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2.2. Aptidão Física e Funcional

2.2.5. Resistência Aeróbia

A resistência aeróbia é a capacidade revelada pelo sistema muscular que permite a um indivíduo sustentar esforços de longa duração, resistindo à fadiga e permitindo uma rápida recuperação depois do esforço, nos limites do equilíbrio fisiológico, ou seja, no qual este evita a perda de eficácia motora (Bouchard et al, 2006).

Rikli e Jones (2001) definem a resistência aeróbia como a capacidade de sustentar grande actividade muscular ao longo do tempo, sendo necessária para realizar muitas actividades do dia-a-dia, tal como caminhar, ir às compras e participar em actividades recreativas ou sociais.

47 2.2.5.2. Alterações na Resistência Aeróbia com a Idade

a) Frequência Cardíaca

A frequência cardíaca define-se como o número de batimentos cardíacos por unidade de tempo, geralmente representado em batimentos por minuto. Com o avançar da idade, verifica-se um aumento da resistência dos vasos sanguíneos, o que vai provocar uma maior dificuldade ao sangue para chegar a todo o corpo. Desta forma, o coração terá que trabalhar mais, para fazer chegar esse sangue a todo o corpo. Ou seja, verifica-se um aumento da frequência cardíaca (Bouchard et al, 2006).

b) Pressão Arterial

A pressão arterial está proporcionalmente associada à frequência cardíaca. A pressão arterial é determinada pelo débito cardíaco (volume de sangue bombeado pelo coração) e a resistência periférica dos vasos sanguíneos (determinada pela viscosidade do sangue, comprimento dos vasos sanguíneos e o raio dos vasos sanguíneos). Como com a idade, a resistência periférica dos vasos sanguíneos vai sendo cada vez maior e há uma relação de proporcionalidade entre a frequência cardíaca e a pressão arterial, o aumento dos batimentos cardíacos vai levar a um aumento da pressão arterial, o que poderá provocar hipertensão ao idoso (Bouchard et al, 2006).

c) Consumo de Oxigénio

O consumo máximo de oxigénio varia com o género e é muito influenciado pela idade. Desta forma, é visível, na idade adulta, um VO2máx inferior em cerca de

15% nas mulheres em relação aos homens, tendo tendência a ser cada vez menor com o envelhecimento. Estima-se que a perda da capacidade de VO2máx na idade

48 percentual tem tendência a aumentar, ainda mais se o indivíduo se tornar sedentário (Bouchard et al, 2006).

Desta forma, está ligado ao envelhecimento uma diminuição no consumo máximo de oxigénio, que provoca uma diminuição da aptidão cárdio-respiratória. No entanto, parte desta diminuição também está ligada à inactividade e ao aumento da gordura corporal, não sendo só “culpa” do processo de envelhecimento (Cardozo et al, 2006)

d) Hormonais

A insulina é segregada do pâncreas de forma pulsátil e é responsável pela redução da glicemia. Com o envelhecimento, a produção desta hormona diminui, o que poderá provocar uma hiperglicemia nos idosos.

A hormona de crescimento também é segregada de forma pulsátil, mas no caso desta é da hipófise. A sua principal função é a ligação às proteínas. Desta forma, com o avançar da idade dá-se uma diminuição na produção da hormona de crescimento, o que proporcionará uma menor ligação às proteínas e, com tal, como as proteínas são as responsáveis pela produção/manutenção de massa muscular, dar-se-á uma diminuição da massa muscular, processo conhecido como sarcopenia (Bouchard et al, 2006).

2.2.5.3. Resistência Aeróbia e Envelhecimento

a) Benefícios do Exercício Físico na Resistência Aeróbia

Os efeitos associados ao envelhecimento podem ser retardados se mantivermos um nível adequado de actividade aeróbia, através de exercício físico, estando este ligado a melhorias na mobilidade funcional, que fará com que o risco de doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade, pressão arterial elevada e alguns tipos de cancro diminua (Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, 1996, citados por Rikli e Jones, 2001).

49 De entre os vários benefícios da prática regular de Exercício Físico, Bouchard et al (2006) destaca o desenvolvimento da capacidade funcional do coração, a melhoria do transporte de oxigénio pelo aparelho respiratório e uma consequente situação de boas condições de trocas gasosas intracelulares, o aumento da capacidade das fibras musculares para oxidar os açúcares e as gorduras, e uma diminuição da pressão arterial sistólica e diastólica.

b) Benefícios do Treino de Força Muscular na Resistência Aeróbia

A prática regular de treino de força acarreta vários benefícios para o praticante. De entre os quais, destaca-se a diminuição do esforço cardíaco durante a execução de tarefas diárias, tais como carregar compras ou levantar objectos pesados. Outro dos benefícios, tal como uma ligeira melhoria no VO2max., é a

normalização da pressão arterial naqueles que a possuem em valores mais elevados, ou seja, melhora a saúde cardiovascular.

Vincent et al (2000) demonstraram que basta uma série de um exercício por grupo muscular de treino de força durante 6 meses, para que consiga proporcionar aumentos do VO2máx, aumentar a resistência cardio-respiratória e proteger o

organismo do processo oxidativo inerente ao envelhecimento. No seu estudo, os sujeitos aumentaram em 22% o seu VO2max e o tempo de exaustão na passadeira

em 26%. Estes aumentos estão, muito provavelmente, associados a uma reduzida susceptibilidade do stress oxidativo.

Outra das alterações verificas com o TF são as reduções no débito cardíaco, devido às alterações que este provoca no diâmetro dos vasos sanguíneos, o que por sua vez vai diminuir a resistência periférica total, facilitando a circulação sanguínea (Bouchard et al, 2006).

Também o American College of Sports Medicine (1988a, citados por Rikli e Jones, 2001) informa que algumas pesquisas que englobam o TF indicam que este pode ser uma alternativa viável na melhoria da Resistência Aeróbia em idosos.

Ades et al (1996) descobriram que 12 semanas de TF aumentaram a resistência no teste de caminhada na passadeira em cerca de 80%, sem no entanto

50 ter havido alterações significativas no VO2max dos participantes. Eles concluíram que

esta melhoria esteja relacionada com o aumento da força dos MI.

Por fim, num outro estudo, Parker et al (1996, citados por Hurley e Roth, 2000) referiram que 16 semanas de TF diminuiu a frequência cardíaca e a pressão arterial, verificando num teste de caminhada na passadeira em mulheres com idades entre os 60 e os 77 anos de idade.

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