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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

2.3 SUPERGRUPO RIO DAS VELHAS

Inúmeros trabalhos do século passado versaram sobre a geologia da região central de Minas Gerais, certamente motivados pelas descobertas de enormes recursos em minérios de ferro, ouro e diamante.

Rynearson et al. (1954) e Oliveira (1956) subdividiram a Série Minas (DERBY, 1906) em dois conjuntos distintos de rochas, denominando-as de Série Pré-Minas e Série Minas.

A Série Pré-Minas foi redenominada como Série Rio das Velhas por Dorr et al. (1957) e definida como sendo constituída por rochas metassedimentares e metavulcânicas xistosas, mais antigas do que as da Série Minas, e desta separada por discordância angular.

A Série Rio das Velhas (DORR et al., 1957) foi subdividido nos grupos: Nova Lima e Maquiné. O Grupo Nova Lima, inferior, constitui-se basicamente por rochas metavulcânicas com intercalações metassedimentares químicas e clásticas; e o Grupo Maquiné, superior, é constituido essencialmente por rochas metassedimentares clásticas.

O termo Série, utilizado por Dorr (1957, 1969), foi abandonado e substituído pelo termo Supegrupo de acordo com a Nomenclatura Estratigráfica Norteamericana de 1962 e incorporado à literatura por Pflug & Renger (1973) e Lockzy & Ladeira (1976).

Schorscher (1978) define o Grupo Quebra Ossos como um conjunto de rochas metaultramáficas efusivas com intercalações de FFB, e o insere na porção basal da Supergrupo Rio das Velhas que equivale à Série Rio das Velhas (DORR et al. 1957). Uma coluna estratigráfica completa do Supergrupo Rio das Velhas é apresentada por Schorscher (1992) QUADRO 2.8.

QUADRO 2.8

Coluna estratigráfica simplificada e litotipos principais do Supergrupo Rio das Velhas

Su pe rgru po Grup o Formaçã o

Tipo Litologico Ambiente deposional Espessura aprox.

(m) Ri o d as Ve lhas (G ree nsto ne b el t) Maq uin é Ca sa Forte

Quartzitos maciços e xistosos, sericíticos e cloríticos com níveis intercalados de sericita e clorita, xistos e filitos. Quartzitos em parte cloríticos e sericíticos com lentes de conglomerados

intraformacionais mono e polimíticos (seixos de metachert, BIF, quartzo de veio, quartzo xistos, filitos, metamáficas e metaultramáficas). Com piritas detríticas e estratificação cruzada acanalada unidirecional, de porte decimétrico.

Depósitos tipo molassa: leques aluviais e quartzitos parálicos, flúvio deltáicos. >600 Pa lmi

tal Sericita- quartzo xistos e filitos com micas verdes (cromíferas) às vezes grafitosos e subordinadamente com pirita e magnetita. Lentes de quartzo e grauvacas.

~ 600 a ausente ~ 1400 máx Discordância angular e erosiva

No va L ima Ind ivi so

Filitos em grande parte cloríticos, clorita xistos, sericita xistos, metapelitos em geral,

metagrauvacas máficas, metamáficas de origem vulcânica e subvulcânica, metaultramáficas, intercalações de formações ferríferas (BIF do tipo algoma) de fácies carbonática, sulfetada, oxídica com magnetita e silicática, formações

manganesíferas, metachert ferruginoso, xistos grafitosos, dolomitos, quartzitos, raros

conglomerados bimodais com seixos e blocos de formação ferrífera em matriz metapelítica,

estruturas de deformação gravitacional (slumping e sliding).

Predominam condições de águas profundas, depósitos tipo flysch, sedimentos químicos e atividades vulcânica e pós-vulcânica (hidrotermal – exalativa subaquática). >4000 Que bra O sso Ind ivi so

Metaultramáficas (komatiítos, peridotitos) efusivas, maciças e piroclásticas, metamórficas (fácies xisto verde médio e anfibolito inferior), com raras intercalações de formações ferríferas (BIF tipo Algoma), metachert e tufos. Ocorrem derrames maciços com disjunção poliedral, guirlandas de spinifex e brechação nas partes basal e de topo; lavas brechadas, lavas almofadadas, spinifex e rochas ultramáficas piroclásticas e afaníticas (ex- hialinas) e hialoclastitos.

