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5.1 – Sumário da investigação

Face ao problema do desconhecimento existente sobre como está a situação da AP Portuguesa a nível dos SAD suportados por dados, em termos de SBI, foram delineados três objetivos, avaliar o nível de implementação, identificar os principais FCS e conhecer as principais finalidades e mais valias da implementação de SBI, em termos globais e por subsector da AP. Para atingir os objetivos fixados, a metodologia deste trabalho segue, essencialmente, uma abordagem quantitativa, baseada em dados de um inquérito por questionário promovido pela APDSI em 2017. Verificou-se que de 281 organizações, apenas 94 tinham SBI implementados. Depois dos dados validados, na análise usou-se técnicas de estatística descritiva e inferencial. A análise foi feita em termos globais e por subsector da AP, comparando-se a AC com a AL, sendo suportada pela revisão de literatura, tendo permitido conhecer mais sobre o BI no Estado, nomeadamente, que a adoção de SBI em Portugal se iniciou entre 1998 e 2001, havendo ao longo dos anos, ciclos de maior ou menor investimento, registando-se um incremento maior de 2013 até 2017, com um total de 35 primeiros projetos de BI na amostra. Constatou-se que ao nível de implementação do BI, só um terço das entidades têm SBI e que na AC o grau de implementação é o dobro do que ocorre na AL (e na AR).

Através da análise feita pode-se ver que as iniciativas de BI têm origem no topo da organização e que a responsabilidade na evolução dos SBI ou é do departamento de TI ou da gestão de topo. Ao analisar as motivações na adoção de SBI constatou-se que as principais são responder a necessidades das áreas funcionais, automatismo na obtenção da informação e maior facilidade de partilha de informação. Quanto às mais-valias dos projetos de BI, de forma global, as três principais estão relacionadas com dados, rapidez no acesso, qualidade e integração de dados. Também, se verificou que os dois principais FCS são um forte patrocínio de topo e a adoção da solução de BI pelos utilizadores, e também, que a principal dificuldade na implementação de projetos de BI reside na falta de qualidade dos dados, em que as entidades têm processos de melhoria da qualidade de dados, mas não sabem ao certo que dados têm e suas características. Quanto à utilização, verificou-se que os utilizadores principais dos SBI são a Gestão de Topo e

Relativamente à principal finalidade do uso do BI, verificou-se ser o apoio à gestão, sendo o principal tipo de informação disponibilizada pelos SBI os indicadores de gestão, seguindo-se os relatórios operacionais e os relatórios estratégicos e só depois as análises ad hoc.

Toda esta informação obtida permitiu a concretização dos objetivos delineados, possibilitou diagnosticar a situação do BI na AP e assim, responder à questão de investigação colocada: como está a AP Portuguesa a nível dos SAD suportados por dados, em termos de SBI?

De facto, é possível concluir que, de uma maneira geral, a nível do BI a AP se encontra muito atrás do que acontece no sector privado. A implementação de SAD de apoio à decisão no SP está menos generalizada, tem pouca maturidade, nomeadamente na adoção de boas práticas e de novas tecnologias, possui menos recursos em termos de competências e o desenvolvimento de SBI não é visto como um processo vital para os organismos.

Por outro lado, é de salientar o aspeto positivo da implementação de primeiros projetos de BI, ter tido um incremento maior nos últimos 5 anos do estudo, um total de 35 entre 2013 até 2017, face aos 49 dos quinze anos anteriores. Também é de assinalar a aposta que cerca de metade das entidades da AC já fizeram na adoção de SSBI e que quase ¼ possui sistemas Big Data. É igualmente positivo, que nas áreas de utilização internas do BI, se verifica o seu uso, não só nas áreas específicas (core) das entidades, mas também nas áreas de suporte como as áreas orçamental e financeira e de RH.

