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Este capítulo apresentará questões relacionadas à origem da pesquisa, à metodologia e à abordagem utilizada, além das informações sobre os sujeitos de pesquisa, critérios utilizados e instrumentos.

3.1 ORIGEM DA PESQUISA

Esta pesquisa nasceu das inquietações relacionadas ao trabalho com a inclusão escolar de alunos com deficiência intelectual, desenvolvido pelo Agente de Inclusão14 de uma instituição especializada.

A preocupação inicial, estava na realização de uma pesquisa que de fato garantisse a inclusão escolar destes alunos. Num momento posterior, verificou-se maior importância em analisar criticamente a atuação do Agente de Inclusão, a fim de identificar possíveis caminhos que favoreçam a melhoria do atendimento prestado por esse profissional e, conseqüentemente, melhores condições de inclusão para esses alunos.

A pesquisa discute a inclusão escolar de alunos com deficiência intelectual, os processos de mediação trazidos por Levi S. Vygotsky, além da definição de deficiência mental, problematizada através da CIF, AAMR e outros documentos importantes para a reflexão.

3.2 ABORDAGEM METODOLÓGICA

A abordagem utilizada na realização desse estudo foi a pesquisa qualitativa etnográfica, realizada por meio de questionário estruturado (opinionário), entrevistas e análise documental.

Para LUDKE e ANDRÉ (1986, p.14 apud Spradley, 1979), a pesquisa etnográfica é a “[...] descrição de um sistema de significados culturais de um determinado grupo”.

Fatores importantes que foram considerados na escolha dessa abordagem:

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Mais adiante, será esclarecida a função desempenhada pelo Agente de Inclusão de uma instituição especializada.

• O problema é redescoberto em campo: a situação de estarmos mergulhados na prática, muitas vezes nos impede de olhar os mesmos fatos de formas diferenciadas, assim redescobrir o problema é algo a se considerar;

• A realização pessoal da pesquisa: a exigência do pesquisador realizar pessoalmente sua coleta de dados, o aproxima mais do conhecimento e da realidade a ser pesquisada;

• Duração de pelo menos 1 ano escolar: como já estou envolvida com este tema há mais de 5 anos, acredito que o tempo de 1 ano de pesquisa será alicerçado por esta experiência;

• Combinação de vários métodos de coleta: a variedades de procedimentos permite “fornecer um quadro mais vivo e completo da situação estudada” (LUDKE; ANDRÉ, 1986, p.14).

A educação deve envolver um modo de “pensar o ensino e a aprendizagem dentro de um contexto social amplo” (LUDKE; ANDRÉ, 1986, p. 14); e tendo como foco de estudo a atuação do Agente de Inclusão nas escolas comuns da rede pública de ensino, temos a oportunidade de explorar um amplo contexto social.

Na pesquisa qualitativa etnográfica, o pesquisador vivencia três etapas em sua investigação: “exploração, decisão e descoberta” (LUDKE; ANDRÉ, 1986, p. 15).

A fase da exploração é o momento em que fazemos a seleção e a definição do problema de estudo. Iniciamos também com observações prévias para realmente termos mais conhecimento sobre o que realmente desejamos pesquisar; além da preocupação com a localização e contatos para a entrada em campo. “A abordagem etnográfica parte do princípio de que o pesquisador pode modificar os seus problemas e hipóteses durante o processo de investigação” (LUDKE; ANDRÉ, 1986, p. 16).

O segundo momento, decisão, já conduz o pesquisador a uma busca mais sistemática dos dados previamente selecionados como importantes para compreender e analisar. Situações que devem ser consideradas na investigação etnográfica são: “forma e conteúdo da interação verbal dos participantes; forma e conteúdo da interação verbal com o pesquisador; comportamento não-verbal; padrões de ação e não-ação; traços, registros de arquivos e documentos” (LUDKE; ANDRÉ, 1986, p. 16).

