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Esquema 4 Esquema referente ao discurso epistemológico

1.3 O referencial teórico da pesquisa

1.3.1 Os procedimentos metodológicos

Por que uma pesquisa que visa arregimentar enunciados que falam sobre o texto visual em LD da EJA, justamente pelo fato de terem sido realizados, que, sendo dispersos, são também heterogêneos e singulares, detectando regularidades e uma ordem em seus aparecimentos sucessivos? Enunciados que estão postos em meio a campos tão complexos quanto o da linguagem e o da educação? As respostas destas questões requerem algumas reflexões: ao contrário do que se cogita em alguns debates sobre este assunto, a existência do texto visual no campo da educação e particularmente quando se refere àqueles dispostos em livros didáticos é que tais textos podem mediar o processo de ensino-aprendizagem, mas, em geral operam uma mediação precária. Igualmente, quando os textos visuais são colocados em

debate, o seu alcance pedagógico se reduz à função de ilustradores de materiais didáticos e raramente estabelecem coerentemente relações entre as linguagens postas, quando colocados em jogo junto a outras linguagens. Todavia, é a partir de uma intencionalidade mediadora que o texto visual pode ser entendido como potencializador do processo ensino-aprendizagem, considerando sua particularidade enquanto linguagem e, desse modo, operar a adequação aos objetivos da aula, tendo em vista o seu ajuste ao meio didático-pedagógico.

Para além do que foi posto, pode-se falar sobre o texto visual na perspectiva da análise discursiva e, recorrendo aos seus enunciados, entendendo a sua ordem, compreendendo a sua irrupção, produzir o conhecimento sobre a língua materna, tendo em vista a multimodalidade15 que geralmente compõe os textos visuais postos em livros didáticos. Em

outra perspectiva, possivelmente terão lugar outras formulações, as quais, concebidas a partir da ordem do discurso visual, o entendimento da modalidade textual visual, permita outras reflexões quando inseridas no conjunto do debate pedagógico.

Considerando que o discurso não opera em um vazio existencial nem histórico-social, é a partir do enunciado “Discurso visual em livro didático de língua portuguesa na EJA” que, tomado como fonte enunciativa, vincula-se diretamente aos seguintes enunciados: (i) discurso; (ii) discurso visual; (iii) LD de língua portuguesa da EJA; (iv) LD de língua portuguesa da EJA e suas especificidades como modalidade de educação. É a partir destas dimensões enunciativas, que, por se encontrarem ligadas em nível enunciativo com o objeto deste estudo, foi possível ir em busca de sua investigação. Foram, portanto, estes enunciados que conduziram este estudo a acessar o corpus documental, o qual se constitui de um conjunto de enunciados verbais e não verbais, que foram tomados como documentos, porque são registros escritos e visuais, que estão ligados em nível enunciativo, uma vez que são lugares possíveis de ocorrência e da presença efetiva dos discursos sobre o objeto deste estudo.

Em segundo lugar e considerando este espaço interdiscursivo, os estudos gradativamente apontaram que, para o entendimento deste objeto, considerando a sua natureza complexa, exigiu alguns gestos de leitura de caráter investigativo sobre os documentos selecionados, abrangendo: (i) uma revisão e o aprofundamento da literatura acerca dos estudos discursivos perfilhados à linha francesa e suas atualizações; (ii) leituras com vistas ao entendimento sobre algumas das obras de Michel Foucault, e em particular da obra A Arqueologia do Saber, sobretudo, para a apropriação teórica da Análise Arqueológica do

15 Neste trabalho o termo multimodalidade é compreendido como a combinação de diversas linguagens em

interação para a realização de um texto. A adoção do termo texto multimodal e não de termos como: sincrético, verbo-visual ou misto se deu em função de seu uso recorrente na literatura específica e pesquisada, a exemplo de Bühler, (2009); Gomes (2011); Braga (2012), entre outros autores.

Discurso, tomada como apoio desta pesquisa; (iii) leitura e análise de livros, artigos e textos acadêmicos formando um arcabouço de textos teóricos que possibilitaram o aprofundamento de conhecimentos sobre a construção da condição epistemológica do signo-imagem; (iv) leitura de livros, livros didáticos e trabalhos acadêmicos, visando o entendimento sobre o livro didático de língua portuguesa da EJA16 e suas especificidades como modalidade de educação. Destes livros didáticos, foram acessados os seus textos visuais, aqui tomados como exemplos da presença enunciativa em livros didáticos. Tal alcance, pela sua complexidade, exigiu, igualmente, leituras que levaram ao exame de textos normativos, os quais dizem respeito à presença do ordenamento jurídico do Estado brasileiro no contexto do sistema educacional, formando um conjunto documental de natureza jurídica.

