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SIMPÓSIO PERSONALIZAÇÃO DA AVALIAÇÃO EM SAÚDE MENTAL

Coordenador- Célia Maria Dias Sales, CPUP, Universidade do Porto Moderador- Célia Maria Dias Sales, CPUP, Universidade do Porto

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Existe renovado interesse na investigação sobre métodos de avaliação em saúde, fruto da implementação de sistemas de gestão. A gestão da saúde procura o balanço entre os benefícios e os custos das intervenções, com vista a proporcionar cuidados com a máxima qualidade mantendo, ao mesmo tempo, a viabilidade financeira dos sistemas de saúde. Neste contexto, são solicitados aos serviços indicadores de qualidade, entre os quais se destacam os resultados alcançados: Os doentes tratados melhoram? Esta questão remete para outras (velhas) questões (ainda) sem resposta: Como avaliamos a mudança em psicoterapia? Como pode um questionário captar a unicidade de cada caso? As medidas individualizadas de mudança permitem que seja o próprio paciente a construir o seu questionário, indicando os problemas que mais o preocupam, ou os objectivos que gostaria de atingir com a terapia. Este simpósio apresenta 4 estudos que ajudam a compreender até que ponto medidas individualizadas são adequadas para a avaliação de resultados no dia-a-dia dos serviços de saúde mental. São estudados 2 instrumentos que reúnem evidências de propriedades psicométricas satisfatórias: o (PQ e o PSYCHLOPS. Dois dos estudos exploram a sua utilidade clínica, tal como é vista por terapeutas (Antunes et al) e por pacientes (Pereira et al). As duas outras investigações analisam o que nos dizem os pacientes quando os convidamos a indicar os seus problemas: Será que indicam items que já estão previstos em medidas estandardizadas, ou pelo contrário, acrescentam novos conteúdos que de outra forma não seriam contemplados na avaliação (Neves et al)? Será que o formato de aplicação dos instrumentos (entrevista v.s. auto-preenchimento) tem impacto no tipo de conteúdos indicados pelos pacientes? PQ e PSYCHLOPS; aplicados à mesma pessoa, resultarão em questionários equivalentes ou distintos (Alves et al)? O significado dos resultados e implicações para a avaliação de serviços serão discutidos com os colegas presentes.

Célia Maria Dias Sales

CPUP, Universidade do Porto

Rua Cidade da Beira n56 - 8C, 1800-070 Lisboa

celiasales@soutodacasa.org

A UTILIDADE CLÍNICA DO PERSONNAL QUESTIONNAIRE NA PERSPETIVA DOS PSICOTERAPEUTAS

Rita Antunes1, Célia Sales2, Robert Elliott3

1Universidade de Évora, 2CPUP, Universidade do Porto, 3University of Strathclyde

Instrumentos com sólidas propriedades psicométricas podem ser inadequados na prática clínica real. Por isso, é crucial garantir que as medidas, além de válidas e fiáveis, possuem utilidade clínica. Esta é uma propriedade ainda pouco estudada que se subdivide em três componentes: generalização (grau de adaptação a contextos distintos), praticabilidade (facilidade de administração e interpretação) e aceitabilidade (recetividade dos terapeutas para usar o instrumento e disponibilidade dos clientes para cooperar com os procedimentos). Esta investigação tem como objetivo o estudo da utilidade clínica do Personnal Questionnaire (PQ) através da perspetiva dos terapeutas que o utilizam na prática clínica. O PQ é uma medida individualizada que se baseia numa entrevista semiestruturada em que terapeuta e cliente colaboram com o propósito de gerar uma lista de problemas a intervir no processo terapêutico. Desenvolveu-se um novo método para avaliar a utilidade clínica (estudo 1): um questionário de autorrelato criado com base na literatura pré-existente e num focus group de psicoterapeutas com experiência de uso do PQ. Este questionário, construído em português e inglês, está atualmente a ser administrado por via on-line a nível nacional e internacional a psicoterapeutas que usem ou tenham usado o PQ na prática clínica (estudo 2). Os resultados preliminares desta investigação serão apresentados e discutidos neste simpósio.

Palavras-chave: medidas individualizadas, utilidade clínica, praticabilidade, aceitabilidade,

generalização.

Rita Antunes

Universidade de Évora

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A ADEQUAÇÃO E SIGNIFICADO DO PROCESSO DE AVALIAÇÃO DA CASA DE ALBA: O PONTO DE VISTA DOS RESIDENTES

João Pereira1, Cláudia Pedro1, Célia Sales2

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Fundação Romão de Sousa, 2CPUP, Universidade do Porto

A Casa de Alba é uma CT democrática em Saúde Mental da Fundação Romão de Sousa, que envolve os pacientes nos processos de tomada de decisão, incluindo a avaliação da qualidade do serviço. Por isso, no seu protocolo de avaliação da intervenção, a Casa de Alba inclui medidas individualizadas, que permitem avaliar a mudança de acordo com os problemas que são prioritários e preocupam cada paciente. Embora se defenda que as medidas individualizadas permitem uma avaliação centrada no paciente, e que são percebidas como úteis pelos utentes, são escassos os estudos que investigam a percepção dos pacientes em relação a estes instrumentos.

