• Nenhum resultado encontrado

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

2.2 Representações Sociais da Morte

“ É impossível conhecer o homem

sem lhe estudar a morte, porque talvez mais do que na vida, é na morte que o homem se revela”. (Edgar Morin, 1970)

De acordo com Kovács (1992), as experiências que vamos acumulando na vida a respeito da morte são fundamentais na representação que fazemos dela. A morte sempre estará presente em nossas vidas, mas as suas representações vão se modificando com a história sócio-cultural de cada época e sociedade distinta.

Jodelet (2006), destaca a importância da dimensão cultural em qualquer que seja o fenômeno a ser abordado. Nesse sentido, seria difícil identificar e analisar as RS da

morte de professoras e pais numa instituição de educação infantil sem verificar como esse fato foi sendo constituído na nossa história social e cultural

Dessa forma, a autora acima distingue três modos de influência da cultura: cultura como quadro de interpretação (perspectiva compreensiva); cultura como quadro simbólico e material de emissão de condutas (perspectiva contextual); e cultura como quadro de elemento de estruturação das relações com o mundo, associando o saber especializado com o saber cognitivo (perspectiva sócio-cognitiva).

No nosso estudo, pode-se perceber que, as representações da morte foram se construindo através da história de cada cultura, num processo de relações familiares, sociais, por meio dos afetos, necessidades, valores, normas, impressões, imagens, símbolos, demandas e interesses de um determinado grupo.

De acordo com Jaspers e Fraser (1984), as RS são compartilhadas por um grupo de indivíduos e como constituem uma realidade social podem influenciar no comportamento individual. Citam Moscovici (1973), afirmando que as RS não são simplesmente opiniões, imagens ou atitudes sobre algo, mas sim uma teoria do conhecimento que possibilita conhecer como se organiza determinada realidade.

No nosso projeto específico, baseado nos estudos realizados por Kovács (2003) pode ser percebido as RS da morte, por meio de diversas informações, ordens, crenças e atitudes, que o homem foi atribuindo um sentido à morte, num processo sucessivo, que vai se reconstruindo e se modificando de acordo com cada época histórica, atendendo a uma demanda sócio-cultural. Dessa forma, os valores, crenças, ideologias e atitudes são um dos elementos que adquirem sua significação nas RS.

De acordo com Rey (1993) : “O conhecimento particular da subjetividade humana, em quaisquer níveis, integra pela sua própria condição, reflexões filosóficas e ideológicas, que de forma explícita ou implícita condicionam o próprio avanço do conhecimento do objeto” (p.9). Dessa forma, o conhecimento particular do sujeito sobre a morte conduz a uma representação e significação que ele dá ao acontecido, favorecendo entender-se melhor o objeto de estudo.

Concordando com o exposto, Hernández (2005), afirma que toda a construção compactada na produção de uma cultura (ideológica, espiritual e material), integra suas práticas, tradições, crenças, valores, sentimentos, estereótipos, representações e outros que formam a essência da subjetividade social, onde a formação do senso comum, as manifestações do inconsciente coletivo e a intencionalidade dos sujeitos se expressarão ou de forma repressiva ou autônoma.

Buscando compreender essas relações que o homem foi estabelecendo com o fato da morte, levantar-se-á dados que refletem as RS, historicamente construídas, baseados nos estudos realizados por Kovács (op.cit.). Pensando numa forma objetiva e mais compreensiva de citar essas representações, opta-se pela apresentação em forma de tópicos, utilizando-se a separação histórica feita pela autora citada.

Na época da morte domada, uma das cenas marcantes dessa época era representada pelo moribundo, reunindo os familiares ao seu redor para as últimas recomendações e despedidas. Dentre outras representações da morte nessa época, destacam-se:

- o medo de morrer sozinho, pois como citado acima, era costume da época a reunião dos parentes com o moribundo para a despedida;

- a relação entre a morte e o sono, a representação de que os mortos dormem, repousam. Ainda hoje, oramos pedindo o repouso das almas, como também utilizamos o termo “ele descansou”;

- o processo de morrer era representado pela simplicidade das cerimônias e o fato de ser um evento público. Havia a cerimônia do perdão, a recomendação de sua alma e as despedidas dos amigos;

- enterrar os mortos perto dos santos representava a proteção ao corpo até o dia do julgamento. Por isso, as basílicas e catedrais estão cheias de corpos sepultados13. Em 563, o Concílio de Braga interditou o enterro nas igrejas, com excecão feita aos santos padres;

13

Kovács relata que a localização mais procurada era o coro, perto do altar, onde se reza a missa, garantindo-se então, maior proteção dos santos. O segundo lugar mais desejado era próximo a imagem da Virgem Maria, e a próxima do crucifixo era também muito escolhida (p.34).

