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5.4 Ensaios às Argamassas em Estado Endurecido

5.4.2 Provetes em Suporte de Tijolo

Os provetes em suporte de tijolo foram ensaiados, não destrutivamente, aos 28 e aos 90 dias (sendo os ensaios em ambas as idades semelhantes). Como já mencionado as dimensões dos tijolos utilizados para a realização destes provetes a ensaiar são de 20x30x7 (cm) e a espessura de arga- massa colocada é cerca de 2 cm (Figura 5.34).

Figura 5.33 – Pormenor de um provete (25% de terra) imerso na solução

Figura 5.32 – Caixa onde é realizado o ensaio (a), preparação da solução (b), provetes colocados na caixa em imersão na solução (c)

Procedimentos de Ensaios de Caracterização

5.4.2.1 Dureza Superficial – Durómetro

A determinação da dureza superficial de uma argamassa colocada sobre um tijolo pode ser determinada através de um durómetro Shore A (Figura 5.35 a) e teve por base a norma ASTM D2240 (2000). Este equipamento mede a resistência à penetração de um pino pressionado contra o material em estudo. A simplicidade deste ensaio permite a realização de diversas medições sobre a argamassa, que neste caso foram 10. O resultado final é obtido através da média de todos os 10 valores obtidos para cada tijolo. O durómetro fornece valores que se encontram entre 1 e 100 e a unidade destes mesmos valores é graus Shore-A. Este ensaio foi realizado aos 28 dias, e um pouco mais tarde dos 90, nomeadamente aos 131 dias de idade, devido à indisponibilidade do equipamento.

Antes do início da realização do ensaio com o durómetro, todos os tijolos foram limpos na sua superfície com uma pequena vassoura, de forma a eliminar vestígios de material solto e que poderiam influenciar os resultados. O ensaio consistiu apenas em encostar o durómetro à superfície da arga- massa e retirar o valor mencionado no mostrador do equipamento (Figura 5.35 b).

5.4.2.2 Velocidade de Propagação de Ultra-sons

O presente ensaio seguiu a ficha de ensaio LNEC FE Pa 43 (2010) e tem por objetivo determi- nar a compacidade das argamassas. Esta propriedade é medida através da velocidade de propagações das ondas ultrassónicas através do material em estudo. Este ensaio foi realizado aos provetes em suporte de tijolo aos 28 e 90 dias.

O material necessário para este ensaio foi apenas a máquina apropriada emissora de ultra- sons e um gel (Figura 5.36 b). A colocação do gel permitiu melhorar o contacto entre os emissores e o provete. Para a realização do ensaio foram escolhidos seis pontos no material a ensaiar, todos eles

Figura 5.35 – Durómetro, DSD (a), realização do ensaio (b)

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com distâncias semelhantes entre eles por forma a homogeneizar os resultados obtidos para os diver- sos provetes. Os pontos foram designados de “A” a “F” (Figura 5.36 a), e as medições foram realizadas da seguinte forma:

 Colocou-se um dos transdutores no ponto A, e o outro no ponto B (Figura 5.36 c). Mantendo os transdutores na mesma posição, efetuou-se a medição. Repetiu-se este processo três ve- zes;

 Mantendo o ponto A fixo, colocou-se o transdutor antes colocado no ponto B, agora no ponto C, repetindo-se as medições;

 Este processo repetiu-se até ficar fixo o ponto A e o ponto F e, após esta última medição, fixou- se o ponto F, colocando o outro transdutor no ponto B;

 Realizaram-se medições até aos pontos F e E.

Os resultados retirados da máquina dos ultra-sons saíram em tempo e, conhecendo a distância entre o emissor e o recetor, posteriormente são convertidos em velocidades de atravessamento [m/s].

Tendo em conta que com este ensaio é possível obter o módulo de elasticidade dinâmico, este foi também realizado aos provetes prismáticos (aos 90 dias).

𝐸𝑑 =𝑉2× 𝜌 × (1 + 𝜐) × (1 − 2𝜐)(1 − 𝜐) [𝑀𝑃𝑎]

(Equação 5.13) Em que:

V – Velocidade de propagação de ultra-sons [km/s]; ρ – Massa volúmica do provete em questão [kg/m3]; ν – Coeficiente de Poisson [-].

Para a determinação da massa volúmica dividiu-se a massa do provete pelo seu volume (a x b x L). O coeficiente de Poisson utilizado foi de 0,2.

5.4.2.3 Condutibilidade Térmica

O ensaio foi efetuado aos provetes em suporte de tijolo tanto aos 28 como aos 90 dias. Reali- zaram-se 6 medições por tijolo, e o resultado final é a média desses mesmos 6 valores, em W/m.K. O procedimento utilizado foi semelhante ao do ponto 5.4.1.6 (para os provetes prismáticos). Com a dife- rença nos pontos de determinação.

