• Nenhum resultado encontrado

4.4.1 Amostras obtidas através do Equipamento de Simulação de Deposição Hidráulica (ESDH)

Como componente fundamental para realização desta pesquisa foi necessário obter amostras com diferentes teores de ferro. Porém, tem-se verificado que as técnicas convencionais de separação magnética em laboratório normalmente oferecem problemas, principalmente relacionados com a distribuição granulométrica, não resultando em uma análise realista. A baixa eficiência deste tipo de técnica está diretamente ligada aos processos artificiais de separação, uma vez que os materiais resultantes apresentam características granulométricas distintas das encontradas no campo para um mesmo teor de ferro.

Assim, optou-se por utilizar as amostras obtidas por RIBEIRO (2000) em um de seus ensaios de simulação de deposição hidráulica. Estas amostras foram escolhidas por apresentarem diferentes teores de ferro em função da distância do ponto inicial de descarga via segregação hidráulica baseado num processo semelhante ao que ocorre no campo. PRESOTTI (2002) relata que RIBEIRO (2000) em seu programa experimental, realizou ensaios de simulação de deposição hidráulica avaliando os efeitos de diferentes valores de concentração associados a diferentes valores de vazão de descarga. Para realização destas análises RIBEIRO (2000) desenvolveu um equipamento de simulação de deposição hidráulica (ESDH) conforme esquema apresentado na Figura 4.3.

O equipamento de simulação hidráulica (ESDH) consiste basicamente de três partes fundamentais que funcionam de forma integrada durante o período de realização dos ensaios, promovendo a manutenção dos parâmetros de fluxo e as condições necessárias para um processo controlado de deposição hidráulica. A parte principal do equipamento consiste de um canal de deposição, onde são realizadas as simulações dos diferentes

parâmetros de descarga e onde ocorre a formação do depósito. Integrado ao canal encontra-se um sistema de alimentação acoplado a um sistema de controle de descarga.

Figura 4.3 – Esquema do Equipamento de Simulação de Deposição Hidráulica (ESDH) – (RIBEIRO, 2000).

A metodologia de realização dos ensaios no ESDH baseou-se na preparação da lama através de um misturador, o qual mantinha as diversas concentrações constantes requeridas constantes e no processo de deposição baseado no controle da vazão de descarga. Durante a realização do ensaio o processo de deposição era acompanhado verificando-se o comportamento do fluxo sobre a praia e a movimentação dos sedimentos. As paredes de vidro do canal facilitaram estas observações, podendo-se perceber claramente o mecanismo de deposição e transporte. Após o aterro atingir uma altura de aproximadamente 25 a 30 cm, o processo de deposição era paralisado sendo avaliada a configuração final do talude (RIBEIRO, 2000 e PRESOTTI, 2002).

Amostras deformadas e indeformadas foram coletadas em diferentes pontos ao longo do depósito espaçadas de 20 cm a partir do ponto de descarga. Através destas amostras, RIBEIRO (2000) realizou avaliações da densidade, padrão de segregação, teor de umidade, distribuição granulométrica e massa específica das partículas ao longo do depósito, em função da distância ao ponto de descarga.

ESDH para avaliação da influência na concentração das partículas de ferro na condutividade hidráulica saturada do rejeito. Desta forma, foi selecionado o ensaio MA- 8 por apresentar valores médios de vazão e concentração dentro da faixa adotada nas simulações, embora o objetivo original tenha sido obter amostras com diferentes teores de ferro via ESDH.

Considerando então o ensaio MA-8, a Tabela 4.2 apresenta os valores referentes à massa específica dos grãos, massa específica seca e teor de ferro obtidos nos pontos amostrados ao longo do canal de deposição no ESDH em função da distância ao ponto de descarga.