Delimitando o corpus documental desta análise, o esquema que segue expressa parcialmente o núcleo documental geral que foi percorrido e explorado, bem como aqueles documentos que foram referenciados, mas que não foram explorados no processo de mapeamento desta pesquisa. A coluna “Fonte Enunciativa” indica os gestos de leituras necessários para o acesso aos documentos. “Documentos Primários” indica o conjunto de textos explorados e analisados por cada gesto de leitura que as dimensões próprias do enunciado encontram-se vinculadas. A coluna denominada “Documentos Secundários” indica o conjunto de textos que foram referenciados pelos documentos primários, e igualmente, foram explorados e analisados. A coluna “Outros” indica o conjunto de textos que foram referenciados pelos documentos secundários, mas que não foram explorados em função do recorte metodológico e da delimitação temporal da pesquisa.

Quadro 1 - Núcleo geral explorado e referenciado pelo corpus documental

Fonte

Enunciativa Documentos Primários Documentos Secundários Outros

Estudos discursivos perfilhados à

AD de linha francesa

ARNAULT, A.; LANCELOT; C. Gramática de Port Royal. Tradução de Bruno F. Bassetto, Henrique G. Murachco. São Paulo: Martins Fontes, 2001; BARTHES, R. Imagem e

moda. Trad. de Ivone C.

Benedetti. São Paulo: Martins Fontes, 2005;

_______. A câmara clara.

PLATÃO. A república.

Tradução de Edson Bini. São Paulo: Editora Edipro, 2012; ORLANDI, P. E. O que é

Lingüística. São Paulo: Editora

Brasiliense, 1986;

HENRY, P. Os fundamentos teóricos da “Análise automática do discurso” de Michel Pêcheux. In: GADET, F.;

HJELMSLEV, L. Essais Linguistiques. Paris: Ed. Minuit, 1971; JAKOBSON, R. Lingüística e Comunicação. São Paulo: Cultrix, 1969; LEVI-STRASS, C. Antropologie

16 Os livros didáticos envolvidos nesta pesquisa são os utilizados no ensino da disciplina de Língua Portuguesa

do Ensino Fundamental (da alfabetização ao 9° ano), que fazem parte do PNLD-EJA 2011-2013. São os livros didáticos destinados à modalidade EJA utilizados nas escolas do Estado da Paraíba que oferecem este ensino. As identificações destes livros constam no Quadro 01, na condição de documentos primários.

Quadro 01 – Núcleo geral explorado e referenciado pelo corpus documental

(continuação)

Fonte Enunciativa

Documentos Primários Documentos Secundários Outros

Condição Epistemológica

do Signo- Imagem

Trad. Júlio C. Guimarães. RJ: Nova Fronteira, 2012;

PÊCHEUX, M. O discurso:

estrutura ou acontecimento.

Tradução de Eni P. Orlandi. Campinas: Ed. Pontes, 2008;

COURTINE, J-J.

Metamorfoses do discurso político: as derivas da fala

C. (Org.). Discurso, Semiologia

e História. São Carlos: Claraluz, 2011;

FOUCAULT, M. A

Arqueologia do saber. Trad.

Luiz Felipe Baeta. RJ: Forense Universitária, 2000;

_______. A ordem do discurso. SP: Loyola, 1996; por uma arqueologia do imaginário. In: SARGENTINE, V.; CURSINO L; PIOVEZANI,

GREGOLIN, M. R. Foucault e

Pêcheux na análise do discurso:

diálogos e duelos. São Carlos: Claraluz, 2007;

FOUCAULT, M. Les mots et les

choses. Paris: Gallimard. 2012;

SANTAELLA, L.; NÖTH, W.

Imagem: cognição, semiótica,

mídia. São Paulo: Iluminuras, 2012;

SANTAELLA, L. Semiótica

aplicada. São Paulo: Pioneira

Thomson Learning, 2005; PEIRCE, C. S. Semiótica. Tradução de José T. Neto. São Paulo: Ed. Perspectiva, 2012; SAUSSURE, F. Curso de

Lingüística Geral. Trad. de

Antonio Chelini; José P. Paes; Isidoro Blikstein, São Paulo: Editora Cultrix, 1995;

PIAGET, J. L´épistémologie

génétique. Paris: Presses Universitaire de France, 2008; OLIVEIRA, S. Texto visual e

leitura crítica: o dito, o omitido,

o sugerido. [online] 2006;

HALK, T. (Org.). Por uma

análise automática do

discurso: uma introdução à

obra de Michel Pêcheux. Trad. de Bethania S. Mariane et al. Campinas: Ed. Unicamp, 1993; PÊCHEUX, M. Papel da

memória. In: ACHARD, P. et

al. Papel da Mmória. Tradução de Eni P. Orlandi. Campinas: Editora Pontes, 1999.

