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PARTE I CAPES: termos históricos e técnicos

3.3. O Sistema de Avaliação da Pós-graduação implantado pela CAPES

3.3.3. Qualis

Denomina-se Qualis a categorização dos veículos de divulgação da produção intelectual (bibliográfica) dos programas de pós-graduação stricto sensu realizada pela CAPES, sendo este um dos instrumentos de avaliação da pós-graduação nacional. O Qualis

3 As informações desta subseção não referenciadas estão disponíveis em um manual do ano de 2008: “Aplicativo para a classificação dos veículos de divulgação da produção científica da Pós-Graduação Brasileira”, disponível em http://www.ufjf.br/ppgsaude/files/2010/03/Manual_WebQualis_33.pdf. Acessado em 24/04/2014.

43 afere a qualidade de todos os tipos de produção, a partir da análise da qualidade dos veículos de divulgação, ou seja, dos denominados periódicos científicos. Basicamente, revistas, journals e livros são os periódicos científicos que a CAPES considera como veículos de divulgação da produção acadêmica. A mensuração da qualidade dessa produção é realizada, conforme a CAPES (2014b), de maneira indireta.

O processo de estratificação do Qualis foi concebido para atender ao sistema de avaliação dos programas de pós-graduação e é baseado nas informações fornecidas por meio do aplicativo online Coleta de Dados. Como resultado é gerada uma lista com a classificação (uma espécie de pontuação) dos veículos utilizados pelos programas de pós- graduação para a divulgação da sua produção (CAPES, 2014b).

Um periódico pode ser reclassificado e assim seu Qualis é alterado. Essa mudança de categoria deve ocorrer no primeiro ano de cada triênio de avaliação, exceto nos casos considerados imprescindíveis como os de correção ou ajuste na classificação.

As pontuações serão geradas após o preenchimento da Plataforma Sucupira, pelos programas de pós-graduação. Segundo a CAPES (2015), o Coleta da Plataforma Sucupira reproduz basicamente os mesmos campos de informação solicitados no aplicativo anterior “Coleta de Dados”. A mudança essencial é que a inserção de informações pelos programas de pós-graduação (PPGs) passa a ser contínua e online, ou seja, os dados poderão ser alimentados na Plataforma a qualquer momento, assim que alguma situação é concretizada (por exemplo, titulação de um aluno ou o cadastramento de uma produção intelectual).

Segundo Sguissardi (2006, p. 60), o Sucupira segue muito de perto os moldes das universidades norte-americanas.

A maior parte do secretariado de pós-graduação reclama do preenchimento do Coleta de Dados na Plataforma Sucupira, que na verdade deveria ser feito pelo coordenador do programa de pós-graduação, por meio de senha personalizável.

As informações inseridas no Coleta de Dados na Plataforma Sucupira são tratadas permitindo a emissão dos Cadernos de Indicadores, anteriormente denominados Caderno de Avaliação (CAPES, 2008).

Segundo a CAPES (2010a), os Cadernos de Indicadores são os relatórios gerados após o processo de avaliação dos programas de pós-graduação. Os Cadernos trazem resultados qualitativos dos programas avaliados com base nos 11 relatórios a seguir.

44 Tabela 2 - Documentos avaliados pela CAPES no Caderno de Indicadores

Caderno de Indicadores: Dados qualitativos

PT - Produção Técnica TE - Teses e Dissertações PB - Produção Bibliográfica DI - Disciplinas PA - Produção Artística CD - Corpo Docente, Vínculo Formação PO - Proposta do Programa LP - Linhas de Pesquisa PP - Projetos de Pesquisa DP - Docente Produção DA - Docente Atuação Fonte: CAPES, 2010

O Caderno de Indicadores poderá trazer a qualificação de determinada produção, sem que o veículo, obrigatoriamente, esteja na lista do Qualis. O aplicativo que classifica e permite a consulta ao Qualis das áreas, bem como a divulgação dos critérios utilizados para a classificação de periódicos é o WebQualis.

