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(43) A Comissão analisou a probabilidade de reincidência do dumping caso as medidas viessem a caducar. Mais especificamente, analisou os seguintes elementos: a relação entre os preços do produto produzido e vendido na União e nos EUA, a relação entre os preços de exportação para países terceiros e os preços nos EUA, a relação entre os preços de exportação para países terceiros e o nível de preços na União, as capacidades não utilizadas nos EUA e práticas de evasão e de absorção.

3.3.1. Comparação entre os preços do produto produzido e vendido na União e nos EUA.

(44) Os serviços da Comissão recorreram a duas fontes de informação para determinar o preço de venda do biodiesel no mercado interno dos EUA durante o PIR: i) informações prestadas pelo Ministério da Agricultura dos EUA (USDA) e ii) informações incluídas no pedido de reexame da caducidade.

(45) Relativamente ao PIR, a informação facultada pelo USDA revelou um preço de venda no mercado interno de 909,05 USD por tonelada à saída da fábrica. A uma taxa de câmbio média entre o euro e o dólar durante o PIR (1 euro = 1,105 USD), este montante corresponde a um preço de venda no mercado interno dos EUA de 822,31 euros por tonelada. Este valor está próximo da informação incluída no pedido de reexame da caducidade, que mencionava um preço de venda no mercado interno de 918,06 USD (820 euros) por tonelada. A Comissão decidiu que era adequado considerar o preço no mercado interno dos EUA como determinado em 822,31 euros para efeitos da análise da reincidência.

(46) Tal como indicado no quadro 1, o preço médio à saída da fábrica do biodiesel vendido na União por produtores da União durante o PIR foi de 771 euros por tonelada.

(47) Para reentrar no mercado da União, os produtores dos EUA teriam de vender a um preço próximo ou inferior a 771 euros por tonelada. O seu preço final devia também cobrir os custos de frete marítimo e de seguro, bem como o direito aduaneiro em vigor (6,5%) aplicável ao biodiesel. Segundo os dados obtidos durante o inquérito, esse preço ascenderia a cerca de 92 euros por tonelada. Para estabelecer este montante, a Comissão utilizou a) os custos do transporte e frete, tal como o requerente o calculou e b) os direitos aduaneiros (6,5%) aplicáveis ao preço de importação do biodiesel proveniente dos EUA, calculado pela Comissão após consulta de informações de acesso público, como o Atlas do Comércio Global («GTA»), e arredondou-o para 106 euros de modo a cobrir também algumas despesas pós-importação adicionais.

(48) Por conseguinte, se os produtores dos EUA retomassem as exportações para a União a preços concorrenciais, teriam muito provavelmente de o fazer a um preço à saída da fábrica inferior a 665 euros por tonelada, que seria um preço inferior ao preço de venda no mercado interno dos EUA, ou seja, um preço de dumping.

3.3.2. Comparação entre os preços de exportação para países terceiros e os preços nos EUA

(49) A Comissão analisou ainda o padrão de preços das exportações de biodiesel dos EUA para países terceiros no PIR. (50) Consultou informações de acesso público, como o Atlas do Comércio Global («GTA»), e extraiu os volumes e os

valores das exportações de biodiesel com o código SH 3826 00 referentes ao PIR. Os volumes exportados (em toneladas) para todos os países (incluindo a UE) ascendem a 389 075 toneladas, das quais 14 foram exportadas para a União.

(51) O quadro seguinte compara os preços de venda médios em dólares americanos por tonelada, devidamente ajustados ao nível do estádio à saída da fábrica (deduzindo 82,52 USD por tonelada para ter em conta os custos do transporte interno, como indicado no pedido de reexame da caducidade) com os preços médios no mercado interno dos EUA referentes aos seis países (fora da UE) para os quais os EUA exportaram mais de 0,1% do total das suas exportações durante o PIR.

Quadro 1

Volumes e preços de exportação dos EUA durante o PIR

Países de destino Volumes exportados (em toneladas) Percentagem de exportações para todos os países Preço médio à saída da fábrica (USD) por tonelada Preço médio à saída da fábrica (euros) por tonelada

Preço médio à saída da fábrica no mercado interno dos EUA (euros por

tonelada) (ver considerando 45) Canadá 354 442 91,1 805,33 728,48 822,31 China 12 363 3,2 316,49 286,29 822,31 Noruega 3 500 0,9 862,48 780,18 822,31 Peru 2 144 0,6 591,72 535,26 822,31 México 1 204 0,3 661,23 598,13 822,31 Coreia do Sul 475 0,1 363,15 328,49 822,31 Fonte: GTA.