Vulcanismo ultramáfico subaquático de

komatiitos peridotíticos. >600 máx.

Contatos tectônicos por zonas de cisalhamento de alto ângulo, com migmatitos, gnaisses e metagranitóides TTG (tonalito-trondhjemito-granodioríticos) arqueanos, em domos. Fonte: Schorscher (1992) apud Rossi (2010).

2.3.1 Grupo Quebra Ossos

O Supergrupo Rio das Velhas (SCHORSCHER, 1978) tem em sua porção inferior o Grupo Quebra Ossos, que é composto por rochas ultramáficas do tipo lavas brechadas, piroclásticas e afaníticas, derrames maciços, com disjunção poliedral, tipos almofadados, textura spinifex (FIG. 2.7), além de turmalinitos e FFB, do tipo Algoma, e metachert não magnético. Outras evidências do caráter do seu derrame vulcânico submarino foram posteriormente publicadas por Ladeira (1981 a e b),Ladeura et al., 1983, Ladeira, 1985).

Harder & Chamberlain (1915) descreveram estas rochas do Grupo Quebra Osso, que ocorrem no flanco sudeste da Serra do Caraça, como “a sheet of serpentinized eruptive rock is found to rest upon the Batatal schist in a number of points”.

FIGURA 2.7 – Rocha

a) Bloco de rocha ultramáfica serpentinizada com textura spinifex coletada no leito do Ribeirão Quebra Ossos.

b) Afloramento de rocha metabásica em estrutura de pillow lava na Mina Francisco III, Distrito de Cubas – Município de Santa Bárbara.

Fonte: Lima (2010).

2.3.2 Grupo Nova Lima

O Grupo Nova Lima foi originalmente definido por Dorr et al. (1957) como a porção basal da Série Rio das Velhas. Segundo este autor não houve sucesso na subdivisão em formações, devido ao profundo intemperismo gerador de solos e coberturas saprolíticas espessas que impediram o reconhecimento e a separação

b) a)

dos litotipos no âmbito do projeto devido à escassez de tempo. Em termos litológicos foi caracterizada como uma sucessão espessa de xistos e filitos metassedimentares e metavulcânicos, com subordinadas camadas e lentes de formação ferrífera bandada, grauvacas, rochas quartzo dolomíticas e ankeríticas, quartzito sericítico, metaarcóseos e conglomerados xistosos.

Dorr (1969) considerou que os talco xistos e filitos da porção leste do QF eram produtos metamórficos de rochas intrusivas ultramáficas cisalhadas, intimamente associadas com serpentinitos e, portanto, de idade mais jovem do que o Grupo Nova Lima.

Para o distrito de Nova Lima, Ladeira (1980) subdivide o Grupo Nova Lima em três subunidades, sendo a inferior de caráter metavulcânico com intercalações de formação ferrífera bandada (FFB), a intermediária Metassedimentar Química, com filitos carbonosos ou carbonáticos, metachert e FFB e a superior Metassedimentar Clástica.

Oliveira et al. (1983) detalharam as subdivisões propostas por Ladeira (1980), e que incluem:

 Unidade basal: rochas metavulcânicas básicas a intermediárias, rochas metassedimentares vulcanoclásticas e FFB;

 Unidade intermediária : acrescida de rochas metavulcânicas ácidas e rochas metassedimentares clásticas;

 Unidade superior predominam rochas metapelíticas , metavulcânicas, metavulcanoclásticas e metassedimentares químicas.

Baseados em estudos nas minas de Farias, Raposos, Morro Velho, Bela Fama, Cuiabá e São Bento, Vieira & Oliveira (1988) ampliam o espectro de rochas em cada uma das unidades:

 Na unidade inferior ocorrem metabasaltos komatiíticos, metakomatiítos, metatufos, metandesitos basálticos além de filito grafitoso;

 Na unidade intermediária registram a presença de metatufos riolíticos, riodacitos, metandesito basáltico e metapelitos grafitosos e FFB;

 Na unidade superior predominam metaconglomerados, Lapa seca , metapelitos, metatufos félsicos, e quartzito.

