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Na perspetiva de Mensch as funções essenciais para a instituição museológica são a preservação, a investigação e a comunicação (Mensch, 1992), sendo que a comunicação é compreendida como o conjunto dos métodos e técnicas que se apliquem com o objetivo de transmitir informação para o

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público, podendo ser feito de através de várias formas ou suportes, desde publicações às próprias exposições.

Na visão de autores como Camaron e Knez o Museu deve ser perspetivado como um sistema, ou melhor, um sistema de comunicação (Knez & Wright, 1970). Desta forma, o Museu seria o sistema, e o acervo, mais concretamente, o objeto museológico, seria a fonte de informação. O papel da exposição neste contexto seria o meio entre o emissor e o recetor, toda a conceção teórica desta visão vem do processo de comunicação de Shannon e Weaver (Shannon & Weaver, 1949) adaptado à área de museologia.

No final da década de 40 do seculo XX, Shannon e Weaver conceberam e desenvolveram um modelo para o processo comunicacional. Neste modelo, asseguram que o sistema de comunicação é, de forma resumida, constituído por: um emissor, uma mensagem (que está dependente de uma codificação por parte do emissor, da escolha de um canal, e da descodificação da mesma) e um recetor, no entanto, entre a mensagem emitida e a recebida, pode interferir ruídos que poderão prejudicar a compreensão da mensagem original (Shannon & Weaver, 1949). Além disso são estudados conceitos como entropia, redundância, quantidade de informação ou redução de incerteza (Shannon & Weaver, 1949) no sentido de conferir e medir a eficácia e eficiência do processo comunicativo. Não obstante, é essencial ter em atenção fatores cognitivos e afetivos entre o Museu, especialmente o objeto museológico, e o utilizador (Screven, 1991). Screven, sugere aos profissionais do Museu o planeamento e desenvolvimento de exposições que tenham em consideração os aspetos afetivos e cognitivos para apoiar o utilizador a descobrir significado na exigente linguagem dos objetos museológicos. Este fator, é, deveras pertinente, já que com as ferramentas e plataformas sugeridas neste estudo apontam um modelo por forma a auxiliar no digital o utilizador. Para assim obter uma melhor compreensão da exposição ou Museu e, também, para ele próprio criar as suas próprias visões e obter as suas perspetivas sobre o Museu (Hooper- Greenhill, 1995).

A Nova Museologia (Moutinho, 1989) trouxe consigo alterações significativas na forma como o Museu se perceciona na sua comunicação levando autores a considerar os museus como um meio de comunicação em massa (Véron & Levasseur, 1989). Este processo de comunicação implica dois momentos essenciais, o ato de expor por parte do Museu, que põe à disposição dos seus visitantes o objeto museológico para ser apropriado pelos visitantes. Este ato de apropriação é concebido como algo pessoal e íntimo que acontece ao se ser exposto à situação, não existindo formas homogéneas de apropriação do objeto, isto é, da informação (objetiva e subjetiva) que este comporta. Nesta perspetiva, compreende-se que o Museu tem realizado uma aproximação cuidada e algo lenta com o seu público, escolhendo discursos alternativos por forma fornecer mais informação sobre o seu acervo, fazendo-o através de uma série de recursos adicionais como textos, imagens, vídeos, etc. Desta forma é possível construir discursos alternativos com a ajuda

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de diferentes códigos e processos semióticos que vão ter ação sobre o recetor (Horta, 1994), tendo em vista uma aproximação com o público e uma melhor compreensão de uma linguagem muito especializada e especifica como é a da museologia.

Dado o seu papel e objetivos, a instituição museológica, tem atualmente, uma ligação privilegiada à comunicação, Estes processos estão tendencialmente orientados no sentido de promover o Museu e o objeto museológico em grande escala e com largo alcance (Allen-Greil, Edwards, & Ludden, 2011).

A utilização e desenvolvimento de estratégias de comunicação ajustadas ao Museu e ao seu acervo permitem a disseminação de informação do Museu para os seus visitantes bem como a criação de um word of mouth25 capaz de salvaguardar e promover o Museu através dos seus visitantes

(Goldenberg, Libai, & Muller, 2001).