Procedimentos de Ensaios de Caracterização

5.4.2.4 Absorção de Água sob Baixa Pressão - Tubos de Karsten

Uma outra característica muito importante numa argamassa no estado endurecido é a sua ca- pacidade de absorver água. Por forma a avaliar esta característica realizou-se o ensaio de absorção de água sob baixa pressão através da utilização de tubos de Karsten. De igual forma ao ensaio anterior, e tendo em conta que esta propriedade é muito importante na caracterização do comportamento das argamassas em estudo, este ensaio não destrutivo foi realizado aos 28 e aos 90 dias nos provetes de argamassas sobre tijolo.

Os documentos que foram base deste ensaio são a ficha de ensaio Fe Pa 39 do LNEC e o Test nºII4 da RILEM (1980a). O equipamento necessário para a realização deste ensaio foi: um cronómetro, plasticina, esguicho e os tubos de Karsten (Figura 5.38 a).

Colocou-se o tijolo a ensaiar sobre o pano. Com a plasticina fizeram-se pequenos círculos com aproximadamente o mesmo tamanho da abertura do tubo de Karsten. Colocou-se a plasticina em redor da abertura do tubo. Encostando o tubo com a plasticina ao tijolo com muito cuidado, pressionou-se para assegurar a colagem, tentando sempre que fosse para o interior da abertura do tubo a menor quantidade possível de plasticina, pois assim alterava a área de absorção. Encheu-se o primeiro tubo com água, até aos 0 ml, e deu-se início à contagem do tempo. Passado 1 minuto encheu-se o segundo tubo, e passados 2 minutos encheu-se o terceiro tubo. Assim, o segundo tubo ficou com uma discre- pância do primeiro de 1 minuto e o terceiro com 2 minutos do primeiro. Sempre que a quantidade de água no tubo atingia os 4 ml absorvidos voltava-se a encher o mesmo com o esguicho. As medições das quantidades de água realizaram-se aos 5,10, 15, 30 e 60 minutos.

Os resultados obtidos com este ensaio permitem avaliar a capacidade de absorção de uma argamassa através de duas formas: através da quantidade de água absorvida em determinado período de tempo, e o tempo necessário para argamassa absorver 4 ml de água. É também possível determinar o coeficiente de absorção de água, que traduz a quantidade de água absorvida numa determinada área durante determinado período de tempo.

C absorção

=

𝑋 × 10

−3

𝑑

2

× (𝜋4×10

−6√

𝑡)

(Equação 5.14) Figura 5.37 – Conjunto de tijolo e equipamento (a), realização do ensaio (b)

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Em que:

C absorção: coeficiente de absorção de água sob baixa pressão numa superfície [kg/(m2.t0,5)];

X: quantidade de água absorvida [ml];

d: diâmetro do respetivo tubo em contacto com o suporte [mm]; t: duração da leitura [minutos].

Este coeficiente foi determinado para duas propriedades: coeficiente de absorção total durante 1 hora de ensaio (Cabs.T), em que X corresponde à quantidade de água absorvida em 1 hora (t = 60 minutos); e o coeficiente de absorção do tempo necessário para absorver 4 ml de água (Cabs.4ml), em que o t corresponde ao tempo necessário para absorver 4 ml de água (X = 4 ml).

Mesmo sem observar os resultados, aquando do ensaio foi possível observar que os rebocos que possuíam maior quantidade de terra absorviam água com maior velocidade. A velocidade de ab- sorção de água das argamassas com 25% de terra foi bastante superior às restantes. Nestes casos visualizou-se que o tijolo ficava molhado na parte de trás.

Um outro aspeto a ter em conta é a sensibilidade deste ensaio face à qualidade da plasticina utilizada, pois a aderência dos tubos ao suporte depende desta propriedade.

5.4.2.5 Porosimetria de Mercúrio

A determinação da porosimetria nos provetes em suporte de tijolo foi realizada do mesmo modo que aos provetes prismáticos 5.4.1.8. As amostras a ensaiar foram retiradas do reboco aplicado no tijolo com auxílio de uma rebarbadora (Figura 5.40) à idade de 90 dias.

Figura 5.39 - Reboco após a queda de dois dos tubos (a), reboco com baixo teor de terra (b), reboco com alto teor de terra (c)

Figura 5.38 - Tubo de Karsten (a), tijolo com os tubos colocados e esguicho (b), aspeto geral do ensaio realizado em dois tijolos simultaneamente (c)

Procedimentos de Ensaios de Caracterização

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