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1.5. Formadores de professores intervenientes na componente prática da

1.5.1. Supervisor Pedagógico

Mintzberg (cit. Alarcão e Tavares, 2003:45) diz-nos que a:

“supervisão implica uma visão de qualidade, inteligente, responsável, livre, experiencial, acolhedora, empática, serena e envolvente de quem vê o que se passou antes, o que se passa durante e o que se passará depois, ou seja, de quem entra no processo para o compreender por fora e por dentro, para o atravessar com o seu olhar e ver para além dele numa visão prospetiva baseada num pensamento estratégico”.

A supervisão da construção de conhecimento entende-se como uma das vertentes do ato formativo, sendo tal processo inerente a “(...) uma relação entre um

formador e um elemento em formação, relação essa cuja natureza substantiva se constitui num corpo de saberes que, nesta relação, se trans(accionam)” (Sá-Chaves,

2000:166).

A autora Sá-Chaves (2000) clarifica que numa relação triangular (Formador – Conhecimento – Formando) torna-se difícil perceber as pequenas diferenças inerentes à

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teia relacional estabelecida, resultantes da singularidade que cada momento de supervisão exige e pressupõe.

Alarcão e Tavares (2003:73), citando estudos de Mosher e Purpel, identificam seis áreas de características, consideradas essenciais, que o supervisor deve manifestar para exercer as suas funções:

“a) sensibilidade para se aperceber dos problemas e das suas causas;

b) capacidade para analisar, dissecar e conceptualizar os problemas e hierarquizar as causas que lhes deram origem;

c) capacidade para estabelecer uma comunicação eficaz a fim de perceber as opiniões e os sentimentos dos professores e exprimir as suas próprias opiniões e sentimentos;

d) competência em desenvolvimento curricular e em teoria e prática de ensino; e) “skills” de relacionamento interpessoal;

f) responsabilidade social assente em noções bem claras sobre os fins da educação.”

O supervisor, enquanto agente do contexto institucional deve estabelecer a ponte entre a instituição de formação e os cooperantes. De igual forma, detém um papel de “mediador educativo” (Formosinho, 2005), mediador entre os seus estagiários, os cooperantes com quem trabalha e os professores das disciplinas curriculares da instituição de formação, de forma a estes poderem apoiar as dificuldades dos alunos, possibilitando-lhes a recolha de informações relativas ao desempenho dos estagiários nas diferentes áreas do saber.

Alarcão e Tavares (2003:74), baseando-se nos estudos de Glickman, identificam os “skills” interpessoais que devem emergir numa relação de supervisão pedagógica e que são tidos como fundamentais:

“1) Prestar atenção. O supervisor atende ao que o aluno estagiário (professor ou educador) lhe diz e exprime a sua atenção através de manifestações verbais e não- verbais.

2) Clarificar. O supervisor interroga e faz afirmações que ajudam a clarificar e compreender o pensamento do estagiário.

3) Encorajar. O supervisor manifesta interesse em que o estagiário continue a falar ou a pensar em voz alta.

4) Servir de espelho. O supervisor parafraseia ou resume o que o estagiário disse a fim de verificar se entendeu bem.

5) Dar opinião. O supervisor dá a sua opinião e apresenta as suas ideias sobre o assunto que está a ser discutido.

6) Ajudar a encontrar soluções para os problemas. Depois de o assunto ter sido discutido, o supervisor toma a iniciativa e pede sugestões para possíveis soluções.

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7) Negociar. O supervisor desloca o foco da discussão do estudo das soluções possíveis para as soluções prováveis e ajuda a ponderar os prós e os contra das soluções apresentadas.

8) Orientar. O supervisor orienta as ações do estagiário.

9) Estabelecer critérios. O supervisor explicita as consequências do cumprimento ou não cumprimento das orientações.

10) Condicionar. O supervisor explicita as consequências do cumprimento ou não cumprimento das suas orientações”.

Nesta senda, a autora Vieira (1993) apresenta, também, cinco funções que considera fundamentais à atuação do supervisor:

1. Informar. O supervisor deve ser uma pessoa informada e ter sempre presente a importância de partilhar informação relevante e atualizada ao seu aluno estagiário, enriquecendo o processo de ensino aprendizagem.

2. Questionar. O supervisor deve problematizar o saber e a experiência adquiridas, através de interrogações que questionem a realidade observada, tentando encorajar o estagiário a uma postura de reflexão, como pessoa que questiona a sua prática profissional, procurando soluções alternativas.

3. Sugerir. Com base nas funções anteriores o supervisor pode partir para a sugestão de ideias, práticas e soluções, tendo sempre em consideração o poder de decisão do formando e visando a sua responsabilização por atividades, projetos, etc.

4. Encorajar. O supervisor deve investir num relacionamento interpessoal baseado em sugestões que motivem o estagiário a evoluir e a melhorar as suas práticas educativas, sendo fundamental a afetividade em todo este processo de crescimento não só profissional mas também pessoal e social.

5. Avaliar. Tendo em conta a importância da avaliação de cariz formativo e não apenas de classificação, avaliar a prática pedagógica do estagiário deve ser um fator de abertura e clarificação de um fator essencial e imprescindível ao processo de formação profissional.

Os autores Alarcão e Tavares (2003:75) ajudam-nos a compreender que existem vários estilos de supervisionar, indicando que a supervisão pode recair em três estilos diferentes: “não-diretivo, de colaboração, e diretivo”. O supervisor não-diretivo é aquele que manifesta desejo e capacidade de atender às necessidades do aluno/professor, de o escutar, de esperar que seja ele a tomar a iniciativa. Por sua vez, o supervisor que utiliza estratégias de colaboração verbaliza muito o que o

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aluno/professor lhe vai dizendo, faz sínteses das sugestões e dos problemas apresentados, ajuda a resolvê-los. Quanto ao supervisor de tipo diretivo, depreendemos que este concentra as suas preocupações em dar orientações, em estabelecer critérios e condicionar as atitudes do professor.

Outro aspeto, igualmente importante, na ação do supervisor, prende-se com as capacidades que este deve procurar desenvolver nos seus formandos. Para melhor compreendermos tal situação baseámo-nos em Alarcão e Tavares (2003:72) e em sequência apresentamos as capacidades consideradas essenciais a desenvolver nos formandos:

“a) espírito de auto-formação e desenvolvimento;

b) capacidade de identificar, aprofundar, mobilizar e integrar os conhecimentos subjacentes ao exercício da docência;

c) capacidade de resolver problemas e tomar decisões esclarecidas e acertadas; d) capacidade de experimentar e inovar numa dialética entre a prática e a teoria; e) capacidade de refletir e fazer criticas e autocríticas de modo construtivo;

f) consciência da responsabilidade que coube ao formando (professor ou educador) no sucesso, ou no insucesso, dos seus alunos;

g) entusiasmo pela profissão que exerce e empenhamento nas tarefas inerentes; h) capacidade de trabalhar com os outros elementos envolvidos no processo educativo”.

Concluindo, é-nos possível entender, ainda que genericamente, o supervisor na sua abrangência, deparando-nos com a multiplicidade de aspetos e fatores que condicionam a sua prática e interação com os formandos, com os professores/educadores cooperantes, com a instituição de acolhimento, com a instituição de formação e, principalmente, com a sua própria consciência enquanto pessoa, professor e aprendiz num processo cíclico e complexo de ensino/aprendizagem.

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