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Produto durável: aparelho de televisão

D. O.: será identificado o nível de utilização dos tipos de abordagens de influência por cada membro pesquisado da família, para cada produto, por meio de resposta em questionário, em

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.2.2. Produto durável: aparelho de televisão

A análise das entrevistas permite observar que os membros das famílias entrevistadas na compra do aparelho de TV tendem a utilizar mais argumentos técnicos para convencimento dos membros familiares.

Os pais entrevistados argumentaram que utilizariam mais as estratégias, envolvendo a parte técnica, a funcionabilidade e o design do aparelho. Sem esquecer-se, contudo, da relação custo x benefício e da marca atrelada à durabilidade.

Estes também relataram que se apropriariam da experiência pessoal de consumo para convencer os outros membros. Os trechos a seguir exemplificam essas considerações:

“Eu iria colocar a experiência que a gente tem em nível de outras compras. Como eu falei...

Por que eu queria comprar Philips? Porque teve durabilidade (...) entre comprar uma coisa que você já conhece, tem uma tradição. Eu preferia comprar essa.” (Pai, 46 anos, estrato socioeconômico B)

“A gente usa, às vezes, pode até ser um pouco forçado, o conhecimento que a gente tem para tomar uma decisão ou convencer os outros de que a decisão que a gente quer é mais correta.”

(Pai, 63 anos, estrato socioeconômico A)

Quando questionados da influência dos(as) filhos(as) na compra da TV, todos entrevistados responderam que a participação dos filhos é importante na decisão de compra.

Os trechos a seguir ilustram as considerações feitas pelos pais:

Se ele procurou realmente conhecer o produto, ele foi atrás, teve esforço, chegou e conheceu as técnicas, os preços, pesquisou... Eu dou muito valor a isso.

Eu acho muito bom. Eu me lembro quando eu era criança fazia a mesma coisa, eu lia manuais assim. Decorava vários. Então, eu dou muito valor a isso aí, a essa procura de informações.

(...) Isso funcionaria perfeitamente. Porque ele conhece mais que eu. Eu não tenho nada para falar contra. Eu fico satisfeito que ele tenha feito essa pesquisa. Duplamente eu me gratifico.

(Pai, 63 anos, estrato socioeconômico A)

Elas têm uma influência muito grande. É que nós temos aquela coisa (...) nós não fazemos nada sem comunicá-las. Nós sabemos que quando não comunicamos ou que quando fazemos alguma coisa, a gente tem que ficar uma semana ouvindo. Então elas participam em tudo com a gente. Todas as decisões. É um hábito que a gente tem. (Pai, 43 anos, estrato socioeconômico B)

As mães pesquisadas utilizaram abordagens envolvendo principalmente a estética, o design e o preço. Na seqüência alguns exemplos das entrevistas com as mães que focalizam o aspecto da estética e do design da TV:

“Falar a respeito da decoração da casa. Olha essa peça aqui, ela vai combinar melhor com aquilo que a gente já tem”. (Mãe, 48 anos, estrato socioeconômico A)

“Ela fica melhor, ela casa melhor, pela cor, pelo desenho, pela forma”. (Mãe, 48 anos, estrato socioeconômico A)

“O preto não vai ficar bom, é melhor o prata”. (Mãe, 48 anos, estrato socioeconômico A)

“Olha... esse aqui é mais leve, esteticamente mais neutro”. (Mãe, 48 anos, estrato socioeconômico A)

Quanto ao preço, todas as entrevistadas concluíram que não gostariam de gastar tanto num aparelho de TV. A seguir alguns exemplos retirados das entrevistas:

“Se nós partimos só pela qualidade, nesse momento a gente não dispõe de todo esse recurso.

