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1- Ficha de leitura e análise desenvolvida para a pesquisa

5.3 AUDIOVISUAL E NARRATIVAS DE COMUNICAÇÃO PÚBLICA

5.3.9 Postagens do dia 16 de junho de 2016

O audiovisual sobre o qual trataremos agora é um desdobramento do seminário realizado na EBC. O professor Fernando Oliveira Paulino43 que aparece participando de uma das mesas de debate do seminário, no vídeo anterior, grava um depoimento com cerca de um minuto em frente a um painel onde está estampado o nome da EBC. Ele se apresenta como professor da Faculdade de Comunicação de Brasília e constrói a partir daí sua narrativa de mobilização. Paulino faz uso da primeira pessoa, defende pontos de vista de uma perspectiva de proximidade e afirma que a Comunicação Pública é ferramenta essencial para democracia. Ainda em sua fala destaca a possibilidade dela permitir maior número de opiniões e diálogo fluido com a sociedade enquanto produtora e receptora de conteúdos.

O professor Paulino aborda ainda a produção regional e a necessidade que os veículos públicos têm de alcançar essa difusão de conteúdo que ainda não consegue canalizar. Ao descrever as funções da comunicação pública ele elenca os desafios que se impõe. Uma vez identificados os desafios, Fernando Oliveira Paulino indica que o processo de efetivação da comunicação ainda caminha. O tom informativo dessas colocações permite dizer que Paulino lança mão da função referencial da linguagem. Ao usar adjetivos, usar a primeira

pessoa do plural e ao falar da sociedade e da maneira como a comunicação pública interfere na sociedade fica evidenciada a função emotiva. Claro, que no contexto de uma campanha existe ainda um indicativo da função conativa em todos os vídeos. Enquanto docente o lugar de fala da educação, enquanto pesquisador da comunicação traz um incremento a esta função. Não há elementos tão marcados quanto os verbos no imperativo, mas ainda sim a função está presente.

Nas participações seguintes estão Gregório Duvivier44, em um vídeo que tem duração de 34 segundos e Xico Sá45 num outro audiovisual com 31 segundos. Os dois estão no interior de um espaço em que, até ser estabelecido o contato com o paratexto, as informações de descrição postadas, fica difícil determinar se é uma exposição, um tipo de entrevista, ou participação em evento. No espaço há pessoas que falam ao fundo e, apesar do fundo desfocado uma mulher faz uma foto, o que indica que a gravação aconteceu num instante de intervalo ou ao fim da programação. Gregório se coloca próximo da mobilização usando a primeira pessoa do plural no momento em que diz que é preciso defender a TV pública. A subjetividade é percebida também pelo emprego de adjetivos para enaltecer o papel da mídia democrática e na defesa de pontos de vista.

Diante das ameaças de sucateamento da EBC e da redução de profissionais, Gregório se insere como participante da defesa da TV pública. Assume papel de herói junto de quem mais se engajar na campanha fazendo assim a TV Pública e a democratização figurarem como as mocinhas da narrativa.

O caráter governista que ameaça o que é publico também está bem marcado no audiovisual. Gregório Duvivier é conhecido por uma parcela da população brasileira, notadamente a mais jovem, como figura pública e defensor da democracia no ambiente midiático e das redes sociais. Ao falar de democracia emerge da sua participação a visão de que aquilo que é público é para todos; governista e público seriam assim termos contrários.

Já Xico Sá fala por 31 segundos. Inicia sua participação fazendo menção a Temer com o jargão: “primeiramente fora... (ele não ousa dizer o nome).” Xico se insere como participante da defesa da TV pública e, portanto, herói da narrativa. Assim como Gregório, Xico é conhecido no meio cultural, artístico e das redes sociais pelo seu ativismo e por se posicionar de forma clara quanto a causas políticas e sociais. Ele afirma que para algumas pessoas a TV pública serve para retirada de proveito e para tomar dinheiro de governo. Mas Xico refuta esta colocação pontuando que TV pública é necessária pra um país sério e

44 Vídeo disponívelem: https://www.facebook.com/emdefesadaEBC/videos/1626561414327853/ 45 Vídeo Disponível em: https://www.facebook.com/emdefesadaEBC/videos/1626563900994271/

democrático. Com as mãos bastante firmes nos movimentos denota convicção naquilo que pensa ao defender a Comunicação pública.

Ainda sobre o Seminário de Comunicação Pública46, é a partir deste material audiovisual postado em 16 de junho de 2016 que compreendemos o que significou o evento e porque todas estas pessoas ligadas a discussão da Comunicação Pública estavam reunidas.

O vídeo de um minuto e 24 segundos é a captura de uma reportagem televisiva veiculada pela TV Brasil. Todas as imagens foram feitas no auditório da EBC assim como as entrevistas. Por ser um vídeo feito para um telejornal e ter características jornalísticas específicas podemos assegurar que são muitos os autores. O primeiro deles é Oswaldo Alves, cinegrafista identificado pela presença dos créditos. Madalena Oliveira, professora e pesquisadora da Universidade do Minho, em Portugal é a primeira entrevistada seguida por Fernando Oliveira Paulino, o segundo entrevistado. O repórter, autor principal do vídeo se coloca na narrativa a partir do distanciamento. A narração é marcada pela impessoalidade e pela busca por apresentar informações isentas. As opiniões ficam a cargo dos entrevistados que elencam a necessidade de pesquisas sobre educação crítica para mídia, de entender e fortalecer o papel da Ouvidoria, discutir a relação das emissoras públicas com a cidadania e garantir opiniões diversas e mais interpretações da realidade. O debate dos funcionários e também a manifestação não foram silenciados durante a reportagem.

As gravações com convidados do evento seguem com o professor Luís Santos47. No vídeo de um minuto e 50 segundos postado o representante da Universidade do Minho (Portugal) fala sobre o caso português da TV pública, do momento de crise por lá em que se questionou sobre o serviço público de comunicação e da superação desse cenário em função da manifestação das pessoas. Como especialista e professor vindo de Portugal, e tendo vivido experiência parecida por lá, Santos observou que depois da interferência da população os serviços estão mais fortes e mais regulados. Essa informação tem potencial mobilizador já que evidencia a força da participação da sociedade.

46 Vídeo disponível em: https://www.facebook.com/emdefesadaEBC/videos/1626570497660278/ 47 Vídeo disponível em: https://www.facebook.com/emdefesadaEBC/videos/1626240364359958/