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4.2 RESULTADOS DA AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CPTER NATAL

4.2.5 Sistemas internos de acompanhamento, Registro e Avaliação

Quadro 16 - Sistemas internos de acompanhamento.

Fonte: Draibe (2001) sistematização própria.

SISTEMAS OU SUBPROCESSOS ELEMENTOS DE IMPLEMENTAÇÃO E AVALIAÇÃO INDICADORES

Processo de monitoramento, registro e avaliação internos

monitoramento na implementação dos programas pelos seus gerentes, restringe-se a examinar os registros administrativos e coletar opiniões dos agentes implementadores

Monitoramento: regularidade, abrangência ;agilidade na identificação de desvios e incorreçoes ; avaliação interna;

apredizagem institucional, graus de participação dos atores, efetividade

Sobre os Sistemas internos de Monitoramento e Avaliação, foram estabelecidas as seguintes perguntas no roteiro de entrevista: relate sobre as avaliações internas realizadas pela gestão do centro, sejam as direcionadas para toda instituição, corpo de gestores, técnicos e demais funcionários? De que forma os resultados da avaliação são divulgados entre a comunidade interessada? Como as avaliações interferem na rotina de trabalho da coordenação e funcionamento das unidades do Centro?

Levando em consideração a análise das informações obtidas, e confrontando com os relatos e todo o referencial teórico utilizado, conforme Draibe (2001), os elementos de analise definidos demonstram no processo de monitoramento e avaliação apresentados pela Semtas sobre o CPETRN demonstram que a regularidade das informações são anuais, e que a abrangência se limita aos informações dos serviços efetivados, onde o mesmo relatório apresenta timidamente a identificação de desvios e suas incorreções, contudo, a capacidade de agilidade em corrigir de maneira efetiva se arrasta entre as gestões, a visível carência de feedback resultado da inexistência de uma avaliação interna com regularidade e participação integrativa em que demonstre a identidade do centro como instituição fundamental para o fomentos das políticas públicas em emprego e renda, o que se demonstra na opinião de alguns agentes, vejamos:

nossas informações são lançadas no sistema do governo federal no que se refere aos indicadores que podem comprometer os recursos que serão remetidos a prefeitura[...] não temos reuniões, ou encontros específicos dos profissionais do centro para analisar os resultados[...] as metas são constituídas a partir destas informações que enviamos aos setores responsáveis eles consolidam e divulgam[...]

acredito que precisaríamos de mais informações, por exemplo hoje não consigo te dizer quais os bairros temos mais vulnerabilidades, ou onde se localiza os desempregados de Natal, ou qual a faixa e que ações poderíamos formular[...] seria muito bom que todo mundo participasse na análise e criação de ações definidas por uma gestão totalmente integrada ao centro [...] (Entrevistado VII, informação verbal)29.

No tocante ao monitoramento, os relatórios apontam uma deficiência dos recursos, e ainda relatos como desafios físico-estruturais para execução das ações, sendo registrada uma quantidade limitada de frota e motoristas disponíveis aos departamentos para acompanhamento de turmas nos cursos em andamento, para visita as unidades, as empresas para captação de vagas e divulgação dos serviços o que fatalmente impacta no monitoramento e registro das ações, conforme se observa no depoimento de uma profissional da equipe de Intermediação de Mão de Obra:

29 Profissional do atendimento. Entrevista VII. [set. 2020]. Entrevistador: Alberto Farias. Natal, 2020. 1 arquivo .mp3 (55 min.).

[...] uma coisa boa é o aplicativo do governo federal onde o beneficiário pode entrar, pegar as informações[...] não temos avaliações internas, não temos apresentação de resultados, somos arranjos aqui, cada uma ou cada um opera de maneira assistemática, um vez por ano se discute os resultados acumulados no ano, as equipes administração, atendimento, serviço social e gestão não tem um elo predefinido[...] nossa estrutura é defasada, o prédio é bom, bem localizado, cada equipe tem sua sala, com os atendimentos individuais, psicólogos, assistente social, o material de expediente temos, a internet é um dos maiores problemas que temos, há tempos não conseguimos resolver, as questões antigas, as instalações são precárias, a infraestrutura é limitada, cadeirante por exemplo tem dificuldade, nosso prédio é cedido, por exemplo ar condicionado está quebrado tive que trazer um ventilador, e faz tempo que foi solicitado[...] recebemos um relatório da Semtas, mas que serve de guia, mas que diz pouco, operamos com uma plataforma do governo federal para realizar cadastro, este é o único momento em que lembro ter contato com eles [...] (Entrevistada II, informação verbal)30.