Vieira (1991) propõem novas modificações na estratigrafia conforme consta na QUADRO. 2.9 a seguir:

QUADRO 2.10

Quadro sinóptico das subdivisões do Grupo Nova Lima.

LADEIRA

(1980) OLIVEIRA et al. (1983) VIEIRA & OLIVEIRA (1988) VIEIRA (1991)

GRUPO N OVA LI MA Un id ade Clástica Grauvaca, quartzito, quartzo xisto Un id ade Sup er io r Metapelito, metavulcânica e vulcanoclástica. Rocha metassedimentar química Lapa seca1 Metapelito, metatufo félsico, quartzito, metaconglomerado, metapelito, metatufo e Lapa Seca Metapelito com tufito félsico, quartzito, metaconglomerado. Un id ade Metas se di me ntar Químic a Sedimento carbonático, filito. FFB2. xisto tufáceo, xisto grafitoso Un id ade Mé dia Metandesito, FFB, metavulcânica félsica, vulcanoclástica, filito grafitoso Metandesito basáltico com FFB, Metatufo félsico, metapelito, filito grafitoso. Brecha andesítica e lapilli tufo. Tufito félsico e metapelito. Un id ade Metavul câ ni ca Metabasalto, metaultramáfica, xisto tufáceo Un id ade Inf eri or Metandesito, metabasalto, filito grafitoso e vulcânica félsica, FFB (*2). Metandesito basáltico, FFB, Filito grafitoso, metatufo, metaultramáfica, metabasalto. Basalto e andesito com FFB. Rochas ultramáficas

Fonte: Corrêa Neto (2001).

No âmbito do Projeto Rio das Velhas da CPRM, Baltazar et al. (1994) subdividem o Grupo Nova Lima da base para o topo em quatro unidades informais:

I. Unidade basal: predomínio de rochas metavulcânicas básicas e ultrabásicas com intercalações de metavulcânicas ácidas, metapiroclásticas e

1 “Lapa seca” consiste de uma rocha que varia de grossa a finamente foliada ou bandada, de cor

branca, cinza ou bege e constituída por quartzo, albita, carbonatos (ferro-dolomita, ankerita, siderita, dolomita e rara calcita) e subordinada muscovita (LOBATO, 2001).

2 FFB é o acrônimo de “formação ferrífera bandada”. Corresponde a rochas bandadas ou laminadas

com alternância milimétrica a decimétrica de lentes e bandas de óxidos de cor escura (magnetita, hematita) e bandas de cor clara (chert, carbonato, silicatos).

metaepiclásticas. O Complexo Córrego dos Boiadeiros é considerado intrusivo nesta unidade em acordo com Costa (1992);

II. Unidade Média: Associação de rochas metavulcânicas básicas e intermediárias com metavulcânicas ácidas e intercalações de metatufitos, formação ferrífera bandada, metachert e xisto grafitoso;

III. Unidade Superior: Formada por rochas metapiroclásticas e metatufitos com intercalações subordinadas de metapelitos;

IV. Unidade Superior: Formada por rochas metassedimentares clásticas (metagrauvacas turbidíticas e metapelitos).

Na fase II do Projeto Rio das Velhas (FIG 2.8 e 2.9), a região do QF foi compartimentada em 03 blocos separados por grandes lineamentos estruturais (FIG 2.8) e que são denominados: Nova Lima-Caeté, Santa Bárbara e São Bartolomeu. O bloco Nova-Lima-Caeté é separado do Bloco São Bartolomeu pela falha de empurrão Bem-Te-Vi e pela zona de cisalhamento São Vicente Raposos. O Bloco Santa Bárbara é separado do Bloco Nova Lima-Caeté pela Falha de empurrão Fundão.

FIGURA 2.8 – Mapa esquemático de compartimentação litoestrutural do Supergrupo Rio das Velhas na região do Quadrilátero Ferrífero.