É importante elencar os critérios utilizados para estratificação dos periódicos, até porque estes critérios foram questionados nas entrevistas realizadas com o intuito de verificar se os professores os conheciam.

Segundo a ANPAD (2010), os critérios e requisitos mínimos utilizados para avaliação e classificação da estratificação dos periódicos são os seguintes:

1. Ter registro no ISSN (International Standard Serial Number – Número Internacional Padronizado para Publicações Seriadas).

2. Informar, no site e nas edições impressas (quando houver), os dados das organizações responsáveis pela publicação.

3. Apresentar, na página de internet do periódico, a missão do periódico, incluindo seu foco temático e sua preocupação com a qualidade, e mencionando explicitamente a adoção de avaliação por pares na forma de blind review.

4. Informar os nomes completos e as respectivas afiliações institucionais do editor, também denominado editor-geral ou editor-chefe, dos editores associados sempre que houver, e de todos os integrantes do Comitê de Política Editorial e do Corpo Editorial Científico.

5. Publicar, anualmente, no sítio eletrônico, e no último número de cada volume (para periódicos impressos), a lista daqueles que atuaram como revisores do periódico no ano, todavia, sem estabelecer uma ligação entre revisores e os manuscritos revistos.

45 6. Disponibilizar permanentemente, no sítio eletrônico, as normas de submissão, com menção explícita aos idiomas de submissão e publicação oficiais do periódico, e a política editorial, incluindo a descrição dos procedimentos de tramitação e arbitragem.

7. Publicar, no mínimo, duas edições por ano, contendo artigos de caráter acadêmico-científico, inéditos e significativos para a área específica do periódico.

8. Apresentar, no início de cada artigo: título, resumo e palavras-chave – no(s) idioma(s) em que foi escrito o texto e em inglês – e os nomes dos autores, com a respectiva afiliação institucional.

9. Fornecer o endereço físico ou eletrônico de, pelo menos, um dos autores.

Segundo a CAPES (2014b), há classificação para artigos, livros e a área de Artes/Música, explicitados a seguir. Antes, julgou-se necessário terminar esta seção com a posição de um professor da Engenharia Civil que respondeu ao questionário aplicado: “Não acredito nos critérios da CAPES, principalmente o Qualis”.

Independentemente da credibilidade dos critérios, eles são essencialmente formais, não se podendo com qualquer deles mensurar a qualidade de uma publicação. A expressão Qualis não encontra amparo nos critérios informados.

a) Revistas e Journals

Segundo a UFF (S/D), os periódicos (ou veículos utilizados para a divulgação da produção intelectual dos programas de pós-graduação stricto sensu) são classificados por área de avaliação, a partir do parecer das respectivas comissões de área, no âmbito de circulação (local, nacional ou internacional) e quanto à qualidade (A, B, C). A CAPES (2014b) explica que conforme deliberação do Conselho Técnico Científico – CTC, em 16 e 17 de abril de 2008, no Brasil, a classificação dos periódicos das áreas passou a ser composta de oito estratos – denominados Qualis. São eles: A1 e A2 (considerados os níveis mais elevados, de excelência internacional), B1 e B2 (excelência nacional), B3, B4 e B5 (relevância média) e C – baixa relevância, com peso igual a zero (UFF, S/D).

Um mesmo veículo pode ter, para diferentes áreas, diferentes classificações. O princípio utilizado é o de relevância para cada área, que “expressa o valor atribuído, em cada área, à pertinência do conteúdo veiculado” (CAPES, 2014b).

As áreas podem classificar revistas típicas de outras áreas, para fins de avaliação da produção (isto gera os chamados Cadernos de Avaliação), mas não precisam indicá-las para publicação do Qualis da sua área. Contudo, deve-se indicar a publicação de todos os

46 periódicos considerados como típicos da sua área para manter uma informação clara aos interessados.

