Tecnologia da informação (TI) é um termo genérico, que abrange computadores, hardware, software, telecomunicações, internet, eletrônica e as suas tecnologias resultantes. (RUIZ-MERCADER; MEROÑO-CERDAN; SABATER-SÁNCHEZ, 2006). Por TI podem ser entendidas todas as tecnologias computacionais e de telecomunicações disponíveis para as empresas (ANDREU; CIBORRA, 1996).
A introdução da computação comercial nas organizações começou na década de 1950 e, desde o início, o potencial da TI para produzir mudanças no papel dos indivíduos e nas estruturas das organizações atraiu a atenção dos pesquisadores (BJORN-ANDERSEN; RAYMOND, 2014). A TI permite que as empresas obtenham, processem, armazenem e troquem informações. Dessa forma, a TI pode contribuir para tornar o conhecimento tácito um conhecimento explícito (REAL; LEAL; ROLDÁN, 2006). O papel da TI é o de permitir que as pessoas trabalhem ativamente em conjunto, compartilhem informações e documentem as suas experiências (STENMARK, 2001).
Isto tem feito com que a tecnologia da informação atraia o interesse de acadêmicos e gestores de empresas, que buscam entender como a TI auxilia na criação de vantagens competitivas para as empresas (BHATT; GROVER, 2005). Entender os efeitos, no curto e longo prazo, dos diferentes mecanismos TI que se relacionam com aprendizagem organizacional é importante, uma vez que as organizações usam esses artefatos para obter seus resultados (KANE; ALAVI, 2007). A tecnologia da informação possui potencial de promover ou desabilitar a aprendizagem organizacional (ROBEY; BOUDREAU; ROSE, 2000).
Porém, investimentos em TI podem ser copiados por concorrentes, por isto os investimentos em TI de maneira isolada não promovem uma vantagem sustentável. Como as empresas potencializam seus investimentos criando recursos e conhecimentos de TI, é que determina a eficácia da empresa (BHARADWAJ, 2000). A aprendizagem organizacional age como mediadora entre as competências de TI e o desempenho da organização, o que possibilita alcançar vantagens competitivas sustentáveis (POWELL; DENT-MICALLEF, 1997; TIPPINS; SOHI, 2003). Pois, a tecnologia da informação raramente é eficaz sem simultâneas inovações humanas (DAVENPORT, 1993).
Real, Leal e Roldán (2006), afirmam que a TI não é, por si só, capaz de manter vantagem competitiva, isto pode ser explicado pela falta de atenção aos aspectos humanos e organizacionais. E eles consideram a AO um fator essencial para realizar esta mediação, pois
ao desenvolver uma cultura de aprendizado a empresa promove inovação. Pois, a capacidade da TI para promover a geração e o compartilhamento do conhecimento, é comprometida se a cultura organizacional não favorecer estas atividades (DAVENPORT; PRUSAK, 1998). Bharadwaj (2000) afirma que apesar do entendimento de que a tecnologia da informação é fundamental para a sustentabilidade e o crescimento da empresa, são necessárias evoluções nas pesquisas para especificar claramente os mecanismos que ligam os resultados das organizações a TI.
A aprendizagem organizacional facilita a adoção da tecnologia da informação, enquanto o uso da tecnologia da informação melhora as capacidades de aprendizagem organizacional (RUIZ-MERCADER; MEROÑO-CERDAN; SABATER-SÁNCHEZ, 2006).
Robey, Boudreau e Rose (2000) distinguem dois fluxos de pesquisa na relação entre TI e AO, o primeiro, apresenta os estudos que aplicam conceitos de AO aos processos de implementação e utilização da TI nas organizações. O segundo fluxo de estudos está relacionado com a concepção de aplicações de TI para apoiar a AO.
As organizações podem usar artefatos de TI para compensar os efeitos da rotatividade e das instabilidades do mercado. Assim, um portfólio eficaz de mecanismos de TI voltados para aprendizagem pode proporcionar a organização oportunidades de responder as várias condições ambientais (KANE; ALAVI, 2007). Contudo, os artefatos de TI por serem projetados, construídos e utilizados por pessoas, são moldados pelos seus interesses, valores e suposições (ORLIKOWSKI; IACONO, 2001).
