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6.6.2.2 RESULTADO NOMINAL

No documento Processo TCE-RJ Nº /22 (páginas 157-162)

De acordo com o arcabouço normativo, o resultado nominal representa a variação da Dívida Consolidada Líquida - DCL em dado período e pode ser obtido a partir do resultado primário, por meio da soma da conta de juros (juros ativos menos juros passivos), sendo esta metodologia, denominada “acima da linha”, nos termos do MDF 11ª edição, a que deve ser utilizada para avaliação do cumprimento da meta de resultado nominal no exercício em exame.

A tabela a seguir evidencia que o Estado cumpriu a meta de resultado nominal prevista na LDO e, posteriormente, alterada pela LOA:

158 Tabela 72 - Resultado Nominal

R$1 Resultado Nominal

Descrição 2021 2020

Meta Fiscal para o resultado Nominal (18.434.249.000) (20.702.591.000)

Resultado Nominal “Acima da Linha”

– Anexo 6 do RREO do 6º bim/2021

4.138.934.110 (8.164.780.956)

Fonte: Contas de Governo 2020 – Processo TCE-RJ n.º 101.104-0/2021, Lei Estadual n.º 9.000/2020 – LDO/21, Peça 08 – fl. 86, Lei Estadual n.º 9.185/2021 – LOA/21, Peça 09 – fl. 72 e Anexo 6 do RREO - 6º bim/2021.

O Corpo Instrutivo ressalta que, não obstante o resultado apresentado para o exercício de 2021, distorções relevantes identificadas na Auditoria Financeira do Balanço Geral do Estado impactaram na apuração do resultado nominal. Contudo, tendo em vista que a aludida fiscalização conclui que a falha teria sido corrigida durante o exercício de 2021, não fez constar determinação a respeito do tema nas contas de governo.

II.6.6.3 AVALIAÇÃO DAS METAS FISCAIS

A Lei de Responsabilidade Fiscal92 estabelece no §4° de seu artigo 9° que o Poder Executivo deve avaliar e demonstrar, por meio de audiências públicas até o final dos meses de maio, setembro e fevereiro, o cumprimento das metas fiscais de cada quadrimestre.

Ao que se observa da documentação colacionada aos autos, foram realizadas as audiências públicas para avaliar o cumprimento das metas fiscais. Contudo, as audiências ocorreram nos meses de abril, junho e novembro de 2021 para as avaliações referentes ao 3º quadrimestre de 2020 e 1º e 2º quadrimestres de 2021, respectivamente, ou seja, de forma intempestiva. Sobre o tema assim se manifesta o Corpo Instrutivo:

Cabe ressaltar que, em resposta à Determinação n.º 22, levada a efeito na Prestação de Contas de Governo do exercício de 2020 (Processo TCE-RJ n.º 101.104-0/21), a Secretaria de Estado de Fazenda – Sefaz, manifestou-se no sentido de que a realização de Audiências Públicas depende da convocação da comissão referida no § 1º, do art.166, da Constituição Federal, esclarecendo que o comparecimento de represente do Poder Executivo à Casa Legislativa,

92 Art. 9° Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita poderá não comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários, nos trinta dias subseqüentes, limitação de empenho e movimentação financeira, segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias.

§4° Até o final dos meses de maio, setembro e fevereiro, o Poder Executivo demonstrará e avaliará o cumprimento das metas fiscais de cada quadrimestre em audiência pública na comissão referida no §1° do art. 166 da Constituição ou equivalente nas Casas Legislativas estaduais e municipais.

159 para avaliação do cumprimento das metas fiscais, depende de edital de convocação expedido pela Comissão de Orçamento e Finanças da ALERJ, não sendo àquela Secretaria de Estado responsável pelo agendamento destas reuniões.

Posto isso, esta unidade técnica corrobora os argumentos apresentados pelo jurisdicionado, por entender que as disposições contidas no § 4º, art. 9º, da LRF tem como alvo primário o Poder Legislativo de cada ente, tendo em vista que as audiências são realizadas no âmbito daquele Poder e presidido por membro da Comissão prevista no § 1º, art. 166, da Constituição Federal, restando claro que os parlamentares, membros da Comissão de Orçamento e Finanças da Alerj, são os principais responsáveis pelo cumprimento do referido dispositivo legal, estando os representantes do Poder Executivo submissos à convocação daquele colegiado, ainda que em data diversa daquela prevista em lei.