- o enterro dos suicídas era em cemitérios reservados, por transgredirem as leis divinas, não poderiam ser abençoados. Um dos exemplos comuns, era cortar-lhes as mãos ao serem enterrados, para que não repetissem o ato;

- o enterro dos pobres era feito em valas comuns, pois não podiam pagar os altos preços da igreja. As valas eram só recobertas de terra, podendo ao corpo ser devorado por animais selvagens;

- os cemitérios eram muito visitados, sendo considerados como praça e passeio público. Tornou-se um lugar barulhento, agitado, com aglomerações, lojas e uma grande feira, com espetáculos de mímica, teatro e malabarismo, como também local de prostituição e refúgio dos miseráveis;

Pode-se dizer que as RS da época da morte domada estavam ancoradas na relação de familiaridade, de convívio e de publicidade com a morte, muito presentes nessa fase do século V até o final do século XVIII.

Na época da morte de si próprio, houve uma grande influência do Cristianismo, surgindo a representação do fim dos tempos, inspirado na idéia do Apocalipse. Os santos não tinham nada a temer, porém o homem comum tinha seus medos, pois na hora da ressurrreição ocorria o julgamento, a separação dos bons e maus, e os maus eram lançados no fogo eterno. Dentre outras representações da morte da época, destacam-se:

- o livro de contabilidade, onde as ações boas e ruins eram registradas em duas colunas distintas a serem comparadas. Algumas obras de ars moriendi (arte de morrer) trazem o drama do que acontece no quarto do morimbundo: Deus e o diabo consultam o livro com a contabilidade dos atos da pessoa. Representações como essas podem ser vistas em obras de pintores como Van Eyck e J Bosch;

- as representações da morte eram feitas como processos graduais, ocasionadas por doenças ou pela guerra, daí as mortes súbitas e inesperadas eram temidas, pois não permitiam uma preparação do moribundo;

- os temas macabros trazem as representações realistas ao corpo humano durante a sua decomposição. Começa logo após a morte e cessa quando o esqueleto fica dessecado – chamado de morte seca;

- a dança macabra foi uma representação plástica da morte muito frequente, na qual se alternam os mortos e os vivos. Os mortos conduzem a dança, estendendo a mão para os vivos que eles vão arrastar, e que ainda não se entregaram – é o movimento dos mortos e a paralisia dos vivos. Estas imagens ressaltam os temas de incerteza na hora da morte e a igualdade dos homens frente a ela;

- o “triunfo da morte” é representada na obra de Breughel, uma múmia ou esqueleto puxando uma carreta de ossos. De acordo com Ariés (apud KOVÁCS, 1977), a carreta representa uma máquina de guerra destruidora, que não reconhece a individualidade, leva a todos e sem tempo para o preparo e resignação;

- arte macabra representa o que não se vê, o que se passa debaixo da terra, a decomposição escondida. É um produto da imaginação e não da observação;

- uma das imagens mais representadas nessa fase é das valas cheias de corpos mortos, consequência das grandes epidemias da época;

- as cinzas significavam uma decomposição ou purificação pelo fogo;

- o fracasso e a morte estavam ligados, uma representação importante da época, na qual a idéia de fracasso era associada à morte, pois não se conseguia realizar o que se planejou;

- os rituais eram meio de obter perdão dos pecados. A absolvição ocorria em três momentos: com o corpo ainda em vida, no corpo morto e sobre o túmulo;

- o uso da cor preta representava o caráter sombrio da morte e a demonstração de que a pessoa estava em luto, assim não precisaria manifestar de maneira dramática sua tristeza. A sociedade compreendia e reconhecia o sofrimento da pessoa;

- as missas a varejo, nos séculos XII a XVIII, ocorreu como uma proliferação de vários tipos de missa, chegando até 365, uma para cada dia do ano, trazendo muito dinheiro às igrejas. É quando passa-se a ler o nome dos defuntos;

- o cortejo tinha um significado de quanto maior fosse o número de pessoas mais importante o defunto. O morto podia fixar, em testamento, o número de pessoas que queria no seu cortejo;

- no caixão, o corpo passa a ser escondido, porque sua visão era insuportável. No caso dos nobres a visão do corpo foi substituída por uma reprodução em cera ou madeira, expostas no leito;

- os testamentos surgem no século XII, propunham a transmissão de bens, era um ato religioso, por isso também obrigatório para pessoas pobres. Aquele que morria sem testar não podia ser enterrado nem nas igrejas nem nos cemitérios. O testamento até metade do século XVIII, incluía duas partes igualmente importantes: as chamadas cláusulas pias e a distribuição da herança. A distribuição dos bens, escrita no testamento, oferecia também garantias para o além. Os herdeiros ficavam com uma parte, sendo o resto destinado à salvação da alma. Os nobres ficavam pobres e as irmandades, igrejas e hospitais, cada dia mais ricos. Nos séculos XIV e XV, os testamentos passaram a ser um gênero literário, através do qual as pessoas podiam expressar seus sentimentos frente à vida e à morte;

