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Qualquer sociedade por ações tem muitas aplicações para os registros e relatórios padronizados de suas atividades financeiras. Os relatórios devem ser preparados periodica- mente para os reguladores, credores, proprietários e administradores. As diretrizes usadas para elaborar e manter registros e relatórios financeiros são conhecidas como princípios

contábeis geralmente aceitos (GAAP — generally accepted accounting principles). Esse

conjunto de práticas e procedimentos contábeis é autorizado pelo órgão regulador da ativi- dade contábil nos Estados Unidos, o Conselho de Padrões de Contabilidade Financeira

(FASB — Financial Accounting Standards Board).

Além disso, a Lei Sarbanes -Oxley de 2002, promulgada com a intenção de eliminar os muitos problemas de divulgação e conflitos de interesses a que estão sujeitas as sociedades por ações, estabeleceu o Conselho Supervisor da Contabilidade das Companhias Abertas

(PCAOB — Public Company Accounting Oversight Board ), uma organização sem fins

lucrativos que supervisiona os auditores de companhias abertas. O PCAOB está encarrega- do de proteger os interesses dos investidores e defender o interesse público na elaboração de relatórios de auditoria informativos, justos e independentes. O que se espera é que isso aumente a confiança dos investidores na precisão das demonstrações financeiras das com- panhias abertas.

Companhias abertas com mais de $ 5 milhões em ativos e 500 ou mais acionistas1

devem, por exigência da Securities and Exchange Commission (SEC) — o órgão regulador federal norte -americano que rege a venda e listagem de títulos — fornecer anualmente a

1 Embora a SEC não tenha uma definição oficial de companhia aberta, esses valores são usados para delimitar o ponto a partir do qual a divulgação de dados financeiros é obrigatória, mesmo que os títulos da empresa não sejam negocia- dos publicamente. As empresas que não precisam cumprir tais exigências são classificadas como de ‘capital fechado’.

Princípios contábeis geralmente aceitos

(GAAP — generally accepted

accounting principles) Diretrizes

para as práticas e procedimentos a serem adotados na elaboração e manutenção de registros e relatórios financeiros; autorizadas pelo Conselho de Padrões de Contabilidade

Financeira.

Conselho de Padrões de Contabilidade Financeira (FASB — Financial

Accounting Standards Board) O órgão

regulador da profissão de contabilista, responsável pela emissão dos princípios

contábeis geralmente aceitos.

Conselho Supervisor da Contabilidade das Companhias Abertas (PCAOB —

Public Company Accounting Oversight Board) Uma instituição sem fins lucrativos

estabelecida pela Lei Sarbanes-Oxley de 2002 para proteger os interesses de investidores e do público em geral, no sentido da elaboração de pareceres de auditoria informativos, justos e independentes.

Securities and Exchange Commission

(SEC) Órgão do governo federal

norte -americano responsável pela fiscalização da venda e do registro de títulos.

V

ocê já deve tê -los visto em meio à correspondência: os pequenos enve- lopes vermelhos que contêm filmes da Netflix estão por toda a parte. A

Netflix, o maior serviço de assinatura on -line do mundo, permite que

seus assinantes aluguem filmes dentre uma lista de mais de 75 mil títulos, sem taxas de remessa, sem data de devolução e sem multa por atraso. Desde seu lançamento, em 1999, a base de assinaturas da Netflix apresentou uma taxa de crescimento anual composta (CAGR — compound annual growth rate) para sete anos de 79% e suas receitas aumentaram a uma CAGR de 113%. Com 5,66 milhões de assinantes ao fim de 2006, a Netflix pretende chegar a 20 milhões nos próximos cinco anos.

Em outubro de 2006 surgiram boas notícias para quem estivesse em busca de motivos para ficar otimista em relação às ações da Netflix: a rival Blockbuster anunciou que deixaria de oferecer um serviço que permitia aos clientes alugar dois filmes por mês a uma taxa de $ 5,99, o mesmo preço de um serviço concorrente da Netflix.

A dívida de longo prazo da Netflix tem sido praticamente zero desde sua oferta pública inicial, em maio de 2002. Seu índice de liquidez corrente de 2,21 indica uma capacidade de pagar com facilidade quaisquer dívidas de curto prazo. O resultado líquido aumentou de $ 6,51 milhões em 2003 para $ 21,6 milhões em 2004, $ 42,03 milhões em 2005 e $ 49,09 milhões em 2006. Nesse intervalo de três anos, o patrimônio líquido aumentou de $ 112 milhões para $ 414 milhões. Com base nesse crescimento, a Netflix ficou em 18o lugar na lista de 100 empresas de crescimento mais rápido em 2006 publicada pela revista Fortune.