Este estudo apresenta os resultados de um focus group realizado com residentes da Casa de Alba, em que avaliam o protocolo de avaliação usado pelo serviço, com especial ênfase nas medidas individualizadas. Pela especificidade da população de residentes (perturbações graves da personalidade e esquizofrenias) este estudo abre também caminho para futuras adaptações das medidas, consoante as diferentes patologias.

Palavras-chave: investigação participativa, comunidade terapêutica, avaliação de serviço, avaliação

individualizada, qualitativo

João Pereira

Fundação Romão de Sousa

joao_pgpereira@hotmail.co.uk

A RELEVÂNCIA DAS MEDIDAS INDIVIDUALIZADAS: OUVIMOS O PACIENTE MAS CAPTAMOS A HISTÓRIA?

Inês Neves1, Célia Sales2, Rita Carlota1, Cláudia Brinquete1

1Universidade de Évora, 2CPUP, Universidade do Porto

As medidas individualizadas, defendidas pela comunidade científica como relevantes para avaliação de resultados terapêuticos, permitem ao paciente identificar os aspetos que mais valoriza na apreciação de melhoria clínica. O PSYCHLOPS, como medida individualizada, convida o paciente a definir os próprios itens. Os itens construídos pelos pacientes foram avaliados e comparados com conteúdos de instrumentos estandardizados. Este estudo observacional transversal, com amostra de conveniência composta por pacientes da consulta de psicologia do Hospital Espírito Santo (Évora), e de três Centros de tratamento para abuso de substâncias. Ao todo, 107 pacientes preencheram o PSYCHLOPS e, de seguida dois instrumentos apresentados de forma aleatória, validados na avaliação de resultados terapêuticos: o CORE-OM e o PHQ-9. Foram criados 279 itens através do PSYCHLOPS, posteriormente recodificados, por análise temática, em 51 categorias. “Problemas relacionados com o trabalho” foi a categoria mais identificada pelos pacientes como relevante para avaliar o efeito clínico, sendo que a maioria dos pacientes indicou pelo menos um item não existente no CORE-OM e no PHQ- 9. Das 51 categorias, 17 (33.3%) não estão representadas no CORE-OM e 43 (84.3%) não estão representadas no PHQ-9.Estes dados demonstram a importância das medidas individualizadas para identificar as preocupações mais valorizadas pelo paciente, o que poderá ter implicações para o processo terapêutico.

Palavras-chave: Medidas individualizadas, avaliação de resultado, envolvimento do paciente

Inês Neves

Universidade de Évora

inestdneves@gmail.com

SERÁ QUE O FORMATO INTERESSA? COMPARAÇÃO ENTRE DUAS MEDIDAS INDIVIDUALIZADAS DE AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS DO TRATAMENTO.

Paula Alves1, Célia Sales2, Mark Ashworth3 1

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As medidas individualizadas de avaliação dos resultados do tratamento psicológico são instrumentos cujos itens são criados pelo próprio paciente, sem a sugestão ou imposição de conteúdos pré-definidos por investigadores ou terapeutas, como acontece nas medidas tradicionais com conteúdos estandardizados. Estes itens podem ser criados de duas formas: através de entrevista oral, em que o paciente é convidado a falar sobre os seus problemas pessoais; ou por auto-relato, i.e., o paciente descreve, de forma livre e com as suas próprias palavras, os seus problemas. A escolha pela utilização entre estes dois formatos depende de vários factores, tais como as características da população, o tempo disponível para a aplicação dos instrumentos ou até os recursos existentes no serviço, equipa clínica e/ou de investigação. Contudo, ainda se desconhecem as diferenças entre estes dois formatos de medidas individualizadas, nomeadamente, no que concerne aos conteúdos abordados pelos pacientes oralmente ou por escrito. Será que existe equivalência? Este estudo apresenta os resultados preliminares de um estudo comparativo entre uma medida individualizada de auto-relato, o PSYCHLOPS, e de entrevista, o PQ, ambos aplicados por ordem aleatória numa amostra de pacientes (N=91) a iniciar tratamento para a dependência de substâncias. Iremos discutir os conteúdos os itens criados através destas duas medidas, referindo-nos às potencialidades, vantagens e desvantagens destes dois formatos de aplicação.

Palavras-chave: Medidas individualizadas; avaliação dos resultados; dependência de substâncias

Paula Alves

ISCTE-IUL

paulagomesalves@hotmail.com

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