(52) O quadro indica que, em relação aos seis países exportadores, os produtores dos EUA vendem a preços inferiores aos seus preços de venda no mercado interno (entre 5% e 65%). Além disso, verifica-se uma grande variação dos preços de exportação entre os vários países para os quais os EUA mais exportaram durante o PIR.

(53) Por último, o quadro mostra que os preços médios de exportação mais elevados são os preços para países como o Canadá e a Noruega, aos quais os EUA vendem 92% das suas exportações totais. O pedido de reexame da caducidade refere, a este respeito, que ... o biodiesel mais caro exportado para o Canadá é produzido a partir de tipos específicos de matérias-primas com mais resistência a temperaturas frias, como a colza, ou pode também ser HVO, que tem excelentes propriedades a frio.... Consequentemente, os preços médios de exportação mais elevados para os dois países em causa justificam-se pelo facto de a matéria-prima (por exemplo, a colza) ter um custo superior.

3.3.3. Comparação entre os preços de exportação para países terceiros e o nível de preços da indústria da União

(54) O mercado da UE é um mercado atrativo para as exportações de biodiesel dos EUA. Utilizando a base de dados do GTA referida no considerando 49, calculou-se subsequentemente um único preço médio de exportação para todos os destinos, no PIR, (ver considerando 55), tendo em conta os seguintes elementos:

— Devido à grande variação dos preços de exportação dos EUA (como indicado no quadro constante do considerando 51), a Comissão excluiu deste cálculo todos os países que representam, para os EUA, menos de 0,1% do respetivo volume total de vendas de exportação durante o PIR. Como indicado no quadro do considerando 51, seis países (com exceção da UE) representam mais de 0,1% dos volumes totais de exportação dos EUA.

— O quadro mostra igualmente que os preços médios de exportação mais elevados são os preços para países como o Canadá e a Noruega, aos quais os EUA vendem 92% das suas exportações totais. Como se explicou no considerando 53, os preços de exportação mais elevados devem-se ao preço de custo mais elevado da matéria--prima (como a colza).

— As exportações de biodiesel para a UE consistem sobretudo numa combinação de diferentes tipos de biodiesel devido à diversidade climática na UE, pelo que o biodiesel a utilizar nas exportações destinadas à Europa do Norte será principalmente aquele que tem uma melhor resistência às temperaturas frias.

— Por conseguinte, calcular um único preço médio de exportação para efeitos da presente avaliação garante uma representação correta do preço médio que seria observado no mercado da União e evita atribuir uma importância desproporcionada às exportações para o Canadá e a Noruega, tendo em conta a mistura de tipos de biodiesel que provavelmente seriam exportados para a União, onde as condições climáticas variam consideravelmente de Estado-Membro para Estado-Membro.

(55) Tendo em conta todos os elementos supramencionados, a Comissão calculou um preço médio de exportação de 682 USD por tonelada (617 euros). Este preço médio de exportação de 617 euros é um preço FOB, ao qual é necessário adicionar os custos de frete marítimo e de seguro para se obter um preço CIF. Estes custos foram estimados em cerca de 52 USD por tonelada (47 euros) no pedido de reexame da caducidade.

(56) A Comissão considera que o montante de 47 euros por tonelada constitui uma indicação razoável dos custos adicionais de frete marítimo e de seguro para outros destinos. Estabeleceu-se assim em 617 euros (FOB) o preço médio de exportação dos EUA para países terceiros que, mesmo adicionando os custos de frete marítimo e de seguro e o direito aduaneiro em vigor sobre as exportações dos EUA para a UE (6,5%) (arredondado para 104 euros por tonelada para cobrir também algumas despesas pós-importação adicionais) (no total cerca de 721 euros), seria muito inferior ao preço à saída da fábrica da indústria da União (771 euros por tonelada).

(57) É, pois, evidente que os produtores-exportadores dos EUA poderiam vender a um preço inferior a 771 euros por tonelada para penetrar no mercado da União, o que constituiria um incentivo para reorientarem uma parte das atuais exportações destinadas a países terceiros para o mercado da União, cujos preços são mais atrativos do que os praticados nos mercados de alguns países terceiros.

3.3.4. Capacidades não utilizadas

(58) Devido à ausência de colaboração dos produtores dos EUA, a Comissão estabeleceu a capacidade de produção dos EUA com base nas informações disponíveis nos sítios Web da US Energy Information Administration (EIA).