Mas não há uma adequada gestão dos dados como um ativo do Estado, o que leva à existência de um problema enorme relacionado com qualidade de dados na AP e denota-se que a AP negligencia, de certa forma, o potencial dos SBI para reduzir os custos das entidades, pois o uso de SBI para esse fim é reduzido, tal como as finalidades de maior transparência e de melhoria do serviço público estão aquém do expectável para os objetivos de uma nova gestão pública. É, então, essencial envidar esforços para promover a adoção de SAD no Estado, de modo a reduzir o atraso na implementação e desenvolvimento de SBI na AP, sendo preciso evangelizar os decisores para esta necessidade e envolver todos os stakeholders que se relacionam com o Estado, para que tal aconteça, de modo a contribuir para uma melhor gestão no Estado.

Para que a mensagem seja percebida por todos os atores intervenientes nesta área do BI na AP, é necessário que estes possuam maior literacia sobre esta temática, foi por esse motivo que nesta dissertação foi efetuada uma exaustiva revisão da literatura para melhor se conhecer a história, definições, conceitos, objetivos, finalidades, mais-valias, FCS, todo o contexto do BI no Estado.

5.2 – Contributos

Ao ser efetuado, na revisão da literatura, um resumo da história do BI, que não se encontra na literatura académica em língua portuguesa, bem como apresentando os estudos na área do BI em Portugal, esta investigação traz contributos para o conhecimento científico.

Ainda ao nível do contributo para o conhecimento cientifico, face ao que consta na literatura, onde diversos autores referem haver pouca investigação académica sobre o uso e a contribuição das TIC e do BI&A no apoio à decisão no SP, mormente em Portugal, esta investigação, ao permitir conhecer o nível de implementação dos SBI na AP em termos gerais e nos subsectores AC e AL, permitindo uma visão geral do BI na AP, possibilita colmatar essa lacuna existente. Trata-se de facto, da primeira investigação realizada de forma abrangente, sobre a situação dos SAD na AP Portuguesa. A identificação dos objetivos, finalidades, mais valias e FCS do uso de SBI na AP em geral e, além disso, por subsector da AP são contributos, não só para a academia, mas também revelam conhecimentos úteis para os decisores e gestores do Estado. De facto, dar a conhecer a realidade destas entidades pode constituir uma motivação para implementações ou melhorias de SBI, permitindo saber quais os requisitos para o sucesso de projetos de BI e possibilitando fazer recomendações como a adoção de um dicionário de dados. A criação de um dicionário de dados da organização é um exemplo de boas práticas que podem ser o ponto de partida para uma cultura data-driven, saber que dados temos, o que podemos fazer com eles e para quem podem ser úteis. Outra recomendação é as entidades terem um CDO. Evidenciar aos decisores políticos e gestores da AP que se deve cuidar e tirar partido do ativo precioso dos dados da AP e elucidar porque se implementam SBI e qual o retorno destes SAD, mostrando também, o que de bem já se faz ao nível do BI na AP Portuguesa.

Ao nível do Estado, esta investigação vai contribuir para que uma AP mais eficiente e eficaz, focada no serviço público e prestando melhores serviços à sociedade, possa ser uma realidade em Portugal.

Por fim, é de relevar que o recurso a dados de estudos que não são devidamente explorados (dados secundários) deve ser cada vez mais frequente, já que esta investigação mostra que se podem obter resultados interessantes, com rigor cientifico e com menor custo na obtenção da evidência, a partir de estudos realizados por organizações não académicas.

5.3 – Limitações

Qualquer investigação deve reconhecer as suas limitações. Assim, no caso particular desta, importa realçar as limitações decorrentes da recolha de dados. Primeiro, ao recorrer-se a um questionário feito originalmente pela APDSI, sem grandes critérios científicos, a análise pode ter ficado, em alguns aspetos superficial e não devidamente suportada. Por outro lado, o diagnóstico sobre os SAD suportados por dados, em termos de SBI na AP, é baseado em perceções dos inquiridos (obtidas através de um inquérito por questionário), podendo não corresponder à realidade. Por fim, importa ainda referir como limitação a dimensão muito reduzida da amostra das entidades da AL com BI, o que pode limitar a capacidade de generalização dos resultados, bem como a dimensão muito reduzida da amostra das entidades da AR com BI, apenas três, não permitindo investigar o uso do BI relativamente a este subsetor.

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