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4 REPERCUSSÕES DO CONCEITO DE TRANSTORNOS GLOBAIS DO

4.4 Investigação das repercussões teóricas e técnico-legais sobre os processos de inclusão dos

4.4.1 A pesquisa de Campo

4.4.1.2 Sobre os sujeitos da pesquisa

4.4.1.2.2 Sobre as crianças pesquisadas

A abordagem aos participantes foi realizada mediante assinatura de termo de consentimento livre e esclarecido, recolhido na instituição e entre os sujeitos participantes. Na apresentação deste termo e dos objetivos da pesquisa, foi esclarecido que os nomes, bem como da instituição seriam mantidos em sigilo. O registro e a coleta de dados foram realizados por meio de gravações de áudio e, nos casos em que se fez necessário, através de registro escrito das entrevistas realizadas ou das observações livres, desenvolvidas no ambiente escolar especificamente junto a um dos alunos, que não falava. Tais formas de registro foram realizadas mediante consentimento dos sujeitos participantes, cujo termo de livre consentimento foi recolhido junto à instituição, aos professores, aos alunos (exceto a criança que não falava) e aos responsáveis pela criança (estes também assinaram termos permitindo a sua própria participação na pesquisa).

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A Escola Integrada funciona como extensão da jornada escolar para todos os alunos que frequentam a escola. Na escola em questão, utiliza-se de parques e equipamentos comunitários fora do ambiente institucional para desenvolver suas atividades.

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Por questões de abrangência e de tempo, esta pesquisa não teve alcance a esta ação, depois que se encerrou a coleta de dados de nossa pesquisa de campo ao final do mês de outubro de 2011.

Destaca-se que a proposta inicial desta pesquisa era realizar a investigação com quatro crianças, matriculadas no Ensino Fundamental, identificadas a partir do diagnóstico de transtornos globais do desenvolvimento, bem como com os seus professores e com os técnicos de inclusão escolar que orientassem a execução do programa de inclusão junto à Escola. A partir destes três grupos tinha-se como objetivo verificar o que cada sujeito poderia dizer sobre os processos de inclusão escolar, experimentados cotidianamente.

Desta forma, a partir dos contatos estabelecidos com a Escola α e da demanda realizada por esta instituição ao NIPSE, pactuou-se o encaminhamento para estudo apenas de alunos previamente identificados com transtornos globais do desenvolvimento. Sendo assim, dos dez casos inicialmente encaminhados para investigação, apenas três foram selecionados pela pesquisadora. Em razão da particularidade que encerra este processo de seleção, faz-se dele uma breve descrição.

Assim como foi comentado anteriormente, em princípio foi disponibilizado para estudo um caso previamente diagnosticado como transtorno invasivo do desenvolvimento66 e outros dois para os quais não havia diagnóstico clínico. Posteriormente, a Escola acrescentou mais sete indicações. Dentre eles, alguns não possuíam qualquer diagnóstico clínico, enquanto outros podiam ser identificados, por exemplo, através de transtornos diversos – tal como transtorno bipolar; e através de síndromes orgânicas - tais como síndrome do X-frágil, síndrome de Down, síndrome de Irling; ou através de transtornos da atividade, no caso, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade.

Realizados maiores esclarecimentos para a escola sobre quais alunos deveriam ser alvo das investigações por parte da presente pesquisa (ou seja, apenas os alunos que tivessem laudo médico de transtorno global do desenvolvimento), uma nova listagem foi encaminhada pela Escola α à pesquisadora, constando nela apenas três casos identificados a partir dos seguintes diagnósticos: síndrome do X-frágil com autismo secundário, transtorno invasivo do desenvolvimento e transtorno bipolar. Assim, neste rol, podiam ser identificados aqueles alunos que recebiam acompanhamento por parte da Equipe de Inclusão, em função de necessidades educativas especiais determinadas por suas condições de saúde.

Destaca-se que, apesar da síndrome do X-frágil não entrar diretamente no rol dos transtornos globais do desenvolvimento, interessava-nos a investigação deste aluno em função da comorbidade desta condição médica junto ao quadro de Autismo Infantil Precoce; esta sim, a principal patologia descrita nos quadros de transtornos globais do desenvolvimento.