Sobre os Sistemas internos de Monitoramento e Avaliação, foi mencionada a realização de acompanhamento, por apresentado pela Semtas, relatórios gerados através das informações coletadas por todos os programas que integram as atividades do CPETRN, do período de 2010 a 2019, com informações sobre a quantidade de vagas ofertadas, de alunos matriculados e de concluintes, certificados emitidos, e as mais diversas áreas, mas não encontramos um padrão das informações que torna difícil constituir os indicadores, abaixo quantitativos de ações realizadas pela Qualificação Profissional (QP) ofertados, em 2019, por regiões administrativas:

Quadro 17 - Indicadores de resultados – qualificação profissional/2019

Fonte: dados da pesquisa.

30 Profissional do setor de Qualificação e captação de vagas. Entrevista II. [ago. 2020]. Entrevistador: Alberto Farias. Natal, 2020. 1 arquivo .mp3 (60 min.).

Em outro relatório de 2017 encontramos o registro e monitoramento das metas estabelecidas até 2021, contudo, se observa nos relatos que além de ser emitido anualmente, não existe difusão e tratativas das informações.

No quadro abaixo, encontramos registros denominados de: os desafios encontrados e sugestões de aperfeiçoamento, logo se percebe que as informações colhidas de modo descentralizado pertencentes aos diversos setores que compõe as políticas da Semtas revelam uma estratégia de avaliação interna anual que, segundo relatos, limitam a identificação de entraves e intervenções adequadas. Isso pode, como ressaltam Marques e Arretche (2017), assumir uma infinidade de formatos institucionais, já que umas das características no desenho institucional da política mais uma vez fica evidenciado que o espaço de autonomia do CPETRN, tem como regra as políticas de fomento ao emprego, trabalho e renda para a cidade do Natal.

A implementação de um sistema descentralizado, participativo e fundado na municipalização exige um novo desenho político institucional que garanta não somente a primazia do poder público, mas um comando único em cada uma das três esferas de governo, além de gestão compartilhada, com a participação da sociedade civil e dos usuários nos serviços e programas sociais públicos, na cidade do Natal e sua Região Metropolitana, conformes descritos no Programa Integrado de desenvolvimento Urbano e Inclusão Social de Natal–Programa Natal do Futuro, elaborado em 2006, em que tem a participação da Semtas mostra na prática que o desempenho dos governos locais é em grande parte, resultado institucional dos sistemas nacionais (MARQUES; ARRETCHE, 2017), ou seja, os processo de avaliação, registro e monitoramento, registram mais os efeitos, conforme apresenta o registo do relatório de gestão da Semtas abaixo: apresentando discrepâncias entre uma ideia de política pública de fomento ao emprego e renda distributiva.

Quadro 20 - Relatório de gestão 2019/ qualificação profissional 2019.

Fonte: dados da pesquisa.

Os registros não dialogam com os depoimentos dos entrevistados presentando discrepâncias entre uma ideia de política pública de fomento ao emprego e renda distributiva, descentralizada que se quer figurar. Outro aspecto relevante é que apesar de os beneficiários fornecerem dados sobre como julgavam a execução do programa, esses dados não aparecem nos relatórios examinados, e que poderiam ser utilizados em um processo de avaliação interno, discutidos com toda equipe.

A inexistência de uma estratégia de avaliação bem definida e a má utilização dos dados obtidos consistiram em fragilidades verificadas nos Sistemas Internos de Monitoramento e Avaliação do CPETRN onde monitoramento do programa praticamente se restringe à avaliação dos dados gerados através das demandas que alimentam o Sistema do governo federal. Desse modo, a avaliação de programas sociais ainda é restrita ao mero controle de gastos, conforme pode ser verificado, podem comprometer a regularidade, abrangência; agilidade na identificação de desvios; a qualidade da avaliação interna;

fundamentais para produzir aprendizagem institucional, e efetividade na participação dos atores (DRAIBE, 2001).

