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Resumo dos resultados alcançados, lições a tirar e aspetos relevantes para o

2. FASE 1: SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA

2.2 BALANÇO DO PEAASAR II

2.2.3 Resumo dos resultados alcançados, lições a tirar e aspetos relevantes para o

Os resultados alcançados durante a vigência do PEAASAR II mostram que, como seria de

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esperar, alguns objetivos foram atingidos com sucesso, outros evidenciam progresso ou melhoria da situação existente em 2007, mas sem atingir os resultados esperados, e alguns objetivos e metas estabelecidas ficaram bastante aquém do previsto. Podem-se tirar algumas lições tanto dos sucessos como dos insucessos e reter aspetos, objetivos ou medidas que continuem a ser relevantes e devem manter-se no PENSAAR 2020.

Um dos objetivos alcançados é o da melhoria da qualidade de água destinada ao consumo

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humano, embora ainda aquém da meta de 99%, e o seu controlo, cujo sucesso é atribuído a vários fatores, que se referem a seguir:

 realização de novos sistemas de captação e tratamento de água bruta que vieram

substituir um número elevado de origens com qualidade incerta, vulneráveis à poluição e com controlo deficiente;

 capacidade de realização dos novos sistemas «em alta»;

 criação: i) de uma autoridade competente para a qualidade da água destinada ao

consumo humano, concentrando competências que até ali estavam dispersas por diversas instituições; ii) de um modelo de regulação harmonizado centralizado na elaboração, aprovação e implementação do Programa de Controlo da Qualidade da Água;

 abordagem junto do setor de pendor pedagógico, com identificação dos maiores

problemas de qualidade da água e elaboração de documentação técnica dirigida especificamente para esses problemas (recomendações e guias técnicos);

 sensibilização para a implementação de controlo operacional, numa filosofia

preventiva e preparatória para a implementação de uma abordagem de gestão e avaliação do risco e realização de fiscalizações regulares com dois grandes objetivos: avaliação do cumprimento da legislação e emissão de recomendações para a melhoria de desempenho das EG e acompanhamento dos incumprimentos dos valores paramétricos, auxiliando na identificação das causas e na implementação das medidas corretivas adequadas;

 promoção do envolvimento ativo das autoridades de saúde no processo de controlo

da qualidade da água, designadamente através da necessária avaliação de risco para a proteção da saúde humana dos incumprimentos dos valores paramétricos;

 implementação de uma matriz de risco para a seleção das EG que necessitam de

planos de ação e definição de planos específicos para cada EG, adaptados aos problemas de qualidade da água concretos.

Foi feito um esforço importante de infraestruturação do sector com vista a atingir níveis de

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acessibilidade física fixados nos objetivos operacionais, embora não se tenha atingido o objetivo referente ao serviço de SAR. Conforme se refere no capítulo 2.2.1, o nível de acessibilidade física não deve constituir um objetivo em si no PENSAAR 2020, passando esse nível a ser aumentado como consequência de outros objetivos relacionados com o cumprimento do normativo, a melhoria da qualidade do ambiente e das massas de água em particular e a utilização de outro tipo de infraestruturas que permitam um serviço adequado a um custo sustentável.

O esforço de infraestruturação e investimentos realizados nos sistemas «em alta» esteve

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próximo do previsto, evidenciando uma capacidade de implementação bastante satisfatória a nível dos SMM. Já nos sistemas «em baixa» verificou-se o oposto, o que vem salientar a importância que a capacidade das EG tem no ritmo de investimento atingido. Foram também identificadas várias insuficiências na utilização do financiamento dos investimentos a fundo perdido através de fundos comunitários que deverão ser corrigidas para o período 2014-20. O sub investimento nos sistemas «em baixa» a longo do período 2007-13 e que já tinha sido

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referida no periodo anterior, evidencia uma falta de capacidade de realização preocupante. Embora não se disponha de dados, é provável que essa falta de capacidade se estenda ao todo o ciclo do projeto desde a sua conceção até à execução das obras. Esse problema pode manter-se no período 2014-20, a menos que medidas concretas sejam tomadas. A capacitação através da restruturação organizacional dos serviços «em baixa» e a melhoria da gestão de apoios financeiros serão determinantes para que a capacidade de execução seja melhorada, mas há que ter em conta o hiato que possa estar associado à restruturação, vindo a produzir efeitos bastante tarde e já no final do período 2014-20.

A disponibilidade de recursos financeiros, nomeadamente o acesso ao endividamento, será

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outro constrangimento importante a resolver, sem o qual não se poderá tirar proveito de um aumento de capacidade de realização na «baixa».

A melhoria da qualidade das águas balneares fruto da infraestruturação foi notória e positiva.

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O reforço da regulação também foi conseguido de uma forma progressiva e satisfatória.

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A resolução de situações de incumprimento da DARU, ainda que não na sua totalidade,

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ultrapassou uma situação crítica e criou condições para que o normativo comunitário e nacional possa ser cumprido na integra a curto prazo.

O PEAASAR II pôs um enfoque importante nos sistemas «em baixa», com estimativas de

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investimento importantes, propostas de novos modelos de gestão com participação relevante das EG «em alta» para resolução dos problemas existentes nos sistemas «em baixa», nomeadamente economias de escala, de processo e de gama, aumento de eficiência, cobertura insuficiente dos gastos, dinamização do setor privado. Foi precisamente em todos estes objetivos onde foi maior o insucesso, provavelmente pelo facto de estarem interligados. A questão tarifária a nível dos serviços «em baixa», mencionada no PEAASAR II como o problema fulcral, também não foi resolvida. Como consequência, o problema das dívidas das entidades titulares dos serviços «em baixa» aos SMM agravou-se.

O insucesso em alcançar esses objetivos tem, portanto, causas comuns. A vontade, o consenso

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e o compromisso político necessários para assegurar a estratégia proposta para a restruturação do setor não foram contínuos e suficientes. Os incentivos, nomeadamente financeiros através de apoio a fundo perdido, não foram corretamente concebidos ou, mais provavelmente aplicados com a eficácia inicialmente prevista. A gestão do Plano Estratégico feita em parceria e apoiada pela sua monitorização não existiu, levando a que as decisões e a sua aceitação possam ter sido condicionadas em cada momento pela correlação de forças e expetativas dos vários parceiros. Tratou-se, portanto, de um problema de governança e não de falta de soluções, embora a progressiva escassez de recursos financeiros disponíveis para o setor nos últimos anos tenha contribuído para uma estagnação ou agravamento dos resultados.

No entanto, deve-se realçar que houve algum progresso em todos esses domínios. Novos

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sistemas integrados com ganhos de escala foram criados, os preços dos serviços foram progressivamente aumentados permitindo que um maior número de EG consiga cobrir os seus gastos (embora em termos médios aquém do desejável), há exemplos de EG que têm melhorado a sua eficiência, aumentou a participação do setor privado, mas só nos sistemas «em baixa», tendo a subcontratação na operação e manutenção dos sistemas «em alta» ficado bastante abaixo do que foi planeado e seria expectável. De notar que a falta de dinamização do setor empresarial privado através de subcontratação, dependente fundamentalmente da aplicação do PESOMAS da AdP (ver parágrafos 88 a 93), não foi condicionado pelas causas comuns ao insucesso de vários objetivos operacionais do plano estratégico mencionado no parágrafo anterior.