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2.5 Método: definição, criação e avaliação

2.5.3 Processo geral de solução de problemas na construção de métodos

O processo geral de solução de problemas é apresentado com o objetivo de desenvolver a metodologia de projeto de criação ou melhoria de métodos, e é parte importante do estudo da engenharia de métodos (SOUTO, 1998, p.40).

A Engenharia de Métodos é a técnica que preocupa-se diretamente com a implantação de métodos, com a finalidade de melhorar o rendimento do trabalho e suprimir toda operação desnecessária de uma tarefa (SOUTO, 1998, p.40). Conforme a autora, a implantação se divide em duas partes: características de um problema - o caso geral; e metodologia para resolução de problemas.

a) Características de um problema - o caso geral

O caso geral inclui a procura de um método para se ir de um estado físico (forma, condições ou estado) a outro. O problema deste projeto de pesquisa, por exemplo, envolve a busca de um método com elementos relevantes para responder um questionário que produza um resultado representativo (estado inicial), e que possa ser um caminho fácil e útil para quem o aplica (estado final) (SOUTO, 1998, p.40).

Um problema tem as seguintes características:

Em qualquer problema existe um conjunto de circunstâncias iniciais - estado A; e um conjunto de circunstâncias finais - estado B.

O desejo de alcançar o estado B, partindo do estado A uma ou mais vezes.

Mais do que um e, provavelmente, muitos métodos possíveis para realizar essa transformação.

Certos elementos dados para realizar a transformação de A para B (restrições). Meios de julgar as diversas soluções alternativas para escolha da melhor (critérios). Um certo período de tempo, dentro do qual deve ser entregue a solução.

No caso da aplicação do método OKA, temos um estado A, representado pelo questionário com um conjunto de circunstâncias iniciais (quem responde, de que forma será respondido, que tipo de treinamento, etc.), e um estado B, que pode ser representado pelos resultados alcançados, por meio do questionário respondido, com seu conjunto de circunstâncias finais (quantidade de respondentes, qualidade do treinamento, a melhor forma de responder, o escopo que foi utilizado, etc.). Existem também vários métodos empíricos para aplicação do método OKA (com ou sem consultoria, em toda ou em parte da organização, em um ambiente dentro ou fora da organização, coletivo ou individual, etc.). Também é possível estabelecer restrições, como por exemplo, alocação de recursos ou tempo da organização para aplicar o OKA, e também a melhor solução (critérios) para aplicação, tal como: aplicar em parte da organização, visando o menor tempo para entrega do resultado e menor alocação de recursos.

Depois de apresentadas as características do problema, parte-se então para o seu método de resolução.

b) Metodologia para resolução de problemas

Os cinco passos descritos a seguir formam um modo lógico e sistemático de procurar a solução de qualquer problema (SOUTO, 1998, p.41).

Formulação do problema Análise do problema

Pesquisa de possíveis soluções Avaliação de alternativas

Especificação da solução preferida

Formulação do problema - Deve-se formular o problema em dimensões tão amplas quanto às circunstâncias permitirem, uma maior amplitude do problema dará possibilidade a uma maior quantidade de alternativas e, conseqüentemente, a uma melhor solução. Assim,

nessa primeira fase, será feita uma descrição, resumida das características do problema, sem detalhes e restrições (SOUTO, 1998, p.41).

Exemplo de formulação do problema: Quais critérios e elementos devem ser utilizados para aplicar o método OKA, para que o resultado alcançado represente a realidade da gestão do conhecimento na organização?

Análise do problema - Consiste em exprimir com detalhes as características de um problema, incluindo as restrições. Essa fase está, inicialmente, relacionada com as especificações dos estados A e B , critérios e seus pesos relativos e as restrições. Caracteriza-se pela coleta, investigação e busca dos fatos acima relacionados (SOUTO, 1998, p.42).

Exemplo análise do problema: a aplicação do método, abrangendo toda a organização, produz um resultado mais fiel em relação à gestão do conhecimento (critério). Porém, existe o problema de reunir as pessoas, o tempo de entrega do questionário, um ambiente para ministrar os treinamentos envolvendo um grande número de respondentes, etc (restrições).

Pesquisa de possíveis soluções - É a fase de procura por soluções alternativas, que estejam de acordo com as restrições. Neste ponto da metodologia, dá-se ênfase à criação de idéias (SOUTO, 1998, p.42).

