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Quadro Legal Sobre Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos

IV. ESTUDO DE CAMPO

4.4 Quadro Legal Sobre Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos

De seguida é apresentada alguma da principal legislação sobre a matéria da GRSU. A intenção deste exercício é verificar como a política pública se tem engajado, sob ponto de vista legal, mas acima de tudo comentar em relação ao nível de implementação da mesma.

Lei n°2/97 de Fevereiro, Lei das Autarquias Locais

Esta lei atribui às Autarquias Locais a co-responsabilidade de defender o meio ambiente, garantir o saneamento básico e a qualidade de vida.

De entre as várias atribuições relacionadas com os resíduos das autarquias locais destacam-se as seguintes, como mais importantes e relevantes para a GRSU:

(Artigo 6 º, b): este refere-se aos deveres das autarquias locais, em particular nas atividades relacionadas ao meio ambiente, saneamento e qualidade de vida.

Refere também as competências das Assembleias Municipais em relação às questões fundamentais de interesse para a vida económica, social e cultural da comunidade local no (Artigo 45, n°3) cabendo as Assembleias Municipais dentre outras: a) Aprovar regulamentos e resoluções (alínea a); b) Estabelecer, nos termos da lei, taxas autárquicas e outras receitas (alínea o); c) Fixar tarifas pela prestação de serviços ao público no âmbito da recolha, depósito e tratamento de resíduos (alínea p). Destacar também nessa lei o artigo 46 que refere as competências da Assembleia Municipal em matéria de Gestão Ambiental.

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Estratégia de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos em Moçambique aprovada em 2012

A Estratégia de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos em Moçambique foi aprovada e publicada pelo MICOA (agora MITADER), em Setembro de 2012. Surgiu como contribuição para a melhoria da gestão dos resíduos e do saneamento do meio ambiente em prol do bem-estar do cidadão, melhoria dos sistemas de recolha, transporte e deposição final dos referidos resíduos.

Tem por objetivo fornecer bases para uma gestão integrada de resíduos sólidos em Moçambique, tendo em conta uma abordagem sistemática, focalizando as componentes de minimização da produção, acondicionamento, recolha, transporte, tratamento e deposição final com vista a proteger a saúde pública, o ambiente. Contribui assim para combater a pobreza, providenciando diretrizes que permitam a criação de condições necessárias de prevenção da proliferação de resíduos sólidos nas cidades e vilas, definindo o papel de cada interveniente, incluindo o Estado, os órgãos Municipais e os Munícipes, na gestão de resíduos sólidos urbanos, tendo em conta: a construção de aterros sanitários, melhoramento de serviços de recolha e deposição final de resíduos.

De acordo com PDGRSUCM (2017) no âmbito desta estratégia esperava-se a construção de 10 aterros sanitários no período entre 2013 e 2015 (Segundo a Vice-Ministra do então MICOA) e encerramento das lixeiras inadequadas então existentes. No entanto, na realidade, a implementação do plano de desenvolvimento para novos aterros sanitários e o plano de encerramento de aterros estão atrasados em relação ao calendário original.

Decreto n.º 94/2014 de 31 de Dezembro que aprovou o Regulamento sobre a gestão de resíduos sólidos urbanos

Partindo da necessidade de rever as normas e procedimentos relativas a gestão correta de resíduos sólidos urbanos resultantes das atividades humanas, dadas as consequências nefastas que a sua má gestão acarreta para a saúde pública e o meio ambiente, surgiu a pertinência de se aprovar o RGRSU.

Este tem como objeto o estabelecimento de regras de gestão dos resíduos sólidos urbanos no território nacional. Este regulamento aplica-se a todas as pessoas singulares e coletivas, públicas e privadas envolvidas:

a) Na produção e gestão de resíduos sólidos urbanos;

b) Na produção e gestão de resíduos industriais e hospitalares equiparados aos urbanos.

Especificamente no seu artigo 5 (Competências em Matéria de Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos) n°2 nas suas alíneas a) até i) define as competências em matéria de gestão de resíduos sólidos urbanos dos Conselhos Municipais e Governos Distritais, dentro da respetiva área de jurisdição.

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E o artigo 6 (Obrigações dos Conselhos Municipais e Governos Distritais) nas suas alíneas de a) até e) descreve as diferentes obrigações que estes devem zelar dentro da sua área de jurisdição em matéria de gestão de resíduos sólidos urbanos.

Decreto n.º 16/2015 de 5 de Agosto que aprovou o Regulamento sobre a gestão e controlo do saco de plástico

Este regulamento, surge da necessidade de estabelecer normas e procedimentos referentes à produção, importação, comercialização e uso do saco de plástico com vista a reduzir os seus impactos negativos na saúde humana, infraestruturas, biodiversidade e no ambiente em geral, devido à sua característica de não biodegradabilidade, que faz com que esteja em grande presença em situações de proliferação de resíduos.

