• Nenhum resultado encontrado

(131) Além de ter concluído que foram concedidas subvenções no período de inquérito de reexame, a Comissão analisou a probabilidade de continuação do subvencionamento das importações provenientes do país em causa, caso as medidas fossem revogadas. Na sequência da instituição de medidas em 2009, as importações de biodiesel provenientes dos EUA na União caíram para quase zero a partir de 2013. Por exemplo, durante o PIR (de 1 de julho de 2019 a 30 de junho de 2020), foram importadas dos EUA cerca de 156 toneladas. Estes volumes representam apenas 0,04% do total das exportações dos EUA e uma parte ainda menor do consumo da União. A Comissão examinou a probabilidade de as importações subvencionadas serem retomadas em volumes significativos, caso a medida viesse a caducar. Especificamente, foram analisados os seguintes elementos: a capacidade de produção e a capacidade não utilizada nos EUA, a disponibilidade de outros mercados e a atratividade do mercado da União.

(39) Prorrogado pelo Energy Policy Act de 2005, secção 1344 (P.L. 109-58), com a redação que lhe foi dada pelo Energy Improvement and Extension Act de 2008 (P.L. 110-343, Divisão B) secções 202-203.

(40) Further Consolidated Appropriations Act de 20 de dezembro de 2019 (Lei pública 116-94). (41) Ver secção 3.1.1.1, considerando 50, do pedido de reexame.

4.5.1. Atuais capacidades não utilizadas dos produtores-exportadores dos EUA

(132) A Comissão examinou se as exportações subvencionadas dos EUA para a União se efetuariam em volumes significativos, caso as medidas viessem a caducar. Dado que, tal como se refere no considerando 27, os produtores exportadores e o Governo dos EUA não colaboraram no inquérito, foi impossível proceder a uma análise com base em dados verificados, fornecidos pelos mesmos. Como tal, a Comissão recorreu às seguintes fontes de informação: o pedido de reexame da caducidade e a documentação apresentada subsequentemente pelo requerente, Eurostat e sítios Web da Agência de Informação de Energia dos EUA (EIA) e do Ministério da Agricultura dos EUA (USDA).

(133) Com base nos dados recolhidos junto da EIA, a capacidade dos produtores de biodiesel dos EUA no período de inquérito de reexame ascendeu a 8 412 000 toneladas.

(134) A produção efetiva de biodiesel nos EUA durante o PIR foi de 5 718 000 toneladas (dados da EIA), o que corresponde a uma utilização da capacidade de 68% e a uma capacidade não utilizada de 32%, ou seja, cerca de 2 694 000 toneladas. Esta considerável capacidade não utilizada dos produtores dos EUA constitui um incentivo para aumentar a produção e vender biodiesel a preços subvencionados no mercado da União, pelo que é provável que venha a ser utilizada para abastecer o mercado da União, se as medidas vierem a caducar. Com efeito, os produtores dos EUA podem facilmente aumentar a sua produção e exportá-la para a UE, obtendo como vantagem económica o aumento da taxa de utilização da capacidade e a redução do custo unitário da produção. Introduzir no mercado da União a capacidade não utilizada dos EUA, que representou perto de 18% do consumo da União no PIR, teria repercussões consideráveis.

(135) Note-se ainda que, no PIR, a produção de biodiesel dos EUA (5 718 000 toneladas) foi inferior ao consumo (5 934 000 toneladas). Por conseguinte, os EUA importaram mais biodiesel do que exportaram. Durante o PIR, as importações ascenderam, no total, a 629 000 toneladas e as exportações a 428 000 toneladas, no total. No entanto, se a capacidade de produção disponível não foi utilizada para satisfazer a procura interna durante o período considerado, não é provável que essa capacidade de produção disponível venha a ser utilizada no futuro para o mesmo fim. A capacidade de produção dos EUA comunicada no PIR (8 412 000 toneladas, ver o considerando anterior) foi consideravelmente superior ao consumo interno, o que significa que, se se criarem oportunidades no mercado de exportação, é provável que os produtores dos EUA utilizem a sua capacidade não utilizada nas vendas de exportação e não no consumo interno.

4.5.2. Disponibilidade de outros mercados

(136) Não é provável que a atual capacidade não utilizada servisse para aumentar as exportações para países terceiros que não a UE. Os grandes mercados de países terceiros (Brasil, Indonésia, Argentina, China, Tailândia) são autossuficientes em termos de produção interna de biodiesel e, até à data, os EUA não exportaram muito para esses países, apesar das suas capacidades não utilizadas, pelo que não há razão para crer que esta situação se venha a alterar no futuro.

4.5.3. Atratividade do mercado da União

(137) A fim de estabelecer o preço de exportação para países terceiros, a Comissão baseou as suas conclusões em informações de acesso público, nomeadamente o Atlas do Comércio Global («GTA»). Procedeu-se à extração dos volumes e valores das exportações de biodiesel ao abrigo do código SH 3826 00 relativamente ao PIR. Os volumes exportados (em toneladas) para todos os países (incluindo a UE) ascendem a 389 075 toneladas, tendo sido exportados para a União volumes negligenciáveis.

