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CAPÍTULO V – CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1 Retomando a pergunta de pesquisa

Neste capítulo, a partir do aporte teórico apresentado e dos dados coletados e analisados retomo as seguintes perguntas de pesquisa: Quais as crenças das professoras em formação da turma de Estágio Supervisionado sobre os alunos, o ensino e a sala de aula da escola pública? Que reflexões as crenças de professoras em formação no último semestre da graduação geram acerca do ensino de uma língua estrangeira (neste caso, o Inglês) no contexto de ensino público? Como as crenças sobre atuar na escola pública brasileira (des)constroem o desejo pela profissão docente? O estudo aponta que crenças de professoras em formação foram detectadas como: “os alunos são desmotivados e desinteressados”; “Os alunos não conseguem captar toda a informação que o professor está tentando passar, tanto com relação ao conteúdo quanto em relação à importância do estudo da língua”, “A aprendizagem da língua acontece de forma bem lenta”; “Não tem como dar uma aula que é perfeita na teoria e não é perfeita na prática”; “O jeito que se ensina no Brasil não está rendendo muitos frutos”; “Ensina-se um tipo de inglês instrumental para provas, vestibulares e exames, não a língua propriamente dita”; “As turmas de alunos são muito grandes”; “A sala de aula traz um nervosismo igual ao de apresentar

um seminário”; “A máscara de que a escola pública não funciona é desculpa para barrar investimento”, “O professor encontra os mesmos desafios como, por exemplo, indisciplina, abandono parental, tanto na escola pública quanto privada”. As crenças que aparecem no relato das participantes dizem respeito à estrutura e à sala de aula da escola pública, ao tipo de aluno que possivelmente o professor em formação pode encontrar nesse contexto, a maneira como a língua inglesa vem sendo ensinada e aos possíveis desafios que podem surgir ao longo dessa experiência.

Nesta seção as crenças foram categorizadas e agrupadas em: crenças sobre os alunos da escola pública, crenças sobre o ensino na escola pública, crenças sobre a sala de aula da escola pública. As mesmas foram localizadas nos excertos das narrativas orais e em trechos da entrevista semiestruturada realizada com cada participante deste estudo, encontrando-se disponíveis no capítulo de análise e discussão dos dados da pesquisa. O quadro abaixo traz as descobertas deste estudo.

QUADRO 5.1.2 - CRENÇAS DE PROFESSORAS EM FORMAÇÃO SOBRE O ESTÁGIO NA ESCOLA PÚBLICA

Participantes Os alunos O ensino A sala de aula

Alice O índice de evasão escolar é grande;

Os alunos são

desinteressados;

A aprendizagem dos alunos é lenta.

Não tem como dar uma aula que é perfeita na teoria e não é perfeita na prática;

As turmas são muito

cheias e

participativas.

O planejamento poderia não ser bom o suficiente para aquela aula.

Alyssa O nível de língua dos alunos é insuficiente para a turma em que estão matriculados;

Os alunos são

desinteressados.

O jeito que se ensina no Brasil não está rendendo muitos frutos; Ensina-se um tipo de inglês instrumental para provas, vestibulares e exames e não a língua propriamente dita; O ensino está quebrado, a escola não está funcionando como instituição, está falhando.

A sala de aula traz um nervosismo igual ao de apresentar um seminário.

Clarice Os alunos são

desmotivados;

Os alunos não

conseguem captar toda a informação que você está tentando passar, tanto com relação ao conteúdo quanto em relação à importância do estudo da língua; Os alunos não se engajam na tarefa de aprender uma língua estrangeira.

As turmas são muito grandes;

O professor tem que

lidar com um grande número de turmas ao mesmo tempo; O professor tem muita liberdade; A escola oferece um bom suporte tecnológico; O professor cria uma conexão com o aluno.

Os alunos não respeitam a

autoridade de uma

professora estagiária; É necessário elevar sua voz para se impor na sala.

Marge Os alunos são acolhedores, simpáticos, escandalosos e falam gritando; Os alunos obedecem e tentam prestar atenção quando estão de bom humor. Não existe conectividade do professor com os alunos; As turmas de alunos são muito grandes; Se você não atinge um patamar que os alunos te respeitem sem você precisar ser muito duro, você decai.

A máscara de que a escola pública não funciona é desculpa para barrar investimento;

O professor encontra os mesmos desafios como, por exemplo, indisciplina, abandono parental, tanto na escola pública quanto privada;

Na escola particular você não tem tanta liberdade em sala de aula, mas é exigido muito mais.

Nynaeve Os alunos são

desinteressados;

Os alunos são

desmotivados.

Existe uma

massificação do ensino que não vai levar a lugar algum; Se passa muito tempo na escola e isso não é proveitoso; A forma como se ensina e o currículo da escola acaba podando as potencialidades dos alunos; A forma como se ensina não respeita a individualidade do aluno, quer-se que todos sejam iguais.

O acompanhamento e

feedback da professora regente em sala é muito importante;

Você começa a dar aula de forma atenciosa com os alunos e depois, devido ao desinteresse, você muda sua postura pois não adianta fazer comentários do que eles precisam estudar ou não, eles não prestam atenção.

Ainda neste sentido, registra-se que as crenças estão intrinsecamente interligadas ao desejo de (não) seguir a carreira docente. Ao final deste estudo, a maioria das participantes expressaram a intenção de não seguir atuando no contexto público de ensino. Por outro lado, consideram que a experiência no estágio foi bastante relevante e tenha funcionado como um divisor de águas no curso da graduação, ajudando-as a (des)construir o desejo por sua profissão.