Agora, a gente pode ter mais coisas, com um valor mais acessível. (...) A maneira mais racional e lógica para mim nesse momento é você adquirir mais coisas, com um valor, digamos dentro de um montante. Você ter mais coisas com aquele montante”. (Mãe, 44 anos, estrato socioeconômico B)

“Eu falaria que se a televisão escolhida fosse muito cara, eu argumentaria não. (...) Não vamos investir tanto nesse aparelho, tem outro aparelho que também é tão bom quanto, é menor e a gente não precisa investir tanto assim. (...) Eu não gostaria de investir tanto num aparelho de televisão”. (Mãe, 48 anos, estrato socioeconômico A)

Entre os argumentos negativos, que não funcionariam, apontados pelas mães estão: a questão da redução da disputa entre os membros pelos canais a serem assistidos, a preferência por uma marca mais barata e a autoridade financeira dos pais.

Poderia utilizar o argumento que eles estariam querendo mais televisores, porque a disputa dos canais não seria tanta, cada um poderia ter a sua televisão. Mas, vários televisores numa casa eu acho que individualiza bem mais as pessoas. A relação entre as pessoas diminui consideravelmente. Eu ainda sou do tempo em que as pessoas devem assistir um filme juntas, assistir a um jornal juntas, porque é onde pode surgir e surgem comentários, percepções. (Mãe, 44 anos, estrato socioeconômico B)

Se eu falasse sobre a marca de televisão. Essa marca tá muito cara, compra aquela outra ali que é do mesmo tamanho e tal. Então a questão da marca não funcionaria. Se eu quisesse trocar de marca pra pagar menos na televisão. Baratear o orçamento em função de uma mudança na opção da marca. Isso eles jamais permitiriam! (Mãe, 48 anos, estrato socioeconômico A)

Eu poderia dizer: eu que vou comprar, eu que vou pagar. Então eu gostaria que vocês atendessem ao que eu quero. Mas eu não faço isso. Mesmo que eu vá pagar sozinha eu quero que eles se sintam satisfeitos. Porque quando eu vou comprar algo é um presente para a família, então não é para mim. É para eles também. Eu não tento fazer esse tipo de coisa.

(Mãe, 48 anos, estrato socioeconômico A)

Com relação à influência dos adolescentes na sua decisão de escolha da TV, as mães opinaram que a participação destes é importante, principalmente por ajudar com informações dos recursos técnicos da TV.

Na perspectiva do adolescente, de acordo com a pesquisa qualitativa realizada, percebe-se de um modo geral que eles(as) argumentariam com relação aos benefícios da TV, como os opcionais, o preço, a garantia, a durabilidade, a marca e o consumo de energia.

Uma análise detalhada das entrevistas permite concluir que os adolescentes não usariam de argumentos inócuos para convencer os pais. Os trechos a seguir servem de ilustração:

“É bonitinho, é legal. Argumentos sem base, não funcionariam”. (Filha, 16 anos, estrato socioeconômico B)

“Ah se falar simplesmente que essa marca aqui é melhor do que essa. Teria que especificar mesmo. Senão eles não iriam levar isso em consideração”. (Filho, 16 anos, estrato socioeconômico A)

Em uma das famílias entrevistadas, a adolescente, foco da pesquisa, indagou que não tem muita chance de opinar na participação da decisão da escolha do aparelho de TV. A seguir um trecho de sua entrevista:

“Eles nunca deixam a gente escolher um que a gente queira direto. Daí tipo, vou vendo. Ah eu vejo de qual eu mais gostei, mas se eles não gostarem (...) são eles que vão pagar mesmo.

O que eu posso fazer?

(...) Na verdade eu não falo muito. Só se eu vir que vai ter alguma chance de eles comprarem o que eu quero. Senão eu não fico insistindo muito assim.” (Filha, 14 anos, estrato socioeconômico B)

Esta situação, diferente das demais famílias pesquisadas, faz com que a adolescente utilize, segundo classificação de Palan (2001), estratégias emotivas para convencer os pais.

O trecho a seguir exemplifica essa afirmação:

“Primeiro eu teria que entrar em acordo com a minha irmã. Porque daí já seriam duas contra os dois (daí contra o pai e a mãe). Daí a gente combina para dizer se eles não comprarem aquele tipo a gente faz uma chantagenzinha com eles. Fica enchendo o saco”. (Filha, 14 anos, estrato socioeconômico B)