Desta maneira, uma revista da área de Educação, classificada e publicada como “A1” na sua própria área, não será publicada como “C”, no Qualis da área de Química ou Física. Ou seja, para fins de pontuação da produção na avaliação do SNPG, a área de Química ou Física deve classificar a revista de Educação conforme os seus critérios, mas ela não integrará sua Tabela de Referência a ser publicada, pois não a considera um periódico de área afim. Já no Caderno de Avaliação, o programa ou o pesquisador da área de Química ou Física poderá identificar a qualificação da sua produção publicada na revista de Educação, sem que o periódico, obrigatoriamente, passe a figurar nos respectivos Qualis das suas áreas.

Em tempo, a Tabela de Referência lista os periódicos indicados pelos Coordenadores de áreas classificados para divulgação no sítio da CAPES. Não confundi-la com o Caderno de Avaliação, atualmente denominado Caderno de Indicadores, que contém os relatórios utilizados no processo de avaliação dos programas. Nestes relatórios constam as informações preenchidas anualmente pelos programas de pós-graduação e enviadas a CAPES por meio do programa anteriormente denominado “Coleta de Dados”– Coleta CAPES (CAPES, 2008), atual Plataforma Sucupira.

b) Roteiro para Classificação de Livros

O Conselho Técnico-Científico da Educação Superior (CTC-ES, 2009) aprovou o Roteiro para Classificação de Livros em 2009, que se iniciou com a avaliação trienal de 2010. Isto porque a CAPES considerou que em várias áreas do conhecimento, os livros constituíam a principal modalidade de veiculação de produção artística, tecnológica e científica. Segundo o roteiro, o propósito era estabelecer critérios comuns para qualificar a produção intelectual de livros e torná-los mais uniformes entre as áreas. Ainda segundo a fundação, não existe no mundo exemplos de classificação de livros na pós-graduação.

O roteiro informa que considera livro publicações que possuam ISSN e contenham, no mínimo, 50 páginas. E que considerará três quesitos na avaliação: relevância temática, inovação e potencial de impacto.

A estratificação dos livros se dá nos níveis L1 a L4 (ou NC – não classificado). O roteiro traz ainda normas como: os capítulos são considerados tendo por referência o livro em que foram publicados; a soma de capítulos não poderá ultrapassar a pontuação de uma

47 obra integral; e um mesmo autor apenas poderá pontuar dois capítulos por livro.

Os livros devem ser informados na Plataforma Sucupira e, a CAPES verificando que realmente se tratam de livros segundo seus requisitos (caso a CAPES não reconheça o documento como livro, o mesmo recebe a classificação NC), os mesmos serão avaliados conforme os critérios já descritos (DAV/CAPES, 2015).

Entre os docentes consultados, poderá ser confirmado mais adiante que o meio acadêmico não tem visto com apreço a criação do Qualis livro. De acordo com um entrevistado, o Qualis livro é algo completamente insensato (EMA3, 2015).

c) Qualis Artístico

A CAPES (2014b) definiu ainda um qualis para a área de Artes/Música considerando a produção artística do programa, também por meio da Plataforma Sucupira. Partindo do princípio de que o eixo da avaliação é a produção dos programas, a CAPES avalia o conjunto da produção artística reconhecido pela Área do programa a partir de sua repercussão e abrangência, considerando que mais importa uma temporada que uma apresentação única; uma exposição que uma obra particular, “já que o agrupamento das produções permite uma visão panorâmica e otimizada das mesmas – devendo ser enfatizadas as produções, cujo impacto se faz sentir no contexto das temporadas, turnês e exposições” (IBIDEM).

Segundo a fundação, dois aspectos norteiam a avaliação: a) o impacto da obra, sua repercussão e abrangência (onde foi apresentada, se foi premiada, se foi selecionada por júri qualificado, se é uma obra única ou parte de uma série, etc.);

b) grau de vinculação com linha de pesquisa ou projeto de pesquisa do autor. Em relação a pontuação, a CAPES advoga um equilíbrio entre produção bibliográfica e produção artística. Neste sentido, o processo de avaliação classificou a produção artística de modo a equipará-la à produção bibliográfica.