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TRATAMENTO COMPORTAMENTAL E NÃO NUTRICIONAL E TRATAMENTO MEDICAMENTOSO

A obesidade não pode ser tratada sem que ocorram mudanças comportamentais, ou seja, hábitos de vida saudáveis serão importantes para minimizar e prevenir os riscos associados com o aumento de peso, assim como é importante a atividade física.

Atualmente, os indivíduos obesos encontram-se cercados de alimentos apetitosos, frequentemente prontos para comer, como nos fast foods, e associado a isso existem as influências externas, como sugestões, mídia, pressões sociais (trabalho, amigos, familiares) e hábitos errôneos.

O tratamento comportamental é muito utilizado e tem como objetivo uma mudança no estilo de vida. Isoladamente, pode promover pequena perda de peso e pouca aderência, porém é útil como parte do tratamento. É fundamentado em alterações de hábitos diários, como comportamentos alimentares pré, intra e pós-refeição, hábitos sociais e atividade física.

Segundo Bressan e Hermsdorff (2011), o primeiro passo é o paciente mudar a forma de encarar o alimento. A referência que a maioria tem da alimentação normalmente é deturpada. Geralmente consideram o alimento apenas uma fonte de prazer, satisfazendo seus desejos, e de compensar ou escamotear problemas, tensões, ansiedades e até carências emocionais. O trabalho de conscientização torna-se fundamental para que o paciente tenha consciência da importância da alimentação. A ideia é ele passar a ver o alimento na sua real função, fornecendo os nutrientes necessários para a manutenção da vida. Assim o paciente vai associar a alimentação a saúde e prazer.

A identificação das situações que favorecem a alimentação inadequada, como problemas, vida social, viagens, facilita o planejamento de comportamentos alternativos que possam ser utilizados nesses casos, sem desvios do programa alimentar.

Algumas orientações que estão relacionadas com as modificações comportamentais são:

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1) Comer em intervalos regulares (a cada 4 horas e/ou ao primeiro sinal de fome), de modo a evitar que a fome aumente e a ingestão seja maior do que o necessário.

2) Saber distinguir a fome da vontade de comer.

3) Não omitir nenhuma refeição, principalmente durante o dia, em que a termogênese é maior.

4) Fazer as refeições calmamente, em ambiente propício, de preferência à mesa. Evitar comer quando estiver aborrecido para não comer mais e também prejudicar a digestão.

5) Antes de começar a comer, ficar sentado por alguns minutos, para se tranquilizar e se preparar para receber os alimentos.

6) Não comer diretamente das panelas ou em recipientes grandes, como bacias, travessas, pratos fundos.

7) Olhar para o prato, sentir o cheiro/aroma da comida para favorecer a salivação e a secreção das enzimas digestivas.

8) Evitar reuniões de negócios, discutir problemas, assistir à TV, ler jornais e revistas durante as refeições para que fique concentrado naquilo que está comendo e não ocorra um excesso na ingestão.

9) Mastigar devagar e só engolir os alimentos quando estiverem triturados e amolecidos e assim saboreá-los para sentir o seu real sabor.

10) Apoiar os talheres nos pratos enquanto estiver mastigando.

11) Evitar bebidas às refeições, principalmente as geladas, que irão interferir na digestão.

12) Ao final da refeição, permanecer sentado por alguns minutos, não acabar e sair correndo.

13) Variar diariamente os alimentos para obter todos os nutrientes necessários.

14) Nos casos de festas (casamentos, aniversários, coquetéis, formaturas), fazer a refeição estipulada para o horário antes de sair.

15) Evitar a compra de alimentos calóricos ricos em gorduras e açúcares, para que não fiquem facilmente disponíveis. Devem ser substituídos por opções mais saudáveis.

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16) Evitar fazer as compras quando estiver com fome, para selecionar as opções mais saudáveis e menos calóricas.

17) Não é necessário raspar o prato, caso não esteja mais com fome.

Deve-se comer até se sentir confortável.

É necessário sempre avaliar a necessidade de o paciente ser acompanhado por um psicoterapeuta, que trabalhe de uma forma mais abrangente nas alterações comportamentais. Nos casos de transtorno de compulsão alimentar isso é fundamental. O trabalho em equipe na obesidade proporciona resultados excelentes (BRESSAN; HERMSDORFF, 2011).

Quanto à atividade física, todos nós sabemos que esta é saudável na maior parte de nossas vidas e no tratamento da obesidade é indispensável, favorecendo modificações da composição corporal pela mobilização dos depósitos de gordura e da manutenção da massa muscular, principalmente quando associada com a orientação alimentar, e aumento do gasto energético total (CONSENSO LATINO-AMERICANO EM OBESIDADE, 1998;

SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO, 2004).

Em geral, a atividade aeróbica é a mais indicada, mas atualmente também a atividade de contra resistência (musculação) tem apresentado resultados positivos (BOUCHARD, 2003). Toda prescrição de atividade física deve ser avaliada e orientada por profissionais qualificados, como educadores físicos. O exercício só deverá ser iniciado após a realização de exame clínico minucioso, para avaliar possíveis cardiopatias e problemas ortopédicos.

O exercício também tem papel importante no controle das complicações decorrentes da obesidade.

A prática de atividade física regular melhora o perfil sérico de lipídios, com a redução do colesterol total, do LDL-colesterol e dos triglicerídios e o aumento do HDL-colesterol. A atividade aeróbica também age na prevenção e no tratamento da hipertensão arterial e melhora os níveis de glicose e a sensibilidade à insulina (MONTEIRO; SOBRAL FILHO, 2004; LEE et al., 2005 apud BRESSAN; HERMSDORFF, 2011).

Também precisamos estimular o paciente a sair do sedentarismo, procurando fazer opções no seu dia-a-dia que aumentem o gasto energético.

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As facilidades que a tecnologia proporciona diminuem o gasto calórico, como, por exemplo, a extensão telefônica residencial, que contribui para o acúmulo de aproximadamente 1 kg por ano, e o vidro elétrico do automóvel, que leva seu proprietário a poupar cerca de 30 kcal por dia.

Como essas comodidades fazem parte do nosso cotidiano, e dificilmente serão mudadas, precisamos procurar alternativas para incentivarmos os pacientes a se exercitarem mais, como, por exemplo, caminhar mais diariamente, usar escadas comuns, e não as rolantes e elevadores, evitar sair de carro ou pegar um ônibus quando a distância for curta, etc.