• Nenhum resultado encontrado

TERRENOS GRANITO-GNAISSE-MIGMATÍTICO DO TIPO TONALITO TRONDJHEMITO-GRANODIORITO (TTG)

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

2.2 TERRENOS GRANITO-GNAISSE-MIGMATÍTICO DO TIPO TONALITO TRONDJHEMITO-GRANODIORITO (TTG)

Rochas agrupadas sobre o termo genérico “graníticas” estão amplamente distribuídas em toda a região do QF e, como não poderia deixar de ser, foram enfocadas em descrições mais ou menos detalhadas desde o período colonial brasileiro (por exemplo ESCHWEGE, 1822; DERBY, 1906; HARDER & CHAMBERLAIN, 1915; FREYBERG, 1932; GUIMARÃES, 1931; DORR & BARBOSA, 1963; DORR, 1969; HERZ, 1970; SCHORSCHER,1976; LUCHESI, 1991; dentre outros trabalhos).

Ao estudarem a região central de Minas Gerais, Harder & Chamberlain (1915) sugerem mapeamentos e estudos petrográficos adicionais nos complexos e domos constituídos basicamente por granitos, além de gnaisses e anfibolitos intercalados com xistos micáceos e quartzosos, pois estes provavelmente representariam o embasamento arqueano da região (FIG. 2.1 e FIG. 2.2).

Schorscher (1992) considera este conjunto de rochas como o mais antigo em relação às sequências supracrustais do tipo greenstone belt, apesar dos soerguimentos de portes desconhecidos, ao longo dos contatos tectônicos com as sequências supracrustais e a erosão do complexo TTG, tenham obliterado a estratigrafia e estruturas originais.

Nestes terrenos são reportados raros restos de núcleos granulíticos, ultramáficos e ácidos, além de anfibolitos básicos e ultramafitos polimetamorfisados.

Dorr & Barbosa (1963) descrevem afloramentos do Granito Borrachudos na porção noroeste da folha Santa Bárbara e a nordeste da folha Florália. Herz (1970) descreve tais rochas não deformadas como granito da “Fase Peti” e caracterizados como não tendo sido afetados pela deformação penetrativa regional. O granito da “Fase Peti” se caracteriza pela cor cinza clara, granulação grossa, sem estruturas planares, mas com uma lineação de estiramento de pods de biotita e quartzo, agregados de feldspato, além de grandes cristais de muscovita e clorita. Fluorita é mineral acessório.

Schorscher (1992) considera como Granito Borrachudos (DORR & BARBOSA,1963) rochas arqueanas tardias a finais da evolução regional “granito-greenstone belt”. O embasamento cristalino constituído por gnaisses bandados e rochas graníticas sensu-strictu, do tipo tonalito-trondjhemito-granito (TTG), foi afetado por um evento de migmatização, cuja determinação geocronológicas U-Pb indica idade da ordem de 2860±14 Ma (NOCE, 1995).

Como exemplo desta evolução complexa reporta-se um afloramento do Gnaisse Alberto Flores, datado em 2772±6 Ma (CARNEIRO, 1992), que foi modificado por um evento de migmatização, com sobre crescimento de zircão, e que é posteriormente cortado discordantemente por diques do granito Brumadinho, cuja idade de cristalização é de 2703±24/20 Ma (MACHADO & CARNEIRO, 1992). Estas relações confirmam a evolução polifásica que caracteriza estes complexos e domos granito-gnaisse-migmatíticos (FIG 2.4).

FIGURA 2.4 – Gnaisse Alberto Flores com evidências de migmatização, cortado por um dique de Granito Brumadinho – Domo de Bonfim – porção Oeste do QF.

Fonte: (LIMA, 2008). Migmatitos Gr ani to Brumadi nh o Gnaisse Al berto Flor es

Análises geocronológicas por diversos métodos, disponíveis na literatura para os complexos metamórficos do embasamento, registram uma evolução policíclica. Uma crosta siálica, formada no intervalo de 3,38 a 2,9 Ga., registra eventos de retrabalhamento e migmatização datados no intervalo entre 2860 e 2772 Ma; vários períodos subsequentes de atividade magmática entre 2,78 e 2,61 Ga, por último, um ciclo orogenético relacionado ao evento Transamazônico com idade de cerca de 2,0 Ga.

Nestes terrenos ocorreram intrusões de tonalitos (tipo Granito Maranhão) no intervalo de 2,2 a 1,9 Ga. e episódios tectono-termais posteriores entre 1,8 e 0,5 Ga. (NOCE, 1995; NOCE, 2000; TEIXEIRA et al.,1996), (FIG 2.5).

