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II. ENQUADRAMENTO LEGAL NACIONAL E DA UNIÃO EUROPEIA

2.10. Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho e Riscos Resultantes da Exposição a

rara a ocorrência de acidentes por vezes com vítimas mortais a lamentar. As características particulares dos ambientes dos locais de trabalho em causa, onde estão presentes uma multiplicidade de riscos, físicos, químicos e biológicos, exigem uma gestão rigorosa dos riscos de forma a minimizar a ocorrência de incidentes ou de acidentes. A existência de indicadores de desempenho neste domínio poderá igualmente ser considerada num sistema de avaliação de desempenho ambiental.

A Portaria n.º 762/2002, de 1 de Julho, aprova o Regulamento de Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho na Exploração dos Sistemas Públicos de Distribuição de Água e de Drenagem de Águas Residuais (RSHSTESPDADAR), na sequência do previsto no art.º 289.º do Regulamento Geral dos Sistemas Públicos e Prediais de Distribuição de Água e de Drenagem de Águas Residuais (RGSPPDADAR), aprovado pelo Decreto Regulamentar n.º 23/95, de 23 de Agosto.

Este último regulamento identificara já nos seus art. 290.º e 291.º os principais factores de risco e os locais de elevado risco ligados às actividades de operação e manutenção dos sistemas públicos de

ica-se aos sistemas públicos de distribuição de água e de drenagem de águas residuais. No âmbito dos sistemas públicos de drenagem de águas residuais consideram-se

lamas e aumento brusco de caudal e inundações súbitas. A entidade gestora deverá proceder à

ncialmente perigosos, no desenvolvimento do art.º 291.º do RGSPPDADAR, consta dos art.º 9.º do RSHSTESPDADAR, entre os quais se encontram as ETAR, distribuição de água e de drenagem de águas residuais, como oportunamente se referiu.

O RSHSTESPDADAR apl

todas as instalações de drenagem e tratamento, incluindo redes de colectores, ETAR e dispositivos de descarga. Estabelece princípios gerais como o de que a entidade gestora deve garantir aos trabalhadores as condições de segurança, higiene e saúde em todos os aspectos relacionados com o trabalho, identificando acções nesse sentido, e a necessidade de existência de um técnico responsável. Entre as acções a desenvolver constam a identificação e avaliação de riscos; a adopção de um programa de medidas de HST e que vise a prevenção dos riscos; elaboração de regras de segurança; investigação dos acidentes e elaboração anual de um relatório de segurança.

A identificação dos factores de risco específicos, no desenvolvimento do art.º 290.º do RGSPPDADAR, consta dos art.os 4.º a 8.º do RSHSTESPDADAR, designadamente insuficiência de oxigénio atmosférico, existência de gases ou vapores perigosos, contacto com reagentes, águas residuais ou

avaliação dos riscos e adoptar medidas adequadas de gestão de riscos, entre as quais consta a utilização de equipamentos adequados, vigilância permanente, operação em condições favoráveis e diversas proibições.

A identificação dos locais de trabalho pote

instalações de digestão de lamas, de armazenamento de biogás, colectores, instalações com equipamentos electromecânicos das estações elevatórias e das estações de tratamento.

O art.º 10.º do RSHSTESPDADAR estabelece disposições relativas ao equipamento de protecção individual, a fornecer pela entidade gestora. No art.º 12.º são estabelecidas disposições relativas às medidas de higiene e segurança em estações elevatórias e ETA e ETAR. No art.º 19.º são referidas as condições em que deve ser feita a observação, manutenção e conservação de colectores de águas residuais. No art.º 20.º são estipuladas as obrigações da entidade gestora e no art.º 21.º disposições relativas à informação, consulta e formação dos trabalhadores.

Dado que o contacto com águas residuais ou lamas que contêm microorganismos patogénicos envolve risco de infecção, deve ser respeitada a legislação específica aplicável à protecção dos trabalhadores contra os riscos de exposição a agentes biológicos, nomeadamente o Decreto-Lei n.º 84/97, de 16 de

ção dos

ar-se orientações para a aplicação de edidas de protecção aos riscos, visando a sua minimização. O trabalho em ETAR ou em instalações associadas encontra-se abrangido por estes diplomas.

Nos termos do art.º 4.º, os agentes de risco biológico são classificados em 4 grupos de nível de risco infeccioso, sendo o nível 1 de menor risco e o nível 4 de maior risco. A classificação dos agentes biológicos para efeitos da prevenção de riscos profissionais é aprovada pela Portaria n.º 405/98, de 11 de Julho, alterada pela Portaria n.º 1036/98, de 15 de Dezembro. Os microorganismos, bactérias e afins, vírus, parasitas e fundos constam de listagens extensas, de acordo com a classificação do art.º 4.º do Decreto-Lei n.º 84/97, de 16 de Abril, com indicação do nível de risco de cada microorganismo. Entre estes encontram-se inúmeros microorganismos presentes em ETAR, dos quais aqui se referem apenas os mais comuns Enterococcus spp., Escherichia coli ou diversas espécies de salmonelas, todos de nível 2 (agentes biológicos que podem causar doenças no ser humano e constituir um perigo para os trabalhadores, sendo escassa a probabilidade de se propagar na colectividade e para os quais existem, em regra, meios eficazes de profilaxia ou tratamento) ou 3 (agentes biológicos que podem causar doenças graves no ser humano e constituir um risco grave para os trabalhadores, sendo susceptível de se propagar na colectividade, mesmo que existam meios eficazes de profilaxia ou tratamento).

Abril, alterado pela Lei n.º 113/99, de 3 de Agosto e a Portaria 1036/98, de 15 de Dezembro.

O Decreto-Lei n.º 84/97, de 16 de Abril, transpõe para a ordem jurídica interna diversas Directivas relativas à protecção da segurança e saúde dos trabalhadores contra os riscos resultantes da exposição a agentes biológicos durante o trabalho, tendo sido alterado pela Lei n.º 113/99, de 3 de Agosto. Estes diplomas baseiam a protecção dos trabalhadores, em primeiro lugar, na avalia

riscos da exposição a agentes biológicos para identificar os agentes causadores de risco, a possibilidade da sua propagação na colectividade e o tempo de exposição efectiva ou potencial dos trabalhadores. Com base na avaliação de riscos podem formul

A entidade gestora está obrigada a notificar as entidades competentes do início da actividade, sempre que utilize agentes biológicos dos grupos 2, 3 ou 4 (art.º 5.º do Decreto-Lei n.º 84/97, de 16 de Abril), deve proceder à avaliação dos riscos (art.º 6.º) e deve tomar as medidas de prevenção adequadas para evitar a exposição dos trabalhadores a esse risco (art.º 7.º). Sempre que possível, deverá substituir os agentes biológicos perigosos por outros agentes menos perigosos (art.º 8.º) ou, quando tal não seja possível, adoptando outras medidas (art.º 9.º). No art.º 12.º estipulam-se medidas de higiene e de protecção individual. A formação dos trabalhadores (art.º 17.º), bem como a sua informação (art.º 18.º) constituam igualmente elementos determinantes em matéria de gestão do risco.