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Recursos naturais, bem de todos

A biosfera é formada pelas camadas da Terra e do ar atmosférico em que é possível haver vida vegetal e animal. 0 equilíbrio das condições dentro desse espaço é necessário para a existência biológica em nosso planeta, em toda a sua diversidade. Os recursos da natureza, dos quais depende direta ou indiretamente a vida das populações, são bens coletivos, isto é, pelo menos em tese não podem ser apropriados por um indivíduo ou um grupo de pessoas.

O bem coletivo é algo que todo mundo - mas todo mundo mesmo - pode usar. Assim, como ninguém pode viver sem esse bem, ele também não deve ser destruído.

Qualquer bem coletivo é indivisível. Isso significa que seu uso não pode ser limitado, que seu consumo por parte de alguns não pode reduzir ou impedir que os outros usem esse mesmo bem. Ele tem de estar disponível para todos.

Quando as madeireiras cortam os castanhais que naturalmente cresceram nas Florestas Amazônicas para vender madeira de lei, elas estão destruindo as condições de sobrevivência de vários seres vivos da fauna e da flora local. Mas elas estão limitando também as condições de sobrevivência das pessoas que tiram seu sustento da coleta de castanhas.

Não pode haver rivalidade no consumo de um bem coletivo. Ou seja, se aumentar O número de pessoas no mundo, isso não quer dizer que vai haver menos ar, por exemplo.

Outra característica do bem coletivo é que ninguém pode ser impedido de ter acesso a ele. Quando um fazendeiro nordestino proíbe que as populações vizinhas à sua terra passem pela propriedade para chegar até um rio, ele está impedindo que essas populações tenham acesso a um recurso natural que é um bem coletivo: a água.

É verdade que O acesso aos bens coletivos pode estar sujeito à cobrança de taxas, como é O caso da água nas cidades. Mas a taxa paga pelo uso da água destina-se à manutenção e ampliação dos serviços de captação, tratamento e fornecimento de água para todos que precisam usufruir desses serviços.

Todo bem coletivo, portanto, é por princípio indivisível, não exclusivo e não sujeito à rivalidade. Mas não é bem isso que acontece, porque embora ar, água e todos os recursos naturais sejam de consumo coletivo, os usos que são feitos desses elementos dependem das relações entre as pessoas dentro de uma determinada sociedade.

A terra talvez tenha sido um dos primeiros recursos naturais cujo acesso foi limitado. Depois que passou a ser objeto de uso privado, ou seja, depois que a terra passou a ser objeto de apropriação individual, seu uso tornou-se exclusivo do proprietário. Mas outros recursos, embora não sejam privadamente apropriados, podem ter seu consumo regulado por interesses que muitas vezes vão contra a idéia de bem coletivo.

Projeto Meio Ambiente e Cidadania. Conflitos ambientais no Brasil: natureza

para todos ou somente para alguns? Rio de Janeiro: Ibase, 1997, p. 11-12.

Parâmetros em Ação: Meio Ambiente na Escola - 5ª a 8ª série I Guia do Formador - Modulo 3 - Ser humano, sociedade e natureza I

PARA A ATIVIDADE 4

1. Introdução: características socioambientais da região em estudo

• Características ambientais; breve histórico do processo de povoamento; configuração do "espaço social"; atividades econômicas principais; processo do avanço do capital na região; identificação de tensões/conflitos sociais etc.

• Identificação de macroproblemáticas ambientais na região; enunciação dos diferentes campos de tensão; enfrentamento e resistência entre projetos e/ou forças sociais em disputa.

2. Mapeamento dos conflitos socioambientais 2.1. Atores

• Mapeamento dos sujeitos coletivos envolvidos nos conflitos socioambientais. Nível de organização (sem existência de organização relativamente estável, organização preexistente ao conflito, organização decorrente do conflito). Tipo de organização (sindical, associação vicinal, ONGs etc).

• Outro(s) sujeito(s) envolvido(s).

2.2. Localização do conflito

• Continuidade ou descontinuidade locacional entre O objeto do conflito e as manifestações desse mesmo conflito (foco do conflito, localização, difusão).

2.3. Identidades coletivas

• Há vários processos que podem ser detectados na análise dos processos de construção de identidades coletivas. A título de exemplo, podemos mencionar os grupos que se autodefinem e organizam suas práticas sociais conforme O papel atribuído ao(s) elemento(s) da natureza (pescadores, seringueiros, quebradeiras de coco etc). Outros O fazem tendo como referência algum ecossistema (povos da floresta, ribeirinhos). Ainda encontramos aqueles grupos que se definem a partir dos efeitos de uma intervenção do Estado (atingidos por barragens, movimento de sobrevivência na Transamazônica etc).

2.4. Configuração dos conflitos

• Identificar os diferentes modos de apropriação social dos elementos da natureza em disputa e as relações sociais que eles subentendem. Elementos da natureza apropriados como mercadorias ou como elementos de uso comum.

• Observar duas gêneses possíveis nos conflitos ambientais: conflitos decorrentes de ações de transformação/degradação do meio ambiente; e conflitos associados a ações de preservação ambiental, como naqueles casos de enfrentamentos em torno de áreas de preservação.

• Formas e resultados do conflito. Identificação das formas de ação e confronto (diretas, judiciais, lobby, alianças etc).

• Caracterizar os diferentes discursos presentes no conflito. Observar se os sujeitos percebem e definem sua luta como "ambiental" ou não. • Definir O quadro legal onde se passa O conflito:

- ausência de legislação ambiental;

Parâmetros em Ação: Meio Ambiente na Escola - 5ª a 8ª série Guia do Formador - Módulo 3 - Ser humano, sociedade e natureza

- inobservância da legislação, seja através do questionamento da lei ou ausência de sua aplicação etc.

• Verificar a relação entre os atores em conflito e O Estado. Caracterizar O papel do Estado na configuração dos conflitos: geração, mediação, neutralização, repressão etc.

Isabel Carvalho, Gabriela Scotto (org.).

Conflitos socioambientais no Brasil, v. 1. Rio de Janeiro: Ibase, 1995.

(Projeto Meio Ambiente e Democracia)

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