Os meios de comunicação de massas impulsionaram transformações significativas na sociedade dando acesso a mais informação de forma mais rápida e cada vez mais massificada. As instituições museológicas tiveram de se ajustar aos novos propósitos sociais que emergiram com a Sociedade da Informação. Estes meios de comunicação que levam a informação até às grandes audiências, promoveram grandes mudanças sociais desde o século XX concebendo novos meios que permitiam a divulgação e propagação de informação atualizada de forma, até ali nunca antes conseguida. Durante esta altura, as instituições museológicas faziam ajustes e transformações que permitiam um melhor cumprimento do seu papel social (Witcomb, 2003).

1.4.1. A COMUNICAÇÃO ENTRE O MUSEU E O PÚBLICO

Durante o século passado assistiu-se a uma transformação da instituição museológica, integrando a participação da sociedade no processo museológico, desenvolvendo assim uma nova forma de ver e abordar o Museu e o seu papel. O Museu, como meio de informação e de produção de conhecimento, assenta em três fases diferentes mas interligadas, a pesquisa, a preservação e a comunicação.

Neste ponto, foca-se somente a terceira fase, a fase da comunicação, propondo uma análise da comunicação da instituição museológica, especialmente perspetivada na visão do público. A comunicação sustenta o papel e processo museológico sem, necessariamente, se restringir ao acervo ou à exposição. Não obstante, a própria exposição pode ser o resultado da comunicação do Museu, já que a conceção e desenvolvimento de uma exposição pode refletir o resultado da troca,

25 Segundo a definição da Word of Mouth Marketing Association (WOMMA), o word of mouth é o ato de um indivíduo fornecer informação e aconselhamento a outros.

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análise, recolha e diálogo com a comunidade. O papel da comunicação com o público é de tal forma importante e essencial que deve estar presente nas fases do processo museológico.

Esta nova abordagem museológica, veio impulsionar a comunicação do Museu com o seu público, tentando a sua aproximação de uma forma colaborativa onde permita ao Museu comunicar o seu património com públicos mais heterogéneos, mas também potenciando o enriquecimento do Museu através das interpretações do público do objeto museológico.

A exposição é, no físico, o maior meio de comunicação do Museu, permitindo a criação de uma relação entre o público e Museu. A utilização de códigos e estratégias de comunicação dentro do Museu ajudam a percepção da comunicação, existindo cada vez mais alternativas à visão tradicional de comunicação do objeto museológico, sendo aqui necessária a intervenção do design, e outras áreas de interesse, no sentido de criar formas de compreensão que permitem ao visitante criar a sua própria visão, tentando desta forma criar complementos à comunicação textual de apoio ao objeto. Através de sistemas tecnológicos e interativos, dentro do Museu, é possível apelar a todos os sentidos do utilizador com o objetivo primordial de criar experiências.

Além da exposição, o Museu tem, à sua disposição, várias formas de comunicação alternativas, como folhetos, cartazes, websites a utilização dos social media como forma de se estender para além das suas paredes e horários.

O potencial comunicativo da Internet é colossal, tanto no que diz respeito à rapidez de acesso e circulação, número e heterogeneidade das pessoas que têm acesso em diferentes áreas geográ- ficas. Devido às características de incorporalidade, instantaneidade e apelo a vários sentidos democratiza o acesso à informação, facilita a comunicação na sociedade sem ter preocupações com barreiras espaciais, geográficas e temporais.

Atualmente, os museus, começam a reconhecer a importância de estar online. Os websites dos museus tem como objetivo informar, comunicar dando a conhecer o Museu, o seu acervo e as suas atividades, tendo em vista o aumento dos visitantes e podendo até promover o círculo virtuoso de Barry (Barry, 2006), onde se cria uma relação intrínseca entre o Museu no digital e o Museu físico.

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FIGURA 1 - Circulo virtuoso de Barry (Barry, 2006)

A projeção externa do Museu mostra-se como essencial para atividade do Museu (Gant, 2001), permitindo promover a comunicação e a melhoria do acesso à informação através da Internet. Os museus, têm feito, globalmente esforços por marcarem a sua presença online, através de sítios na rede, não obstante, a forma de dinamização destes sítios bem como a utilização de outras soluções, mais dinâmicas e colaborativas, mostram-se, em Portugal como um processo ainda moroso e a dar os primeiros passos, não aproveitando as potencialidades comunicacionais dos social media por forma a se aproximarem com o seu público.

1.5. O

S NOVOS DESAFIOS DO

M

USEU

:

AS NOVAS TECNOLOGIAS

,

CULTURA