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Proposições Erro! Marcador não definido.

Num sector tão sensível como o da saúde, é sempre necessário uma certa ponderação na implementação de algumas medidas. Como foi demonstrado anteriormente, a simples diminuição da comparticipação de medicamentos, tomada avulso, sem outras medidas de suporte, ao invés de produzir a desejada redução de custos, pode acarretar não só um aumento nos custos do Estado na área da saúde como também induzir abandono das terapêuticas prescritas, causando descompensação em muitos doentes, provocando diminuição na qualidade de vida dos mesmos. Sob este prisma, torna-se premente e necessário introduzir outras políticas que passem pela promoção da saúde mental, promovendo a adesão à terapêutica e potenciando a estabilização dos doentes mentais. Um sistema de acompanhamento da saúde mental poderá incrementar não só os benefícios para o doente mental como, paralelamente contribuir para uma redução dos custos para o Estado no médio/longo prazo.

Com base em algumas recomendações de boas práticas para a saúde mental e com base na constatação da realidade atual, com o aumento das consultas de psiquiatria e a flutuação do preço dos medicamentos podem ser aventadas algumas proposições, que permitirão compreender em que medida o sistema de prescrição eletrónica, com todas as suas potencialidades, pode beneficiar, não só o paciente, mas também o próprio Estado.

Em conformidade com a revisão da literatura, apresentada nos capítulos anteriores, as seguintes proposições foram formuladas.

Uma das recomendações emanadas dos organismos oficiais, prende-se com o envolvimento de toda a comunidade quer profissional quer familiar, em torno do doente. Nesse sentido foi formulada a proposição seguinte:

i. P1: A implementação de um sistema de acompanhamento mental produz um impacto positivo significativo no acompanhamento do doente mental.

Um melhor acompanhamento, envolvendo toda a comunidade ligada ao doente, possibilita uma melhor adesão à terapêutica prescrita, consolidando a recuperação, favorecendo a estabilização, evitando possíveis recaídas e evitando os desperdícios de recursos quer humanos quer materiais, levando a uma melhoria do estado geral do doente. Nesse sentido foi formulada a proposição seguinte.

ii. P2: Um melhor acompanhamento do doente mental tem um impacto positivo significativo na melhoria da saúde mental.

A aposta na promoção da saúde do doente mental e na consequente estabilização do mesmo, reduzindo os custos de internamento e consultas de especialidade e visando a melhoria da saúde mental, potencia a diminuição dos custos, o que é enquadrável na proposição aventada a seguir:

iii. P3: A melhoria da saúde mental tem um impacto positivo significativo nos custos do Estado.

Parte fundamental na recuperação de qualquer doença é indubitavelmente a terapêutica medicamentosa. Esta verdade torna-se mais exacerbada no contexto mental, onde as terapias recomendadas devem ser assertivas, equilibradas e prolongadas no tempo, no sentido de promover a estabilização. Para que esta assertividade esteja garantida, é fundamental que o acesso ao medicamento esteja ao alcance de quem necessita, a preços estáveis, em quantidades e doses precisas, evitando assim os desperdícios de medicação e as recidivas na doença. Sob o prisma da racionalização e da acessibilidade ao medicamento foi alvitrada a seguinte proposição:

iv. P4: A implementação de um sistema de acompanhamento mental reverte-se num impacto positivo significativo na racionalização do medicamento.

A Organização Mundial de Saúde em 1985 em Nairobi, no Quénia, estabeleceu que “o uso racional de medicamentos requer que pacientes recebam medicação apropriada para a sua situação clínica, nas doses que satisfaçam as suas necessidades individuais, por um período adequado, e ao menor custo possível para eles e para a sua comunidade” (Grand, Hogerzeil, & Haaijer-Ruskamp, 1999, p. 89).

Da promoção da acessibilidade ao medicamento e da simultânea aposta na racionalização do mesmo, resulta um consumo mais responsável, com a redução consequente do desperdício, permitindo estas medidas reduções nos custos da saúde, que podem ser alocados em parte para a área mental, como é emanado pelas diretrizes mundiais. A proposição seguinte vem ao encontro dessas emanações:

v. P5: A racionalização de medicamentos tem um impacto positivo significativo nos custos do Estado, permitindo a alocação de recursos para a saúde mental.

Estas medidas, lançadas de forma simbiótica, permitiriam, de uma forma geral, uma melhoria na assistência de saúde em Portugal, com particular incidência no que concerne à saúde mental, induzindo uma redução de custos para o Estado e para os utentes, baseado num controlo muito mais efetivo quer do doente quer dos recursos. Nesse sentido, foi formulada a proposição que se segue:

vi. P6: A diminuição dos custos económicos e sociais do Estado tem um impacto positivo significativo na criação de poupança por parte do Estado.

4.2 Modelo

A Figura 7 representa o modelo estrutural e todas as proposições, sendo que as setas indicam os efeitos causais esperados.

Figura 7: Modelo Conceptual relativo ao impacto da implementação de um sistema de acompanhamento mental

Assegurada a execução de um sistema de acompanhamento ao portador de doenças do foro mental, será possível acompanhar o doente mental em todas as fases do seu tratamento, o que por si só levará a uma melhoria da saúde mental. Por outro lado a implementação deste sistema também terá um impacto na racionalização do consumo de medicamentos.

Conseguindo uma melhoria da saúde mental e a consequente racionalização do consumo de medicamentos, os impactos causados afetarão diretamente os custos sociais e económicos, levando assim a uma diminuição dos mesmos. Esta diminuição conduzirá a uma poupança gerada por parte do Estado que poderá ser alocada para um aumento na comparticipação de alguns medicamentos, uma vez que, como já foi referenciado, a diminuição da comparticipação de medicamentos por parte do Estado só é geradora de mais despesa.