- o túmulo representava um desejo humano, muito essencial, que é de ser lembrado após a morte. Nos cemitérios antigos, os túmulos eram obras que permitiam indicar o lugar onde o corpo está, nome, idade, profissão, data da morte, foto e outros dados que achasse necessário;

- a inscrição funerária era uma necessidade de se reafirmar a identidade, constavam data da morte, um elogio e depois foi se criando histórias longas ou curtas, de acordo com a idade do morto. Aos poucos, a família conquista um lugar no epitáfio, no qual expressa seus sentimentos pela perda. A morte nos epitáfios se torna familiar;

- os enterros que, no início eram próximos a superfície, posteriormente, em função dos perigos de contaminação, começa-se a enterrar com profundidade, aparecem os monumentos verticais, como uma necessidade de ser visto, de fugir do anonimato;

- os jacentes e orantes são figuras muitas vezes jovens, representando os bem- aventurados, em repouso-estendidos, apoiados no chão, como se estivessem vivos de olhos abertos. O orante está ligado a idéia de transmigração da alma, ajoelhado. A morte é a separação da alma e do corpo. Havia túmulos que combinavam as duas representações;

- a cruz era um elemento que indicava o lugar do túmulo. Passou a ser mais comum no século XIX;

- as máscaras mortuárias mostravam a semelhança com os vivos, com o intuito de manter a idéia de vida no morto.

Na época da morte selvagem – devido o desenvolvimento da indústria e da medicina houve uma grande mudança na representação da morte, surgindo temas como sofrimento, delírios, agonia e luta com os poderes espirituais. Dentre outras representações da morte dessa época, destacam-se:

- a dor não é mais sofrimento do moribundo, mas da pessoa amada que sofre com a separação;

- busca-se a bela morte, ou seja, uma veste nobre para a alma que induza a idéia de repouso;

- a morte representada nos túmulos e cemitérios passa a ser silenciosa e discreta, o túmulo nu oferece a impressão de secura e despojamento;

- os funerais são simplificados, uma quase indiferença à morte, o luto se torna impessoal e os rituais acontecem, quase que por obrigação;

- os cemitérios passam a ser construídos fora das cidades, devido a política de higiene pública;

- o macabro é substituiído pela representação do esqueleto limpo, a morte secca; - a medicina começa a influenciar na história da morte, substituindo os homens do clero;

- os cadáveres passam a ter importância porque contém os segredos da vida e da morte, tornando-se objetos de estudo;

- o medo da morte foi ficando mais forte, á medida que se tornou mais selvagem, saindo do imaginário e da fantasia, para ser presente na realidade vivida pelas pessoas.

Na época da morte do outro – nessa época, século XIX, ocorre uma grande mudança na maneira de encarar a morte, que passa a ser esperada, como uma paz

maravilhosa, é o tempo das belas mortes, cantadas pelos poetas. Dentre outras representações da morte nessa época, destacam-se:

- nos túmulos, as representações de figuras em pose de acolhimento, com os braços estendidos, no intuito de encontro com Deus;

- um sentimento de reencontrar aqueles que já se foram, portanto a morte passa a ser recompensa do reencontro;

- a morte bela é a morte dos jovens, pois morrendo jovem, livra-se dos sofrimentos ocasionados pela idade, degeneração e decadência;

- a perda é acompanhada de manifestações com grande dramaticidade, sendo considerados belos os sentimentos expressos pela perda;

- com a divulgação da doutrina espírita, por Allan Kardec, a crença favorece o desejo de unir os vivos e os mortos, amenizando a dor da separação;

- é nessa época que utiliza-se covas individuais ao invés das valas comuns, numa atitude de preocupação com a saúde como também com a dignidade do morto;

- o cemitério reproduz na sua topografia a sociedade local. Todos estão no mesmo local, cada um no seu espaço, desde a família real, os eclesiásticos, outros (por nascimento, destaque, riqueza) até os mais pobres.

Na época da morte interditada – O que mais caracteriza essa fase é a necessidade que a morte passe despercebida, que nada mais anuncie a sua presença. Dentre outras representações da morte nessa época, destacam-se:

- a morte é transferida para os hospitais, onde se preza a assepsia do corpo e da alma;

- a morte adquire um outro atributo, a morte suja, onde são apresentados gritos, gemidos, ruídos, a descrição das excreções, a cor do paciente;

- o câncer representa a morte suja, a morte simbólica do século XX;

- a morte passa a ser burocratizada, longe da publicidade, muitas vezes ocorre na madrugada num quarto isolado ou enfermaria;

- o luto é visto como doença, as pessoas se afastam com medo do contágio e do sofrimento, e os enlutados devem manter uma atitude discreta perante a dor;

- aparecem os “funeral homes”, onde fazem a maquiagem e arrumação do corpo para dar a impressão de que o morto parece vivo;

- aparecem os “funeral directors”, são os empresários da morte que cuidam dos procedimentos de encaminhamento do corpo e dos rituais;

- a extrema-unção não é vista mais como um rito necessário, pois passa a ser um decreto de morte;

- a “conspiração do silêncio” é outra característica dessa fase, na qual são ocultadas ao paciente informações do seu estado de saúde, dando-lhe a impressão que está tudo bem, apesar do paciente saber a verdade, finge que não sabe para poupar seus familiares.