FIGURA 2.5 – Afloramento do Granito Alto Maranhão em contato com apófises e diques de rochas básicas.

Geoquímica e petrograficamente classifica-se como um tonalito, constituindo parte de um arco plutônico paleoproterozóico posicionado na borda sul do Cráton São Francisco. Apresenta idades de 2124 ± 1 Ma (NOCE et al., 1998).

Na borda oriental do QF, a NE-E da área de estudo aflora um conjunto heterogêneo de rochas gnáissicas, graníticas e migmatíticas referidas na literatura como Complexo Santa Bárbara (BALTAZAR & ZUCCHETTI, 1998), (FIG 2.6 A e B).

Em termos históricos reporta-se que Simmons (1968b), em seu mapeamento da porção sudeste da folha Santa Bárbara, adotou o termo informal Gnaisse de Santa Bárbara para os granodiorito-gnaisses separados do Grupo Nova Lima por uma banda de clorita-talco-antigorita xistos.

Maxwell (1972) estendeu para sul, nas folhas Santa Rita Durão e Catas Altas, a distribuição destas rochas que exibem uma composição mista onde gnaisses granodioríticos antigos, bem bandados, são cortados por diques de granitos mais jovens, fracamente foliados.

Herz (1970) interpretou as feições de campo do Gnaisse de Santa Bárbara como representantes de uma evolução complexa onde o gnaisse granodiorítico bem bandado, mais antigo, é cortado por gerações mais jovens de granitos fracamente foliados. Em zonas com predomínio de migmatitos ocorrem gradações do gnaisse para quartzitos e xistos metassedimentares, sugerindo que estes podem ter se desenvolvido a partir da granitização ou ultrametamorfismo das rochas da Série Rio das Velhas. Herz (1970) conclui que estes terrenos granito-gnaisses compreendem diversos complexos e ou domos envolvidos por rochas da Série Rio das Velhas.

Schorscher (1992) infere que as rochas de filiação granítica, de idade arqueana deste conjunto, sejam provavelmente anteriores às sequências supracrustais, tendo em vista a ausência de intrusões de rochas graníticas nas supracrustais, aos contatos tectônicos cisalhados entre estas rochas e o metamorfismo de baixo grau, às vezes metassomatizados e hidrotermalizados, que atingem as supracrustais.

Schorscher (1982) divide as rochas do Complexo granito-gnáissico migmatítico da porção leste do QF segundo seus constituintes primários, formados essencialmente de rochas de composição leucotonalíticas – trondhjemíticas e granodioríticas, e por seus constituintes secundários representados por granitóides metamorfisados, além

de rochas metassedimentares e metassomáticas, predominando porém os tipos graníticos, do tipo Granito Borrachudos.

Os granitos Borrachudos (DORR & BARBOSA, 1963) foram interpretados por Schorscher (1992) como metassomatitos arqueanos derivados de gnaisses e xistos do Complexo granito-gnaisse-migmatítico (TTG).

Dossin et al. (1992) obtiveram idades U-Pb de 1,7 Ga., em zircão pelo método de evaporação, para rochas do Granito Borrachudos e concluem que tais rochas estão diretamente relacionadas a abertura do rift Espinhaço. Doussin (1994) atribue a esta unidade uma origem anorogênica.

Fernandes et al (1999) mostram que o padrão de distribuição dos ETR, marcado por acentuada anomalia negativa em Eu e ausência de fracionamento em ETRP relativamente aos condritos, conduzem a uma classificação inequívoca como granitos do tipo A, isto é, alcalinos e anorogênicos.

FIGURA 2.6 – Complexo Santa Bárbara

a) Localidade conhecida como “Corredeira do Bileto”. Gnaisse granodiorítico cortado por granito e aplitos quartzo-feldspáticos. Duas zonas de cisalhamento, de direções E-W e N-S, são reportadas no local.

b) Pedreira Ponta da Pedra Distrito de Cubas – Santa Bárbara. Gnaisse foliado de composição tonalítica, bandado e cisalhado.

Fonte: (LIMA, 2007). Gnaisse granodiorítico Granito fracamente foliado Aplitos quartzo- feldspáticos Zonas de cisalhamento em alto angulo E-W Zonas de cisalhamento E-W Zona de cisalhamento em alto ângulo de direção N-S Gnaisse tonalítico b) a)