No entanto, para que a responsabilidade pelo descumprimento da lei não recaia sobre o chefe do Poder Executivo, é recomendável que o órgão responsável pela avaliação das metas fiscais, oficie, com a devida antecedência, o Presidente da Casa Legislativa sobre a aproximação das datas para a realização das audiências públicas previstas na LRF.

O art. 25, II e §2º, do Regimento Interno da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro – Alerj – dispõe sobre a Comissão Permanente de Orçamento, Finanças, Fiscalização Financeira e Controle, com competência para, dentre outras, exercer o acompanhamento e a fiscalização orçamentária e opinar sobre quaisquer proposições de implicações em matéria de orçamento. Para a realização das audiências em comento o normativo assim define:

Art. 61 - Cada comissão poderá realizar reunião de audiência pública, para instruir processos ou esclarecer assunto específico e de interesse público atinente à sua competência, com autoridades, personalidades e entidades representativas da sociedade civil.

§ 1º - A reunião será instalada por proposta da comissão que, em comum acordo com o Presidente da Assembleia, marcará a data de sua realização.

Assim, merece prosperar a sugestão da instância técnica no sentido de que seja expedida a recomendação nº 2 a fim de que o Chefe do Poder Legislativo seja cientificado com a devida antecedência das acerca das datas previstas no § 4º, art. 9º, da LRF (maio, setembro e fevereiro) com vistas à realização de audiências públicas de avaliação do cumprimento das metas fiscais. Em acréscimo à proposição da instância técnica, se faz pertinente a comunicação à Comissão Permanente de Orçamento, Finanças, Fiscalização Financeira e Controle a fim de que envide esforços no sentido de cumprir o cronograma de audiências públicas previsto no art. 9º, § 4º da Lei de Responsabilidade Fiscal.

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II.6.7 DISPONIBILIDADE DE CAIXA E RESTOS A PAGAR

O Demonstrativo de Disponibilidade de Caixa e dos Restos a Pagar integra o Relatório de Gestão Fiscal (RGF) e visa dar transparência ao equilíbrio entre a geração de obrigações de despesa e a disponibilidade em caixa. Em regra, as despesas contraídas no ano corrente devem ser executadas e pagas no exercício financeiro. Excepcionalmente, porém, admite-se que sejam cumpridas no exercício subsequente, com a suficiente disponibilidade de caixa93.

O demonstrativo apresenta informações acerca da disponibilidade de caixa bruta, bem como das obrigações financeiras e da disponibilidade de caixa líquida para cada recurso vinculado e não vinculado. Nele, ainda, restam evidenciados os valores referentes às inscrições em Restos a Pagar. Tais informações objetivam evidenciar o montante disponível para inscrição em restos a pagar de despesas não liquidadas.

Nos tópicos a seguir serão demonstrados os resultados apurados em torno da disponibilidade de caixa e dos Restos a Pagar consignados no Demonstrativo Consolidado do Relatório de Gestão Fiscal, que abrange todos os Poderes e os órgãos do Estado, bem como os demonstrados no Relatório de Gestão Fiscal do Poder Executivo.

II.6.7.1 DEMONSTRATIVO CONSOLIDADO

O Demonstrativo Consolidado da Disponibilidade de Caixa e dos Restos a Pagar do Estado do Rio de Janeiro do exercício de 2021 foi publicado de acordo com o modelo previsto na 11ª edição do Manual de Demonstrativos Fiscais – MDF, com discriminação da disponibilidade de caixa e das obrigações em agrupamentos de fontes de recursos. O referido demonstrativo se encontra a seguir reproduzido:

Tabela 73 - Demonstrativo Consolidado da Disponibilidade de Caixa e dos Restos a Pagar

R$1

93 Manual de Demonstrativos Fiscais – 11ª edição.

161

VINCULADOS (I) 20.295.652.424 1.301.107.045 1.783.757.733 2.292.685 2.866.205.410 14.342.289.550 700.307.364 1.890.078 13.641.982.187