GREGOLIN, M. do R. A análise do discurso frente às novas materialidades: um viés semiológico. In:______. KOGAWA, J. M. M. Análise do discurso e semiologia: problematizações contemporâneas. Araraquara: FCL-UNESP, 2012; MALDIDIER, D. A inquietude do discurso. Um trajeto na história da Análise do discurso: o trabalho de Michel Pêcheux. In: PIOVEZANI, C.; SARGENTINE, V. (Org.).

Legados de Michel Pêcheux: inéditos em análise do discurso. SP: Contexto, 2011.

BÜHLER, R. D. A. Gramática

Visual: Uma leitura de imagens

em material didático de línguas alemã e inglesa. Dissertação (Mestrado) - PPGL, UFPB, João Pessoa, 2009;

FOUCAULT, M. Isto não é um

cachimbo. Trad. de Jorge Coli.

Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 2008;

GINZBOURG C. Mitos, emblemas, sinais: morfologia e história. Trad. de Frederico

Carotti. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 1989; DUBOIS, J. et al. Dicionário de

Lingüística. Trad. de Frederico

Barros. São Paulo: Cultrix, 1973; BAUMAN, Z. Modernidade

líquida. Trad. de Plínio Dentzien.

Rio de Janeiro: Ed. Zaar, 2001; CARLOS, E. J. Sob o signo da imagem: outras aprendizagens e

Structurale. Paris: Plon, 1958;

LYOTARD, J. F. La

Phénomenogie. Paris:

PUF (Que sais-je?), 1976; PÊCHEUX, M. Analyse Automatique du Discours. Dunod, 1969; ROBIN, R. Lingüística e História. SP: Cultrix, 1978; ALTHUSSER, L. Marxismo e luta de classes. In: Posições.

Lisboa: Horizonte, 1977; COURTINE, J-J. Discursos sólidos, discursos líquidos: a mutação das discursividades contemporâneas. In: SARGENTINE, V.; GREGOLIN, M. do R. (Org.). Análise do Discurso: heranças, métodos e objetos. São Carlos, SP: Claraluz, 2008;

FOUCAULT, M.

Cours au Collège de France. Leçons sur la

volonté de savoir. Paris: Hautes Études Gallmard/Le Seuil, 2011; ______. Il faut défrendre la société. Paris: Hautes Études/Gallimard/Le Seuil, 1997; FREUD. S. L`interprétations des rêves. Paris: PUF,

1971; ECO, H. Le signe. Bruxeles: Labor, 1988. AUMONT, J. L`image. Nathan Université, 1990; METZ, C. Au dela de l`analogie, l´image.

Quadro 1 – Núcleo geral explorado e referenciado pelo corpus documental

(continuação)

Fonte Enunciativa

Documentos Primários Documentos Secundários Outros

Livro Didático de Língua Portuguesa da EJA e suas especificidades / Documentos jurídicos HERNÁNDEZ, F. Cultura visual, mudança educativa e projeto de trabalho. Trad. de

Jussara H. Rodrigues. Porto Alegre: Ed. Artmed, 2000; DONDIS, D. A. Sintaxe da

linguagem visual. Trad. de

Jerffeson Luiz Camargo. São Paulo: Martins Fontes, 2007; DEBRAY. R. Vida e morte da

imagem: uma história do olhar

no ocidente. Trad. de Guilherme. Rio de Janeiro: Vozes, 1993; JOLY. M. Introdução à análise

da imagem. Trad. de Marina

Appenzeller. São Paulo: Editora Papirus, 2012; Constituição da República Federativa do Brasil de 1988/ 2012c; Decreto-Lei Presidência da República n° 1006/1938;

Decreto Presidência da República n° 91.542/1985;

Diretrizes Curriculares da SEE/PB- Portaria n° 423/2012; Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) ME/2013; LDB (9394/1996); Resolução FNDE n° 18/2007; Resolução n° 51/2009; Editora da UFPB, 2010; ALCÂNTARA. M. A. M. O

Discurso sobre a educação de jovens e adultos que circula no projeto escola Peão.

Monografia (Pedagogia) – UFPB, João Pessoa, 2011;

NUNES, C. L. Ensino de

português e dominação

simbólica: um estudo de caso no

Centro Federal de Educação Tecnológica-CEFET-AL.