A morte escancarada – representa a morte do final do século XX e início deste. É a morte que invade, ocupa espaço e penetra na vida das pessoas a qualquer hora. Dentre outras representações da morte nessa fase, destacam-se:

- a representação da morte na violência das ruas, os acidentes, os homicídios, as guerras;

- a morte é veiculada pelos meios de comunicação, principalmente a TV, estando presente nos noticiários, programas de auditórios, novelas e filmes;

- A morte invade os lares a qualquer hora, assistida por todos, inclusive as crianças.

Dessa forma, a morte escancarada é banalizada, pois as imagens da morte trazidas pela TV despertam diversos sentimentos, entretanto não permitem um tempo para reflexão e elaboração, passando-se imediatamente para cenas de comerciais ou amenidades.

Neste contexto, as RS atribui um sentido de percepção à morte, construída por homens concretos, integrando sua história individual com a do seu grupo social. As RS da morte ajudam-nos a entender, ou pelo menos, tentar compreender as atitudes humanas

perante esse fato tão doloroso e tão temido que é a morte. Para Kovács (1992), a experiência tem mostrado que o medo é a responsável psicológica mais comum perante a morte, e que os outros sentimentos que existem estão de certa forma relacionados a ele.

Jodelet (2004), relata que as representações dão sentido a todos os dispositivos práticos da defesa, como também serve para fazer coexistirem o interesse e o medo para superar o conflito de aceitar, para sobreviver aquilo que se desejaria afastar.

De acordo com Coelho e Falcão (2006), nossas culturas refletem a morte nas visões, sentimentos e valores construídos e reafirmados por um longo período histórico, e os fatores econômicos, psicológicos e religiosos constituem essa história. Da morte domada a morte escancarada, verifica-se representações que aparecem e reaparecem, as vezes modificadas, mas sempre atendendendo a uma demanda sócio-cultural, a um momento político.

Na atualidade, tenta-se ocultar a morte, mas ao mesmo tempo banaliza-se o fato. Não se fala da morte para as crianças porque é um assunto chocante, no entanto ela assiste na TV, como citou-se na morte escancarada, de forma brutal e impessoal. Morin (1997) ressalta que a morte é um conhecimento aprendido, e que é pela experiência que o homem sabe que irá morrer um dia. Daí, ele defende a idéia de se trabalhar a morte na sociedade, para que os indivíduos se tornem mais críticos e preocupados com os problemas sociais e ambientais.

Klein (2006) afirma que crianças querem falar sobre o assunto da morte, representam a morte, questionam, como também expressam seu medo diante dela. No entanto, algumas crianças ficam tão temerosas com o fato, que necessitam ser encorajadas para não reprimirem seus medos e dúvidas.

Falar da morte com a criança é possibilitá-la sua familiarização com o fato, reconhecendo, pelas experiências que forem surgindo e pelo seu amadurecimento, lidar não só com a sua própria finitude como a dos outros. Moscovici (1984) afirma que “ o processo de todas as representações é o de transformar algo não-familiar, ou a própria não familiaridade, em familiar”. Essa seria a razão por qual as pessoas formam e constroem RS (apud GUARESCHI, p.212). Dessa forma, precisa-se entender o que nos é

estranho, aproximando-o da nossa vida particular, para que esses conhecimentos sejam assimilados e elaborados no cotidiano.

Pesquisar as RS da morte em professoras e pais é buscar conhecer o individual para alcançar o social, perceber as RS e alcançar o ser individual, porque as representações são ao mesmo tempo individuais e sociais. Ao construir a representação da morte, a criança, de certo modo, a constitui, a reconstrui em seu sistema cognitivo, adequando-a ao seu sistema de valores, normas, os quais vão depender de sua história e do contexto social, cultural e ideológico no qual ela está inserida.

No capítulo seguinte, aborda-se a literatura infantil como um veículo importante para se trabalhar as RS da criança sobre a morte, pois acredita-se que a literatura infantil, por ser um recurso que leva a criança imaginar, colocar-se nos conflitos e impasses dos personagens das histórias, confrontando-se e identificando-se com os seus, possibilita à criança antecipar e construir representações da morte que circulam na sociedade.

CAPÍTULO III