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Serviço da Instituição

4.3 RELAÇÕES HUMANAS NO TRABALHO DO AMBULATÓRIO

A terceira categoria apresenta as questões relativas ao relacionamento do trabalhador com a equipe de enfermagem e com a equipe multidisciplinar, e, ainda, como o trabalhador relata sua perspectiva quanto ao futuro.

“Neste momento, estou num sistema um pouco diferente, porque não tenho nenhuma equipe de enfermagem comigo, a não ser a enfermeira da tarde. Confesso que estou achando interessante, por tirar um pouco a responsabilidade das atividades de outras pessoas. Em relação à equipe médica, nutricionista, os professores de enfermagem , o relacionamento é bom”. Estava doida para aposentar, você sabe? Estou até com inveja de meus colegas, mas agora com o projeto do mestrado.” (Enf1)

“Com a integração com os colegas eu me sinto bem, claro que um ou outro a gente não fica satisfeito. Aqui dentro infelizmente cumpri meu tempo”. (TE2)

“Nestes três anos de serviço em ambulatório acho que me adaptei bem e eles me mostraram retorno dessa maneira”. Aguardo minha aposentadoria. (Enf3)

“Relaciono-me bem com os colegas. Não tenho problema com médico, enfermagem, há uma boa colaboração. Eu daqui a pouco estou me aposentando”. (TE4)

“O hospital é muito bom de relacionamento; em outro que eu trabalhava eu não tinha tanto amor pelo trabalho. Aguardo minha aposentadoria”. ((AE5)

“Eu gosto do meu trabalho, só que tem muito aborrecimento aqui, nem todos tem compromisso com o trabalho. Eu no momento só estou esperando aposentadoria”. (Enf7)

“Aqui cheguei, me adaptei bem com os profissionais e já conhecia alguns deles da enfermaria. Eu espero no momento melhoria”. (AE8)

“Adaptei-me bem, dificilmente tenho problema de relacionamento. Eu acho que tem de melhorar”. (TE10)

“Eu me adapto bem com as pessoas, mas essa problemática, assim, a pessoa chega, não pergunta o que está faltando, chega atrasado e não procura saber o que está faltando, se encosta”. (AE11)

“Eu confesso que pouco falo com a enfermagem no ambulatório. Fico ocupada num serviço que é a parte, eu tenho muito pouco contato, a não ser quando vou pedir um favor ou pegar material. A minha relação com o pessoal médico é muito boa e a gente compartilha informações, mas em relação aos outros profissionais eu tenho alguns problemas de relacionamento. As pessoas não fazem a sua parte e reclamam porque eu faço. Aí acabo tendo alguns problemas, principalmente com as pessoas que não vem. Eu pretendo investir na profissão”. (Enf14)

“Logo que cheguei aqu, me senti um pouco deslocada, depois eu fui conhecendo as pessoas e fui me adaptando. Quer que eu fale a verdade, [espero] a minha aposentadoria, eu estou cansada realmente”. (Enf15)

“No ambulatório eu acho muito difícil, porque nós trabalhamos isolados, não tem muito contato, no meu setor é assim, só com a colega. Aguardo aposentadoria.” (AE18)

“Temos toda interação no serviço e cooperação”. (TE19) “Bem adaptado, plenamente”. (TE20)

“Eu me relaciono bem com todos os colegas, inclusive com a chefia e com a equipe que integra o grupo da saúde. Eu tento colaborar no que posso, cada um faz a sua parte. Eu quero me aposentar”. (TE21)

“Aqui, onde trabalho, hoje em dia é bom. Em relação aos outros profissionais: com alguns, bons relacionamentos, com outros não”. (TE24)

“Eu me sinto bem com os profissionais de enfermagem daqui. Agora, o problema da adaptação é o limite que a maioria dos profissionais que trabalham aqui tem. Já houve muitas polêmicas no decorrer da vida da gente, mas eu acho chegou um momento que a gente tem de achar um ponto de equilíbrio, senão o ideal, o melhor para convivência”. (Enf25)

“Eu acho que as pessoas são muito difíceis de lidar, mas com jeito a gente consegue levar o trabalho adiante. Na área da pediatria me sinto bem. Eu espero melhora, também estou aguardando minha aposentadoria daqui alguns anos.” (AE26)

“Dou-me bem com o grupo da enfermagem. Aí, depende. Com os outros profissionais de um modo geral até me dou bem. Já tive desentendimento, até passou algum tempo e ela veio e me pediu desculpa.” (AE27)

“Em relação à equipe de enfermagem: muito bem e bem com todos. Mas como todo lugar que você tem equipe multidisciplinar você tem um que quer sobressair, puxar a brasa para sua sardinha. Conflito sempre tem: com a medicina, nutrição, serviço social. Você tem atritos profissionais, mas na média geral o ambulatório em si relaciona bem”. Eu espero aposentadoria, está faltando 3 anos.” (TE29)

“Muito boa. Gosto muito da equipe que trabalha comigo. Agradeço a Deus de trabalhar neste hospital e com esta equipe. Eu vejo que com toda dificuldade, as pessoas procuram ajudar uma a outra e progredir no trabalho. Para ser sincera eu vou aguardar aposentadoria.” (TE30)

Em um grande número de depoimentos percebe-se de antemão que os entrevistados estão bem adaptados e integrados com a equipe de enfermagem e com os demais profissionais que trabalham no ambulatório. Mas determinados discursos deixam transparecer que não existe uma perfeição plena neste relacionamento de trabalho. E por isso destacam que se sentiram deslocados quando vieram para o ambulatório. Em alguns setores as pessoas ficam mais isoladas não tendo contato com a equipe de enfermagem. Percebe-se em um relato, de uma enfermeira, que se vive um momento diferenciado, pois no seu setor, onde se faz um trabalho de grupo com consulta de enfermagem, ela não tem a responsabilidade de supervisionar outras pessoas da equipe de enfermagem, a não ser o contato com outra enfermeira da tarde. Há um depoimento de outra enfermeira citar que o maior problema de adaptação é a limitação que a maioria dos profissionais de enfermagem sofre neste setor.

Com o desenrolar das entrevistas vai-se observando algumas insatisfações com o trabalho, que acontecem no cotidiano do trabalho de equipe e nas relações de troca entre esta equipe. O trabalho em saúde é desgastante e as condições de trabalho levam ao estresse, agravados pela limitação de seus funcionários. Estas colocações são enfatizadas tanto pelos enfermeiros, como pelos técnicos e auxiliares de enfermagem.

Durante processo das entrevistas, também foi realizada uma observação das expressões não verbais dos sujeitos da pesquisa por parte do entrevistador. Foi uma experiência única e singular. Neste momento, o entrevistado se coloca com seus

anseios de trabalhador, com sua vivência e também com seus sonhos de felicidade e bem estar.

Os entrevistados mostraram-se, de um modo geral, falantes, participativos e até bastante à vontade durante a entrevista. Aqueles que no início se mostraram tímidos, com o decorrer do trabalho foram se soltando e se tranquilizando. Uns utilizaram o olhar como forma de indagação, outros o olhar parecia perder-se no infinito e até alguns olhares que se cruzavam com sorrisos irônicos ao ser formulada alguma pergunta referente à estrutura e ao descrever situações ou fatos do dia a dia do hospital. Alguns participantes quando não entendiam alguma pergunta, pediam uma pausa com a mão. Alguns profissionais se movimentavam muito com o corpo e usavam os dedos para segurar os fios de cabelo ou a caneta entre as mãos.

CAPÍTULO V