• Nenhum resultado encontrado

2 Etanol como combustível veicular

2.3 Matéria-prima

2.3.1 Produção de cana-de-açúcar

O setor sucroalcooleiro nacional é usualmente dividido em duas regiões produtoras bastante distintas: Norte-Nordeste e Centro-Sul (MORAES, 2000).

Na safra 2011/12, a área de expansão no país está prevista em 0,6 milhões de ha (621.505,5). Destacam-se as regiões Sudeste, com 33,3% da área nova agregada;

Centro-Oeste, influenciada por Goiás com o plantio de 123.485,1 ha, seguido por Mato Grosso do Sul (58.488,2 ha) e Mato Grosso (18.192 ha). Na região Sul, o Paraná agregou 37.606,1 ha de novas lavouras. Nas regiões Norte e Nordeste observa-se manutenção da área de cultivo nesta safra (CONAB, 2011).

O Estado de São Paulo ainda é o maior produtor, com 52,6% da área produtiva de cana. Em São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Rio de Janeiro e Minas Gerais, dez usinas novas entraram em funcionamento na safra passada (2010/11). Em 2011, estavam previstas cinco novas unidades de produção (CONAB, 2011).

No entanto, de acordo com a ÚNICA a queda da safra de cana-de-açúcar nos últimos anos não irá perpetuar o declínio da produção de etanol, uma vez que o setor é altamente competitivo e muito avançado tecnologicamente. Contudo, destaca que para inverter a situação é necessário aprimorar o planejamento no mercado de combustíveis, aumentando a segurança de abastecimento do mercado interno (UNICA, 2011). Esta necessidade derivou na demanda regulatória que estabeleceu que os contratos de fornecimento de etanol entre usinas e distribuidores de combustíveis devem ser homologados pela ANP.

A evolução da produção nacional de cana-de-açúcar, a partir do início do Proálcool, é mostrada no Gráfico 1.

Gráfico 1: Produção nacional de cana-de-açúcar Fonte: BRASIL, 2011b

A produção de cana-de-açúcar passou de 68 milhões de t na safra 1975/76 para 623,9 milhões de t na safra 2010/11 (BRASIL, 2011b). Para a safra 2011/12, a previsão de cana a ser moída pela indústria sucroalcooleira é de 588,915 milhões de t, conforme levantamento realizado pela CONAB e MAPA, representando uma redução de 5,6% em relação à safra 2010/11 (CONAB, 2011).

A partir do lançamento dos veículos flex fuel em 2003, a quantidade de cana produzida cresceu 175% até a safra 2010/11.

Por se tratar de um produto obtido a partir de safras agrícolas, vários dados do setor são apresentados de acordo com a safra da cana-de-açúcar. No Brasil, o ano-safra da cana tem início em abril e se estende até março do ano seguinte. O mês de abril é utilizado porque marca o início do corte da cana e o funcionamento das unidades de produção da região Centro-Sul. Nesta região, a safra tem início em abril e estende-se até dezembro do mesmo ano. Na região Nordeste, a safra é iniciada em setembro e estende-se até março do próximo ano (CONAB, 2008).

Em função desta característica, os produtos derivados da cana-de-açúcar sofrem influência da sazonalidade da produção agrícola. Nesta dissertação a fim de facilitar a visualização dos dados, os números de produção são apresentados por ano civil, uma vez que a CONAB indicou não haver distorções importantes em relação aos valores do ano-safra (CONAB, 2008).

2.3.1.1 Produtividade

A produtividade (rendimento em t/ha) da cana-de-açúcar para todos os fins evoluiu de 46,82 t/ha em 1975 para 80,24 t/ha em 2009. O aumento gradual do mercado doméstico contribui para o crescimento do setor sucroalcooleiro (BRASIL, 2011b).

Para a safra 2011/12, a produtividade média está estimada em 69,82 t/ha, representando uma redução de 9,8% em relação a safra passada. A produtividade da cana-de-açúcar entre 1975 e 2009 é mostrada no Gráfico 2.

Gráfico 2: Evolução da produtividade de cana-de-açúcar Fonte: BRASIL, 2011b

A redução da produção, que é resultante de queda na produtividade, é causada por diversos fatores, em especial os climáticos, tais como: estiagem prolongada em 2010, ocorrida principalmente na região Centro-Oeste e Sudeste; escassez de chuva em maio/2011; ocorrência de geadas em São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná (CONAB, 2011; ESTEVAM, 2011).

A falta de chuvas não permite o pleno desenvolvimento dos canaviais, provocando atraso no início da moagem da safra e aumento no período de entressafra. Outros fatores que também contribuem para queda na produtividade são: falta de renovação dos canaviais, redução do uso de insumos e descapitalização dos produtores de menor porte (CONAB, 2011).

2.3.1.2 Área de Expansão dos Canaviais

De acordo com a CONAB, em condições normais, a cana-de-açúcar não tem, no Brasil, o papel de lavoura pioneira em áreas virgens da fronteira agrícola. Sendo assim, os planos de expansão dos canaviais têm seguido o padrão tradicional, ocupando, em quase todos os casos, áreas destinadas a outras atividades agropecuárias.

A pastagem bovina foi a atividade mais substituída no processo de expansão da área de plantio da cana. No entanto, a porção substituída representa somente 0,2%

da área total destinada a pastagem no país. Em seguida, a soja e o milho foram as outras atividades mais substituídas pela plantação de cana, com participação de 9%

e 3% das atividades substituídas, respectivamente. O Gráfico 3 mostra a participação das lavouras substituídas no país.

Gráfico 3: Lavouras substituídas pela expansão da cana na safra 2008/09.

Fonte: CONAB, 2010b

Estudo da CONAB, com base na safra 2008/09, concluiu que a taxa de crescimento das novas áreas de cana nos anos recentes não parece ser suficiente para modificar o panorama agrícola e pecuário do país, uma vez que áreas de produção de alimentos substituídas representam apenas uma fração ínfima da área total das lavouras6 em questão.

6 As áreas substituídas das lavouras de soja e milho correspondem a 49.200 hectares (0,14%). A área total destas lavouras foi estimada em 36 milhões de hectares.