Dissertação (Mestrado em Educação), UFPB, 2004;

SILVA, M. das G. Imagens em

movimento: CETOP e o vídeo.

Dissertação (Mestrado em Educação) – UFPB, 2002; SOUZA, S. F. A construção da

competência discursiva na EJA: o papel da leitura de textos

verbais em língua portuguesa. Dissertação (Mestrado em

competências. In: _______ (Org.)

Educação e Visualidade:

reflexões, estudos e experiências pedagógicas com a imagem. João Pessoa: Editora Universitária da UFPB, 2008;

GOMES, L. F. Hipertexto no

Cotidiano Escolar. São Paulo:

Cortez, 2011;

JOUVE, V. A leitura. Trad. de Bigitte Hervot. São Paulo: Ed. UNESP, 2002.

Proposta Curricular para o 1º segmento, 2001;

Proposta Curricular para EJA o 2º segmento, v. 1, 2002a;

Proposta Curricular para EJA - 2º segmento, v. 2, 2002b;

FREIRE, P. Educação como

prática da liberdade. [on-line].

Rio de Janeiro, 1967;

_______. A importância do ato

de ler: em três artigos que se

completam. São Paulo: Cortez, 1997;

CHOPPIN, A. História dos

livros e das edições didáticas:

sobre o estado da arte, 2004; ALBUQUERQUE, M. A. M. de. As imagens nos livros didáticos de Geografia: uma perspectiva histórica. In: VASCONCELOS, J. Gerardo et al. (Org.). Tempo,

Espaço e Memória da

Educação: Pressupostos

Teóricos, Metodológicos e Seus Objetos de Estudo. Fortaleza: Edições UFC, 2010;

CAPES, 2012;

CARLOS, E. J. O Texto em questão: re-significação conceitual e implicações pedagógicas. Revista Conceitos, v. 5, n. 8, p. 61-73, João Pessoa, jul./dez. 2002;

SALZANO. T. J. Análise de um livro didático em língua portuguesa. Integração, ano X, [online] n. 42, p. 285-293, 2000;

Paris: Seuil, 1970; AUSTIN, J. L. Quand

dire, c`est faire. Paris:

Seuil, 1991;

BORGES. J. L. A

biblioteca de Babel.

Trad. Carlos Nejar. São Paulo: Globo, 1995; THÉRIEN, G. Pour une sémiotique de la lecture. Protée, v. 2-3, 1990. Programa de Form. de professores alfabetizadores: guia de orientações metodológicas. [on- line]. Brasília, 2001; Diretrizes Curriculares Nacionais para a educação de jovens e adultos. Brasília: COEJA/SEF, 2000; PCN de Língua Portuguesa. [online] Brasília: MEC, 1998; KLEIMAN, A. B. (Org.). Os significados do letramento: uma nova perspectiva sobre a prática da escrita. Campinas: Mercado das Letras, 1995;

CHERVEL, A.

História das disciplinas escolares: reflexão sobre um campo de pesquisa. Revista Teoria e Educação, n. 2, 1990; IRELAND. T. D. A construção de um processo de formação para educadores: reflexões em torno de uma experiência no nordeste brasileiro. La Piragua, Ciudad de México, n. 17, p. 29-

Quadro 1 – Núcleo geral explorado e referenciado pelo corpus documental

(conclusão)

Fonte Enunciativa

Documentos Primários Documentos Secundários Outros

Educação) - UFPB, 2003;

Conferência Internacional de Educação de Jovens e Adultos (CONFINTEA VI). [online] 2010;

PAIVA. V. História da Educação

popular no Brasil: educação

popular e educação de adultos. São Paulo: Edições Loyola, 2003; GAGNÉ, G. A norma e o ensino da língua materna. In: BAGNO, M.; STUBBS M.; GAGNÉ, G. Língua

materna: letramento, variação e

ensino. São Paulo: Parábola, 2002. COUTINHO, R. R. S. A charge no cenário pedagógico da EJA. In: CARLO, E. J. (Org.). Por uma

pedagogia da Visualidade. João

Pessoa: Ed. da UFPB, 2010.

Livros didáticos de Língua Portuguesa utilizados na EJA no triênio (2011-2013) nas escolas que ofertam a modalidade EJA no Estado da Paraíba. (ver referências).

MARCUSCHI, L. A. Cognição,

linguagem e práticas

interacionais. São Paulo: Lucerna, 2007;

BAGNO, M. Preconceito Linguístico. São Paulo: Loyola,

1999;

SOARES, M. Livro didático: contra ou a favor? 2003 [online]. WANDERLEY, L. E. W.