Portanto este Regulamento tem por objeto estabelecer normas e procedimentos referentes à gestão e controlo do saco de plástico, no que respeita a sua produção, importação, comercialização e uso, com vista a reduzir os impactos negativos na saúde humana e no ambiente em geral.

O âmbito da sua aplicação abrange todas as entidades públicas e privadas, pessoas singulares e coletivas, envolvidas na produção, importação, comercialização e uso do saco de plástico no território nacional.

No tocante ao envolvimento dos Conselhos Municipais para o cumprimento do disposto neste regulamento, temos no âmbito do artigo 6 (Competências) n°5 "Compete aos Órgãos Locais do Estado e

Conselhos Municipais no âmbito das suas atribuições velar pelo cumprimento do presente Regulamento".

No âmbito local concretamente a nível da cidade de Maputo, pode se destacar:

Plano Diretor da Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos na cidade de Maputo

O decreto nº 94/2014, de 31 de Dezembro, estabelece que todas as entidades públicas e privadas deverão desenvolver o seu próprio plano de gestão de resíduos sólidos.

Neste contexto, o Conselho Municipal de Maputo (CMM) elaborou o Plano Diretor que é uma ferramenta fundamental de planificação estratégica da gestão de resíduos sólidos urbanos, cobrindo cerca de 10 anos de 201718 para 2027.

18Realçar que até ao momento, apesar de estar aprovado desde 2017,ainda não entrou efetivamente em vigor segundo

informação colhida no próprio CMM. Até ao presente ano estão em discussão e alinhamento alguns regulamentos que direta ou indiretamente estão vinculados, mas que a sua entrada em vigor será para breve trecho.

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Este Plano foi elaborado como um dos produtos do projeto de cooperação técnica apoiado pela Agência Japonesa de Cooperação Internacional-JICA, denominado “Projeto para a Promoção de Atividades Sustentáveis de 3R em Maputo (Projeto 3R da JICA) ” implementado de Março de 2013 a Abril de 2017.

Este tem como visão uma “Cidade Limpa e Sustentável, Maputo de 3R”, e o objetivo preconizado é "estabelecer a direção técnica apropriada da GRS e 3R para um ambiente urbano e condições de vida

sustentáveis".

Resolução nº 39/AM/2001 de 5 de Novembro, alterada pela Resolução 15 / AM / 2004, de 24 de Setembro: Resolução sobre a Limpeza da Cidade de Maputo

Resolução nº 16/AM/04, de 24 de Setembro: Prova de Serviço

Com base na legislação acima referida e com fundamento no Artigo 45.º, n.º 3 da Lei do Governo Local, foi aprovada a Resolução 16/AM/04, de 24 de Setembro, que introduz uma alteração à resolução sobre a Limpeza da Cidade ao definir um instrumento moderno e inovador, a Prova de Serviço (Art.º 3, n.º 2, 29º).

A Prova de Serviço é uma obrigação exigida aos grandes produtores de Resíduos Sólidos Urbanos como forma de fazer valer o Princípio do Poluidor-Pagador, consagrado na Lei do Ambiente e secundado pela Lei das Autarquias Locais.

Resolução nº 58/AM/06, de 28 de Dezembro nova Estratégia de Gestão de Resíduos Sólidos e alteração no valor da taxa de limpeza

Esta resolução foi aprovada com base no Artigo 45º, nº 3 da Lei das Autarquias Locais, como proposto pelo Conselho Municipal de Maputo, para introduzir a “Nova Estratégia de Gestão de Resíduos Sólidos” bem como a alteração do valor da Taxa de Limpeza.

Resolução nº 86/AM/2008, de 22 de Maio: Aprova a resolução de Limpeza dos Resíduos Sólidos Urbanos na Cidade de Maputo

Esta resolução define o sistema de limpeza do Município de Maputo, integrando as componentes de limpeza e gestão de resíduos sólidos e deve ser regulada de forma específica onde for necessário para a sua implementação efetiva.

Aplica-se a todas as atividades públicas e privadas que podem influenciar direta ou indiretamente as componentes da limpeza da cidade de Maputo.

Esta resolução visa em particular: a) melhorar a condição social dos cidadãos, seu envolvimento na limpeza da Cidade de Maputo e no desenvolvimento local; b) a melhoria das condições ambientais, de

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higiene, saúde pública e estética, com ênfase especial no desenvolvimento de sistemas de esgoto urbano e na redução do impacto ambiental causado pelos RSU através da redução, reutilização e reciclagem.