(138) Tal como indicado no quadro seguinte, o preço médio à saída da fábrica do biodiesel vendido na União por produtores da União durante o PIR foi de 771 euros por tonelada.

(139) O quadro 1 seguinte mostra os preços de venda médios em dólares americanos por tonelada, devidamente ajustados ao nível do estádio à saída da fábrica (deduzindo 82,52 USD por tonelada para ter em conta os custos do transporte interno, tal como indicado no pedido de reexame da caducidade) nos seis países (extra-UE) para os quais os EUA exportaram mais de 0,1% do total das suas exportações durante o PIR.

Quadro 1

Volumes e preços de exportação dos EUA durante o PIR

Países de destino Volumes exportados (em toneladas)

Percentagem de exportações para

todos os países

Preço médio à saída da fábrica (USD) por

tonelada

Preço médio à saída da fábrica (euros) por

tonelada Canadá 354 442 91,1 805,33 728,48 China 12 363 3,2 316,49 286,29 Noruega 3 500 0,9 862,48 780,18 Peru 2 144 0,6 591,72 535,26 México 1 204 0,3 661,23 598,13 Coreia do Sul 475 0,1 363,15 328,49 Fonte: GTA

(140) O quadro mostra uma grande variação dos preços de exportação entre os vários países para os quais os EUA mais exportaram durante o PIR.

(141) O quadro mostra igualmente que os preços médios de exportação mais elevados são os preços para países como o Canadá e a Noruega, aos quais os EUA vendem 92% das suas exportações totais. O pedido de reexame da caducidade refere, a este respeito, que «[...] o biodiesel mais caro exportado para o Canadá é produzido a partir de tipos específicos de matérias-primas com mais resistência a temperaturas frias, como a colza, ou pode também ser HVO, que tem excelentes propriedades a frio [...]». Consequentemente, os preços médios de exportação mais elevados para os dois países em causa justificam-se pelo facto de a matéria-prima (por exemplo, a colza) ter um custo superior.

(142) Com base no GTA, a Comissão calculou um preço médio de exportação para todos os destinos durante o PIR, tendo em conta os seguintes elementos:

— Devido à grande variação dos preços de exportação dos EUA (tal como indicado no quadro constante do considerando 139), a Comissão excluiu deste cálculo todos os países que representam, para os EUA, menos de 0,1% do seu volume total de vendas de exportação durante o PIR. Como indicado no quadro 1 anterior, seis países (com exceção da UE) representam mais de 0,1% dos volumes totais de exportação dos EUA.

— O quadro 1 mostra igualmente que os preços médios de exportação mais elevados são os preços para países como o Canadá e a Noruega, aos quais os EUA vendem 92% das suas exportações totais. Os preços de exportação mais elevados devem-se ao preço de custo mais elevado da matéria-prima (por exemplo, a colza). — As exportações de biodiesel para a UE consistem sobretudo numa combinação de diferentes tipos de biodiesel

devido à diversidade climática na UE, pelo que o biodiesel a utilizar nas exportações destinadas à Europa do Norte será principalmente aquele que tem uma melhor resistência às temperaturas frias.

— Por conseguinte, calcular um único preço médio de exportação para efeitos da presente avaliação garante uma representação correta do preço médio que seria observado no mercado da União e evita atribuir uma importância desproporcionada às exportações para o Canadá e a Noruega, tendo em conta a mistura de tipos de biodiesel que provavelmente seriam exportados para a União, onde as condições climáticas variam considera­ velmente de Estado-Membro para Estado-Membro.

(143) Tendo em conta todos os elementos supramencionados, a Comissão calculou um preço médio de exportação de 682 USD por tonelada (617 euros). Este preço médio de exportação de 617 euros é um preço FOB, ao qual é necessário adicionar os custos de frete marítimo e de seguro para se obter um preço CIF. De acordo com o pedido de reexame da caducidade, estes custos ascenderiam a cerca de 52 USD por tonelada (47 euros por tonelada) se o destino fosse a União.

(144) A Comissão considerou que 47 euros por tonelada constituem uma indicação razoável dos custos adicionais de frete marítimo e de seguro para outros destinos. Estabeleceu-se assim em 617 euros (FOB) o preço médio de exportação dos EUA para países terceiros que, mesmo adicionando os custos de frete marítimo e de seguro e o direito aduaneiro em vigor sobre as exportações dos EUA para a UE (6,5%) (arredondado para 104 euros por tonelada para cobrir também algumas despesas pós-importação adicionais) (no total cerca de 721 euros por tonelada), seria muito inferior ao preço à saída da fábrica da indústria da União (771 euros por tonelada).

(145) Por conseguinte, é evidente que os produtores-exportadores dos EUA poderiam vender a um preço inferior a 771 euros por tonelada para penetrar no mercado da União, o que constituiria um incentivo para reorientarem uma parte das suas atuais exportações destinadas a países terceiros para o mercado da União, cujos preços são mais atrativos do que os praticados nos mercados de alguns países terceiros.