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REPRESENTAÇÃO DA INFORMAÇÃO

4.2 REPRESENTAÇÃO TEMÁTICA DA INFORMAÇÃO

A Representação Temática da Informação, também chamada de análise da informação, descrição de conteúdo, análise documentária, descrição de assunto, representação de conteúdo, representação de assunto ou simplesmente indexação, adota elementos como símbolos para a sua realização. Esta forma de representação refere-se ao conteúdo informacional dos documentos e permite a identificação do tema ou do assunto a que se refere através das ações de indexação, elaboração de resumos, classificação, disseminação, busca e recuperação.

Profissionais como os cientistas da informação, nos últimos tempos, vêm redescobrindo, adaptando e estudando novas formas de entender e usar as ações da representação temática da informação. Segundo Miranda (2005, p. 117), os processos temáticos ocorrem de acordo com as seguintes fases: “primeiro coletamos os dados e as informações, segundo os classificamos usando um sistema de relações ontológicas, e, finalmente os disponibilizamos para os usuários”.

As ações de tratamento da informação representam as atividades executadas nos subsistemas de entrada de um sistema geral. Dentre as ações de um subsistema, ainda conforme Miranda (2005, p.55), o tratamento temático da informação ou indexação tem o seguinte objetivo:

[...] identificar sobre o que trata o conteúdo de um documento para se obter a síntese, mediante a análise e representação de conceitos, palavras-chave, termos, descritores relevantes através de uma linguagem de indexação [...] visando a localização e a recuperação de documentos/informação em quaisquer ambientes.

A indexação é uma ação temática da informação que busca, através de termos/descritores, representar os conceitos presentes num determinado documentos, fornecendo ao usuário a informação almejada. Segundo Feitosa (2006, p.21), “a indexação consiste em atribuir um ou vários descritores, que podem ter ligações entre si, para descrever o conteúdo do documento”.

De acordo com Lancaster (2004, p.8-9), “a indexação se constitui basicamente das seguintes etapas: Análise dos conceitos e Tradução”. Já para Pinto (2001, p.227), “em nível de indexação documentária, esta perpassa por três etapas: análise conceitual, tradução e controle de qualidade”.

A análise conceitual é a etapa que busca identificar os conceitos abordados no documento e selecionar os que serão traduzidos como termos de indexação, de acordo com a proposta do sistema. Já a tradução visa a conversão dos conceitos selecionados em termos de indexação, com base na linguagem padrão usada no sistema.

No caso da terceira etapa, citada por Pinto, seria a relação entre a eficiência do sistema, provocado pelos termos indexadores, e as necessidades do usuário, ou seja, se realmente, na ótica do usuário, o sistema apresenta informações que representam corretamente e eficientemente os documentos que foram indexados.

Para Ranganathan (1964), os estágios da indexação são chamados de Plano das Idéias, Plano Verbal e Plano Notacional. O primeiro, Plano das Idéias, abrange a análise do assunto de acordo com o nosso entendimento de mundo, a decisão sobre uma classe principal apropriada do esquema, a decisão sobre ordem de citação para a classe e o re-arranjo da análise de assuntos na ordem apropriada. Já o Plano Verbal trata-se da verificação das tabelas do esquema, oriundos da etapa anterior, para encontrar conceitos necessários. E a última etapa, o Plano Notacional, refere-se à construção da notação para os conceitos de acordo com as regras apresentadas em sistemas de classificação.

Os termos indexados no sistema podem ser de caráter manual, automático ou semi-automático. Pinto (2001, p.229) afirma que a indexação manual, “chamada igualmente intelectual ou humana, como o próprio nome o diz, é realizada pelos humanos, sejam eles bibliotecários ou especialistas do(s) domínio(s) no qual (is) essa atividade está sendo realizada”.

A indexação automática, segundo Robredo (2003, p. 96), “é qualquer procedimento que permita identificar e selecionar os termos que representem o conteúdo dos documentos, sem a intervenção direta do indexador”. Por sua vez, a indexação semi-automática, de acordo com Castro (2001), é um sistema “cujo objetivo é analisar o documento de forma automática para passar pela validação ou não de um profissional”.

Muitos são os questionamentos no que se refere ao fato dos sistemas de indexação serem considerados automáticos. Em algum momento, tanto pode existir a participação humana, quanto o computador pode orientá-lo no processo. Diante deste pensamento, Lancaster (2004) defende que grande parte dos sistemas de indexação automática não são realmente automáticos, mas de destinam a auxiliar o indexador humano. Ainda segundo o autor, neste caso, a melhor denominação seria “com auxílio de computador”.

Outros questionamentos também são feitos ao processo de indexação, em especial, a presença da subjetividade humana na representação dos conteúdos dos documentos. A interferência subjetiva pode ocorrer tanto na determinação do conteúdo informativo, como na escolha de termos de indexação representativos ao conteúdo.

Nesta discussão, para Lancaster (2004), alguns fatores interferem no processo em questão, a saber: Política de Indexação, Coerência da Indexação e Qualidade da Indexação.

O primeiro fator a ser apresentado, denominado de Política de indexação, considera os objetivos e metas da unidade de informação, além do delineamento de perfis da instituição, do usuário, do documento e da própria unidade de informação. Devemos, no respectivo fator, destacar o processo de seleção dos termos, o qual representa os conceitos que podem ser selecionados por indexação Derivativa ou por Extração, e indexação Atributiva ou por Atribuição. A primeira ocorre a partir da seleção de termos retirados do próprio documento, como bases de dados programadas, realiza a partir de critérios como freqüência, posição e contexto. Quanto à segunda forma de seleção, os termos são atribuídos com base num SOC, se aproximando ao processo de indexação humano, sendo esta a que mais se aproxima da indexação usada no protótipo.

O segundo fator a ser apresentado, Coerência da Indexação, de acordo com Miranda (2005, p.58), “refere-se à extensão com que existe concordância quanto aos termos a serem atribuídos a um documento”. A coerência pode se tornar mais fortalecida a partir do uso simultâneo de dicionários, glossários, manuais etc. Além disso, tomando como base Lancaster (2004), o uso simultâneo de termos livres e vocabulários controlados também podem influenciar na coerência da indexação. No caso dos termos livres, provocariam uma possível baixa na coerência da informação recuperada. Já os vocabulários controlados provocariam o oposto do ocorrido com os termos livres, pois aumentaria a coerência do que foi recuperando em relação às necessidades do usuário.

Quanto ao terceiro fator denominado de Qualidade da indexação, que é a satisfação do resultado de busca, se dá a partir da avaliação do processo de indexação através de quatro critérios principais: cobertura, recuperabilidade, previsibilidade e atualidade, aos quais serão detalhados na discussão sobre recuperação da informação.

Além dos três fatores que interferem no processo temático, também se faz necessário discutir sobre a forma que os elementos resultantes da indexação serão organizados e classificados. Sendo assim, na próxima subseção abordaremos a classificação e seus sistemas de organização, atendendo a um dos objetos de pesquisa deste trabalho: a Teoria da Classificação Facetada (TCF).

Nestes três momentos, a serem seguidos no uso do protótipo, existe a presença do processo cognitivo, aliado as técnicas de tratamento da informação, como já foi colocado anteriormente. Sendo assim, se faz necessário esclarecimento sobre as ações/representações que ocorrerão no protótipo, a serem realizadas pelos usuários.