O terceiro momento consiste na explicação da realidade, tentativa de encontrar os princípios que estão ocultos ao fenômeno estudado, além de várias descobertas em torno dele, realizando o desenvolvimento das bases teóricas; confrontando evidências positivas e negativas, para desenvolver sua própria teoria.

A seguir serão citadas algumas características que são de extrema relevância para o desempenho de um bom papel de observador em campo dentro da abordagem etnográfica:

[...] a pessoa precisa ser capaz de tolerar ambigüidades; ser capaz de trabalhar sob sua própria responsabilidade; deve inspirar confiança; deve ser pessoalmente comprometida; autodisciplinada, sensível a si mesma e aos outros, madura e consciente; e deve ser capaz de guardar informações confidenciais” (LUDKE; ANDRÉ, 1986, p. 17).

A oportunidade de trabalhar com esta abordagem exigiu bastante empenho e conhecimento teórico por parte do pesquisador; além de favorecer seu enriquecimento profissional durante todo o trabalho desenvolvido, desde a fase de exploração até a descoberta.

3.3 A PESQUISA

A pesquisa é o momento em que nos centramos no estudo da prática e relacionamos aos estudos teóricos sobre o assunto.

No momento da construção teórica, temos que nos aprofundar no objeto de estudo de forma que possamos adquirir base fundamentalmente técnica para sustentar nossas hipóteses. Na verdade, a base teórica de uma pesquisa é algo que está em constante construção ao longo das fases de desenvolvimento da mesma.

Com a pesquisa, temos que nos comprometer ao final dela, de informar aos participantes quais foram às principais conclusões e possibilidades de atuação na prática a fim de contribuir com o desenvolvimento e progresso do trabalho realizado.

Contudo, entendemos a fase de trabalho teórico uma das mais detalhadas e importantes para a execução e finalização da pesquisa. É assim que criamos conhecimento, refletindo sobre o que já existe e reinventando o problema através de novos olhares.

A pesquisa de campo é o momento mais esperado pelos pesquisadores, pois é a hora de coletar os dados para análise.

O processo de coleta de dados não se resume simplesmente na aplicação de instrumentos, inclusive há autores que defendem a idéia de que “a preocupação com o processo é muito maior do que com o produto” (LUDKE; ANDRÉ, 1986, p. 12).

Pesquisar um determinado problema é buscar entender como ele se desenvolve. Esta é uma fase cautelosa em dois sentidos: primeiro pela postura ética do pesquisador em relação ao ambiente e sujeitos da pesquisa; e segundo é a sua sensibilidade na observação ou aplicação de algum instrumento.

É importante ter a percepção da situação para posteriormente analisar a forma como os sujeitos da pesquisa se comportam frente às investigações, como é vista a situação de pesquisa para os participantes, etc.

Esta pesquisa se preocupou com o significado e a visão pessoal dos participantes sobre o objeto estudado, além de todo processo de construção, coleta e análise dos dados, deixando de ficar centrada apenas num produto final, buscando novos conceitos para o entendimento da realidade.

3.4 SUJEITOS DA PESQUISA E CRITÉRIOS DE SELEÇÃO

Para a definição dos sujeitos desta pesquisa, foram selecionados critérios específicos.

Esses critérios são: alunos que estudassem em escolas de ensino fundamental I – 1.a a 4.a série, da rede de ensino Municipal de São Paulo, localizadas na zona oeste da cidade, onde as escolas deveriam receber o apoio do Programa de Inclusão Escolar da instituição especializada por no mínimo um ano; os alunos acompanhados deveriam ter entre 7 e 13 anos, com deficiência intelectual isolada ou associada a alguma síndrome, diagnosticada por profissionais credenciados, meninos e meninas e matriculados no período da manhã ou da tarde.

Definidos os critérios, todos os casos atendidos pelo Programa de Inclusão Escolar da instituição, foram verificados e, concluímos que de 32 alunos atendidos pela instituição, 4 se enquadram nos critérios estabelecidos pelo pesquisador, sendo então um total de 4 alunos e 2 escolas (Tabela 1).