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Quanto ao aluno que possuía diagnóstico de transtorno bipolar, apesar desta terminologia não figurar entre os transtornos globais do desenvolvimento, a investigação com o aluno foi mantida. Esta escolha, que em princípio dizia respeito à sustentação do que parecia ser um equívoco da escola em relação à classificação do referido transtorno, foi ganhando nuances especiais a partir do desenvolvimento da pesquisa. Percebemos neste caso, assim como no caso da criança identificada com transtorno invasivo do desenvolvimento, o quanto a criança gerava mal-estar nos educadores. Destaca-se também a percepção de que, na rede municipal de ensino, a política de inclusão escolar realiza uma equiparação entre transtorno global do desenvolvimento e demais transtornos mentais. Esta se faz mediante a classificação de todos eles sob a rubrica das condutas típicas, já em desuso nos textos da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008; 2009), assim como pode ser verificado no capítulo 2 desta dissertação. Ressalta-se que a investigação com este aluno seguiu os mesmos parâmetros utilizados para as demais investigações, acatando e, ao mesmo tempo, colocando em xeque a equiparação realizada pelo programa de inclusão municipal.

Os impasses dos educadores com as dificuldades apresentadas por esses alunos e a diversidade dos diagnósticos levantada pela Escola promoveram na pesquisadora uma reflexão inicial sobre que tipo de aluno a escola caracterizava como pertencente à categoria dos transtornos globais do desenvolvimento e, portanto, como público do programa de inclusão. Dentre os casos apontados pela Escola α recaíam questionamentos aleatórios, provenientes de queixas institucionais diversas: “O que esse menino tem?”; “O que é preciso fazer para que ele aprenda?”; “Até onde ir em casos que têm diagnósticos clínicos emitidos por profissionais da área da saúde mental?”. Em tais questionamentos, já era possível verificar a presença comum de dois elementos: o diagnóstico e os encaminhamentos pedagógicos possíveis de serem realizados a partir deste instrumento. Estas duas variáveis foram incorporadas como elementos de investigação junto aos professores. Posteriormente, foram levadas à análise na formulação dos estudos de casos.

Sendo assim, a partir dos diagnósticos psiquiátricos endereçados ao programa de inclusão da rede municipal de ensino de Belo Horizonte e, por consequência, à Escola α, configurou-se a escolha de três sujeitos de pesquisa de idades e percursos escolares diferentes e, correlativamente, de seus professores. Estas crianças, meninos de idades variando entre 11 e 14 anos, além da questão do diagnóstico e da idade aproximada, mantêm entre si a característica comum de serem previamente conhecidos por alguns dos professores regentes de suas turmas no momento da realização da pesquisa de campo. Este fato, não previsto

quando da escolha dessas crianças, gerou a possibilidade de se recolher algumas informações pregressas a respeito de sua escolarização.

Destaca-se também que, no decorrer da evolução das entrevistas, considerou-se necessário abordar as mães dos alunos, ação que não estava prevista no projeto de pesquisa. As entrevistas realizadas com essas senhoras objetivaram realizar esclarecimentos específicos a respeito das crianças, do histórico da construção do diagnóstico clínico estabelecido para elas, bem como o esclarecimento de questões pertinentes ao relacionamento entre a criança, a família e a escola. Tal procedimento justificou-se na medida em que alguns dados relevantes a respeito do processo de escolarização do aluno e da própria relação entre a família e a escola não foram esclarecidos pelo levantamento documental realizado nos registros acadêmicos do aluno. Também porque durante a realização das entrevistas com os professores e os técnicos de inclusão, ficou destacado o papel da família junto aos processos de inclusão escolar dos alunos em questão.

Destacamos que, sob a rubrica de “Educadores” foram considerados a direção, os técnicos de inclusão e os orientadores pedagógicos da Escola α. Na descrição de cada caso, estes profissionais aparecem enumerados de forma fixa, pois na realidade são sempre os mesmos profissionais de referência. Sob a rubrica de “Professores” considerou-se os professores regentes de turma, os professores de conteúdos especiais, os professores ligados ao PIPE, enumerados na sequência de 1 a 5, bem como a monitora auxiliar de inclusão. Seguindo a lógica de identificação dos sujeitos participantes da pesquisa, identificou-se as mães de acordo com a descrição de cada caso. Para melhor visualização do contingente de sujeitos participantes nos estudos de casos, a seguir expomos uma tabela (Quadro 3) que traz a correlação de sua participação em cada um deles.

Quadro 3 - Sujeitos de pesquisa entrevistados

Casos Educadoras/ Técnicas de

Inclusão

Professoras Familiares

Caso T Aluno de

11anos

- Professora 1 e Monitora de Apoio à

Inclusão

Mãe T

Caso G Aluno de

14anos

Educadora 1 e Educadora 2 Professora 2, Professora 3 e Professora 4 Mãe G

Caso D Aluno de

11anos