Recursos Ordinários3 765.531.214 1.567.876 312.589.959 120.139 16.559.956 434.693.284 133.411.536 - 301.281.748

Outros Recursos não

Vinculados4 19.530.121.210 1.299.539.169 1.471.167.774 2.172.546 2.849.645.454 13.907.596.266 566.895.828 1.890.078 13.340.700.438

TOTAL DOS RECURSOS

VINCULADOS (II) 8.768.609.136 6.511.795.850 945.482.340 5.552.914 904.464.042 401.313.991 108.260.498 33.038 293.053.493

Receitas de Impostos e de Transferência de Impostos - Educação5

576.075.360 1.517.684.859 43.178.210 - 102.476.303 -1.087.264.012 48.904.345 - -1.136.168.357

Transferências do FUNDEB6 529.887.960 - 222.077.096 - 186.370.018 121.440.846 3.518.793 - 117.922.054

Outros Recursos Vinculados à

Educação7 692.508.365 1.255.080 1.496.806 4.317.841 4.729.778 680.708.859 11.359 - 680.697.500

Receitas de Impostos e de Transferência de Impostos - Saúde8

456.232.787 4.714.629.888 534.374.958 - 123.496.486 -4.916.268.545 - 32.238 -4.916.268.545

Outros Recursos Vinculados à

Saúde9 781.164.151 11.237.184 102.657.100 1.234.414 14.109.883 651.925.570 18.575.241 800 633.350.329

Recursos Vinculados à

Assistência Social - - - - - - - - -

Recursos Vinculados ao RPPS -

Plano Previdenciário 2e10 2.160.822.891 148.561 - - 28.587 2.160.645.743 2.155.750 - 2.158.489.993

Recursos Vinculados ao RPPS -

Plano Financeiro11 910.809.386 44.825.893 2.182.638 659 321.693.470 542.106.727 35.095.011 - 507.011.716

Recursos de Operações de

Outros Recursos Vinculados14 1.133.587.595 221.867.397 39.258.577 - 98.805.575 773.656.046 - - 773.656.046

TOTAL (III) = (I + II) 29.064.261.560 7.812.902.895 2.729.240.074 7.845.599 3.770.669.452 14.743.603.541 808.567.861 1.923.116 13.935.035.680

Fonte: Anexo 5 do DCRGF do exercício de 2021, republicado em 25.04.2022.

Nota 1: Excluídas a Imprensa Oficial, a CEDAE e a AGERIO por não se enquadrarem no conceito de empresa dependente.

Nota 2: Foi retirada a coluna “Insuficiência Financeira Verificada no Consórcio Público”, constante do demonstrativo publicado, uma vez que não apresentava valores.

O Corpo Instrutivo ressalta que o referido demonstrativo, quando comparado nos moldes da 6ª edição do Manual de Demonstrativos Fiscais, apresenta divergências quanto aos totais de recursos vinculados e não vinculados, haja vista que algumas fontes de recursos não possuem controle na sua origem, mas somente quando da sua destinação, a exemplo da fonte identificada pelo código “100 - Ordinários Provenientes de Impostos”, considerada não vinculada neste demonstrativo, mas que pode ter parcelas associadas a destinações específicas (aplicação em saúde, educação e etc.).

Cumpre consignar que, nos pareceres prévios relativos às contas de governo dos exercícios de 2018, 2019 e 2020, esta Corte alertou que, a partir da análise da Prestação de Contas de Governo referente ao exercício financeiro de 2022, que será encaminhada em 2023, haverá alteração na metodologia de verificação do cumprimento do art. 42 da Lei Complementar

162 nº 101/00, de modo que passará a considerar a disponibilidade de caixa e as obrigações de despesas contraídas de forma segregada e por fonte de recurso, em observância ao disposto no art. 8º da supracitada Lei Complementar. Devido à relevância do tema, o alerta será reiterado na Prestação de Contas de Governo ora examinada por meio de comunicação ao Exmo. Governador do Estado e aos atuais Secretário de Fazenda e responsável pela Controladoria Geral do Estado.

No documento Processo TCE-RJ Nº /22 (páginas 157-162)