Exemplo da pesquisa de possíveis soluções: uma forma seria aplicar o método OKA em uma parte da organização que tenha representatividade e que não prejudique o resultado final. Outra forma seria fornecer o material para leitura em toda a organização, disponibilizando um tempo para a análise e estudo, e criando uma equipe disponível para solução de dúvidas, o que possibilitaria a aplicação do questionário. Dessa forma, toda a organização seria abrangida e não haveria a necessidade de um local para treinamentos e de um instrutor. Por outro lado, haveria custos com cópias do material.

Avaliação de alternativas - A avaliação de soluções alternativas baseada nos critérios estabelecidos, em preparação para a decisão (SOUTO, 1998, p.42).

Exemplo de avaliação de alternativas: o custo de impressão do material para estudo e análise é maior do que a utilização de um facilitador interno. O tempo disponível para entrega do resultado só permite que se aplique o método OKA em parte da organização. Treinar uma equipe para solucionar dúvidas é mais barato e mais conveniente para a organização, porque essa equipe pode ficar mais tempo disponível para solucionar as dúvidas dos respondentes.

Especificação da solução preferida - Delineamento das especificações e características de desempenho do(s) método(s) escolhido(s) (SOUTO, 1998, p.43).

Exemplo de especificação da solução preferida: melhor aplicar na parte da organização que está diretamente envolvida com a gestão do conhecimento. Melhor ainda será se essa parte

da organização responder o questionário coletivamente, possibilitando debates e discussões que favoreçam a troca de conhecimento.

Esse modo lógico e sistemático vai ao encontro da criação do método de aplicação do método OKA. A utilização do método OKA realizada em uma organização de geração e transmissão de energia elétrica – Caso Eletronorte (PAPA, 2008 p.3), nos projetos acadêmicos da disciplina de Gestão do Conhecimento do - MCGTI, da UCB, e pelo CT-GCIE, levantaram problemas do tipo: quais pessoas devem responder o questionário; quantas pessoas devem responder; quais os custos envolvem a aplicação; qual a possibilidade de aplicá-lo em parte da organização; qual a possibilidade de responder somente algumas questões; quem deve incentivar e apoiar a aplicação do método OKA; qual o tipo de treinamento; qual o tempo que leva até a conclusão dos resultados; quem deve ser responsável pela aplicação dentro da organização; qual é a melhor opção de resposta: em grupo ou somente individual; quem deve ser o apoio em caso de dúvidas nas questões; enfim, uma série de dúvidas que poderiam ser respondidas na obtenção de um método.

Pode-se entender que esses procedimentos na solução de problemas são semelhantes à análise de requisitos no desenvolvimento de um software, que realiza o levantamento das características do sistema, para atender as necessidades e expectativas do cliente. Essa análise é a primeira etapa para definição e normatização de processos de desenvolvimento de software, que visa garantir as necessidades dos desenvolvedores, mantenedores, adquirentes e usuários finais.

Porém, essas necessidades não estão simplesmente atreladas na entrega de softwares com aspectos técnicos excelentes, mas voltadas também para a entrega de softwares amplamente acessíveis, fáceis de usar, de aprender e de se integrar ao ambiente de trabalho (BEVAN, 1999, p.1).

Assim também pode ser encarada a criação do método de aplicação do método OKA. Com a análise dos pré-requisitos dos usuários do método, procura-se criar um método de aplicação com a qualidade necessária e suficiente para atingir as reais necessidades do usuário, semelhante ao desenvolvimento de software. E mais do que isso, criar um método que seja compreendido, aprendido, adequado e fácil de operacionalizar.

Conforme falado anteriormente, pode-se entender que a construção de um método requer uma análise de requisitos, assim como no desenvolvimento de um software. Devido a essa similaridade com o projeto de software, será abordado um modelo composto de características e subcaracterísticas, as quais podem ser usadas como uma lista de verificação de tópicos relacionados com a qualidade. O objeto escolhido para ser abordado está contido na

norma ISO 9126-1, de 2003, que estabelece um modelo básico de qualidade de produto de software, o que torna essa norma referência conhecida pela maioria da comunidade de qualidade de software.

Por essa razão, a norma ISO/IEC 9126-1 será utilizada e adaptada para estabelecer um modelo de qualidade do método de aplicação do método OKA. Bem como, por abordar as características de funcionalidade, usabilidade, manutenibilidade e portabilidade, que são as qualidades propostas para o método de aplicação do método OKA.