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Proposta de intervenção NASE (Núcleo de Apoio à Saúde Educacional) perspectiva de

CAPÍTULO 5 Projeto Terapêutico Singular (PTS) Núcleo de Apoio à Saúde

5.2. Proposta de intervenção NASE (Núcleo de Apoio à Saúde Educacional) perspectiva de

de Demanda de Queixa Escolar

A partir dos elementos apresentados neste capítulo, apresentaremos um conjunto de ações que consideramos fundamentais para compor uma proposta de intervenção sobre a Demanda de Queixa Escolar, no plano da Saúde Básica. Elas estão relacionadas a seguir.

Ação 1. Identificada a presença de uma queixa escolar advinda de escolas da rede pública e privada da cidade de São Paulo, na UBS, caberá aos Coordenadores Pedagógicos elaborar Relatórios Institucionais Pedagógicos e envio de demandas de queixa escolar ao neurologista e à psicóloga da UBS, porta de entrada dos encaminhamentos na área de saúde. Tais relatórios deverão descrever alguns aspectos fundamentais para compreensão do contexto de produção da queixa escolar:

1. Informações a respeito das condições da escola, do bairro, de índices de aprovação e abandono, relações com a comunidade, sobre o quadro docente e funcional contribuirão para compreender melhor o contexto social e institucional em que se insere a escola que encaminha.

2. Informações referentes a como se constituem as dificuldades encontradas no processo de aprendizagem (escrita, leitura, concentração, atenção, comportamento). Esta proposta procurará não se ater a pré-diagnósticos (Dislexia, Déficit de Atenção e Hiperatividade, Disgrafia, Discalculia); em vez disso, deverá detalhar situações em que as dificuldades se constituem no processo de escolarização.

3. Informações sobre possíveis ações realizadas pelos professores e rede de proteção para superar tais dificuldades, relações com a família e demais profissionais que participam de modalidades de atendimento.

Ação 2. Estes relatórios serão apresentados à equipe da UBS, e haverá encontros com os professores e coordenadores para compreender os motivos de encaminhamento. Estes encontros poderão acontecer na escola, a fim de conhecermos mais claramente o contexto em que tais queixas são produzidas.

Ação 3. Uma vez identificada a demanda, serão criados espaços de convivência, de no máximo quatro estudantes por grupo, para que possamos saber como a criança percebe sua escola e como se relaciona com ela. Denominamos estes espaços como Oficinas de Vivência, que serão realizadas semanalmente, em datas que conciliem as possibilidades de horário da psicóloga, dos profissionais da escola, no contra turno da escola, para não interferir no

processo de aquisição do conteúdo pedagógico. Ainda com o propósito de promover saúde educacional, tentaremos, na medida do possível, atender à demanda de professores e de integrantes do núcleo familiar. A oficina de vivência tem por objetivo ouvir as crianças encaminhadas. Para tanto, serão utilizados materiais lúdicos, expressivos e gráficos, visando a criar um espaço de diálogo e acolhimento.

Ação 4. Ouvir os pais ou responsáveis sobre as dificuldades escolares, buscando compreender a história de escolarização da criança e possíveis percalços de sua trajetória escolar. Identificar nos pais as queixas existentes, para a melhoria da educação escolar de seus filhos. Identificar possíveis ações da família junto às redes de proteção social. Buscar saídas consensuais para as dificuldades encontradas.

Ação 5. Neste momento do processo de trabalho, a equipe da UBS estará com várias informações: escolares, da criança encaminhada e da família. De posse dessas informações, realizará um relatório síntese das diversas versões e observações, para encaminhamentos nos âmbitos: familiar, escolar e da região em que a escola se encontra inserida.

Ação 6. Contínua avaliação da proposta apresentada, visando a aperfeiçoar as ações frente às queixas escolares e a relação com as famílias, escolas, redes de proteção social.

