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2 ANÁLISE, APROPRIAÇÃO E UTILIZAÇÃO DOS RESULTADOS: AÇÕES

2.1 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS SOBRE AVALIAÇÃO EXTERNA: SISTEMA

2.1.4 Relação entre o SADEAM e a prática docente dos professores

A escola é um espaço que sofre influência de diversos aspectos internos e externos. É um lugar de lutas e conflitos, onde todos os sujeitos assumem papéis relevantes, sendo coautores de um projeto educativo que possa ser capaz de impactar positivamente o contexto no qual está inserida. Nesse sentido, é um organismo vivo, lugar das diferenças, cujo objetivo central é propagar o conhecimento, numa relação intrínseca dos diversos saberes constituídos pelos sujeitos que nela se encontram.

Para Santos, Gimenes e Mariano (2013, p. 39), a instituição escolar:

Não é abstrata, é o cerne do sistema educativo formal, haja vista que é lugar de decisão, onde ocorre aprendizagem, em que alunos e professores se envolvem num processo organizacional com o compromisso de transmitir e construir conhecimentos, com destaques para os significados e sentidos da escola para a formação dos alunos, ou seja, o ensino e a aprendizagem constituem o objetivo central nesse movimento de constituição de sujeitos.

É certo que nos dias atuais a escola tem assumido inúmeras atribuições para além do mero papel de transmissora dos saberes, o que consiste em mudanças ideológicas e, consequentemente, numa redefinição dos objetivos da educação. A própria legislação educacional brasileira assume a concepção de que “a escola é responsável por diversas funções e a estas estão associadas também múltiplos objetivos” (SANTOS; GIMENES; MARIANO, 2013, p. 40).

Na conjuntura do organismo escola, os atores que a compõem são responsáveis em mantê-la viva e eficaz, tornando-a cada vez mais significativa, a partir das ações coletivas. Porém, neste contexto, o professor constitui o sujeito responsável por concretizar as finalidades educacionais estabelecidas nas diretrizes. Nesse sentido, a ele compete desenvolver “práticas docentes capazes de promover situações de aprendizagem em que o aluno aprenda a aprender, articulando saberes

e situações concretas” (BORGES, 2006, p. 9), tornando-o atuante, participativo nas decisões dos problemas relacionados ao meio onde está inserido.

A pratica docente, portanto, se estabelece a partir do papel social e político que desempenha na educação formal, tendo

um compromisso primeiro com a sociedade e sua responsabilidade e preparar os alunos para se tornarem cidadãos ativos e participantes na família, no trabalho, nas associações de classe, na vida cultural e prática (LIBÂNEO, 1990, p. 47).

O fazer pedagógico, nesta perspectiva, deve direcionar as ações da escola, propiciando mecanismos e possibilidades aos seus estudantes em desenvolver habilidades, capazes de gerar atitudes competentes, sendo o mediador do processo educativo, que de acordo com Altet (2006, p. 13), é:

[...] um processo interpessoal, intencional, que utiliza essencialmente a comunicação, a situação pedagógica levada a cabo pelo professor como meio de provocar, favorecer, fazer alcançar a aprendizagem de um saber ou de um saber fazer. A aprendizagem é ela própria, definida como um processo de aquisição, um processo de mudança.

Diante dos múltiplos papéis designados ao professor da contemporaneidade, há que se destacar aquele que vem se desenhando nas últimas décadas, a partir das políticas de responsabilização, que consiste na tentativa de melhorar os resultados das escolas “mediante a criação de consequência para a escola ou para professores, sejam elas materiais ou simbólicas, de acordo com o desempenho dos alunos” (BROOKE, 2008, p. 94). Essa política de responsabilização é incorporada nos princípios das avaliações em larga escala, ferramenta pela qual são estabelecidos indicadores de qualidade da educação.

A avaliação não é algo desconhecido dos professores, sempre esteve presente em suas ações pedagógicas, sendo um instrumento de coletas de informações quanto ao aprendizado dos alunos. Ou seja,

é um instrumento inseparável da prática pedagógica, por meio do qual é possível o professor acompanhar o progresso de seus alunos, analisarem o desenvolvimento do trabalho escolar, assim como seu próprio desempenho” (SANTOS; GIMENES; MARIANO, 2013, p. 40).

Contudo, há que se considerar certo distanciamento das avaliações externas, que seguem a uma normatização, com critérios estabelecidos, e são elaboradas sem a participação do professor, conforme destaca Machado (2012). A autora afirma que “a avaliação externa é todo processo avaliativo do desempenho das escolas desencadeado e operacionalizado por sujeitos alheios ao cotidiano escolar” (MACHADO, 2012, p. 71), sendo “marcado fortemente por princípios seletivos, meramente quantitativos e classificatórios” (SANTOS; GIMENES; MARIANO, 2013, p. 40). Nessa perspectiva, há certas resistências desses profissionais em assumir a responsabilidades por tais resultados.

Devido ao reconhecimento desses limites, é necessário estabelecer um elo entre os dados obtidos com as avaliações externas e os obtidos com a interna, produzidas nas próprias escolas. Dessa forma, será possível construir elementos de gestão que sejam capazes de um reordenamento das políticas públicas educacionais e que consigam impactar o fazer pedagógico do professor, que, em determinadas situações, se sente impotente diante das cobranças por melhorias nos resultados do desempenho dos alunos.

Através dos resultados obtidos nas avaliações externas, pode-se identificar até que ponto os objetivos traçados, quanto aos resultados do desempenho dos alunos, foram alcançados, cabendo à avaliação interna compreender as origens daqueles resultados. Na ótica dos profissionais, ao que parece, “avaliação entendida como significativa é a avaliação do aprendizado do aluno, que ocorre no âmbito de competência de cada professor” (SOUZA; OLIVEIRA, 2010, p. 813).

Assim, o Sistema de Avaliação do Desempenho Educacional do Amazonas tem influenciado as praticas pedagógicas docentes, haja vista que a busca por melhores resultados permeia o universo de cada instituição. Nesse contexto, as escolas traçam suas estratégias visando alcançar as metas estabelecidas pela Secretaria Estadual de Educação. Além disso, também procuram conquistar a política de bonificação “Prêmio Escola de Valor” que, a partir dos resultados aferidos em cada edição do SADEAM, premia as escolas que mais se destacarem, criando- se um ranking.