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SIMPÓSIO: BEM-ESTAR, BEM CUIDAR: FACTORES PSICOLÓGICOS E RELACIONAIS NA QUALIDADE DOS CUIDADOS PRESTADOS

Coordenador - Patrícia Lopes Costa, ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa

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O presente simpósio pretende trazer à discussão o impacto de factores psicológicos e relacionais para a prestação de cuidados. Partindo do ponto de vista do profissional de saúde, questiona-se a relevância que as emoções do cuidador e o seu relacionamento interpessoal com pares têm na sua eficácia profissional, tanto ao nível do desempenho objectivo como ao nível da satisfação com o trabalho. Num cenário em que os recursos materiais e humanos são progressivamente mais escassos, em contexto de prestação de cuidados de saúde, é fundamental perceber a influência de variáveis de carácter individual e relacional que possam colmatar essa mesma ausência de recursos. Assim, pretende-se que profissionais em diferentes graus hierárquicos possam agir de modo a potenciar os efeitos facilitadores destas variáveis, e prevenir os seus efeitos nefastos. Este simpósio conta com quatro comunicações e intervenção de um moderador. A primeira comunicação apresenta a perspectiva de profissionais de saúde sobre a qualidade dos cuidados e as principais barreiras que identificam como fundamentais à sua eficácia profissional, através de um estudo qualitativo integrado num projecto europeu. De seguida, apresenta-se um estudo quantitativo focado na relevância dos comportamentos de apoio por parte de pares e da prevalência de emoções positivas para a minimização dos efeitos negativos das exigências do trabalho na qualidade dos cuidados prestados. A terceira comunicação descreve um processo de investigação-acção realizado num serviço de um Hospital público português, onde se destacaram factores organizacionais e de relacionamento interpessoal como determinantes para o bem-estar dos profissionais e o seu consequente envolvimento com o trabalho. Por último, sintetizam-se os principais factores de indutores de stress percepcionados por enfermeiros, discutindo-se a relevância do seu contexto de trabalho para as diferenças encontradas.

Endereço para correspondência (Coordenador) Patrícia Lopes Costa

Business Research Unit (BRU-IUL) Av. das Forças Armadas, Edifício ISCTE Room 2w15

1649-026 Lisboa 916373351

SIGNIFICADO DE QUALIDADE DOS CUIDADOS: PERSPECTIVA DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE

Sílvia Silva1, Patrícia Costa1, Rita Costa1, Susana M. Tavares1, Ema S. Leite2,3,4 & Ana M. Passos1

1ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa, 2Departamento de Saúde Ocupacional do Hospital de Santa Maria, CHLN, 3Escola Nacional de Saúde Pública, Universidade Nova de Lisboa, 4CISP – Centro de Investigação em Saúde Pública, Lisboa, Portugal

O principal objectivo deste estudo é explorar o que se entende por “qualidade dos cuidados” por parte dos profissionais de saúde. Pretende-se ainda comparar a perspectiva de profissionais de enfermagem e médicos, de forma a compreender a (não) existência de uma visão semelhante. Foi realizado um estudo qualitativo, consistindo em 28 entrevistas individuais (17 enfermeiros, 11 médicos) e 3 focus group (11 enfermeiros e 5 médicos). Os dados foram analisados através de análise de conteúdo, com utilização do software MaxQDA. Os participantes referiram dimensões técnicas e interpessoais da prestação de cuidados. A questão da disponibilidade de equipamentos e materiais, bem como as condições físicas dos locais de prestação de cuidados são preocupações centrais. Em termos comparativos, os médicos tendem a sublinhar aspectos técnicos, enquanto que os enfermeiros se focam de modo mais imediato na dimensão interpessoal. Apesar da importância da qualidade dos cuidados de saúde, a sua definição é complexa. Atendendo à maior relevância de determinados aspectos em diferentes grupos profissional, a perspectiva de todas as partes deve ser considerada em situação de avaliação da qualidade, de modo a que esta seja congruente com a realidade.

Palavras-Chave: Qualidade dos cuidados; médicos, enfermeiros.

Sílvia Silva

ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa

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TRABALHO EM EQUIPA E POSITIVIDADE COMO ALAVANCAS À QUALIDADE DOS CUIDADOS

Patrícia Costa1, Ana M. Passos1, Sílvia Silva1, Ema S. Leite2,3,4 & Susana M. Tavares1

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ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa, 2Departamento de Saúde Ocupacional do Hospital de Santa Maria, CHLN, 3Escola Nacional de Saúde Pública, Universidade Nova de Lisboa, 4CISP – Centro de Investigação em Saúde Pública, Lisboa, Portugal

Os profissionais de saúde lidam quotidianamente com diversas exigências no trabalho – cognitivas, emocionais, organizacionais e físicas. Este estudo teve como objetivo a compreensão da influência de processos de equipa (comportamentos de apoio) e individuais (razão de emoções positivas sobre negativas) na relação entre aquelas exigências e a qualidade dos cuidados prestados. Os dados foram recolhidos junto de 2890 profissionais de saúde, em contexto hospitalar e em 9 países europeus, através de questionários. Os comportamentos de apoio por parte dos colegas tiveram um efeito mediador entre as exigências do trabalho e a qualidade dos cuidados. Uma relação semelhante foi encontrada para a positividade. Encontrou-se ainda uma mediação sequencial, em que as exigências do trabalho afetam a qualidade dos cuidados, através da influência dos comportamentos de apoio na positividade dos profissionais. A qualidade dos cuidados em contexto hospitalar está intimamente ligada às exigências do trabalho. Em função dos resultados obtidos, os administradores hospitalares devem considerar a importância da cooperação entre profissionais e delinear estratégias de promoção do trabalho em equipa, de forma a alavancar a segurança dos pacientes.