Uma preocupação tem sido o ‘giro’ (churn, em inglês) — um termo que descreve a perda de clientes posteriormente substi- tuídos por outros. A Netflix mede seu churn por meio de um índice obtido dividindo -se os cancelamentos trimestrais pela soma do número inicial de assinantes e do número bruto de novas assinaturas. Quanto menor a taxa, melhor a retenção de clientes. No quarto trimestre de 2006, a Netflix calculou seu churn como sendo de 3,6%, menor do que os 6% obtidos quatro anos antes. Com base nessas informações, os investidores haviam elevado o preço da ação em quase 30% ao final de 2006.

Neste capítulo, veremos como calcular os índices financeiros e como usá -los para analisar as demonstrações financeiras de uma empresa.

Quais são os benefícios de não se ter dívida de longo prazo? Há algum impacto negativo da ausência de dívida de longo prazo?

Netflix, Inc.

Lá vem a maré vermelha

Capítulo 2 – Demonstrações financeiras e sua análise 39

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seus acionistas o relatório aos acionistas, que resume e documenta as atividades financeiras da empre- sa no ano anterior. Começa com uma carta do presidente executivo e/ou do presidente do conselho aos acionistas.

Carta aos acionistas

A carta aos acionistasé o principal comunicado da administração da empresa. Descreve os even- tos que se considera terem tido maior efeito sobre a empresa no decorrer do ano. Também discute, em termos genéricos, a filosofia de administração, questões de governança corporativa, estratégias e pro- vidências, além de planos para o ano seguinte. Há links no site do livro que o levarão a alguns bons exemplos de cartas aos acionistas.

As quatro principais demonstrações financeiras

As quatro principais demonstrações financeiras exigidas pela SEC para apresentação aos acionis- tas são (1) demonstração de resultado, (2) balanço patrimonial, (3) demonstração das mutações do patrimônio líquido e (4) demonstração dos fluxos de caixa.2 Aqui, apresentamos e discutimos sucinta-

mente as demonstrações financeiras contidas no relatório de administração de 2009 da Bartlett Company, uma fabricante de fechos metálicos. É bem provável que você tenha estudado essas quatro demonstrações financeiras em algum curso de contabilidade, de modo que nosso propósito ao analisá- -las aqui é reavivar sua memória dos fundamentos e não proporcionar uma revisão aprofundada.

2 Embora esses títulos de demonstrações sejam usados de maneira padronizada em todo este livro, é importante reconhecer que, na prática, as empresas muitas vezes adotam nomes diferentes. Por exemplo, a General Electric usa o termo ‘demonstração de lucro’, em lugar de ‘demonstração do resultado do exercício’, e ‘demonstração de posição financeira’, em lugar de ‘balanço patrimonial’. A Sprint Nextel e a Qualcomm usam ‘demonstração de operações’ em vez de ‘demonstração do resultado do exercício’.

Relatório aos acionistas

Relatório anual que as empresas abertas devem fazer aos acionistas; resume e documenta as atividades financeiras da empresa durante o ano anterior.

Carta aos acionistas Em

geral, o primeiro elemento do relatório anual da administração e instrumento

principal de comunicação de

iniciativa da administração da empresa.

Acadêmicos acostumados com uma dedicação ingrata ao campo da ética empresarial hoje ficam maravilhados com sua recente popularidade nas faculdades. “É incrível”, excla- ma Timothy Fort, professor da George Washington University. “Quando comecei a lecionar ética, em 1994, o primeiro terço do programa era dedicado a convencer os alunos de que valia a pena. Agora, o tamanho da turma quadruplicou”. O inte- resse pelos cursos de ética cresceu, em parte, por causa de uma iniciativa da Associação para o Desenvolvimento dos Cursos Superiores de Administração (AACSB — Association

to Advanced Collegiate Schools of Business). Em 2004, a

AACSB publicou um relatório reconhecendo o desconforto causado na comunidade de escolas de administração de empresas pela divulgação das fraudes contábeis na Enron,

Tyco e WorldCom, dentre outras. O relatório conclamava as

escolas a um maior esforço para ensinar ética.