Educação popular:

metamorfoses e veredas. São Paulo: Cortez, 2010; CHARTIER, R. A aventura do

livro: do leitor ao navegador.

Tradução de Reginaldo C. C. Moraes. São Paulo: Editora UNESP, 1998;

WALTY, L. C. I; FONSECA, N. S. M; CURY, Z. F. M. Palavra e

imagem: leituras cruzadas. Belo

Horizonte: Autêntica, 2006; DINIZ, V. S.; SCOCUGLIA, C. A.; PRESTES, E. T. A aprendizagem ao longo da vida e a educação de jovens e adultos: possibilidades e contribuições ao debate. João Pessoa: Universitária, UFPB, 2010;

FAHEINA, E. F. A. A formação do-a pedagogo-a no contexto da cultura midiática: unindo as novas linguagens e as práticas interdisciplinares. In: CARLOS, E. J. (Org.). Por uma pedagogia

critica da visualidade. João

Pessoa: Ed. Universitária da UFPB, 2008;

FERRAZ JUNIOR. T. S.

Introdução ao estudo do Direito: técnica, decisão, dominação. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

37, 2000;

GADOTTI, M.

Paulo Freire – uma

biografia. São Paulo: Cortez; Brasília: UNESCO, 1996; LUFT, C. P. Língua e liberdade. São Paulo: Ática, 1994; GAGNÉ, Gille. Pédagogie de la langue ou pédagogie de la parole? Montréal: Université de Montréal, 1980; HADDAD, S. Tendências atuais da educação de jovens e adultos. Brasília: Em Aberto, 1990; ORLANDI, E. P. A linguagem e o seu funcionamento. São Paulo: Martins Fontes, 1995; LOURENÇO FILHO, M. B. O problema da educação de adultos. Revista brasileira de estudos pedagógicos. [on- line]. RJ, 1945; BOURDIEU, P. A

economia das trocas linguísticas. São Paulo: EDUSP, 1996; BECHARA. E. A

sobrevivência da língua culta. Rio de

Janeiro: AHL, 1999. Fonte: Elaborado pela autora, 2013.

Em terceiro lugar, o interesse por estes documentos não se restringe à sua natureza de documentos normativos, livros, livros didáticos, trabalhos acadêmicos e leituras específicas sobre o objeto desta pesquisa. Numa análise arqueológica, tais textos são artefatos do discurso, lugares onde constam as suas inscrições; as séries de signos que imprimem sua existência, portanto, são lugares que portam os enunciados que falam sobre o objeto desta

pesquisa e podem ser articulados em sua trama discursiva. Percorrer estes documentos assinalando as suas séries enunciativas não se trata simplesmente de um recorte ou de um resumo, mas, de buscar as evidências presentes nas expressões do discurso investigado. Enfrentar tal singularidade enunciativa significa considerar que “[...] o horizonte ao qual se dirige a arqueologia, não é, pois, uma ciência, uma racionalidade, uma mentalidade, uma cultura; é um emaranhado de interpositividades cujos limites e pontos de cruzamentos não podem ser fixados de imediato” (FOUCAULT, 2000, p. 183, grifos do autor). Desse modo, a análise e descrição das séries enunciativas correlacionadas com as dimensões do discurso visual em tela ganham visibilidade, deixando ver as regularidades presentes nas suas dispersões, permitindo, assim, o conhecimento da sua ordem, mesmo que em meio a um aparente caos discursivo.

No que tange à delimitação cronológica, merece ressaltar que numa análise arqueológica, a rede enunciativa encontra-se em lugares e tempos distintos, embora sejam pontos enunciativos que constroem o discurso. Nesse sentido, não há a priori cronológico, mesmo considerando que os livros didáticos da EJA tomados como documentos foram os utilizados no triênio 2011-201317. Os demais documentos a estes correlacionados são publicações datadas nestes anos ou anteriores. Assim, foram percorridos documentos atuais como no caso dos livros didáticos, outros, na sua maior parte, do século passado, e excepcionalmente, a Didactica Magna e a Gramática de Port-Royal, ambos do século XVII.

Finalmente, os enunciados que circulam sobre o discurso visual em LD de língua portuguesa da EJA mostram a sua materialidade por meio de inscrições enunciativas, postas em distintas épocas e lugares, as quais foram minuciosamente analisadas ao serem identificadas, mapeadas, percorridas e descritas. Assim sendo, e visando oferecer mais clareza à trama engendrada neste percurso investigativo, a seção seguinte conta a sua tessitura point à point nommée.