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III – PROTEÇÃO SOCIAL E O IDOSO NO BRASIL

3.2 A proteção do Idoso na Seguridade Social Brasileira

3.2.1 Sistema de Saúde e o Idoso

A Constituição Brasileira de 1988 também conferiu especial relevância no ordenamento jurídico à questão da saúde, quando universalizou o acesso, abrangendo a todos os cidadãos, inclusive os idosos e, não apenas os beneficiários da Previdência Social como eram antes da CF/88.

A lei que primeiro regulamenta a saúde pública é a Lei Orgânica da Saúde (LOS) formada pelas leis n. 8.080/1990 e n. 8142/1990. A Lei 8.842/1994, regulamentada pelo Decreto n. 1948/1996, reafirma o direito integral à saúde, por meio da promoção da autonomia do idoso e da sua participação na sociedade.

A seu turno, a Portaria Interministerial MS/MPAS n. 5.153, de 7 de abril de 1999, instituiu o Programa Nacional de Cuidadores de Idosos a ser coordenado por Comissão Interministerial, constituída por representantes da Secretaria de Estado de Assistência Social do Ministério da Previdência e Assistência e da Secretaria de Políticas de Saúde do Ministério da Saúde.

Referida Portaria está intrinsicamente relacionada à dependência e, portanto, demonstra o ingresso do país, na seara do atendimento ao idoso dependente.

Nesse âmbito, a Portaria nº 73, de 10 de maio de 2001, da Secretaria de Estado de Assistência Social, do Ministério da Previdência e Assistência Social, estabeleceu

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as normas de funcionamento de serviços de atenção à pessoa idosa no Brasil, definindo as modalidades de atendimento, que respeitam as complexidades e especificidades do idoso.

Definiu, assim que, para as pessoas idosas em situação de vulnerabilidade, as modalidades de serviços previstos são: Centro de Convivência, Centro-Dia, Casa Lar, Assistência Domiciliária e Atendimento Integral Institucional.

Vale a pena discriminar o que seja cada um dos atendimentos previstos na Portaria 73/2001, conforme consta na própria Portaria, senão vejamos:

CENTRO DE CONVIVÊNCIA é o “espaço destinado a idosos e seus familiares, onde são desenvolvidas, planejadas e sistematizadas ações de atenção, de forma a elevar a qualidade de vida, promover a participação, a convivência social, a cidadania e a integração intergeracional”, sendo o público alvo pessoas idosas independentes. CENTRO-DIA é um programa de atenção integral às pessoas idosas que, por suas carências familiares e funcionais, necessitam de um local, para ficar durante o dia, evitando a institucionalização. Proporciona atendimento das necessidades básicas, reforçando o aspecto de segurança, autonomia, bem-estar e a própria socialização do idoso. Seu público alvo são pessoas idosas com algum grau de dependência e semidependentes e que necessitam de cuidados médicos e sociais. Apesar de conviverem com suas famílias, estas não conseguem oferecer atendimento o dia todo, no domicílio. O serviço tem o objetivo de prestar atendimento às pessoas idosas através de equipe interprofissional de acordo com as necessidades dos usuários, visando melhoria de sua qualidade de vida e integração comunitária.

Para a implantação da Política Nacional do Idoso, o Ministério da Saúde, tratou de estabelecer a instauração de redes estaduais de assistência à saúde do idoso, por meio da Portaria n. 702/SAS/MS de 2002, visando incrementar as Diretrizes Essenciais da Política Nacional do Idoso, como a promoção do envelhecimento saudável, a manutenção da capacidade funcional, a assistência às necessidades de saúde do idoso, a reabilitação da capacidade funcional comprometida, a capacitação de recursos humanos especializados e o apoio ao desenvolvimento de cuidados informais.

De modo que referida Portaria trata de suprir a necessidade de se estabelecer mecanismos de avaliação, supervisão, acompanhamento e controle da assistência à saúde dos idosos.

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Na busca pela efetiva implementação da Política Nacional do Idoso e, buscando conhecer essa população residente no país, o Governo Federal, por meio da Portaria n. 399/GM de 22 de fevereiro de 2006, estabeleceu a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa, cujo objetivo central é melhorar o conhecimento da população idosa e de suas condições de saúde e de vida.

A Portaria n. 2.528/GM de 2006, que institui os novos paradigmas para a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, reafirma os objetivos anteriores de recuperar, manter e promover a autonomia e a independência da pessoa idosa, direcionando as medidas de saúde, tanto individuais quanto coletivas.

Os programas de saúde desenvolvidos especificamente para os idosos são: - Programas de formação e pesquisa em gerontologia e geriatria;

- Programa Nacional de Cuidadores de idosos: Capacitação de cuidadores domiciliares (familiares ou não) e institucionais. Atividade elaborada pelo Ministério da Saúde, executada de maneira descentralizada com participação das secretarias municipais de Assistência Social e Saúde;

- vacinação para população idosa, com destaque para a vacinação contra a gripe para pessoas acima de 60 anos; imunização contra pneumonia para idosos hospitalizados, por meio do Programa Nacional de Imunização (PNI);

- Estratégia Saúde da Família: Aproximadamente 50% dos idosos são atendidos dentro do PSF – Programa Saúde da Família;

- Atenção de média e alta complexidade, através de assistência à saúde no próprio município onde o idoso resida;

- Caderneta de Saúde do Idoso: instrumento de cidadania, contendo informações relevantes da saúde do idoso, possibilitando um melhor acompanhamento pelos profissionais de saúde, de forma a planejar, organizar melhor o atendimento ao mesmo;

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- Medicamentos: todos os relacionados às doenças relevantes na fase da velhice estão mencionados na Relação Nacional de Medicamentos, inclusive os de alto custo para tratamento de doenças como Parkinson ou Alzheimer, por exemplo;

- Tratamento específico para doenças prevalentes na fase da velhice, bem como reabilitação de sequelas de doenças crônicas: O SUS estabeleceu protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas, tais como, garantia de atendimento e acesso a medicamentos;

- Prevenção de doenças crônicas relacionadas à velhice: São desenvolvidas estratégias para controle das doenças não transmissíveis, através da Coordenação Nacional para a Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis (DANT), que cuida do desenvolvimento e implantação de políticas públicas a respeito;

- Programa de Educação Permanente em Envelhecimento e Saúde de Idosos: A capacitação permanente de trabalhadores do Sistema Único de Saúde ( SUS), tem importância estratégica de gestão para a melhoria dos processos de trabalho em saúde (OISS, s/d).

- Observatório Nacional do Idoso: Projeto piloto do Ministério da Saúde, em parceria com Hospital privado (Oswaldo Cruz – São Paulo) e a Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba (PR), cujo objetivo é a construção de uma linha de cuidados para o idoso, em conjunto com as redes de atenção à saúde, já existentes (Portal da Saúde, 2012).

- ELSI Brasil: Estudo Longitudinal das Condições de Saúde e Bem-Estar da População Idosa, que é uma participação, em forma de consórcio, para desenvolvimento em pesquisa, visando levantar as condições de vida e de saúde dos idosos. Os países participantes são Estados Unidos e Canadá na América do Norte, 11 países europeus, Japão, Índia, China e Coréia do Sul (Portal da Saúde, 2012).