Draibe (2001) ressalta que as avaliações internas durante o processo de implementação são realmente raras, conforme se pode observar pelos dados coletados

restringindo-se a examinar os registros administrativos e coletando opiniões dos agentes implementadores, assim, a preocupação com a conformidade na utilização dos recursos públicos é importante, porém, não é suficiente para garantir e eficácia da implementação.

Dados coletados no setor de Intermediação de Mão de Obra (IMO)

Quanto à existência de sistemas interno de acompanhamento registro e avaliação, foi relatado por alguns profissionais que a qualidade do preenchimento das informações podem ser consideradas suficientes, contudo, a verificação como rotina e atualização das informações quase sempre são demoradas, o que pode se verificar nas informações reduzidas no relatório da gestão em que se limita a expressar ações realizadas, para os declarantes a fragilidade se deve a pouca autonomia do centro sobre sua política, onde como não se constituiu instrumentos avaliação permanente com métricas parametrizadas por metas, objetivos e missão do programa, tais significados tendem a ficar em segundo plano, outro aspecto pontuado é que como a comunicação entre os setores existe mais se limita a registrar os acontecimentos administrativos da ordem do dia, as percepções mais reflexivas sobre a política quase sempre são ignoradas a mero assistencialismo.

Dados obtidos no setor da recepção e atendimento

Neste quesito, os profissionais da recepção e atendimento relatam que são a entrada e o registro de informações que seriam extremamente validas no desenvolvimento do programa, contudo, a coleta de dados, não figura alimento para a construção de uma política a partir das percepções de cada membro da equipe, conforme já pontuado, a inexistência de um cronograma de reuniões voltados para questões pertinentes a avaliação continuada para construção dos indicadores e consequente acompanhamento, se deterioram com o passar dos anos, sem a realização de análises prévias dos dados pela gestão e atualização periódica destes, as percepções dos atores, implementadores se perde no decorrer do processo. Assim, dentre as principais dificuldades encontradas, o fato de cada setor operar por iniciativa própria, onde a coleta de informações estaria comprometida, e que existem dados no sistema nacional que poderiam ser mais bem aproveitados pela gestão. A regularidade e abrangência interna em levantar dados e identificar a necessidade de mudanças na formação do programa praticamente não existe por parte dos gestores, o que praticamente se identificou em todos os anos de existência do programa, o CPETRN visto como apenas uma instituição que compõe a

política de assistência social, assim, a revisão do processo geral de registro, monitoramento e avaliação deveriam ser repensados.

Dados obtidos pela Qualificação profissional (QP)

Para alguns membros da QP o monitoramento e registro atualmente existe apesar das lacunas, e que hoje se tem uma equipe de gestão focada com a coordenação e os demais atores, neste sentido o que na verdade estaria faltando seria as políticas do governo federal e consequentemente o aporte do governo estadual em desenvolver mecanismos de acompanhamento e monitoramento para além de simples cadastro de vagas e trabalhadores, segundo relato, acreditam que é possível estruturar um sistema interno a partir dos indicadores de uma sistema nacional. Apontam ainda a necessidade de se criar mecanismo através de ferramentas tecnológicas que ajudem ao CPETRN ter sua identidade diante do público-alvo, assim dissociando as políticas de emprego, trabalho e renda de uma percepção apenas assistencial.

Dados obtidos no setor pedagógico e de assistência social

Verificamos que os profissionais ligados ao processo de qualificação profissional, ou captação de vagas afirmam a necessidade quase que preponderante de criação de indicadores com a divulgação massificada da existência e sentido dos mesmos, bem como, redefinir a importância do programa, onde cada setor deveria integrar um núcleo base de informações em um sistema próprio do centro que fosse investido recursos para aquisição de novas tecnologias, em que o uso pedagógico das informações fossem adequadas as necessidades dos beneficiários e de todo suporte técnico.

Neste quesito se identifica o monitoramento e um sistema de avaliação o que se apreende do padrão descrito nesta seção é que a fragmentação da informação e o fracionamento do que chega a cada departamento, as percepções são diversas, mais o ponto comum identificado seria o investimento em novas tecnologias, a exemplo um sistema próprio contento todos os fluxos de informação imputados por todos os setores, portanto, um ponto a ser melhor debatido e ampliado, de maneira integrativa pela gestão do CPETRN.