• Nenhum resultado encontrado

Novos rumos para a arquitetura escolar

4.1. O fim do segundo Convênio Escolar

Como já foi dito, o município passou a ter uma obrigação constitucional de investir 20%35 de sua renda total no setor de construções escolares. A assinatura dos dois convênios firmados entre Estado e Município em São Paulo foi uma maneira adotada de dividir as responsabilidades sobre a educação. O município construía as edificações e o Estado as mantinha em funcionamento. A duração dos Convênios ocorre entre 1943 e 1954. O segundo Convênio Escolar, que se tornou o mais conhecido em grande parte devido à sua intensa produtividade, teve início em 1948. A obrigatoriedade da prefeitura do município de São Paulo de investir na educação se manteve, gerando a continuidade do setor público responsável pelos projetos, mas agora denominado de Comissão de Construções Escolares. Criou-se, nas publicações especializadas sobre arquitetura, uma relação direta entre a existência do Convênio Escolar e o funcionamento da sua Comissão Executiva. Antes mesmo da data limite, de cunho político, que era o ano de 195436, vários dos arquitetos que estavam desde 1949 e 1950 já haviam se retirado da CE. Nesse ano, a Câmara Municipal não ratificou o novo convênio a ser realizado com o Estado37.

Foi identificado na pesquisa um dado relevante no processo de construção de escolas: alguns dos projetos realizados durante a vigência do segundo Convênio escolar somente foram realizadas depois de 1954, como o G. E. Vila Vera de Roberto Tibau, cujo projeto está datado de 1952. Isso corrobora a afirmação de Eduardo Corona, que o prazo da execução dos projetos era mais lento do que a realização dos projetos.

Após o término do segundo Convênio Escolar, as atividades se mantiveram através da Comissão de Construções Escolares, incluindo, como se afirmou anteriormente, a execução de projetos feitos anteriormente, com as mesmas instalações e quadros existentes da CE,

35

Engenharia Municipal (11): 7, 1958.

36

Nesse ano comemoraram-se com fervor os quatrocentos anos de fundação da cidade de São Paulo. Para as festividades foram realizadas inúmeras obras na cidade, incluindo o Parque do Ibirapuera, chamando então de Parque do IV Centenário, e seus principais edifícios.

37

como o atesta a exposição feita no precioso artigo do engenheiro Maury Julião, intitulado “Atividades da Comissão de Construções Escolares”, publicado na revista Engenharia Municipal, em 1956, no qual ele enumera as atividades realizadas. Julião foi um dos diretores da Comissão após o término do segundo Convênio, e revela como era dividido o grupo. Havia um setor de Planejamento e outro de Execução, com atribuições distintas. Os projetos ficavam sob responsabilidade do Planejamento. Deve ser ressaltado que a Comissão, assim como a CE, fazia vários outros projetos, como bibliotecas, piscinas públicas, entre outros, além das escolas. A seguir é transcrito um trecho do artigo citado, que contém as principais referências sobre o funcionamento da Comissão:

O Planejamento, além de cuidar da pesquisa de terrenos, em número de trinta e dois no momento, e que no seu total, se destinarão a Grupos Escolares, Ginásios, Parques e Bibliotecas Infantis, prepara oito ante-projetos de construção de novas unidades, sendo de se destacar, dentre eles, o do Colégio Estadual de São Paulo, objeto de convênio especial celebrado recentemente entre o Ministério da educação e Cultura e a Prefeitura Municipal de São Paulo, para a edificação do prédio próprio daquele Educandário.

Prepara ainda o Planejamento sete projetos completos para Colégios, Grupos Escolares, cujos serviços de execução brevemente serão postos em concorrência pública. Dentre estes, merece destaque o do Colégio e Grupo Escolar de São Miguel, o qual, no momento, aguarda apenas alguns detalhes finais de projeto para atingir a fase seguinte, a da concorrência. O projeto original do Arquiteto Tibau, foi completado em todos os detalhes, sondagens do terreno, cálculo da estrutura de concreto armado, instalações hidráulicas e elétricas, etc.

Ao Planejamento está também encomendado um estudo detalhado da unidade escolar definitiva e que virá substituir as edificações clássicas de concreto e tijolo. Será de execução rápida e de menor custo. Temos grandes esperanças de que através dessa unidade que se planeja, se possa resolver completamente, emprazo curto, o problema da substituição dos galpões por prédios definitivos e com as verbas que se dispõem normalmente para tal fim.

A Execução fiscaliza, atualmente, a construção de trinta e dois prédios. Quinze são Grupos Escolares, oito são Parques e Bibliotecas Infantis, cinco são educandários particulares construídos com auxílio municipal, uma piscina na Mooca, que bem mereceria o nome de balneário, tais as suas dimensões e, finalmente, um Planetário.

Merece ser ressaltado que dos grupos escolares supra citados doze receberam um impulso especial nos últimos dois meses para que fossem os mesmos preparados para entrega em meados de fevereiro, ocasião do reinício das aulas. São eles:

Vila Maria Alta Vila Zelina Rolim (Guaianazes)

Vila Ema Eng. Goulart

Vila Palmeiras Canindé

Vila Prudente (Rep. Paraguai) Vila Vera (Arthur Saboya)

Jaraguá (Taipas) Dep. Pedro Costa (V. Izolina)

A Execução fiscaliza ainda, no momento, a perfuração de sete poços semi- artesianos situados em unidades não abastecidas pela rêde de água.

“Além dessas unidades encontram-se para assinatura de contrato, já com concorrências públicas realizadas, prontos portanto para início, dois edifícios para Colégio e seis para Grupos Escolares; há outro em concorrência pública. Há ainda, em preparo, sete outros poços semi-artesianos além daqueles já em perfuração.

Não poderíamos deixar de ressaltar outra atividade da Comissão, embora secundária quanto ao tipo de edificação, mas que propicia solução provisória para o problema da falta de vagas nos Grupos Escolares. Referimo-nos aos galpões de emergência. Eles constituem uma necessidade, por enquanto. A Cidade exige, apenas para atender-se ao crescimento vegetativo da sua população infantil escolar, de muitas dezenas dêles por ano.

Esta outra atividade que se desenvolve durante todo o transcorrer do ano, aguçou-se nestes meses. A Secretaria de Educação do Estado solicitou à Prefeitura a construção de sessenta e três novos galpões para entrega no mês de fevereiro. O pedido originou-se em ofício de 22 de novembro do ano passado. Além destes galpões já havia outros encomendados anteriormente. Estamos em franca atividade de produção de galpões, em série: há hoje setenta e quatro em construção e dez já entregues. Esperamos, no prazo marcado, concluí-los todos.”38