FIGURA 2.9 – Mapa geológico simplificado do Supergrupo Rio das Velhas na região do QF (BALTAZAR & ZUCCHETTI, 2007, modificado após ZUCCHETTI ET AL, 2000a), mostrando o contexto de associações de litofácies do Supergrupo Rio das Velhas (SGRV).

Baltazar & Zucchetti (2007) subdividem as rochas do Supergrupo Rio das Velhas em associações de litofácies da base para o topo:

1 Associação de rochas vulcânicas máficas a ultramáficas; 2 Associação sedimentar vulcânica e química;

3 Associação sedimentar clástica química;

4 Associação vulcanoclástica com quatro litofácies (monomítica e polimítica, brechas e conglomerados, grauvacas, grauvacas-arenitos, grauvacas-argilitos); 5 Associação ressedimentada incluindo três sequências de grauvacas a argilitos

(no norte e este predomina o fácies xisto verde e no sul predomina o fácies metamórfico anfibolito);

6 Associação costeira com quatro litofácies (arenitos com estratificação de média a grande escala, arenitos com ripple-marks, arenitos com estratificação cruzada acanalada, arenitos e siltitos);

7 Associação não-marinha com litofácies de conglomerados e arenitos, arenitos de granulação grossa, arenitos de granulação fina a média.

Na área de estudo o autor descreve as Unidades Santa Quitéria e Córrego do Sítio, no sentido de Baltazar & Zucchetti (1998) e que equivalem às associações vulcanoclástica e ressedimentada, respectivamente, de Baltazar & Zucchetti (2007). Estas unidades são detalhadas no capítulo de Geologia Local.

O mapa geológico do autor (ANEXO 3), em escala de 1:10.000, modifica os contatos geológicos anteriormente propostos entre as Unidades Santa Quitéria e Córrego do Sítio, nas folhas São Gonçalo do Rio Acima (MALOUF & CORRÊA NETO, 1996) e Santa Bárbara (SILVA,1996).

FIGURA 2.10 – Coluna estratigráfica do Supergrupo Rio das Velhas subdividido em blocos ou domínios lito-estruturais

2.3.3 Grupo Maquiné

O Grupo Maquiné, originalmente definido por Dorr et al. (1957), sobrepõe-se ao Grupo Nova Lima em sua localidade tipo, no lado leste do vale do Rio das Velhas. Gair (1962) observou que o contato entre estes grupos mostrava uma leve inconformidade angular.

A base do Grupo Maquiné é constituída pela Formação Palmital (O’ ROUKE, 1957) e que é sobreposto pela Formação Casa Forte (GAIR, 1962). Dorr (1969) descreve o contato entre estas duas unidades como gradacional e marcada por camadas conglomeráticas.

A Formação Palmital, definida originalmente por O’ Rouke (1957), é constituída por filitos quartzosos que contêm lentes de quartzitos e de conglomerados, e segundo Gair (1962), que a descreveu petrograficamente, apresenta cloritóide e cianita.

A Formação Casa Forte (GAIR, 1962) constitui-se por quartzitos cloríticos, sericíticos xistosos a maciços, conglomerados e menores quantidades de filitos e xistos cloríticos. Cloritóide está presente tanto nos conglomerados quanto nos quartzitos.

Dorr (1969) aponta que nas folhas de Conceição do Rio Acima, Capanema, São Bartolomeu, Catas Altas, Santa Rita Durão, Mariana e Antônio Pereira os espessos quartzitos que recobrem o Grupo Nova Lima não foram subdivididos pelos geólogos que por lá mapearam (Moore, Maxwell e Barbosa). Nestas áreas predominam quartzitos que podem ser cloríticos, piritosos, sericíticos, ou mesmo puros, mas que localmente possuem cloritóide. Todos os tipos podem localmente conter camadas e lentes conglomeráticas.

Rochas do Grupo Maquiné indiviso ocorrem no flanco norte, sudeste e oeste da Serra do Caraça.

Baseados na descrição de discordância angular entre a Formação Casa Forte e a Formação Palmital, Baltazar & Zucchetti (2007) inserem esta última na parte superior do Grupo Nova Lima.

2.4 SUPERGRUPO MINAS E OUTRAS UNIDADES PALEOPROTEROZÓICAS