Na proposta de melhoria da avaliação da demanda de queixa escolar, buscar sempre se aprimorar com propostas não medicalizantes, como:

1. Participação em fóruns de debate, entre os quais o de Medicalização da Educação e Sociedade.

2. Utilização de material didático de apoio, aí incluída a revista Recomendações de práticas não medicalizantes para profissionais e serviços de Educação e Saúde (2013), do GT Educação e Saúde, já mencionada anteriormente.

3. Utilização de um roteiro de entrevista especialmente elaborado para o atendimento a crianças com queixa escolar e seu responsável. Esse instrumento busca entender a queixa de modo integral, considerando suas causas de caráter coletivo e recusando ações medicalizantes e criando uma alternativa de avaliação não mensurativa e não medicalizante ao SNAP-IV.

4. Utilização de um Questionário de Consulta de Queixa Escolar em UBS do Município de São Paulo, composto de dez perguntas aos pais e/ou responsáveis e cinco perguntas aos alunos (Apêndice 1). Conforme mencionado, as crianças são encaminhadas pelas escolas municipais sob coordenação da Direção Regional de Educação por meio de relatórios pedagógicos. As questões são apresentadas de modo inteligível para que sejam compreendidas por profissionais de saúde (clínicos e pediatras da UBS). Os primeiros

profissionais da saúde ao entrar em contato com essa demanda buscam uma abordagem que possibilite a adoção de uma nova ótica de atendimento ambulatorial, segundo a qual o médico abandona a função puramente intervencionista e diagnóstica e passa a adotar uma visão construtiva do coletivo em busca da promoção de ações que potencializem a saúde escolar em prol da diminuição da demanda de queixa escolar.

5. Encaminhamento do primeiro instrumento ao profissional de saúde, que será o relatório escolar municipal. Embora seja um instrumento de grande valia na construção das diretrizes da rota de consulta, orienta-se o profissional a realizar a leitura desse relatório somente depois de aplicar o questionário, para evitar contaminação de interpretações. Isso lhe permitirá construir um olhar médico a partir do contato com a criança e seu familiar. Depois, partindo do próprio ponto de vista, lerá o relatório institucional de modo crítico, reflexivo, construtivo e não medicalizante e buscará construir um prontuário médico que favoreça o contato interinstitucional e a articulação do trabalho intersetorial educação-saúde.

6. Valorização da importância das respostas dadas aos questionamentos levantados a partir das cartas de referência/contra referência. Esse instrumento, de suma importância, utilizado pelos médicos da UBS para encaminhamento da queixa do paciente ao médico especialista é muitas vezes subaproveitado, pois, na grande maioria, não há contra referência pelos especialistas às Unidades Básicas de Saúde de origem, o que produz cisão no diálogo intrainstitucional UBS/AMA-E. Nas reuniões mensais interdisciplinares do PTS NASE, esse elemento - muitas vezes subvalorizado, porém de grande valia - poderá ser discutido por clínicos, pediatras e especialistas (neuropediatra, neurologista e/ou psiquiatra) para, com base nele, estabelecer possibilidades de atendimento à demanda de queixa escolar de forma não medicalizante. Isto possibilitará a valorização do profissional que referenciou e criará uma ponte que conduzirá todos ao mesmo caminho: a melhoria do diálogo intrainstitucional UBS/NASE sob matriciamento NASF, deixando ao AMA-especialidade neurologia e CAPS da Infância e Adolescência atender à demanda reprimida em neurologia e saúde mental, respectivamente. A demanda de queixa escolar será, assim, redirecionada ao NAAPA, em busca de ações intersetoriais que promovam a saúde escolar e melhoria no processo de escolarização por meio de um melhor diálogo intersetorial educação-saúde, com predomínio de um respeito mútuo, proporcionando-se um olhar transversal e linear no processo da aprendizagem.

O Projeto Terapêutico Singular Núcleo de Apoio à Saúde Educacional é representado pelos diagramas abaixo.

Figuras 7 e 8- Diagramas do fluxograma das demandas de queixa escolar no Projeto Terapêutico Singular Núcleo de Apoio à Saúde Educacional

5.3. Trajeto do Projeto Terapêutico Singular (PTS) Núcleo de Apoio à Saúde