como constitutiva para a afirmação.

58 Cf. R. Alexy (nota 47), Theorie der juristischen Argumentation. Die Theorie des rationalen Diskurses als Theorie der juristischen Begründung, p. 157 ss.

59 J. Habermas, Wahrheitstheorien, in: Wirklichkeit und Reflexion. Festschrift f. W. Schulz, H. Fahrenbach (org.), Pfullingen, 1973, p. 255 s. Sobre uma discussão da teoria habermasiana cf. cf. R. Alexy (nota 47), Theorie der juristischen Argumentation. Die Theorie des rationalen Diskurses als Theorie der juristischen Begründung, p. 149 ss.

60 Essas expressões serão usadas nesta investigação como sinôni- mas. Uma distinção que aqui não é necessária encontra-se em A. Podlech, Gehalt und Funktion des allgemeinen verfassungs- rechtlichen Gleichheitssatzes, Berlin, 1971, p. 87 s.

61 M. G. Singer, Generalization in Ethics, New York, 1961, p. 31. 62 P. Lorenzen/O. Schwemmer (nota 30), Konstruktive Logik,

Ethik und Wissenschaftstheorie, p. 46

63 Sobre isso cf. Cf. R. Alexy (nota 47), Theorie der juristischen Argumentation. Die Theorie des rationalen Diskurses als Theorie der juristischen Begründung, p. 206 ss.

64 Ch. Perelman – L. Olbrechts-Tyteca, La nouvelle rhétorique. Traité de l’argumentation, Paris, 1958; 2aed. (não modificada), Brüssel, 1970, p. 142.

65 Para um interpretação bem semelhante do “conteúdo prag- mático” da máxima constitucional da igualdade cf. A. Podlech (nota 60), Gehalt und Funktion des allgemeinen verfassungs- rechtlichen Gleichheitssatzes, Berlin, p. 89

66 Sobre isso cf. J. Rawls, Justice as Fairness, in: The Philosophic- al Review, 67, 1958, p. 166: “Há uma suposição contra as dis- tinções e classificações feitas por sistemas jurídicos e outras práticas, na medida em que eles infringem a liberdade igual e original das pessoas que deles participam.”

67 Cf. J. L. Austin (nota 50), Other Minds, p. 84: “se você diz ‘isso não é suficiente’, então você deve ter em mente uma falta mais ou menos definida [...]. Se não há uma falta definida, que você pelo menos está preparado para especificar quando pression- ado, então é tolo (ultrajante) simplesmente sair dizendo ‘isso não é suficiente’.”

68 Para uma exigência desse tipo cf. H. P. Grice (nota 31), Logic and Conversation, p. 34.

69 Seja acentuado que aqui serão abordadas apenas as formas de argumento específicas do discurso prático geral. Além desses há inúmeras formas de argumento que aparecem tanto nos dis- cursos práticos gerais quanto em outros discursos.

70 Para a implicação de imperativos através de enunciados norm- ativos (juízos de valor e de dever), cf. R. M. Hare (nota 11), The Language of Morals, p. 171.

71 Sobre esses dois tipos de fundamentação cf. St. E. Toulmin (nota 10), The Place of Reason in Ethics, p. 132.

72 R. M. Hare (nota 16), Freedom and Reason, p. 21.

73 “R” pode, diferentemente de “R” e da igualmente empregável

“R’ ”, ser uma regra de qualquer nível, “N”, diferentemente de

“N”, pode ser um enunciado normativo qualquer (não apenas

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