Palavras-Chave: Positividade, trabalho em equipa, qualidade dos cuidados

Patrícia Lopes Costa

(ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa)

patricia_costa@iscte.pt

INVESTIGAÇÃO-AÇÃO COM PROFISSIONAIS DE SAÚDE: APRESENTAÇÃO DE UM CASO CONCRETO

Sara Ramos1, Patrícia Costa1, Ana M. Passos1, Ema S. Leite2,3,4 & Sílvia Silva1

1ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa, 2Departamento de Saúde Ocupacional do Hospital de Santa Maria, CHLN, 3Escola Nacional de Saúde Pública, Universidade Nova de Lisboa, 4CISP – Centro de Investigação em Saúde Pública, Lisboa, Portugal

O risco de desenvolvimento de sintomas de burnout é elevado em profissionais de saúde, com consequências gravosas tanto para a sua saúde e bem-estar como para a qualidade dos cuidados prestados aos seus pacientes. A intervenção-ação teve o objetivo de identificar e reduzir o impacto nefasto de variáveis organizacionais e relacionais. O serviço, de medicina interna, conta com 59 médicos, 66 enfermeiros e 42 auxiliares. A investigação ação centrou-se uma das quatro secções em que se subdivide. Realizaram-se 11 entrevistas e focus group com profissionais e pessoas chave (Chefe de enfermagem, Chefe de sector) e 20h de observação in loco.

Resultados: Apesar de descrito como um sector tecnicamente excelente, com elevado potencial para atividades de cariz científico, salientaram-se fatores comprometedores do bem-estar e desempenho dos profissionais: uma taxa de ocupação acima dos 100%, falta de recursos humanos e tecnologia insuficiente, bem como dificuldades de partilha de informação e existência de relações conflituosas. Os profissionais descrevem elevada desmotivação, e necessidade de lidar com as questões emocionais decorrentes do trabalho. Contudo, as intervenções propostas foram bloqueadas pela hierarquia. O processo permitiu concluir que os fatores organizacionais e relacionais são preponderantes para o bem- estar dos profissionais, e que a hierarquia direta tem um papel central na facilitação (ou obstrução) da mudança organizacional.

Palavras-Chave: investigação-ação, observação, exigências emocionais, intervenção

Sara Ramos

(ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa)

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FATORES INDUTORES DE STRESS EM ENFERMEIROS: SERÃO OS LOCAIS DE TRABALHO DETERMINANTES PARA A SUA PERCEÇÃO?

Ema Sacadura Leite1,2,3, António Sousa Uva2,3, Sancha Ferreira1, Regina Rocha1, Patrícia Costa4 &Ana M. Passos4

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Serviço de Saúde Ocupacional do Centro Hospitalar Lisboa Norte, 2Escola Nacional de Saúde Pública, Universidade Nova de Lisboa, 3CISP – Centro de Investigação em Saúde Pública, Lisboa, Portugal, 4ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa

Os fatores indutores de stress em hospitais poderão estar relacionados com a profissão de enfermagem e as exigências emocionais inerentes ou com as condições em que a prestação de cuidados é efetuada. Os objetivos deste estudo foram identificar os principais fatores de stress em enfermeiros e caracterizar a sua intensidade. Foi realizada uma entrevista individual a 136 dos 1.154 enfermeiros de um hospital universitário. Destes, 84 trabalhavam em enfermarias, 26 em unidades de cuidados intensivos, 16 em blocos operatórios e 10 no serviço de urgência. Os principais fatores identificados foram: Sobrecarga de trabalho (58.8%), conflitos entre profissionais (53.7%), estado clínico do doente (41.9%), envolvimento emocional perante o sofrimento e a morte (39.7%), e condições de trabalho de natureza física (20.6%). A sobrecarga de trabalho e o conflito entre profissionais foram referidos pelos enfermeiros de todos os grupos de locais de trabalho como fatores de elevada intensidade. O envolvimento emocional com o sofrimento e a morte foi mais valorizado pelos enfermeiros de enfermarias e os conflitos com doentes ou familiares pelos enfermeiros do serviço de urgência. Determinadas características da situação clínica do doente e das condições de prestação de cuidados parecem ser determinantes para a perceção de fatores indutores de stress, pelo que parece ser fundamental o conhecimento específico das situações de trabalho para intervir de forma realmente eficaz.

Palavras-Chave: stress, enfermeiros, hospital

Ema Sacadura Leite

Serviço de Saúde Ocupacional do Centro Hospitalar Lisboa Norte, Lisboa, Portugal Escola Nacional de Saúde Pública, Lisboa, Portugal

CISP – Centro de Investigação em Saúde Pública, Lisboa, Portugal

ema.leite@chln.min-saude.pt

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