Tabela 4.2 – Simulação realizada no ESDH, ensaio MA-8 (RIBEIRO, 2000). MA-8 (concentração = 10% e vazão = 10 l/min) Distância (m) (%) Fe ρs (g/cm3) ρd (g/cm3) 0,0 72,40 4,41 2,84 0,2 34,40 3,46 1,99 0,4 22,40 3.16 1,89 0,6 19,60 3,09 1,74 0,8 17,60 3,04 1,68 1,0 18,00 3,05 1,75 1,2 16,00 3.00 1,65 1,4 13,60 2,94 1,52 1,6 14,00 2,95 - 1,8 10,80 2,87 -

Foram escolhidas quatro amostras referentes a este ensaio de simulação sendo denominadas de MA8-000 (amostra correspondente à distância de 0,00 metros do ponto de descarga), MA8-040 (amostra correspondente à distância de 0,40 metros do ponto de descarga), MA8-080 (amostra correspondente à distância de 0,80 metros do ponto de descarga) e MA8-120 (amostra correspondente à distância de 1,20 metros do ponto de descarga).

4.4.2 Amostras obtidas através da coleta realizada no campo

sondagens executadas para a realização dos ensaios de infiltração ao longo da praia de deposição. O procedimento utilizado para a locação dos pontos para realização dos ensaios foi a execução de uma malha quadrada composta de 3 (três) seções transversais e 5 (cinco) seções longitudinais ao eixo da barragem. Dessa forma, as seções longitudinais foram espaçadas em 10 metros a partir da crista e as seções transversais, denominadas furos, distantes 10 metros entre si. A localização esquemática desta área utilizada para realização dos ensaios de infiltração e coleta de material é apresentada na Figura 4.4.

Figura 4.4 – Locação dos furos para coleta de amostras e realização dos ensaios de infiltração em campo.

A adoção destas seções relacionou-se à tentativa de avaliar o processo de deposição hidráulica no campo durante a formação do aterro hidráulico, bem como os efeitos da mudança da posição dos canhões ao longo da crista da barragem (Figura 4.5). Os furos de investigação na praia de deposição da Pilha do Monjolo foram denominados, respectivamente, Furo 01 (furo localizado a uma distância de 10 metros do ponto de descarga), Furo 02, Furo 03, Furo 04 (furos localizados a uma distância de 20 metros do ponto de descarga), Furo 05, Furo 06 e Furo 07 (furos localizados a uma distância de 30

metros do ponto de descarga). A Tabela 4.3 apresenta a relação das amostras e as distâncias em relação ao ponto de lançamento do rejeito.

Tabela 4.3 – Distância das amostras em relação ao ponto de descarga. Amostra Distância do ponto de lançamento (m)

Furo 01 10,0 Furo 02 20,0 Furo 03 20,0 Furo 04 20,0 Furo 05 30,0 Furo 06 30,0 Furo 07 30,0

Figura 4.5 – Vista do dique e da praia de deposição da Pilha do Monjolo.

O programa de amostragem no campo foi planejado visando a obtenção de amostras que pudessem representar a variação do teor de ferro na praia de deposição. Assim, com o objetivo de estabelecer uma adequada relação entre teor de ferro e a condutividade hidráulica saturada, procurou-se coletar as amostras seguindo a locação especificada dos

furos para os ensaios realizados no campo em função da distância do ponto de lançamento (Figura 4.4). As amostras foram coletadas próximo à superfície a uma profundidade de 15 cm com a utilização de uma pá. Depois de feita a avaliação da densidade, as amostras foram levadas, todas em sacos plásticos bem fechados, para o Laboratório de Geotecnia da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto.

Os ensaios de infiltração foram realizados sem qualquer interrupção do processo de lançamento normal ocorrido na Pilha do Monjolo. Desta forma, devido ao fato de que o canhão encontrava-se promovendo o lançamento dos rejeitos nas proximidades da crista procurou-se como alternativa adotar uma distância de afastamento de aproximadamente 10 m em relação ao ponto de lançamento para assim promover a execução dos ensaios de infiltração e a coleta das amostras. Diante deste fato tornou-se impossível obter amostras na região coincidente com o ponto de descarga.