Embora os casos da Enron e da WorldCom não sejam novidade, o tema das culturas éticas corporativas assumiu uma importância própria. Se você for aluno da Rutgers University, talvez tenha cursado uma nova disciplina cha- mada “Contabilidade Criativa” e inteiramente dedicada a fraudes financeiras. Se estuda administração de empresas na Seton Hall University (onde estudou Dennis Kozlowski, ex -CEO da Tyco), pode se matricular num curso que mostra como os dados contábeis podem ser manipulados e alterados. Cursos como esses podem ajudar a impedir novos escândalos

financeiros. Segundo os professores Richard MacKenzie, da Universidade da Califórnia — Irvine, e Tibor Machan, da Chapman University, saber quais práticas contábeis e finan- ceiras são apropriadas é fundamental para manter a hones- tidade das empresas, assim como a integridade pessoal dos administradores contábeis e financeiros.

Uma questão em debate é se a ética deve ser integrada ao currículo, ou abordada em um curso dedicado ao tema. Uma vertente diz que aprender a teoria da ética exige pelo menos um curso específico, além da integração da ética aos cursos tradicionais de administração. Isso permitiria aos alu- nos aplicar os conceitos aprendidos no curso específico.

Os investidores se animaram com a aprovação, em 2002, da Lei Sarbanes -Oxley (SOX), cujo subtítulo é “Lei de Reforma da Contabilidade Empresarial e Defesa do Investidor”. A SOX comina sanções penais pela alteração de documentos e exige que haja um código de ética para os administradores finan- ceiros graduados. Os investidores provavelmente também se animarão com a maior ênfase dada à ética nas escolas de administração. Informações mais precisas e verdadeiras reduzirão a incerteza quanto ao fluxo de informações que eles usam para avaliar uma ação.

Quais são algumas das abordagens inovadoras que podem ser usadas para ensinar ética no nível superior?

Na pr

á

tica

FOCO NA ÉTICA

De volta às aulas de ética

40 Princípios de administração financeira

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Enquanto relembra outras matérias, aproveite para ler o quadro Foco na ética, que trata de disciplinas sobre ética empresarial.

Demonstração de resultado

A demonstração de resultado fornece um resumo financeiro dos resultados operacionais da empre- sa durante um determinado período. As mais comuns abrangem um período de um ano encerrado numa data específica, normalmente 31 de dezembro de cada ano. Muitas grandes empresas, contudo, operam num ciclo financeiro de 12 meses, chamado de ano fiscal, que se encerra em alguma outra data. Além disso, é comum elaborar demonstrações de resultados mensais para uso da administração e obrigatório fornecer aos acionistas de companhias abertas demonstrações de resultados trimestrais.

A Tabela 2.1 apresenta as demonstrações de resultados da Bartlett Company para os anos encer- rados em 31 de dezembro de 2009 e 2008. A de 2009 começa pelo faturamento — o valor monetário total das vendas realizadas no período — do qual se deduz o custo das mercadorias vendidas. O lucro bruto resultante de $ 986.000 representa o montante disponível para fazer frente aos custos operacio-

Demonstração de resultado

Fornece uma visão financeira sintética dos resultados das operações da empresa durante um período determinado.

Dica Algumas empresas, como as de varejo e agrícolas, encerram o ano fiscal no fim de seu ciclo operacional, não no do ano -calendário — por exemplo, o varejo, no fim de janeiro, e as empresas agrícolas, no fim de setembro.

Exercícios anuais encerrados em 31 de dezembro

2009 2008

Receita de vendas $ 3.074 $ 2.567

Menos: custo das mercadorias vendidas 2.088 1.711

Lucro bruto $ 986 $ 856

Menos: despesas operacionais

com vendas $ 100 $ 108

gerais e administrativas 194 187

arrendamentos mercantisa

35 35

depreciação 239 223

Total das despesas operacionais $ 568 $ 553

Resultado operacional $ 418 $ 303

Menos: despesas financeiras 93 91

Lucro líquido antes do imposto de renda $ 325 $ 212

Menos: imposto devido (alíquota de 29%)b 94 64

Lucro líquido depois do imposto de renda $ 231 $ 148

Menos: dividendos preferenciais 10 10

Lucro disponível aos acionistas ordinários $ 221 $ 138

Lucro por ação (LPA)c

$ 2,90 $ 1,81

Dividendo por ação (DPA)d $ 1,29 $ 0,75

a A despesa com arrendamento mercantil é apresentada aqui como um item separado, em lugar de ser incluída nas despesas financeiras, como determina o FASB para fins de divulgação contábil. O enfoque aqui adotado é mais compatível com as normas de divulgação para fins fiscais do que para fins de conta- bilidade financeira.

b A alíquota de 29% para o ano de 2009 resulta do fato de que a empresa tem direito ao uso de certas deduções que não aparecem explicitamente na demons- tração do resultado.

c Calculado dividindo -se o lucro disponível aos acionistas ordinários pelo número de ações ordinárias existentes — 76.262 em 2009 e 76.244 em 2008. Lucro por ação em 2009: $ 221.000 ÷ 76.262 = $ 2,90; em 2008: $ 138.000 ÷ 76.244 = $ 1,81.

d Calculado dividindo -se o valor total de dividendos pagos aos acionistas ordinários pelo número de ações ordinárias existentes. Dividendos por ação em 2009: $ 98.000 – 76.262 = $ 1,29; em 2008: $ 57.183 ÷ 76.244 = $ 0,75.

