3.9.1 Papel das equipes de enfermagem
A TIV é realidade constante em ambiente hospitalar, sendo a equipe de enfermagem a principal responsável pela obtenção do AVP. Assim, a inclusão do paciente na pesquisa mediante punção com o cateter intravenoso periférico com sistema fechado de infusão foi realizada pelas equipes de enfermagem da unidade incluída na pesquisa, após capacitação e a constatação dos critérios de elegibilidade. Os funcionários também tiveram como função a manipulação, a manutenção, as anotações e os registros.
3.9.2 Protocolo de inserção, manutenção e retirada do cateter 1
A inserção do cateter intravenoso periférico com sistema fechado de infusão foi de inteira responsabilidade das equipes de enfermagem da unidade de estudo, as quais foram orientadas a seguir o preconizado pela literatura e normas institucionais.
O método de punção venosa, tomado como referencial durante a capacitação das equipes de enfermagem, compreende as 15 etapas propostas por Phillips (2001), distribuídas em três momentos (antes, no momento e após a punção), adaptadas para a realidade da instituição e apresentadas no QUADRO 1.
QUADRO 1 - MÉTODO DE PUNÇÃO VENOSA Antes da punção:
1. Verificar e analisar a prescrição médica da terapia intravenosa;
2. Realizar higienização das mãos conforme protocolo institucional;
3. Avaliar e preparar os materiais e equipamentos a serem utilizados;
4. Verificar a identificação do paciente, realizar sua avaliação e preparo para o procedimento;
5. Selecionar o local de punção e realizar a dilatação do vaso;
No momento da punção:
6. Selecionar o calibre de cateter adequado;
7. Higienizar as mãos e colocar as luvas de procedimento;
8. Realizar o preparo do local de punção;
9. Inserir o cateter com o bisel de agulha para cima;
10. Realizar o curativo e a estabilização do cateter conforme a rotina da unidade;
Após a punção:
11. Identificar o local da punção;
12. Organizar o ambiente;
13. Orientar o paciente, familiar e/ou acompanhante;
14. Realizar os cálculos para infusão dos medicamentos;
15. Higienizar as mãos e documentar o procedimento no prontuário do paciente.
FONTE: PHILLIPS (2001).
1 Protocolo adaptado do projeto temático intitulado: “Efetividade de cateter venoso periférico" e utilizado como base na capacitação das equipes de enfermagem.
A manutenção do cateter, também de responsabilidade dos profissionais de enfermagem das unidades pesquisadas, realizou-se mediante a estabilização, fixação e troca de cobertura, bem como a lavagem interna do cateter (flushing) a cada administração de fármaco e/ou soluções ou uma vez a cada seis horas. A utilização do cateter foi registrada no prontuário do paciente. Esses procedimentos foram padronizados na capacitação realizada pelas pesquisadoras, conforme normas institucionais, considerando aspectos descritos na literatura.
A retirada do dispositivo ocorria ao apresentar complicação local, ou eletivamente, ou seja, o cateterismo venoso periférico não se fazia necessário para o tratamento do paciente, conforme dados da literatura científica discorridos na capacitação.
3.9.3 Papel da equipe de coleta de dados
O período de coleta de dados foi de 22/09/2015 a 09/04/2016, com tempo total de seis meses e 18 dias. Os dados foram coletados exclusivamente pela equipe de pesquisa (devidamente capacitada pelas pesquisadoras principais), a fim de evitar viés de coleta. O procedimento de coleta de dados se deu mediante observação diária e direta do dispositivo e de anotação das informações contidas nos prontuários dos pacientes incluídos. Em cada clínica, em local apropriado e conhecido por todos da equipe de enfermagem, mantinha-se dez cateteres intravenosos periféricos com sistema fechado de infusão, nos calibres 18, 20, 22, 24.
À medida que os cateteres foram puncionados, a equipe de coleta realizava a reposição. Havia também uma pasta, para uso diário da equipe de coleta, contendo lápis, borracha, caneta, instrumentos de coleta de dados em branco, vias de TCLE de paciente e familiar responsável, listagem dos pacientes internados e em acompanhamento e local reservado para os instrumentos encerrados e TCLE assinados.
Diariamente, dois membros da equipe de coleta de dados (um no turno da manhã e outro da tarde), previamente determinado por meio de escala mensal, compareciam à clínica médica, para a realização da coleta de dados. A escala mensal e informes sobre a coleta foram diariamente postados em uma plataforma virtual, a que todos os integrantes tinham acesso, por meio da internet. Esses
informes compreendiam as notificações diárias sobre a coleta, informações necessárias ao andamento da coleta, o controle do número de participantes e cateteres adicionados ao protocolo.
3.9.4 Instrumento de coleta de dados
O instrumento (APÊNDICE 5), compreende variáveis relacionadas ao paciente (sociodemográficas e clínicas), variáveis referentes ao cateter, e campos para preenchimento da observação diária do cateter em acompanhamento.
As variáveis sociodemográficas coletadas foram: sexo; idade; grupo étnico;
escolaridade; ocupação. As variáveis clínicas incluíram: diagnóstico principal na admissão; hábitos de tabagismo e etilismo; comorbidades; índice de massa corporal (IMC); realização de procedimento cirúrgico; infecção concomitante; tempo de internação; evolução com alta hospitalar ou óbito. A variável “infecção concomitante”
se referia a qualquer foco infeccioso encontrado no paciente, e foi coletada diariamente através da verificação da prescrição terapêutica de antimicrobianos durante o período de internação.
As variáveis referentes ao cateter compreenderam: calibre do cateter;
localização anatômica; turno de inserção; número de tentativas de punção; turno de retirada; tempo de permanência do CIP, calculado pela diferença entre a data e hora da punção e a data e hora da retirada (horas e dias); motivo de retirada do cateter (eletiva por término da TIV, alta, óbito, transferência da unidade; ou desenvolvimento de complicações).
Na tentativa de estabelecer relação entre a terapia farmacológica e a ocorrência de complicações, as prescrições médicas dos pacientes foram avaliadas diariamente durante o período de permanência do CIP. Assim, coletaram-se também os seguintes dados: nome dos medicamentos e soluções endovenosas; tipo de infusão (contínua, intermitente ou ambas); uso de bomba infusora; fármacos com extremo de pH (menor ou igual a cinco ou maior ou igual a nove); fármacos com extremo de osmolaridade (maior que 600 mOsm/l); fármacos ou soluções de risco (extremos de pH e osmolaridade), ou ainda descritos pelo fabricante como risco para complicações. Considerou-se manutenção contínua quando o tempo de infusão da solução era superior a duas horas, e manutenção intermitente quando o tempo de administração do fármaco era inferior a duas horas.
A observação direta e diária do dispositivo permitiu o levantamento das seguintes variáveis: material utilizado na fixação do CIP; presença de acesso venoso concomitante (central e/ou periférico); e presença de complicações associadas ao cateter (flebite, obstrução, infiltração, extravasamento, tração e infecção local), bem como a manutenção do sistema fechado de infusão (permanência dos conectores para sistema fechado). Reitera-se que o paciente foi acompanhado diariamente desde a inclusão na pesquisa até a retirada do cateter.