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5 Reservas e produção de petróleo e gás natural

5.5 Empresas Participantes nas licitações para concessão das atividades de E&P

5.5.6 Sexta Rodada de Licitações

Na Sexta Rodada de Licitações 30 empresas manifestaram interesse em participar do leilão e foram habilitadas 24 empresas de 12 países, sendo 8 nacionais e 16 estrangeiras. Até a realização desta Rodada, este foi o maior número de empresas nacionais habilitadas, refletindo que as mudanças promovidas pela Agência reguladora, tanto em relação aos critérios de avaliação das ofertas quanto as áreas selecionadas, bem como o novo modelo de células dos blocos exploratórios,

promoveram a participação de novas empresas nacionais, assim como atraíram a atenção de novas empresas estrangeiras para ingressar no setor de E&P brasileiro.

Nesta Rodada foram oferecidas áreas com perfis diversificados que abrangeram bacias terrestres e marítimas, localizadas em regiões maduras, de elevado potencial e de nova fronteira. Também foi oferecida uma pequena parcela das áreas concedidas na Rodada Zero, que haviam sido devolvidas à Agência pela Petrobrás.

Assim, a ANP esperava atrair empresas de pequeno, médio e grande porte e a expectativa era que ocorresse grande concorrência nas áreas de elevado potencial, correspondentes a 68 blocos (44% do total) (SIQUEIRA, 2004a).

O Brasil contou com 8 empresas habilitadas (33%), seguido pelos EUA com 5 empresas (21%) e Reino Unido com 2 empresas (8%). Também foram habilitadas empresas da Austrália, Canadá, Coréia, Espanha, França, Ilhas Cayman, Noruega, Panamá e Portugal, cada país com uma participante.

Entre as empresas nacionais habilitadas estavam presentes, além da Petrobrás, Aurizônia, PetroRecôncavo, Queiroz Galvão e Starfish, que ampliaram sua atuação nesta Rodada e, as novas participantes Arbi Petróleo, Schahin Engenharia e W.

Washington Empreendimentos e Participações.

A W. Washington é oriunda do mercado de construção civil, presente no segmento de empreendimentos e participações em negócios e tem como área de atuação basicamente a prestação de serviços, concessões públicas e privatizações. Foi a primeira empresa privada nacional a atuar em atividades de E&P em campos marginais e em 2004 através da Sexta Rodada de Licitações tornou-se operadora em alguns blocos com risco exploratório (W. WASHINGTON, 2011).

A Arbi Petróleo pertence a um grupo presente no setor financeiro desde 1978, que atua buscando oportunidades de negócios, sem foco específico em um único segmento. Na época da Sexta Rodada, o grupo possuía participações em:

mineração, através da Mineração Caraíba em sociedade com a Aurizônia, térmicas emergenciais a diesel, fabricação de equipamentos médico-hospitalares e um

operadora e obteve algumas concessões (SIQUEIRA, 2004b).

A outra participante nacional – Schahin, faz parte de um grupo com atividades diversificadas, presente em importantes setores do país, tais como engenharia, desenvolvimento imobiliário, telecomunicações, petróleo e gás, energia e finanças. A divisão de petróleo e gás foi criada em 1982 para atuar na prestação de serviços especializados de perfuração e manutenção de poços de petróleo e gás, no entanto a empresa não obteve nenhuma concessão na Sexta Rodada. (SCHAHIN, 2011).

Uma parcela expressiva das empresas habilitadas apresentou oferta - 21 empresas de 11 países, sendo 7 nacionais e 14 estrangeiras. A Schahin foi a única empresa nacional que não apresentou oferta. Foram declaradas vencedoras 19 empresas de 11 países - 7 nacionais e 12 estrangeiras, sendo a participação das empresas nacionais entre as que obtiveram concessões de 37%, superior às Rodadas anteriores.

Nesta licitação também foi observada a ausência de grandes empresas internacionais, como Esso, Chevron-Texaco, BP e Agip. A Total e BG foram habilitadas, mas não apresentaram ofertas alegando que os blocos oferecidos estavam no limite de interesse dos seus grupos (SIQUEIRA; CORDEIRO, 2004). Por outro lado, grandes empresas como Shell e a estatal norueguesa Statoil ampliaram sua atuação no país. Importante salientar que a Statoil adotou uma estratégia mais agressiva de exploração, arrematando algumas áreas em consórcio com a Petrobrás, com quem compartilha uma visão de longo prazo e vem fazendo parcerias, através de acordos de cooperação envolvendo associação tecnológica para exploração e gerenciamento de reservatórios (SIQUEIRA, 2004c).

A ausência das majors pode ser explicada pelos projetos adquiridos nas Rodadas anteriores que ainda estavam em andamento na época de realização da Sexta Rodada e devido a expectativa de obter melhores resultados nestas concessões, bem como pelo aparecimento de outras oportunidades de maior porte localizadas em regiões como Rússia e Oeste da África, que podem ter atraído o interesse destas empresas (SIQUEIRA; CORDEIRO, 2004). Além disso, uma liminar do

Supremo Tribunal Federal que limitou a licitação à empresas nacionais, também pode ter comprometido a participação de empresas estrangeiras, embora esta liminar tenha sido derrubada antes do início do leilão (PIRES; CAMPOS FILHO, 2004).

Apesar desses aspectos, a Rodada foi considerada um sucesso pela Agência, uma vez que trouxe pequenas empresas nacionais, bem como petroleiras independentes, para integrar o mercado nacional de E&P. Pela primeira vez foram concedidos mais blocos onshore do que offshore: 89 e 65, respectivamente e, a cotação do barril que estava em torno de US$ 45, na época da Rodada, causou um efeito significativo nos projetos onshore que passaram a ser mais atrativos para as pequenas empresas. O aumento do nível de conhecimento das bacias maduras pelas empresas nacionais do setor também pode ter influenciado a participação destas empresas nas áreas terrestres (SIQUEIRA; CORDEIRO, 2004).

A partir da Sexta Rodada, observa-se que as empresas nacionais passam a ter uma presença mais expressiva nas licitações da ANP. Em relação às empresas estrangeiras, algumas ampliaram sua área de atuação obtendo novas concessões, como a Devon, Kerr McGee, Partex, Petrogal, Repsol YPF, SK Corporation e Synergy. Além disso, iniciaram atuação no país PortSea (Austrália), EnCana (Canadá) e Epic Gás (grupo americano El Paso).

Comparada com a licitação anterior, na Sexta Rodada aumentou o número de blocos arrematados mediante parcerias, o que foi visto como uma atuação do mercado mais cooperativa do que competitiva e que também pode estar associada a diluição dos riscos. A Petrobrás atuou cercando as áreas das bacias onde já haviam ocorrido indícios de descobertas ou que foram classificadas como áreas azuis39 (PIRES; CAMPOS FILHO, 2004).

A distribuição das empresas vencedoras, por país de origem, segue representada no Gráfico 28.

39 Tratam-se dos blocos exploratórios concedidos à Petrobrás na Rodada Zero de Licitações.

Gráfico 28: Distribuição das empresas vencedoras por país de origem na Sexta Rodada de Licitações

Fonte: ANP, 2011c