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5. Investigação nos crimes contra o patrimônio

5.3. Roubo

O roubo é infração penal que ocorre, entre nós, com assustadora freqüência. 5.3.1. Roubo próprio

Configura-se o roubo próprio pela subtração de coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência à pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência.

5.3.2. Roubo impróprio

Conceitua-se a figura do chamado roubo impróprio quando o autor, depois de subtrair a coisa, emprega violência ou grave ameaça contra a pessoa, a fim de assegurar a impuni- dade do crime ou a detenção da coisa, para si ou para terceiro.

Se durante o roubo, da violência resultar lesão corporal de natureza grave, a pena será agravada de acordo com a legislação em vigor; se ocorrer morte, hipótese conhecida como latrocínio, considerado crime hediondo, tem-se a pena máxima, cujos limites são de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos.

Várias modalidades de roubo vêm sendo praticadas atualmente, destacando-se os aspectos da criatividade e ousadia por parte dos ladrões que, quase sempre, organizam-se em quadrilhas, utilizando-se de recursos que dificultam a ação da Polícia Civil.

5.3.3. Roubo qualificado

Cinco são as variações admitidas como agravantes do tipo penal e que aumentam a pena de um terço até metade. São elas, o emprego de arma, o concurso de duas ou mais pessoas, quando a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o Exterior e se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.

MANUAL OPERACIONAL DO POLICIAL CIVIL

5.3.3.1. O emprego de arma

Inerente à figura típica do roubo, desponta cada vez mais o uso de armamento moderno, sofisticado e até potencialmente superior àquele que os policiais civis usam no seu dia-a-dia. Metralhadoras, submetralhadoras, fuzis, escopetas, pistolas, revólveres, granadas e até armas brancas são adquiridas ilegalmente, quando não provenientes de furtos ou roubos.

Convém ressaltar a importância de se registrar, com precisão e clareza, as ocorrên- cias de roubo, descrevendo com detalhes a ação dos marginais, seu número, suas carac- terísticas físicas e fisionômicas, vestuário, armas utilizadas, como chegaram ao local e dele saíram, se empregavam motocicletas, automóveis e aparelhos de intercomunicação e outras particularidades.

5.3.3.2. Roubo em residência, estabelecimento comercial e casa de valores

Nos casos de roubos em residência, estabelecimento comercial ou casa de valores, os delinqüentes, geralmente organizados em bandos e bem armados, aterrorizam suas vítimas, não hesitando em disparar suas armas, dificultando futuro reconhecimento e garantindo uma fuga segura. Utilizam-se de veículos novos e possantes, quase sempre produto de furto ou roubo, abandonados logo após a consumação do assalto.

Para a prática dessas modalidades delituosas, verdadeiras operações de guerra são organizadas com esquemas de cobertura a pé e motorizada, utilizando-se intercomunica- dores e outras táticas que tornam segura a atuação e a fuga dos criminosos.

5.3.4. Rotinas investigatórias

A partir do local do fato, do depoimento preliminar das testemunhas e do encontro dos veículos utilizados na fuga é que se iniciam as investigações. Nelas devem ser levanta- dos vestígios, indícios e dados sobre o modus operandi. Testemunhas podem dar informa- ções preliminares, descrevendo a ação do bando e as características de cada integrante, meios empregados e rota de fuga.

Posteriormente, o policial civil experiente deve sair em busca de informações que possam fornecer pistas que conduzam aos possíveis autores, receptadores, pontos de reunião e de encontro da quadrilha.

Indispensável, na seqüência investigatória, que se recorra a banco de dados, retrato falado, álbuns e fichários das unidades policiais civis especializadas, que guardam infor- mações sobre o modus operandi das quadrilhas que agem na região.

5.3.5. Roubo de cargas

O recrudescimento dos casos de roubo de cargas, de mercadorias, especialmente as mais valiosas e de fácil colocação no mercado, tem sido motivo de preocupação, cada vez mais, nas investigações policiais.

Os criminosos atuam nas estradas, nos pontos de embarque e desembarque de merca- dorias, nos postos de gasolina e, geralmente, têm ramificação em outros Estados, formando verdadeiras organizações criminosas.

O combate a essa modalidade de roubo vem requerer rapidez nas investigações, resultado que se consegue principalmente através da colocação da Informática a serviço da Polícia.

Nesse sentido, destaque-se a criação do Infocrim, que vem propiciar celeridade e eficiência no levantamento dos casos registrados e na identificação dos autores. Dados cadastrais do Renavam e dos Detrans, bem como verificação de chassi são de grande valia no combate a essa espécie de crime.

A cooperação das empresas vítimas e das companhias seguradoras em um esforço conjunto, trocando informações e fornecendo dados importantes sobre suspeitos e recep- tadores, já que possuem alguns sofisticados bancos de dados, constituem excelente fonte de consulta por parte da Polícia Civil.

A nota fiscal da mercadoria subtraída e outros documentos, como, conhecimento, guia de remessa, nota de consignação etc., registram outras informações a respeito da carga. São conhecidas ocorrências de motoristas que se apresentam em empresas trans- portadoras com caminhões roubados ou furtados, documentos pessoais e do veículo fal- sificados, retiram a carga e desaparecem. Deve-se ressaltar, ainda, eventual conivência de empregados das empresas transportadoras.

Por derradeiro, a intensificação das investigações junto aos receptadores e seus intermediários constitui fator preponderante e indispensável para o sucesso da apuração.

No documento Manual Operacional Do Policial Civil SP (páginas 83-85)