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Brasil possui uma área de 8,5 milhões de km2, ocupando quase a metade da América do Sul. Essa área possui várias zonas climáticas que incluem o trópico úmido no norte, o semi-árido no nordeste e áreas temperadas no sul. As diferenças climáticas contribuem para as diferenças ecológicas formando zonas biogeográficas distintas, chamadas biomas. A maior floresta tropical úmida (Floresta Amazônica) e a maior planície inundável (Pantanal) do mundo se encontram nesses biomas. Isso sem falar do cerrado (savanas e bosques), da Caatinga (florestas semi-áridas) e da Mata Atlântica (floresta tropical pluvial).

O país também possui uma costa marinha de 3,5 milhões km2 com uma variedade de ecossistemas que incluem recifes de corais, dunas, manguezais, lagoas, estuários e pântanos. A variedade de biomas reflete a riqueza da flora e fauna brasileiras, tornando-as as mais diversas do mundo. Muitas das espécies brasileiras são exclusivas no mundo (e são chamadas de endêmicas), sendo que o país sozinho tem pelo menos 10% das espécies conhecidas de mamíferos e anfíbios e 17% das espécies de aves descritas em todo o planeta. Diversas espécies de importância econômica mundial são originárias do Brasil, como por exemplo: abacaxi, amendoim, castanha do Pará, a mandioca, o maracujá, o caju, a seringueira e a carnaúba.

Em anos recentes, a intervenção humana em habitats que eram estáveis aumentou significativamente, gerando perda de biodiversidade. Biomas estão

sendo ocupados, em diferentes escalas e a degradação dos mesmos chega velozmente.

Áreas muito extensas de vegetação nativa foram devastadas no Cerrado, na Caatinga e na Mata Atlântica (desde o descobrimento do Brasil, em 1500), ficando reduzida a apenas 5% de sua área original.

Os principais processos responsáveis da perda da biodiversidade são:

 Perda e fragmentação dos habitats

 Introdução de espécies e doenças exóticas

 Exploração excessiva de espécies de plantas e animais

 Uso de híbridos e monoculturas na agroindústria e nos programas de reflorestamento.

 Contaminação do solo, água e atmosfera por poluentes.

 Mudanças climáticas

 Queimadas

 Avanço das fronteiras agrícolas

 Biopirataria

A extinção ameaça 13% dos peixes, 11% dos mamíferos, 10% dos anfíbios, 8% dos répteis, e 4% das aves, As florestas tropicais perderam 10% de sua área, na década de 90.

As inter-relações das causas de perda de biodiversidade com a mudança do clima e o funcionamento dos ecossistemas apenas começam a ser vislumbradas.

O Princípio da Precaução, aprovado na Declaração do Rio aprovado na Declaração do Rio durante a Conferência das nações Unidas sobre meio

Ambiente e desenvolvimento (Rio-92) estabelece que devemos agir imediatamente e de forma preventiva, em vez de se esperar a confirmação das previsões sobre extinção das espécies para então se tomar medidas corretivas, em geral caras e ineficazes.

Há diferenças essenciais entre a natureza das responsabilidades e dos interesses entre nações provedoras de diversidade biológica, como o Brasil, e os países consumidores desses recursos para o seu desenvolvimento biotecnológico.

Estes últimos se preocupam com a extinção da biodiversidade, mas tem propostas guiadas por interesses econômicos. Já os países provedores querem o retorno econômico da utilização de seu patrimônio, para melhorar a qualidade de vida de sua população.

Estudos recentes estimam entre 16 e 54 trilhões de dólares o valor anual dos serviços ambientais proporcionados por 16 tipos de ecossistemas do planeta.

Levando-se em conta que o Brasil detém entre 10 a 20% da biodiversidade planetária e 12,7% dos deflúvios dos rios do mundo, além de 3,5 milhões de quilômetros quadrados de águas costeiras, não seria arriscado afirmar que o valor estimado da biodiversidade e dos serviços dos ecossistemas situa-se na casa dos trilhões de dólares anuais, algumas vezes o valor do PIB nacional.

Mais rico entre os países de megadiversidade, o Brasil conta com pelo menos 20% do total de espécies do planeta. Tem a flora mais diversificada.

Também tem 17% das aves do planeta. Mais de 524 espécies de mamíferos, entre os quais 77 primatas (27% do total mundial), mais de 103 das aves que estão ameaçadas de extinção.

Os estudos demonstraram que o Brasil abriga:

TABELA 1

A DIVERSIDADE BIOLÓGICA DO BRASIL 45.000 espécies de plantas

superiores

22% do total mundial

524 mamíferos 27% do total mundial

517 anfíbios 294 endêmicos

1677 aves 191 endêmicas

498 répteis 172 endêmicas

- 3.000 espécies de peixe de água doce - cerca de 1.000.000 milhão de insetos.