Broendsted e Elkjaer (2001) sugerem entender a TI como algo maior do que um artefato estático, devem ser considerados os contextos, as práticas diárias de trabalho e suas relações sociais. Através da negociação os membros da comunidade dão sentido à tecnologia. Isto amplia o papel da TI nas organizações, onde a tecnologia deve ser um meio para comunicação, interação, acumulação da memória comunitária compartilha e tornando-se uma ferramenta integrada e mediadora das práticas de trabalhos. Neste contexto, Orlikowski (2000) propõe que as estruturas da tecnologia em uso não são fixas, elas são construídas e reconstruídas através da utilização e interação desta tecnologia pelas pessoas. Este processo leva a mudanças ao longo do tempo, que promovem o surgimento de diferentes tecnologias, constituídas na prática e que podem alterar os hábitos dos indivíduos.
Em seu estudo, Kane e Alavi (2007) examinam como as diferentes características das ferramentas de TI, os indivíduos que as utilizam e o ambiente em que são usadas, influenciam o impacto da TI na AO. Eles apontam que a utilização dos artefatos de TI em condições ambientais e organizacionais favoráveis leva a benefícios para a AO, porém ressaltam que se
forem utilizados artefatos incompatíveis com as condições do ambiente e da organização a AO pode ser prejudicada.
A aprendizagem organizacional pode ser promovida pela tecnologia da informação através da utilização da TI como ferramenta para transformar conhecimento tácito em conhecimento explícito (externalização), bem como para converter o conhecimento explícito em conjuntos mais complexos de conhecimento explícito (combinação) (RUIZ-MERCADER; MEROÑO-CERDAN; SABATER-SÁNCHEZ, 2006). Existe a oportunidade de que as tecnologias digitais apóiem os processos de aquisição e compartilhamento de conhecimento e a mensuração da aprendizagem no local de trabalho (ZA; SPAGNOLETTI; NORTH‐ SAMARDZIC, 2014).
A TI desempenha um papel ativo na difusão do conhecimento na organização e na transformação do conhecimento tácito em conhecimento explícito. A TI pode desencadear a transformação de recursos em capacidades que podem se converter em competências distintivas (REAL; LEAL; ROLDÁN, 2006). Uma competência pode ser definida como uma combinação única de conhecimentos e habilidades que permitem a geração de inovações (NIETO, 2004).
Para Bharadwaj (2000), é criada uma competência de TI quando a infraestrutura de TI de uma empresa, suas habilidades humanas e sua capacidade de alavancar a TI para proporcionar benefícios intangíveis para a empresa são combinadas. A competência de TI representa os recursos que fornecem uma indicação da capacidade da organização de entender e utilizar artefatos e processos de TI que são necessários para gerenciar informações do mercado e dos clientes (TIPPINS; SOHI, 2003).
A inovação tecnológica caracteriza-se por ser de natureza contínua, dependente do caminho, irreversível e afetada pela incerteza. A tecnologia, como principal produto desta inovação, possui propriedades do conhecimento e se caracteriza por possuir forte componente tácito, que é parcialmente apropriável, assimilado pela acumulação e de difícil transferência (NIETO, 2004). Nejad (2016) define a inovação financeira como o desenvolvimento, introdução e gestão de um produto, serviço, processo ou modelo de negócio, desenvolvido para servir diretamente o setor financeiro.
O desenvolvimento de soluções baseadas em TI se tornou inevitável para as instituições financeiras (ANDERSON; BANKER; RAVINDRAN, 2006). Ao longo dos últimos anos a TI evoluiu rapidamente para além dos aspectos computacionais, ela passou a envolver as interações entre seres humanos e computadores através de redes de informação complexas (MA; MCGROARTY, 2017). Os avanços contínuos na TI, geraram uma forte redução nos custos de transações alterando como as organizações interagem com seus clientes,
colaboradores e outras empresas (BJORN-ANDERSEN; RAYMOND, 2014).
Conforme Campanella, Della Peruta e Del Giudice (2017), às vantagens proporcionadas para as instituições financeiras pelas inovações baseadas na TI, são: significativa redução de custos de forma sustentável, informações mais consistentes e confiáveis sobre os clientes e o desenvolvimento de novas ferramentas de comunicação com padrões abertos que encorajam a integração. Os fortes investimentos do setor bancário em TI se justificam, pois as inovações geradas proporcionam a redução dos custos por funcionários, elevação dos lucros e da rentabilidade destas instituições (ARORA; ARORA, 2013).