(59) Os produtores de biodiesel dos EUA têm de comunicar a esta entidade (anual e mensalmente) a sua capacidade de produção existente e planeada, bem como a respetiva produção, input, existências e vendas de biodiesel.

Com base nos dados recolhidos junto da EIA, a capacidade dos produtores de biodiesel dos EUA durante o PIR foi de 8 412 000 toneladas.

(60) A produção efetiva de biodiesel nos EUA durante o PIR foi de 5 718 000 toneladas (dados da EIA), o que corresponde a uma utilização da capacidade de 68% e a uma capacidade não utilizada de 32%, ou seja, cerca de 2 694 000 toneladas. Esta considerável capacidade não utilizada dos produtores dos EUA constitui um incentivo para aumentar a produção e vender biodiesel a preços de dumping no mercado da União, pelo que é provável que venha a ser utilizada para abastecer o mercado da União, se as medidas vierem a caducar. Com efeito, os produtores dos EUA podem facilmente aumentar a sua produção e exportá-la para a UE com a vantagem económica do aumento da taxa de utilização da capacidade e da redução do custo unitário da produção. A introdução da capacidade não utilizada dos EUA no mercado da União teria repercussões consideráveis, dado representar perto de 18% do consumo da União no PIR.

(61) Note-se ainda que, no PIR, a produção de biodiesel dos EUA (5 718 000 toneladas) foi inferior ao consumo (5 934 000 toneladas). Por conseguinte, os EUA importavam mais biodiesel do que exportavam. Durante o PIR, as importações ascenderam, no total, a 629 000 toneladas e as exportações a 428 000 toneladas, no total. No entanto, se a capacidade de produção disponível não foi utilizada para satisfazer a procura interna durante o período considerado, não é provável que essa capacidade de produção disponível venha a ser utilizada no futuro para o mesmo fim. A capacidade de produção dos EUA comunicada no PIR (8 412 000 toneladas, ver o considerando anterior) foi bastante superior ao consumo interno, o que significa que, se se criarem oportunidades no mercado de exportação, é provável que os produtores dos EUA orientem a sua capacidade não utilizada para as vendas de exportação e não para o consumo interno.

(62) Não é provável que a capacidade não utilizada servisse para aumentar as exportações para países terceiros que não a UE. Os grandes mercados de países terceiros (Brasil, Indonésia, Argentina, China, Tailândia) são autossuficientes em termos de produção interna de biodiesel e, até à data, os EUA não exportaram muito para esses países, apesar das suas capacidades não utilizadas, pelo que não há razão para crer que esta situação se venha a alterar no futuro. (63) Seria, portanto, muito provável que os produtores dos EUA utilizassem uma parte apreciável da capacidade não

utilizada para vendas adicionais à UE, que constitui um mercado muito atrativo, uma vez que é o maior do mundo com inúmeros incentivos ao consumo de biodiesel.

3.3.5. Práticas de evasão e de absorção

(64) Conforme mencionado no considerando 1, verificou-see que as medidas anti-dumping instituídas em 2009 foram objeto de evasão por meio de operações de transbordo através do Canadá e de uma alteração na composição da mistura. A existência de tais práticas revela o interesse de alguns produtores dos EUA em entrar no mercado da União, mesmo após a instituição de medidas, e, como tal, é considerada como uma indicação de que o mercado da União é atrativo para os produtores de biodiesel dos EUA.

3.3.6. Conclusão sobre a probabilidade de reincidência do dumping

(65) O mercado da União é muito atrativo por ser o maior do mundo, havendo muitos incentivos tanto a nível da União como a nível nacional para o consumo de biodiesel. Assim, seria conveniente para os produtores dos EUA usarem integralmente a sua capacidade não utilizada e desviarem para o mercado da União as vendas de exportação destinadas a outros países terceiros menos rentáveis.

(66) Atendendo ao quadro do considerando 51, a Comissão concluiu que, de um modo geral, os produtores dos EUA vendem a países terceiros a preços inferiores aos preços que cobram no mercado interno.

(67) A este respeito, tendo em conta a significativa capacidade não utilizada da indústria dos EUA, em conjugação com a atratividade do mercado da União em termos de dimensão e preços de venda, em especial no que toca ao nível de preços das exportações dos EUA para países terceiros, e à existência de anteriores práticas de evasão, a Comissão concluiu que existe a probabilidade de reincidência das importações objeto de dumping provenientes dos EUA, se as medidas em vigor vierem a caducar.

4. PREJUÍZO