Fonte: IBAMA,

Mas, em 3 de abril de 1992, através da Portaria n. 37-N, o IBAMA publicou a Lista oficial de Espécies da Flora Brasileira Ameaçada de Extinção, contendo 107 espécies, entre as mais conhecidas, estão o gravatá, o pau-de-rosa, a.aroeira-do-sertão, a castanheira, a sucupira, o jequitibá, o pau-brasil, várias espécies de bromélias, a araucária, a helicônia, a lelia-verde, a canela-preta, a dracena-da-praia, o jaborandi, o anjelim-rajado, a baraúna, o mogno e a imperatriz-do-brasil.

(BRASIL, 1992)

Em 1995, a estimativa de espécies ameaçadas de plantas no planeta, era de 26.106, além de 533 mamíferos, 562 pássaros, 257 répteis, 133 anfíbios, 934 peixes, 2647 invertebrados. (GLOBAL BIODIVERSITY ASSESSMENT, 1995).

Em 27 de maio de 2003, o Ministério do Meio Ambiente, publicou a Lista das Eespécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção, contendo:

• Vertebrados: 5 (ex: tatu-bola, tamanduá, tatu-canastra);

• Chiroptera: 5 (ex: morcego);

• Primates: 27 (ex: mico-leão-dourado,bugio,sagüi,coatá);

• Carnívora: 2 (ex: lobo-guará e cachorro-vinagre);

• Felidade: 7 (ex: puma, jaguatirica,onça pintada);

• Mustelidae: 1 (ex: ariranha);

• Cetácea: 7 (ex: peixe-boi,,baleia-azul,boto-amarelo);

• Artiodactyla: 2 (ex. cervo-do-pantanal, veado-bororó-do-sul);

• Rodentia: 11 (ex. rato-do-cacau, ouriço-preto);

• Aves: 162 (ex: jaó, codorna, carapé, albatroz-real,pretinha,fura-buxo, tesourão-pequeno,arara-azul, gavião cinza,águia-cinzenta, mutum, jacu-de-barriga-vermelha, uru, jacamim, sana-cinza, rolinha-do-planalto,papagaio, pica-pau,cuspidor-do-nordeste, araponga-de-barbela,arapaçu, tico-tico-do-campo,anumará, cardeal amarelo,pintassilgo,pixoxó, João-do-araguaia,João-baiano);

• Reptilia: 14 (ex: jararaca, cobra-de-vidro);

• Testudines: 6 (ex: cágado, aruanã,tartaruga-oliva);

• Amphibia: 16 (ex: rãzinha, perereca-verde,sapinho);

• Invertebrados: 21 (ex: aranha-armadeira, escorpião);

• Insecta: 113 (ex: libélula, besouro,abelha, saúva).

A questão da perda de biodiversidade, não deve levar a pessimismos, ou previsões catastróficas. É preciso, isto sim, organizar-se de maneira a conservar o patrimônio biótico, de tanta importância que a água e o ar.

Para, isso, a sociedade deve ser plenamente informada do estado e da evolução da diversidade biológica e das conseqüências inerentes a certas escolhas econômicas e sociais.

É preciso que a humanidade faça as pazes com a natureza, através de uma educação ambiental aplicada desde cedo, além de políticas nacionais e internacionais que realmente sejam concretizadas.

Aquilo que foi destruído, não volta, mas não teremos desculpa para não cuidar do que existe hoje no planeta.

No Brasil, nossa responsabilidade é ainda muito maior, pois somos um país megadiverso, com uma população jovem, e um caminho de desenvolvimento que tem que ser claro, nas suas diretrizes ambientais, mas principalmente, formar-mos mais e mais técnicos e cientistas, que abracem a questão ambiental, como sendo prioritária para a manutenção da biodiversidade para as gerações futuras, de tal forma, que em pouco tempo, serviremos de exemplo as demais Nações, como o país que mais investe em pesquisa, tecnologia e controle do seu maior patrimônio:

a Natureza Brasileira.

3 A PROTEÇÃO DA BIODIVERSIDADE NO BRASIL

José Maria Junior As discussões globais em torno da diversidade biológica e sua importância para o futuro da vida no Planeta são recentíssimas, tendo sido desenvolvidas a partir dos debates em torno dos limites físicos e ambientais da Terra, em face dos crescentes índices de pressão demográfica e produção econômica.

Nesse contexto de crise, decorrente dos impactos das atividades humanas sobre recursos naturais, situações como os níveis crescentes de deterioração da qualidade ambiental pelo aumento da poluição, a constatação do desaparecimento maciço e veloz de meios naturais (com a quebra do equilíbrio dinâmico dos seus ecossistemas), além dos prováveis efeitos sobre os fenômenos reguladores da biosfera, determinaram a preocupação dos organismos ambientais, científicos e

governamentais pelo tema da diversidade biológica, levando á promoção de ações consistentes para a compreensão da sua dimensão e importância local e global.

Dada a atualidade e importância do tema é pertinente o estabelecimento dos marcos teóricos e jurídicos que determinaram o amplo tratamento hoje dedicado ao tema da biodiversidade no plano internacional e seus reflexos no Brasil, que superando a tradicional proteção fragmentária de recursos ambientais evolui para uma proteção mais abrangente e sistêmica, internalizando, através da inserção de disposições legais conservacionistas e preservacionistas os compromissos da nação com as presentes e futuras gerações de brasileiros.