Demonstrações do resultado da Bartlett Company (em milhares de dólares)

T

ABELA

2.1

Capítulo 2 – Demonstrações financeiras e sua análise 41

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nais, financeiros e fiscais. Em seguida, são abatidas do lucro bruto as despesas operacionais, que abrangem despesas de vendas, despesas gerais e administrativas, despesas com arrendamento mercan- til e despesa de depreciação.3 O lucro operacional resultante de $ 418.000 representa o lucro obtido

com a produção e a venda de produtos; esse valor não considera os custos financeiros e fiscais (o lucro operacional é também chamado de lucro antes de juros e impostos, ou LAJIR). Depois, subtrai -se o custo financeiro — despesa financeira — do lucro operacional para chegar ao lucro líquido antes do

imposto de renda. Depois de subtrair $ 93.000 em juros pagos em 2009, a Bartlett Company apresen-

tava lucro líquido antes do imposto de renda de $ 325.000

Em seguida, o imposto de renda é calculado à alíquota devida e deduzido para determinar o lucro

líquido depois do imposto de renda. O lucro líquido depois do imposto de renda da Bartlett Company

em 2009 foi de $ 231.000. Quaisquer dividendos preferenciais devem ser subtraídos do lucro líquido depois do imposto de renda para chegar ao lucro disponível para os acionistas ordinários, que é o montante ganho pela empresa em nome dos acionistas ordinários no período.

Dividindo -se o lucro disponível para os acionistas ordinários pelo número de ações ordinárias em circulação, temos o lucro por ação (LPA), que representa o montante de unidades monetárias ganhas no período para cada ação ordinária. Em 2009, a Bartlett Company ganhou $ 221.000 para seus acio- nistas ordinários, ou $ 2,90 por ação em circulação. O dividendo por ação (DPA) efetivo, que é o valor em unidades monetárias distribuído no período a cada ação ordinária em circulação, foi de $ 1,29 nesse ano.

EXEMPLO

Jan e Jon Smith, um casal de trinta e poucos anos e sem filhos, prepararam uma demons-

tração de rendimentos e despesas pessoais que se parece com uma demonstração do resultado de uma empresa. Uma versão sintetizada de sua demonstração de rendimentos e despesas é fornecida abaixo. O site do livro oferece uma versão mais detalhada.

Jan e Jon Smith

Demonstração de rendimentos e despesas do ano encerrado em 31 de dezembro de 2009 Rendimentos

Salários (inclusive comissões de vendas) $ 72.725 Receita financeira 195 Dividentos recebidos 120 (1) Total dos rendimentos $ 73.040

Despesas

Parcelas da hipoteca $ 16.864 Parcelas do financiamento do carro 2.520 Contas diversas (inclusive TV por assinatura) 2.470 Reparos e manutenção do imóvel 1.050 Alimentação (inclusive restaurantes) 5.825 Despesas com automóvel 2.265 Assistência médica e seguro -saúde 1.505 Roupas, sapatos, acessórios 1.700 Seguros (residencial, automotivo e de vida) 1.380 Impostos (de renda, INSS, imóvel) 16.430 Parcelas de eletrodomésticos e móveis 1.250 Recreação e entretenimento 4.630 Faculdade e livros de Jan 1.400 Cuidados pessoais e outros itens 2.415 (2) Total das despesas $ 61.704 (3) Saldo (déficit) de caixa [(1) – (2)] $ 11.336

3 A despesa de depreciação pode ser incluída nos custos de produção — ou seja, no custo dos produtos vendidos —, e isso acontece frequentemente. A depreciação é indicada como despesa, neste livro, para destacar seu impacto sobre os fluxos de caixa.

Dividendo por ação (DPA) O montante em

dinheiro distribuído durante o período a cada ação ordinária existente.

EXEMPLO

DE FINANÇAS

PESSOAIS

42 Princípios de administração financeira

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Durante o ano, os Smith tiveram rendimentos totais de $ 73.040 e despesas totais de $ 61.704, o que lhes deixou um saldo de $ 11.336. Esse saldo pode ser usado para aumentar sua poupan- ça e seus investimentos.

