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Q UADRO 6: S IGLAS A DOTADAS PARA IDENTIFICAÇÃO DOS I NFORMANTES

SI grupo de alunos do inglês sem informação pragmática. CI grupo de alunos do inglês com informação pragmática. SE grupo de alunos do espanhol sem informação pragmática. CE grupo de alunos do espanhol com informação pragmática.

Em consonância com o que é apresentado nos trabalhos de aquisição de segunda língua fora do Brasil, a resposta só será dada como semelhante à língua- alvo se ela se mantiver consistente em 80% do teste.

Os quadros que aparecem mais adiante mostram como foi a distribuição das respostas, tanto do inglês quanto do espanhol, para grupos com e sem instrução. Estas podem ser comparadas com as perguntas a fim de se observar qual foi o padrão de respostas do ponto de vista qualitativo.

A Tabela 1,na próxima página, refere-se aos alunos de inglês do grupo sem pragmática. Nela consta as siglas com as quais os informantes foram identificados, assim como o número das questões e, os resultados aferidos.

2.4.1. Os Resultados dos Testes do Inglês

2.4.1.1. Aprendizes do Inglês sem Instrução

Nos 15 testes contabilizados, houve uma esmagadora tendência, (50%) a atribuir o valor da perífrase do português do Brasil [TER+Particípio] à perífrase [Have + Particípio] do inglês, como aparece na Tabela 1.

Justificativas como as abaixo sustentam nossa opção de classificar as respostas como valores iguais ao da perífrase do português do Brasil:

SI-11 Vem se tornando cada vez mais comuns. SI-08 Caminhos para serem belas.

SI-14 O conceito de mudança “está mudando, está ocorrendo.

Além da perífrase [TER+Particípio], aparecem também outras formas do português de expressar reiteração ou continuidade. Destacamos a perífrase [Estar+Gerúndio] que também apareceu, muitas vezes, na produção em inglês do mestrado, como a construção [TO BE + Verbo+ing], e reaparece agora nas interpretações. E foi, desta vez elucidada, graças ao brilhante e oportuno trabalho

de Beline (2005), pelo qual entender qual a origem dessas estruturas. O autor mostra a mudança em andamento no português do Brasil, que passa a expressar, também, através da perífrase [ESTAR+gerúndio], o aspecto reiterativo e continuativo, sendo quase sempre equivalente à perífrase [TER+Particípio].

Em segundo lugar, aparecem as respostas que privilegiam o tempo presente, (18%), ou seja, os aprendizes vêem no verbo to have, aqui auxiliar, o tempo presente das conseqüências presentes, resultado de um evento passado. O próprio valor semântico que o Presente do Indicativo pode apresentar no português, como sendo uma situação começada e não acabada (TRAVAGLIA:1985),, acaba se encaixando perfeitamente na interlíngua dos aprendizes que não conhecem o particípio dos verbos da perífrase ou têm um vocabulário mais restrito. Além disso, os aprendizes informam que a abordagem do texto, embora narrado no passado, é presente mas isso não os ajuda a ver a relação conseqüência presente e evento passado que O Present Perfect apresenta, como os exemplos abaixo:

SI-16 ...apesar do texto falar em retorno, a abordagem é presente. SI-12 ...especificamente na palavra have.

SI-06 Parece que é um fato que se intensifica no presente.

A interpretação do tipo “especificamente na palavra have” nos leva a imaginar que o aprendiz não conhece o particípio que o segue, como become ou seen, o que o levará a imaginar que se trata do verbo to have mais um substantivo, dando origem a um número alto de respostas que atribuem apenas o valor de presente à perífrase.

Respostas similares à língua-alvo, mas que não são consistentes com as demais respostas, ocorrem na proporção de 19%. Relembrando que, como já mencionado, só foram consideradas como respostas semelhantes à língua-alvo se presentes em 80% ou mais do teste do informante. Exemplificamos esta

ocorrência através da resposta oferecida pelo informante SI-8. Na questão (1), o aluno assinala a resposta (d), que seria a similar à língua-alvo, e depois justifica como mostramos abaixo:

SI-08 ...a cirurgia plástica tem se tornado comum (have become), demonstrando a relação entre uma conseqüência do passado no presente.

Temos, ainda, alunos que respondem uma determinada questão de forma semelhante à língua estrangeira, usando o pretérito perfeito e, na questão seguinte, desvelam a língua-materna subjacente. O próprio aprendiz SI-08 coloca na sentença abaixo que o verbo to change se refere a um evento acabado (“esta mudança ocorreu”).

SI-08 ...the concept of beauty has changed.

No entanto, já havia dito que have become se refere a “ter se tornado”, na questão 1 e na 6 e reitera isso colocando que a sentença abaixo have become equivale a “ter se tornado”:

Q6 Women have become so fixated on not losing the freshness of youth... SI-08 as mulheres têm se tornado obsessivas em não perder o frescor da

juventude

Nestes casos, embora a resposta “a mudança ocorreu” seja a mais adequada, ela foi considerada como não semelhante ao português. A motivação para tanto é que encontramos na resposta de cada pergunta um fragmento do pensamento do aluno, cujo conhecimento global se tem, ainda que parcialmente, no conjunto de todas as questões.

Temos ainda o informante SI-07, que coloca duas repostas diferentes para a mesma sentença do inglês. Ele responde a questão 3 e a 6 de formas diferentes:

Q3 ...they’ve forgotten there are infinite ways to be beautiful.

SI-07 Eles se esqueceram que há infinitos meios para serem bonitas. (Q 6) SI-07 As pessoas têm esquecido que existem vários caminhos para

tornarem-se bela, bonita.

Percebe-se aqui como fica difícil encontrar uma letra única para interpretar o valor que o aprendiz vê no Present Perfect. Optamos, então, nesses casos, por atribuir o valor do aspecto reiterativo e continuativo do português, mesmo tendo colocado uma resposta adequada para aquela pergunta, devido ao conjunto das respostas (letra H).

Abaixo aparece a Tabela 2 com a porcentagem de respostas por questão.