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2 ANÁLISE E REFLEXÕES SOBRE O TRABALHO DE ASSESSORAMENTO

2.3 ANÁLISE DO TRABALHO DOS SUPERVISORES PEDAGÓGICOS NO

2.3.3 A práxis do supervisor pedagógico sob a ótica dos atores escolares

Esta subseção tem por objetivo fazer uma reflexão sobre os desafios enfrentados pelo supervisor pedagógico no exercício da função, sobretudo sob a ótica dos gestores, pedagogos e professores. Buscou-se compreender por meio da visão dos atores escolares como ocorre a ação do supervisor pedagógico, quais são os obstáculos e as situações-problema que permeiam o seu desenvolvimento profissional.

Nessa perspectiva, foi perguntado primeiramente aos gestores, pedagogos e professores se eles conhecem os supervisores pedagógicos que acompanham suas escolas. Dos 31 respondentes, apenas um professor afirmou que não o conhecia. É possível inferir que 97% dos atores escolares reconhecem o supervisor pedagógico que assessora a sua escola, o que pode indicar que esse profissional se faz presente em todas as instâncias da esfera escolar.

Quando perguntados se sabiam quais são as atribuições do profissional, as respostas foram bem diversificadas; contudo, dos 31 respondentes, apenas dois professores relataram não conhecer as atribuições, e apenas uma pedagoga pormenorizou que seriam as atribuições do pedagogo descritas no Regimento Geral das Escolas Públicas do Estado do Amazonas em nível de Coordenação Distrital. Quinze respondentes aduziram como atribuições do supervisor pedagógico o acompanhamento do diário de classe, da frequência e do rendimento dos alunos e da limpeza da escola. A fala desses atores indica um total desconhecimento acerca das reais atribuições do supervisor pedagógico, pois as atividades evidenciadas por eles são, de fato, atribuições do pedagogo e do administrador que atua na esfera escolar. Treze respondentes deram ênfase ao acompanhamento e ao monitoramento das atividades pedagógicas realizadas pelas escolas, como sendo a principal atribuição do supervisor pedagógico.

As falas que emergem dos atores escolares supramencionados revelam as contradições e as visões distorcidas do real papel do supervisor pedagógico na esfera escolar. Aparentemente, não sabem detalhar as atribuições desse profissional, pois as perspectivas apontadas demonstraram um conhecimento restrito sobre as competências do mesmo. Em virtude disso, ressalta-se a importância de se haver um documento oficial que detalhe a atividade profissional do supervisor pedagógico, destacando o campo de atuação e as atribuições pertinentes ao cargo.

Ainda sobre as atribuições do supervisor pedagógico, chamou-me atenção, a fala do(a) professor(a) 10, que descreve o supervisor pedagógico como sendo um observador distrital que tem a função de cobrar demandas junto às escolas. No pronunciamento desse docente, é

forte a concepção de que a atuação do supervisor pedagógico está voltada para um trabalho de cunho burocrático e fiscalizador, suplantando a ideia de que tal profissional seria apenas um fiscalizador das demandas da escola advindas da SEDUC-AM.

Nesse contexto, Neubauer (2010) afirma que:

É necessário que os atores situados nos órgãos intermediários se constituam, efetivamente, em interlocutores dos atores escolares, quando o que está em jogo são as interações e as aprendizagens que compete à escola. Ao dominar esse novo papel estarão aptos a entrar no espaço escolar. (Neubauer, 2010, p. 106)

Na visão da autora mencionada, os profissionais que atuam nos órgãos intermediários devem constituir-se como interlocutores e apoiadores das ações da escola para que se se estabeleça um âmbito de parceria entre as esferas, tornando imperativo que as relações interpessoais estabelecidas estimulem ações dialógicas.

Diante do exposto, observa-se que o processo de mediação da rede estadual amazonense precisa ser melhorada, de modo a realizar-se um trabalho em que os atores escolares percebam a figura do supervisor pedagógico como um interlocutor e apoiador das ações pedagógicas no âmbito escolar. Nesse sentido, o supervisor pedagógico deve ser o maior incentivador de práticas democratizadoras para que se estabeleça a parceria entre as esferas. No entanto, retoma-se a tônica da falta regulamentação de suas atribuições como um empecilho para obtenção de uma visão clara acerca de como deve se dar o fluxo de trabalho deste profissional.

Foi possível observar ainda, nos relatos dos(as) 10 gestores(as) e dos(as) 10 pedagogos(as), que o supervisor pedagógico oferece apoio técnico pedagógico aos atores escolares na sua prática profissional, divergindo da visão dos(as) professores(as) pesquisados. Dos (as) 11 professores(as), 10 afirmam que o contato com esse profissional se dá apenas em reuniões de planejamento, e um(a) docente cita que não percebe nenhum apoio aos professores e não vê a participação do mesmo na escola.

A partir do exposto, nota-se que se faz necessário ressignificar a função do supervisor pedagógico, por meio de procedimentos claros, devendo suas ações ocorrerem continuamente de forma regular e sistematizada, pois a ausência de diretrizes que norteiem as suas atribuições pode estar comprometendo a efetividade do assessoramento pedagógico realizado junto às escolas de Ensino Médio da capital.

Assim, o trabalho de assessoramento, monitoramento e acompanhamento realizado pelo supervisor pedagógico nas escolas precisa ser referendado em uma diretriz maior

advinda da SEDUC-AM, a fim de evitar conflitos de informações e para que essa função possa ser efetiva junto à esfera escolar. Com isso, espera-se que o supervisor pedagógico quebre o paradigma de que os órgãos intermediários e centrais são centralizadores e detentores do poder, pois o ato de coordenar as escolas está inserido em um esfera democrática, que pressupõe participação de toda a equipe escolar de forma autônoma e criativa. Sobre a gestão de cunho democrático e participativo, tratar-se-á na próxima subseção.

2.3.4 O olhar do supervisor pedagógico e dos atores escolares sobre a gestão democrática