Balanço patrimonial

O balanço patrimonial é uma descrição resumida da posição financeira da empresa em uma certa data. Essa demonstração equilibra os ativos da empresa (aquilo que ela possui) contra seu financia- mento, que pode ser capital de terceiros (dívidas) ou capital próprio (fornecido pelos proprietários e também conhecido como patrimônio líquido). Os balanços da Bartlett Company em 2009 e 2008 constam da Tabela 2.2 e mostram diversas contas de ativo, passivo e patrimônio líquido.

É importante distinguir entre ativos e passivos de curto prazo e de longo prazo. Os ativos circu-

lantes e passivos circulantes se caracterizam pelo curto prazo. Isso significa que devem ser convertidos

em caixa (ativo circulante) ou pagos (passivo circulante) dentro de um ano. Todos os demais ativos e passivos, juntamente com o patrimônio líquido, que se presume ser de duração indeterminada, são considerados de longo prazo, ou permanentes, uma vez que se espera que permaneçam nos livros da empresa por mais de um ano.

É de praxe listar os ativos em ordem decrescente, dos mais líquidos — caixa — para os menos líquidos. Títulos negociáveis são investimentos de curto prazo e alta liquidez mantidos pela empresa, como Letras do Tesouro ou certificados de depósito. Por causa de sua liquidez elevada, os títulos negociáveis são considerados uma forma de caixa (‘quase caixa’). As contas a receber representam o valor total devido à empresa por seus clientes em decorrência de vendas a prazo. Os estoques abran- gem matéria -prima, produção em andamento (produtos semiacabados) e produtos acabados mantidos pela empresa. O item ativo imobilizado bruto reflete o custo histórico de todos os ativos fixos (de longo prazo) que a empresa adquiriu.4 O ativo imobilizado líquido representa a diferença entre o ativo imo-

bilizado bruto e a depreciação acumulada — isto é, a despesa total registrada de depreciação do ativo imobilizado (referimo -nos ao valor líquido do ativo imobilizado como valor contábil).

Assim como os ativos, as contas de passivo e patrimônio líquido vão do curto para o longo prazo. O passivo circulante inclui fornecedores, que se referem a contas devidas por compras a crédito efe- tuadas pela empresa; títulos a pagar, que abrangem empréstimos de curto prazo, geralmente obtidos em bancos comerciais; e despesas a pagar, valores devidos por serviços cujo valor não pode ser fatu- rado (alguns exemplos desta última categoria são impostos devidos ao governo e salários de funcioná- rios). Dívidas de longo prazo representam obrigações cujo pagamento não é devido no ano corrente. O patrimônio líquido representa os direitos que os proprietários têm na empresa. O item referente a

ações preferenciais diz respeito aos ingressos históricos oriundos da venda de ações preferenciais

($ 200.000 no caso da Bartlett Company).

Em seguida, o valor pago pelos compradores originais das ações ordinárias é apresentado por dois lançamentos: ações ordinárias e ágio na venda de ações. O lançamento ações ordinárias representa o

valor nominal das ações ordinárias. O ágio na venda de ações ordinárias constitui o montante dos

ingressos, além do valor nominal, recebidos na venda original das ações ordinárias. A soma de ações ordinárias e ágio na venda de ações, dividido pelo número de ações existente, corresponde ao preço por ação originalmente recebido pela empresa numa única emissão de ações ordinárias. A Bartlett Company recebeu, portanto, cerca de $ 8,12 por ação [($ 191.000 nominais + $ 428.000 em ágio além do valor nominal) ÷ 76.262 ações] com a venda de ações ordinárias.

Finalmente, os lucros retidos representam o total acumulado de todos os lucros, deduzidos dos dividendos, que foram retidos e reinvestidos na empresa desde sua fundação. É importante observar que os lucros retidos não são caixa e já foram empregados para financiar os ativos da empresa.

Os balanços patrimoniais da Bartlett Company apresentados na Tabela 2.2 mostram que o total do ativo da empresa aumentou de $ 3.270.000 em 2008 para $ 3.597.000 em 2009. O aumento de $ 327.000 se deve predominantemente ao aumento de $ 219.000 do ativo circulante. O aumento do ativo, por sua vez, parece ter sido financiado principalmente com um aumento de $ 193.000 do total do passivo. Essas mudanças podem ser mais bem entendidas a partir da demonstração dos fluxos de caixa, de que trataremos em breve.